quinta-feira, 20 de maio de 2010
O filósofo que há 100 anos teve a ousadia de ensinar para humanidade que as matas preservadas são a Casa de Deus
A imagem acima é de um imã de geladeira que meu colega comprou recentemente em uma livraria nos Estados Unidos.
A frase “In God’s wildness lies the hope of the world” é do filósofo e naturalista John Muir, escrita no século XIX, cujo significado é mais ou menos o seguinte: “As matas preservadas são de Deus e nelas estão a esperança da humanidade”
Este suvenir me chamou a atenção. Então, fui pesquisar na internet a biografia do autor. Fiquei muito impressionado ao descobrir quem foi John Muir e, mais surpreso ainda, ao saber que ele escreveu esta frase e tantas outras com uma defesa ardente da natureza há mais de 100 anos.
Logo de cara, achei que se tratava de um escritor contemporâneo porque são frases que expressam um pensamento muito moderno e bem mais avançado do que o nosso, que defendemos a natureza de forma tão apaixonada.
Tem outra fase dele que é exatamente o nosso projeto de educação ambiental e começa assim: “Deixe as crianças andarem na floresta para elas aprenderem como funciona a natureza...”
Mas a contribuição de John Muir para a humanidade não veio somente do dom de sua arte literária extremamente refinada ao escrever estas coisas maravilhosas e tão avançadas, há mais de 100 anos. Já naquela época ele conseguiu materializar o que expressava com sua arte de escrever.
Enquanto viveu teve a proeza de, naquela época, século XIX, convencer a sociedade norte-americana a criar várias unidades conservação da natureza. A primeira delas foi o Parque Nacional de Yosemite, criado em 1890. Depois vieram outras, conforme segue abaixo em sua biografia.
O jornalista Marcos Sá Correa, do site O ECO, que já leu todos os livros de John Muir, contou-me que ele era uma pessoa muito articulada e influente. Certa vez, teve a audácia de convidar o Presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, para acampar com ele no meio de uma mata preservada e apreciar a natureza, ver como é magnífica. E o Presidente Roosevelt aceitou o convite e foi.
Reparem como a sociedade norte-americana reconhece o valor de pessoas que, efetivamente, defenderam a natureza. No dia 21 de abril todas as escolas da Califórnia comemoram o "dia de John Muir", quando o naturalista é homenageado. Neste dia, os professores das escolas são convidados a falar aos alunos sobre as contribuições dele para a criação das unidades de conservação da natureza (áreas protegidas, parques nacionais etc) norte-americanas.
Os norte-americanos há mais de 100 anos já consideravam as unidades de conservação da natureza como a Casa de Deus. Enquanto que, aqui, ainda hoje, a imensa maioria da população considera as unidades de conservação como a porta do inferno.
Biografia do John Muir
John Muir (Dunbar, Escócia, 21 de abril de 1838 — Noël, Los Angeles, 24 de dezembro de 1914), foi um naturalista e escritor norte-americano do século XIX, que lutou pela preservação do patrimônio natural dos Estados Unidos.
Sua família emigrou da Escócia para os Estados Unidos na metade do século XIX. Na sua juventude, já inventava máquinas para cortar madeira: criou relógios e termômetros e, passou a maior parte do seu tempo, observando a natureza. Entra na universidade de Wisconsin em 1860; porém, em 1863, decide viajar para o norte dos Estados Unidos e ao Canadá, onde descobre novos espaços, ainda virgens. Em 1867, fica cego de um olho devido a um acidente, porém coloca um tapa-olho e retorna as suas viagens: visitou Cuba, Panamá e São Francisco, onde se entusiasma pela Serra Nevada.
Intalou-se em Yosemite e ganhou notoriedade, recebendo a visita de Joseph Le Conte (1823-1901), Asa Gray (1810-1888) e Ralph Waldo Emerson (1803-1882). Continuou seu trabalho como pastor e seguiu estudando a natureza. Em 1874, escreveu uma série de artigos sobre a Serra Nevada. Em 1879, descobre Glacier Bay no Alasca. Em 1880, casa-se e instala-se em Martinez na Califórnia, passando a viajar pelo mundo inteiro. Nos anos seguintes, publicou quase 300 artigos e 10 obras onde expõem a sua filosofia ecológica.
Em 1890, com o apoio de Robert Underwood Johnson ( editor da revista "Century"), convence o Congresso dos Estados Unidos de criar o Parque Nacional de Yosemite. A partir daí, ele incentiva a criação de novas reservas como Sequoia, Monte Rainier, Parque Nacional Floresta Petrificada e o Parque Nacional Grand Canyon, passando a ser chamado de "o pai dos sistemas de parques nacionais". Em 1892, Muir e seus discípulos criam o Sierra Clube, com a função inicial de proteger a reserva de Yosemite, ocupando a presidência até a sua morte em 1914. Em 1901, John Muir publicou Nos parcs nationaux que chamou à atenção do presidente americano Theodore Roosevelt, que o visitou em Yosemite, em 1903.
Em 1913, John Muir perde a luta contra a construção de uma barragem num vale de Yosemite (Hetch Hetchy) destinada a criar um lago para suprir as necessidades de água da cidade de São francisco.
Morreu em 1914 na cidade de Noël , Los Angeles, vítima de uma pneumonia.
Na Califórnia, 21 de abril é o "dia de John Muir", quando o naturalista é homenageado: os professores das escolas são convidados a falar aos alunos sobre as contribuições dele para a preservação das unidades de conservação da natureza (áreas protegidas) norte-americanas.
O Monte Muir, da Serra Nevada, foi nomeado em sua homenagem.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Bovespa ajuda a salvar a biodiversidade da Mata Atlântica na Serra do Mar
Atividades de interpretação da natureza no início da trilha da Prainha da Oma, um local de Mata Atlântica preservada na Serra do Mar de Corupá (SC), riquíssimo em biodiversidade e com paisagens exuberantes da floresta tropical. 03/05/2010
O apoio ao Instituto Rã-bugio da BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo), através do Programa BOVESPA Social e Ambiental (BVS&A) está ajudando a salvar a biodiversidade e a paisagem da Mata Atlântica na Serra do Mar, em Santa Catarina.
O projeto “Crianças Salvando a Mata Atlântica” financiado pelo programa da BVS&A está sendo realizado com as escolas públicas do município de Corupá (SC) e vai envolver um total de 2.250 estudantes nas atividades de educação ambiental para que eles compreendam a importância das matas preservadas para a proteção dos recursos hídricos, estocagem de carbono e preservação da biodiversidade.
A realização deste projeto só foi possível graças ao forte apoio da comunidade de Corupá e da Secretaria de Educação Municipal. Os proprietários de uma área preservadíssima na Serra do Mar, que tem uma ótima infra-estrutura para o ecoturismo, denominada de Prainha da Oma ("vovó" em alemão), cederam o espaço daquele paraíso preservado pela família Schmid para as atividades ao ar livre com os estudantes.
O local é encantador. É uma amostra autêntica de floresta tropical, de Mata Atlântica primária, com todas aquelas gigantescas árvores centenárias, densamente adornadas com bromélias e cipós e um rio de águas cristalinas que desce a Serra do Mar em uma seqüência interminável de belíssimas cachoeiras.
Neste ambiente paradisíaco o aprendizado torna-se muito prazeroso para os estudantes que passam a ter uma outra visão sobre a natureza, que é de fundamental importância para formar valores e criar uma percepção de que não podemos destruir o que ainda resta deste nosso paraíso tropical.
Os recursos da BVS&A para este investimento nas escolas de Corupá são doados por investidores da Bolsa de Valores. O projeto proposto pelo Instituto Rã-bugio participou de uma seleção para fazer parte de carteira de projetos, onde os investidores escolhem o qual preferem para fazerem a doação.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Está salvo para as gerações futuras mais um pedacinho da Mata Atlântica: RPPN Refúgio do Macuco.
O Ministério do Meio Ambiente, através do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, acaba de emitir o termo de compromisso para averbação de mais uma unidade de conservação da natureza em Santa Catarina, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) REFÚGIO DO MACUCO, área preservada de nossa propriedade.
A RPPN Refúgio do Macuco, com 31,86 hectares, integra outras áreas de propriedade do casal já transformadas em RPPN que totalizam 505 hectares, que foram compradas pedacinho por pedacinho. São áreas muito valiosas que exigem muita proteção porque além de abrigarem mamíferos e aves ameaçadas de extinção concentram uma enorme quantidade de madeira de grande valor comercial (canela-preta, araucária, peroba, cabreúva etc.).
Todas as RPPNs foram criadas a nível FEDERAL, que é um processo rigoroso e somente áreas comprovadamente bem preservadas são aprovadas, que passam a integrar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
Localizada nas cabeceiras do rio Itajaí, em Itaiópolis, Planalto Norte Catarinense, a RPPN Refúgio do Macuco, recebeu este nome porque no local ocorre o macuco (Tinamus solitarius), uma ave muito rara e ameaçada de extinção. O macuco já foi extinto em muitas matas preservadas porque é uma ave muito visada pelos caçadores. Em Jaraguá do Sul, por exemplo, não existe mais.
Para compra das áreas preservadas foram utilizados recursos pessoais, da nossa poupança. É um esforço desesperador para salvar da devastação estas últimas áreas preservadas de Mata Atlântica, que prestam um serviço essencial para a população, já que protegem os recursos hídricos, a biodiversidade, evitam erosão e estocam carbono que se for liberado com o desmatamento agrava o problema do aquecimento global.
Para cuidar da área, recebemos ajuda através da aprovação de um projeto submetido ao Programa Desmatamento Evitado da ONG SPVS de Curitiba, que conta com os recursos doados pelo Banco HSBC, da campanha Seguro Verde Auto. Neste projeto, obtivemos recursos para contratação de vigilância por exemplo e também para a construção de uma sede e implementação do plano de manejo, que também foi elaborado com os recursos deste projeto.
Para o processo de criação desta RPPN contamos também com os recursos de um projeto aprovado que foi submetido ao edital do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPN da Mata Atlântica, da Aliança para Conservação da Mata Atlântica (Fundação SOS Mata Atlântica e outras)
No site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMbio, do Ministério do Meio Ambiente, está disponível um formulário eletrônico e todas as informações para se criar uma RPPN.
Veja a matéria que foi publicada no jornal A NOTÍCIA, em 07/05/2010.
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