segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
ZOGUE-ZOGUE o macaco menos estudado da Floresta Amazônica
Conheça o ZOGUE-ZOGUE o macaco (Callicebus cinerascens) menos estudado da Floresta Amazônica que está ameaçado devido à fragmentação da floresta. Sua ocorrência é restrita a uma região do Mato Grosso, Rondônia, e também no estado do Amazonas. Ocorre em pelo menos uma unidade de conservação federal, na Floresta Nacional do Juruena. Registramos estas imagens em 16/12/2018 no Sitio Santa Catarina, de propriedade da família de Gelcyr Woehl, Município de Brasnorte, Mato Grosso.
Brasnorte-MT, foi o segundo sítio onde a espécie foi encontrada e estudada, por ocasião da construção de uma hidrelétrica. A descoberta desta espécie de macaco é bem recente.
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Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade
Jaraguá do Sul, Santa Catarina
http://www.ra-bugio.org.br/
Aquisição de áreas preservadas de Mata Atlântica e criação de reservas (RPPN) para salvar as nascentes do RIO ITAJAÍ
http://www.ra-bugio.org.br/areasprotegidas.php?id=13
Acompanhe nosso trabalho de Educação Ambiental nas escolas para salvar a MATA ATLÂNTICA
http://www.ra-bugio.org.br/educacaoambiental.php
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Callicebus cinerascens,
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sexta-feira, 28 de setembro de 2018
Abrace a Natureza do Brasil contribua para Salvar a Mata Atlântica
Campanha "Abrace a Natureza do Brasil" da BrazilFoundation parar arrecadar fundos para o Instituto Rã-bugio, uma das organizações sociais selecionadas para receber doações do Brasil e Estados Unidos.
Contribua para salvar o que ainda resta de Mata Atlântica.
Para conhecer nosso projeto e fazer a doação acesse
https://abraceobrasil.org/pt-br/projetos/institutorabugio/
Apóie também ajudando a divulgar a campanha
https://www.facebook.com/germano.w.junior/posts/10156711097090365
#institutorabugio #salveanatureza #abraceanaturezadobrasil
#brazilfoundation #campanhaabraceobrasil #abraceobrasil
Como sua doação vai ajudar
Nosso projeto coloca os estudantes, crianças e adolescentes, em contato com natureza, e promove o aprendizado sobre a biodiversidade e serviços ambientais da Mata Atlântica, para despertar o interesse deles em defender a natureza do Brasil.
O valor arrecadado permitirá atender 815 alunos e 36 professores nas atividades interativas com a Mata Atlântica. É um projeto de educação ambiental realizado com fundamentação científica que contribui para melhorar a qualidade do ensino nas escolas públicas, além de contribuir para salvar a Mata Atlântica, que é protegida por uma rigorosa legislação ambiental, mas que não funciona. A continuidade deste trabalho é crucial. Com os recursos podemos pagar monitores, atender os alunos e manter a organização.
Sobre a BrazilFoundation
A BrazilFoundation é uma organização internacional que mobiliza recursos para ideias e ações que transformam o Brasil. Trabalhamos com líderes e organizações sociais e uma rede global de apoiadores para promover igualdade, justiça social e oportunidade para todos os brasileiros.
Em 18 anos de atuação, a BrazilFoundation arrecadou mais de US$ 40 milhões que foram investidos em mais de 600 organizações sociais de todo o país nas áreas de Educação, Saúde, Cultura, Desenvolvimento Socioeconômico e Direitos Humanos.
A BrazilFoundation é uma organização sem fins lucrativos de acordo com a Seção 501(c)3 do código tributário dos Estados Unidos, EIN 13 4131482, e uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – no Brasil pela Lei n 9.790/1999, CNPJ 048395720001-10. Contribuições feitas à BrazilFoundation são dedutíveis dentro dos limites estabelecidos por lei nos Estados Unidos e no Brasil.
Parceiros da BrazilFoundation
Adorni Films, BRASA, BRASUSC, Consulado Brasileiro em Nova York, Doare, Foresti Design, Pedra, Brazil Ahead, Carol Bassi Jewelry, Jair & Tania Khalill
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sexta-feira, 14 de setembro de 2018
Crianças e adolescentes em contato com a natureza na Mata Atlântica de Santa Catarina
Estudantes em contato com a natureza aprendendo sobre a biodiversidade da Mata Atlântica na Serra do Mar de Santa Catarina. Fotos das atividades de educação ambiental com estudantes das escolas públicas de Jaraguá do Sul (SC) no final de agosto e inicio de setembro de 2018. São estudantes do ensino fundamental e médio das escolas:
EEB Professor João Romário Moreira
EEB Professor Heleodoro Borges
EMEF Waldemar Schmitz
Projeto financiado com recursos do Fundo para Infância e Adolescência (FIA) pelo CMDCA – Conselho Municipal dos direitos da criança e do adolescente de Jaraguá do Sul (SC)
Leia os relatórios dos estudantes participantes e saiba mais sobre o projeto neste link
http://www.ra-bugio.org.br/projetosemandamento.php
Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade
Jaraguá do Sul, SC
http://www.ra-bugio.org.br/
Aquisição de áreas preservadas de Mata Atlântica e criação de reservas (RPPN)
http://www.ra-bugio.org.br/areasprotegidas.php?id=13
Acompanhe nosso Projeto de Educação Ambiental nas escolas para salvar a MATA ATLÂNTICA
http://www.ra-bugio.org.br/educacaoambiental.php
https://www.facebook.com/InstitutoRaBugio/
quinta-feira, 19 de julho de 2018
Contato com a Natureza com recursos do Fundo para Infância e Adolescência FIA
A duração do projeto será de 12 meses. As atividades terão início no próximo mês de agosto. O objetivo é proporcionar conhecimento científico para os estudantes sobre a biodiversidade local e os serviços ambientais da Mata Atlântica, como a conservação dos recursos hídricos e a proteção das encostas da Serra do Mar.
O projeto atua em parceria com os professores. Para ajudar a fixar os conhecimentos adquiridos nas atividades prática em contato com a natureza serão fornecidas duas cartilhas para os estudantes após as atividades práticas, uma sobre a Mata Atlântica e outra sobre as espécies de anfíbios da região Norte de Santa Catarina.
Uma questão da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2011 sobre temática ambiental foi extraída do conteúdo dessas cartilhas que está publicado integralmente no site do Instituto Rã-bugio que foi citado como referência. Até hoje é muito acessado pelos estudantes de todo o Brasil que se preparam para o ENEM.
Além contribuir para o aprendizado o contato com a natureza proporciona também benefícios para a saúde mental dos estudantes, combatendo transtornos do défict de falta de atenção e hiperatividade, conforme revelam estudos científicos realizados nos Estados Unidos.
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Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade
Jaraguá do Sul, SC
http://www.ra-bugio.org.br/
Aquisição de áreas preservadas de Mata Atlântica e criação de reservas (RPPN) para salvar as nascentes do rio Itajaí
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domingo, 15 de julho de 2018
História da família WOEHL, da linhagem de Gregor Wöhl & Mathilde Schwedler
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PESSOAS NA FOTO: 1 menino Emilio Henrique Woehl, 2 Amalia Woehl, 3 Julia Woehl, 4 Roberto Woehl, 5 Gustavo Woehl. Sentados: meus bisavós, Mathilde Schwedler e Gregor Wöhl, e Estephania Woehl. Gregório Woehl e André Antonio Woehl não estão na foto porque já tinham casado e estavam morando no Avencal, Mafra (SC). Pela idade que Estephania aparenta ter, uns 14-15 anos (nasceu em
21/09/1886) e o menino Emilio Henrique, 12 anos, esta foto foi tirada em 1901. Considerando que Emilio Henrique, nascido em 11/12/1888, morreu aos 17 anos, em 18/02/1906, vítima de disparo de arma de fogo acidental de um dos convidados em uma festa de casamento. O convidado Oswaldo Binner foi armado ao casamento e durante a festa sua pistola de dois canos caiu do bolso do paletó disparando os dois tiros que acertaram a barriga de Emilio Henrique que estava próximo.
O casal Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler, ambos com 29 anos, e suas três crianças, Gregor (7 anos, meu avô), Andreas (5 anos) e Julia (3 anos) partiram de sua terra natal, vila de Wiesenthal 286, distrito de Gablonz, Boêmia (Böhmen em alemão, Čechy em língua tcheca), atual República Tcheca, e foram até o porto de Hamburgo (Alemanha), onde embarcaram para o Brasil no navio a vapor Vandalia em 20/06/1876. A viagem para cruzar o Atlântico e chegar ao Rio de Janeiro durou 25 dias. Chegaram ao Rio no dia 15/07/1876 e 5 dias depois, no dia 20/07/1876, no porto de São Francisco do Sul (SC). Um irmão de Mathilde, Josef Schwedler, 35 anos, da vila de Johannesberg, veio no mesmo navio com a família, a mulher Ana, 35 anos, e dois filhos, Julius (4 anos) e o bebê Robert (3 meses).
As vilas de Gablonz, Reichenberg e Friedland, nas montanhas Isergebirge (Jizera), tinham um dialeto próprio, Paurisch ou Paurische (=Bäurische), que é um misto do dialeto que era falado na Silesia com o dialeto Bairisch (da Baviera. Portanto, Paurisch era o dialeto que Gregor Wöhl falava. Luiz Woehl (neto de Gregor, filho de Gustavo) escreveu em 1983, em um documento para o arquivo histórico de São Bento do Sul, que os Woehl falavam dois dialetos: Bairisch e Reichenbergische, que deve ser Paurisch. A origem dos Woehl na Boêmia foi nas na região de Friedland, vila de Mildenau (atual Luh) até 1650, depois na vila de Taschenhausen (atual Černousy), lote n. 4, de 1650 até 1800, quando o avô de Gregor, Franz Wöhl se mudou para Gablonz, inicialmente na vila de Hennersdorf n. 12 e, nove anos depois, na vila de Wiesenthal, n. 140, propriedade que ele adquiriu em 03/01/1809.
Eles viajaram de 3ª classe e a principal reclamação foi que tiveram que tomar sopa de ervilhas diariamente, no café, almoço e janta, durante estes 30 dias. Juraram que nunca mais colocariam na boca sopa de ervilhas. Esta viagem foi feita em navio fretado pela Sociedade Colonizadora de Hamburgo, que tinha um contrato com o governo brasileiro para assentar imigrantes europeus nas terras do patrimônio de S.A. Imperial o Príncipe de Joinville (terras do dote da Princesa Dona Francisca, filha de D. Pedro I). Naquela época, o governo incentivava a imigração de europeus como política para desenvolver a agricultura.
Mathilde chegou grávida de 5 meses de Roberto Woehl. Então, eles decidiram permanecer em Joinville e não seguir viagem imediatamente para São Bento do Sul com os outros imigrantes conforme planejado, até o Roberto nascer. A viagem de carroça para subir a Serra do Mar (serra Dona Francisca) durava 4 dias e colocava em risco minha bisavó grávida de 5 meses. Quem já andou de carroça por meia hora pode imaginar o sofrimento que é suportar as pancadas no corpo devido aos buracos e pedras durante 4 dias.
Gregor começou a procurar emprego de carpinteiro em Joinville e conseguiu em uma vila que estava sendo construída, mas por um salário muito baixo. Era comum explorarem a mão de obra barata (escrava) de imigrantes em desespero. A família teve que morar em um barraco em Joinville, à beira da estrada, passando muitas necessidades. Ele alugou uma mula com dois cestos para carregar as 3 crianças. Sabe-se pouca coisa sobre este período de tempos difíceis, tanto na Europa como na chegada ao Brasil porque eles não gostavam de comentar, pois sofreram muito.
Algumas semanas após o Roberto nascer, eles finalmente foram para São Bento do Sul. Inicialmente, Gregor comprou um lote onde hoje é a Rua Felipe Schmidt esquina com a Rua Jorge Lacerda. A compra foi realizada no dia 18/01/1877 e ele pagou 15 mil Reis. Segundo os historiadores, estes lotes da área central eram reservados para os imigrantes que fossem empreender e era exigido o pagamento à vista. Certamente, ele pretendia montar sua marcenaria ali e por isso venderam para ele, que chegou 4 anos depois da vila ser criada. Muitos imigrantes chegaram antes dele e, mesmo assim, ele ainda conseguiu comprar diretamente da empresa colonizadora a melhor parte. O dinheiro para este investimento Gregor Woehl trouxe de Gablonz, Boêmia, proveniente da venda de dois lotes adjacentes na vila de Wiesenthal dos quais era proprietário: Lote n. 140, que era do avô dele, Franz Wöhl e também o lote n. 290 que pertencia ao tio dele, mesmo nome do avô, Franz Woehl (tinha o nome grafado desta forma). Franz Woehl era o filho mais velho de Franz Wöhl (meu 4º. avô). Nasceu em 8 de julho de 1801 e faleceu de pneumonia em 8 de março de 1862 aos 63 anos.
Porém, cinco anos mais tarde, por volta de 1882, ele vendeu este lote da área comercial e foi morar definitivamente na Estrada das Neves, a 800 metros dali, num terreno maior, mas de alta declividade, onde criava porcos, gansos, galinhas e tinha até vacas de leite. A situação de miséria persistiu por mais uns 10 anos, pelo menos.
Foi no ano da chegada deles ao Brasil, 1876, a criação de uma escola em São Bento que recebia subsídios de doações da comunidade, mas era necessário pagar uma pequena mensalidade. Mesmo assim, meu bisavô não teve condições de colocar na escola seus filhos mais velhos, nascidos em Gablonz, na extinta Boêmia.
Quando estava instalado no novo endereço, na Estrada das Neves, meu bisavô Gregor Wöhl começou a produzir ataúdes (urnas funerárias) em série. Ele ganhou muito dinheiro com esta atividade. Eventualmente fabricava móveis também, de alta qualidade. Muitos parentes têm móveis fabricados por ele há mais de um século. Eu acabei herdando um desses móveis, um guarda-roupas que ele deu de presente para meu avô Gregório Woehl, por ocasião de seu casamento em 12/01/1895. É feito em canela-preta (Ocotea catharinenses) por isso resistiu bem ao ataque de cupins. Meu pai Germano Woehl e meus tios e tias cresceram observando este guarda-roupas desde bebês que o torna muito simbólico para a família. Este guarda-roupas tinha ficado com minha prima Maria de Lourdes Reusing, que doou para mim.
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Jornal de São Bento do Sul (SC) publicou na época uma nota sobre a morte do meu bisavô, Gregor Wöhl, aos 78 anos, ocorrida em 01/10/1924.
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“Novamente, um dos antigos fundadores de São Bento desapareceu na paz eterna. Na quinta-feira o marceneiro Gregor Wöhl faleceu de velhice, após ter permanecido um mês na impossibilidade de deixar o leito. Por 48 anos ele trabalhou correta e modestamente em sua profissão de marceneiro e fabricante de caixões [ataúdes ou urnas funerárias]. Foi um vizinho muito popular, em paz e satisfeito, estimado por seus concidadãos, amado pelos seus familiares, e colaborou silenciosa e modestamente pelo desenvolvimento de São Bento, e placidamente ele passou à eternidade.” VZ 4/10/1924."
“Wieder ist einer der alten Mitbegründer S. Bentos zur ewigen Ruhe eingegangen. Um Donnerstag starb der Tischlermeister Gregor Wöhl na Altersschwäche, nachdem er schon monatelang ins Bett nicht mehr hatte verlassen können. 48 Jahre hat der Verstorbene recht und schlicht hier. Seine Profession als Tischler und Sargfabrikant ausgeübt. Ein wohlgelittener Nachbar, hat er in Ruhe und Frieden, geachtet von seinen Mitbürgern, geliebt von seinen Familienangehörigen an der Entwicklung São Bentos still und bescheiden mitgearbeitet und friedlich ist er hinübergeschlummert zur Ewigkeit.”VZ-4/10/1924 ,
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A esposa Mathilde Schwedler Woehl faleceu aos 74 anos, em 15/01/1921, quatro anos antes de Gregor.
O Arquivo Histórico de São Bento do Sul tem em seu acervo uma foto dos imigrantes pioneiros de São Bento Sul, que chegaram entre os anos de 1873 e 1877 e Gregor Wöhl está nesta foto, que foi tirada por volta de 1920, um pouco antes de falecer. A identificação foi feita logo quando a foto foi tirada, mas não marcaram a data da foto. Não se sabe se foi um evento somente para tirar a foto ou teve alguma celebração. Pelo pouco que se sabe, Gregor era muito reservado, de poucas palavras, e não costuma participar de eventos sociais.
Ele nunca deixava a peteca cair. Trabalhava muito, se esforçava ao extremo para manter sempre alto o padrão de vida da família, que andava bem-vestida (veja a foto da família em 1901). Nos eventos sociais, como a ir à missa os domingos, sempre vestiam uma roupa impecável.
Dá para perceber que todos recorriam a ele, até para seus netos estudarem em São Bento. Ele que sustentou por 4 anos aquele monte de criançada dos meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer, que foram estudar em São Bento. Certamente, meus avós não precisaram gastar um centavo com os estudos do meu pai e suas irmãs e irmãos. Até a escola de música foi bancada pelo meu bisavô.
Mas em termos de superação e empreendedorismo ninguém chegou perto do meu avô Gregório Woehl. Ele deu continuidade ao esforço do meu bisavô para elevar as condições sociais da família e conseguiu ir muito além, alcançando níveis de sucesso que proporcionaram grande prosperidade para todos seus filhos usufruir. A história de meu avô Gregório Woehl, que está contada a seguir, deve servir de inspiração para todos.
Genealogia e História da Família Woehl (Wöhl)
BISAVÓS: Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler
Gregor Wöhl (nome traduzido para Gregorio Woehl), nasceu em 09/05/1847, na vila de Hennersdorf, 19, filho de Andreas Wöhl e Theresia Hübner. Morou na vila de Wiesenthal, n. 140 na divisa com a vila de Hennersdorf/Grünwald, Distrito de Gablonz, na Boêmia (República Tcheca). Emigrou para o Brasil partindo do Porto de Hamburgo, Alemanha, em 20/06/1876, a bordo do Vapor Vandalia. Chegou ao porto do Rio de Janeiro no dia 15/07/1876 e desembarcou em São Francisco do Sul em 20/07/1876, contando à época com 29 anos. Trouxe consigo a esposa Mathilde Schwedler, nascida em 09/07/1846, natural de Johannesberg (atual Janov nad Nisou), filha de Anton Schwedler e Joana Kleinert. O casal trouxe três filhos, Gregor com 7 anos (meu avô, pai de Germano Woehl), Andreas, com 5 anos e Julia, com 3 anos. Casaram-se na igreja católica de Morchenstern (atual Smržovka), Boêmia, em 25/11/1872, quando já tinham dois filhos, Gregor (Gregorio) e Andreas (Andre Antonio), 3 meses antes da Julia nascer.
Vieram juntos com a família de Gregorio para São Bento do Sul (SC), no mesmo navio, um irmão de Mathilde, José Schwedler (23/08/1840 – 09/11/1913), 35 anos, e sua família, a mulher Ana Hübner, 35 anos, e dois filhos, Julius (4 anos) e o bebê Robert (3 meses). Todos procedentes da vila de Johannesberg, Gablonz, Boêmia. Josef Schwedler e a esposa Ana Hübner foram padrinhos de batismo do primeiro filho de Gregorio e Mathilde nascido no Brasil, Roberto Woehl, que viajou na barriga de Mathilde Schwedler. Por outro lado, Gregorio e Mathilde foram padrinhos de batizado do segundo filho de Josef Schwedler e Anna Hübner, Robert Schwedler, em Gablonz, Boêmia, que chegou ao Brasil ainda bebê, com 3 meses. O primeiro filho de Josef, Julio Schwedler e descendentes viveram no Bituva, Mafra SC, e um deles, Joaquim Schwedler, viveu na localidade Costa Carvalho em Itaiópolis SC.
Sobre a família de Mathilde Schwedler Woehl
Os pais de Mathilde Schwedler, ANTON SCHWEDLER (20/07/1807 - 30/08/1868) e JOHANNA KLEINERT (24/06/1815 - 22/11/1868), casaram-se na vila de Josefsthal, Gablonz, Boêmia no dia 25/11/1834, cerimônia na Igreja matriz de Morcherstern. O noivo Anton Schwedler, nascido em 20/07/1834, tinha 27 anos e a noiva Johanna (se pronuncia iohana), nascida em 24/06/1815, tinha 19 anos. Anton tinha profissão urbana, era tecelão (Weber), e seu pai Joseph Schwedler era um pequeno agricultor, mas dono do pequeno pedaço de terra (significado do termo Feldgärtner), que já era uma conquista considerável na escala social daquela época, onde predominava o sistema feudal. Esta vila Josefsthal de Gablonz ficava encostada na divisa com a Polônia, mas fica próxima das vilas Johannesberg e Wiesenthal. Atualmente tem o nome tcheco de Josefův Důl. O casamento foi nesta vila porque a noiva Johanna Kleinert morava lá, no n. 61. Porém, Johanna nasceu em Wiesenthal, n. 238, na mesma vila onde nasceram onde moravam Gregorio Woehl e família (Wiesenthal, n. 140), mas no lado oposto da vila, na divisa com a vila de Morcherstern A mãe do noivo Anton Schwedler também nasceu nesta vila de Wiesenthal. Este lote n. 238 da vila de Wiesenthal pertencia a família da mãe de Johanna, Katharina Posselt.
Tem uma curiosidade sobre Johanna Kleinert. Ela nasceu antes do casamento de seus pais, ANASTASIUS KLEINERT e KATHARINA POSSELT, que se casaram em 26/02/1816 na vila de Wiesenthal, cerimônia na igreja matriz de Morcherstern. O noivo Anastasius Kleinert (nascido em 1793) tinha 23 anos e a noiva Katarina Posselt (nascida em 1795), 21 anos. Johanna Kleinert nasceu 8 meses antes, dia 24/06/1815, na vila de Wiesenthal, 238. No registro de nascimento de Johanna consta a anotação posterior do Padre que ela se tornara filha legítima naquele momento que seus pais se casaram. Provavelmente já viviam juntos antes do casamento, o que era bem raro naqueles tempos, início do século 19, haja vista o rigor da igreja católica na Boêmia, considerada na época uma das mais severas do Mundo. O casal Anastasius e Katharina passaram a viver neste endereço dos pais de Katharina Posselt após o casamento, porque todos demais filhos nasceram neste endereço, vila de Wiesenthal n. 238. A filha mais velha de Johanna, bisa Mathilde Schwedler Woehl, seguiu o exemplo da mãe: Ela se casou com o bisa Gregorio Woehl em 25/11/1872 na véspera do nascimento do terceiro filho, tia Julia Woehl. Meu avô Gregório Woehl (que tem o mesmo nome do meu bisavô) e o irmão, tio Andre Antonio, não eram filhos legítimos quando nasceram. Dá para imaginar a bronca que levaram do Padre. Portanto, tanto os avós maternos como os pais do meu avô Gregório Woehl tiveram filhos nascidos antes de se casarem. Meu avô nunca soube disso.
Os pais de Katharina Posselt a avó materna de Mathilde Schwedler Woehl, são FRANZ POSSELT e THERESIA GÖRNER. Este sobrenome Görner é raro. Não se tem notícia de imigrantes no Brasil com este sobrenome.
Da parte do pai de Mathilde Schwedler, ANTON SCHWEDLER, também há uma curiosidade. Anton Schwedler é filho de JOSEPH SCHWEDLER (nascido em 1758) e THERESIA SEIDL (nascida em 1781). Casaram-se em 20/11/1806, na vila de Johannesberg, Gablonz, cerimônia na igreja matriz de Morcherstern. O noivo Joseph Schwedler tinha 48 anos e a noiva Theresia Seidl, 25 anos, quando se casaram. Ou seja, Joseph Schwedler era viúvo e se casou pela segunda vez.
Uma tragédia sofrida pela minha bisavó Mathilde Schwedler Woehl em sua plena juventude pode ser o motivo de ela ter se casado com meu bisavô Gregorio Woehl somente na véspera do nascimento do terceiro filho. Minha bisavó Mathilde Schwedler tinha 22 anos quando perdeu o pai e a mãe em menos de três meses, vítimas de pneumonia. O pai Anton Schwedler morreu antes, em 30/08/1868, aos 60 anos, e a mãe Johanna Kleinert morreu em 22/11/1868, aos 53 anos. Após a morte da mãe, Mathilde Schwedler ficou sozinha. Na família, sobreviveram somente ela e seu irmão mais velho, Josef Schwedler (23/08/1840 – 09/11/1913), que emigrou para São Bento junto com eles. Anton Schwedler e Johanna Kleinert tiveram outras três crianças (todas meninas): Duas que foram batizadas com o mesmo nome de Josefa Schwedler e morreram ainda bebês. Uma delas nasceu em 05/02/1849 e morreu dois dias depois, outra nasceu morta em 17/03/1850, e uma terceira, Theresia Schwedler (09/10/1852 - 15/06/1854), faleceu aos 2 anos, também de pneumonia. Seu irmão mais velho Josef Schwedler casou com Maria Ana Hübner (15/08/1840 - ?) em 31/10/1864, ambos com 24 anos, e foram morar nestes mesmo endereço, Johannesberg 244. Ou seja, Josef Schwedler já tinha casado havia 4 anos quando sua mãe morreu. Seu primeiro filho, Julio, que emigrou para o Brasil junto com a família, nasceu em 08/05/1872 e também nesse endereço em Gablonz, Johannesberg n.244, significa que Josef ficou morando na casa dos pais. Deve ter feito algum acerto com a irmã, Mathilde.
Mathilde Schwedler deu à luz ao meu avô Gregório Woehl no dia 15/12/1869, ou seja, um ano e três semanas após o falecimento de sua mãe. Provavelmente ela já namorava com o bisa Gregorio Woehl e logo após sofrer esta tragédia, perda do pai e logo em seguida da mãe, decidiu ir morar com ele para constituir uma família. O endereço de sua residência, vila Johannesberg 244, ficava a menos de 2 km do endereço do bisa, Wiesenthal 140 (um trecho de serra bem forte separa estes locais, que nós percorremos a pé no outono de 2019). A bisa Mathilde tinha 22 anos e a maioridade para as mulheres se casarem sem autorização dos pais era de 23 anos na época. Não sei o que a lei previa na época para esta situação da morte dos pais, se era automático a nomeação de um tutor ou se tinha trâmites burocráticos que levava meses e envolvia custos. Essa pode ser uma explicação do motivo de eles não terem casado logo no início da união. Depois, foram adiando.
Documentos sugerem que a bisa Mathilde e seu irmão Josef mantiveram uma boa relação após a morte da mãe. Além de terem viajado juntos para o Brasil na emigração, Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler foram padrinhos do segundo filho de Josef, Robert Schwedler, nascido nesse endereço em Gablonz, três meses antes da partida para o Brasil. Depois, Josef Schwedler e Maria Ana Hübner foram os padrinhos do primeiro filho dos bisas nascido no Brasil, tio Roberto Woehl. A esposa de Josef, Maria Ana Hübner, morreu logo após a chegada deles em São Bento. Em 01/07/1884, Josef Schwedler se casou novamente em São Bento com a viúva Mathildes Wander que era casada com Estevão Hübner. Neste casamento, o bisa assinou com testemunha.
Eu sempre ficava angustiado ao imaginar o momento triste e cruel da despedida da minha bisavó Mathilde Schwedler de sua mãe quando emigraram para o Brasil, sabendo que nunca mais iriam se ver. Geralmente as filhas são muito ligadas às mães, principalmente na situação dela, a única filha que sobreviveu e jovem ainda. Após ter encontrado os registros de óbito, fiquei mais aliviado porque que seus pais já tinham morrido 7 anos antes de sua partida para o Brasil, em 1876. Pelo menos, por este sofrimento eles não passaram.
Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler Woehl moravam na Estrada das Neves, São Bento do Sul (SC). Gregor faleceu aos 78 anos em 01/10/1924. Mathilde Schwedler faleceu aos 74 anos no dia 15/01/1921. No Brasil, o nome foi traduzido para Gregório Woehl, tendo sido homenageado com nome de rua em São Bento do Sul SC.
Filhos de Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler (os três primeiros filhos nasceram na vila de Wiesenthal, Gablonz, Boêmia, atual República Tcheca):
GREGORIO WOEHL (15/12/1869 Wiesenthal-Gablonz-Boêmia - 24/07/1949 Mafra)
ANDRÉ ANTÔNIO WOEHL (09/07/1871 Wiesenthal-Gablonz-Boêmia - 27/03/1913 Avencal-Mafra SC) - morreu aos 42 anos - morte violenta - assassinato
JULIA WOEHL (20/02/1873 Wiesenthal-Gablonz-Boêmia - 12/12/1943 Corupá)
ROBERTO WOEHL (14/11/1876 Joinville - 08/08/1952 Rio Negro)
GUSTAVO WOEHL (16/01/1880 São Bento - 20/02/1956 Rio Negrinho)
AMALIA WOEHL (01/05/1882 São Bento - 20/09/1945 São Bento)
EMILIA WOEHL (21/03/1884 São Bento - 20/02/1885 São Bento) morreu aos 10 meses de tosse convulsiva.
ESTEPHANIA WOEHL (21/09/1886 São Bento - 16/06/1945 Guarapuava)
EMILIO HENRIQUE WOEHL (11/12/1888 São Bento - 18/02/1906 São Bento) - morreu aos 17 anos - morte violenta - tiro acidental
Origem e Dialeto dos Woehl na Boêmia A origem dos Woehl na Boêmia foi na região de Friedland, vila de Mildenau (atual Luh) até 1650, depois na vila de Taschenhausen (atual Černousy), lote n. 4, de 1650 até 1800, quando o avô de Gregor, Franz Wöhl se mudou para Gablonz, inicialmente na vila de Hennersdorf n. 12, coordenadas 50°45'19"N 15°11'23"L, no lote onde ficava a Capela Mater Dolorosa (Kaple Panny Marie Sedmibolestné, nome da Santa conhecida no Brasil como N. Senhora dos Dores) e, nove anos depois, na vila de Wiesenthal, lote n. 140, coord. 50°45'21"N 15°11'51"L, adquirida em 03/01/1809.
As vilas de Gablonz, Reichenberg e Friedland, nas montanhas Isergebirge (Jizera), tinham um dialeto próprio, denominado Paurisch ou Paurische (=Bäurische), que é um misto do dialeto que era falado na Silesia com o dialeto Bairisch falado da Baviera. Portanto, Paurisch era o dialeto que Gregor Wöhl falava. Luiz Woehl (neto de Gregor, filho de Gustavo) escreveu em 1983, em um documento para o arquivo histórico de São Bento do Sul, que os Woehl falavam dois dialetos: Bairisch e Reichenbergische, que deve ser Paurisch. Gregorio Woehl, filho mais velho de Gregor mesmo nome do pai) quando recebia visita de seu irmão Roberto Woehl ou de conhecidos descendentes de imigrantes de Gablonz, costuma dizer no início da conversa:“Vamos falar no nosso alemão”, que certamente era o dialeto Paurisch, porque era diferente do dialeto Bairisch
Filhos que nasceram em Gablonz, na Boêmia (atual República Tcheca)
GREGÓRIO WOEHL (Gregor Wöhl). Foi meu avô. Nascido em 15/12/1869 na vila de Wiesenthal 140, distrito de Gablonz, na Boêmia. Chegou ao Brasil com 7 anos. Casou-se em 12/01/1895 com minha avó CATHARINA SAUER 25/06/1875 – 01/06/1964 (morreu aos 89 anos). Viveram no Avencal, Mafra-SC. Morreu em 24/07/1949, aos 79 anos, de pneumonia dupla.
Tradução do certificado de batizado
Acima de tudo ame as pessoas, assim como você foi amado por elas quando você entrou para a vida.
Com amor o Salvador se entregou
Seja como ele, e aja como ele agiu (ou praticou)”.
Esta lembrança (Diese Erinnerung)
É dada ao querido afilhado
Pela sua fiel madrinha,
Será designada sua madrinha em 16 de dezembro de 1869. (Wird dein Pategenannt am 16 dezember 1869)
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Tradução de Brigitte Brandenburg, de Joinville (SC) e do Jornalista Henrique Fendrich, de São Bento do Sul (SC).
Para complementar a renda da família o menino Gregório, meu avô, trabalhava cuidando do quintal e jardins da proprietária de um hotel em São Bento do Sul, que tinha ficado viúva no período que meu avô trabalhava para a família. Esta mulher contratou um professor particular para dar aulas às suas crianças. Então, meu avô se escondia abaixo da janela e acompanhava estas aulas, ouvindo as palavras do professor. Certa vez, a dona do hotel o pegou em flagrante. Ficou muito comovida com a situação daquele menino pobre, percebeu que ele tinha muita vontade e interesse em aprender e permitiu que ele assistisse às aulas particulares junto com suas crianças. Foi assim que ele aprendeu a ler e escrever, mas com um pouco de dificuldades. Nas anotações dele dá para ver que costumava misturar português e alemão.
Neste período, ele conseguiu entrar na escola de música de São Bento do Sul. Queria aprender a tocar a gaita alemã bandoneon. Então, ia descalço porque o dinheiro não era suficiente para comprar um par de sapatos. Contou que tinha muita vergonha de ir descalço, porque era o único da sala nessas condições. As aulas eram a noite (durante o dia ele tinha que trabalhar duro). Então, ele costumava passar barro preto nos pés para disfarçar um pouco, ficar parecendo que estava usando sapatos pretos. Não se sabe quem pagava a mensalidade da escola de música, provavelmente era ele mesmo com os trocados que ganhava trabalhando para a dona do hotel. Além do bandoneon, ele aprendeu a tocar clarinete na escola de música de São Bento.
Só aos 17 anos ele conseguiu comprar um par de sapatos, com seu próprio dinheiro. A dona do hotel novamente lhe deu uma força. Ofereceu toda a área do quintal para ele fazer uma plantação de feijão e ficar com a renda da safra. Deu uma boa produção e com o resultado da venda dos feijões ele conseguiu, finalmente, ter seu primeiro par de sapatos. Foi meu próprio avô quem contou esta história para minha prima, Maria de Lourdes Reusing, que foi criada por ele e minha avó Catharina Sauer.
Meu avô, Gregório Woehl, também se tornou carpinteiro, como seu pai, e trabalhava na construção de casas em sua juventude. Construía casas bem longe de São Bento. Um desses locais foi Avencal, em Mafra (SC), onde ele e seu irmão Roberto conheceram as jovens Catharina Sauer, que se tornaria minha avó, e sua irmã, Isabel Sauer, filhas de Theodoro Sauer e Christina Hack. Meu avô Gregório e seu irmão Roberto se casaram com as duas irmãs. Seu irmão, André Antonio Woehl, o segundo filho de Gregor, nascido em Gablonz, na Boêmia, também foi trabalhar com ele no Avencal, onde conheceu e se casou Maria Sauer, prima de minha avó, Catharina Sauer, filha mais velho de João Sauer Sobrinho, o mais rico de todos os Sauer.
Quando meu avô Gregório Woehl se casou com minha avó Catharina Sauer, em 12/01/1895, eles foram morar no Avencal, Mafra SC, junto com Christina Hack Sauer (conhecida na família como Gute ou Guta), sogra do meu avô, que na época era viúva de Theodoro Sauer, irmão de João Sauer Sobrinho, que morreu novo, aos 45 anos, em 01/09/1889. Os dois primeiros filhos do casal, Mathilde Woehl e Francisca Woehl nasceram nesta casa. Três anos mais tarde, meu avô construiu sua casa, perto da casa da sogra Christina Hack. Meu pai Germano Woehl, o terceiro filho do casal, nasceu nesta casa, em 19/10/1901. Todos os outros filhos do casal nasceram nesta casa, que fica nas coordenadas S 26 13 36.1 W 49 43 03.1, margem do antigo traçado da Estrada Dona Francisca.
Pela data de nascimento de meu pai, verifica-se que meus avós moraram 5 anos juntos com Christina Hack. Anos depois meu avô construiu outra casa às margens do rio da Areia e vendeu esta casa para Amando Sauer, filho de Nicolao Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente, sobrinho da minha avó Catharina Sauer. Meu avô cedeu esta casa para sua irmã Amalia Woehl Endler morar durante alguns meses, em 1940, quando ela estava com depressão e queria se isolar da família de São Bento do Sul.
O primeiro emprego do meu avô Gregório Woehl foi nas artes. Na juventude, ele era músico profissional. Tocava clarinete na Banda Augustin, de São Bento do Sul, que foi a primeira banda da cidade, criada em 1876, no ano da chegada da família de meu avô. Posteriormente, ele saiu da banda e foi tentar a carreira solo, tocando bandoneon nos bailes e festas. Ele trabalhava como carpinteiro nos dias de semana e nos finais de semana ganhava dinheiro com arte, como músico. Eu acho que ele conquistou minha avó Catharina Sauer com sua arte de tocar música nos bailes e festas no Avencal, em Mafra (SC), porque se sabe que minha avó Catharina adorava ir aos bailes, festas etc.
O espírito empreendedor do meu avô Gregório Woehl era notável. Tinha um faro excepcional para os negócios. Não desperdiçava oportunidades de ganhar dinheiro. Começou comprando gado de vários pequenos criadores na região do Avencal, em Mafra-SC, e levando para São Bento do Sul para vender ao açougue de Antonio Bekert que fabricava linguiças e salsichas, que na verdade era um frigorífico nos padrões atuais. Ele criava um pouco de gado também. O tempo de viagem conduzindo o gado, entre 19 e 40 cabeças, até São Bento era de quatro dias e cada viagem era uma aventura cheia de perigos de assaltos principalmente. Para reduzir os custos, eu avô não contratava boiadeiros e teve que envolver a família nesta atividade. Sua filha mais velha, Matilde Woehl Bauer, nascida em 20/10/1895, ainda na pré-adolescência teve que assumir esta função que exigia muita responsabilidade. Tornara-se uma amazona nesta fase da vida e já tinha muita habilidade e competência para conduzir a boiada e até laçar os bois que desgarravam. As outras duas filhas que nasceram após Matilde, Francisca Woehl Heyse, nascida em 20/09/1897, que se casou com João Heyse, e Elfrida Woehl Heyse, nascida em 11/06/1903, que casou Paulo Heyse, irmão de João Heyse, também foram envolvidas ainda na adolescência na atividade de conduzir boiadas até São Bento do Sul. Minha tia Frida (Elfrida) contava para seus filhos e netos que tinha 10 anos quando era madrinha da boiada (seguia da frente da boiada montada num cavalo com um sincero. Nos dias chuvosos e no inverno era muito sofrido. E também tinha o problema de os cavalos que meu avô Gregório Woehl dava para elas montarem geralmente não estavam completamente domados e saiam em disparada assim que elas montavam.
Nestas anotações é possível saber por quanto ele comprava e por quanto vendia cada cabeça que levava para o açougue de Antonio Beckert em São Bento do Sul. No registro de 28/10/1914 ele vendeu cada cabeça por 80 mil Réis (ver imagem acima). Já no registro de 04/02/1916 ele vendeu por 84 mil Réis, conforme pode ser visto na imagem abaixo, onde consta por quanto ele comprava cada cabeça. Para Justina Bornemann ele pagou 52,5 mil Réis por cada uma das 15 cabeças que comprou. Para seu cunhado José Pickcius Sobrinho (casado com Magdalena Sauer) ele pagou 52 mil por cada uma das 5 cabeças. Para sua cunhada Maria Sauer Woehl (viúva de André Antonio Woehl, assassinado havia 3 anos) não consta o número de cabeça, mas o número inteiro divisível pelo valor total de 410 mil Réis é 5. Então, provavelmente ele pagou para sua cunhada 82 mil Reis por cabeça, o mesmo valor pelo qual vendia para o açougue de Antonio Beckert, não cobrando as despesas e o serviço da viagem de 4 dias para levar este gado até São Bento e mais 3 dias para retornar.
A construção da ferrovia tornou viável para Antonio Beckert trazer gado de Lages SC, onde os pecuaristas tinham custo menor na criação devido a existência nessa região de extensos campos naturais. Essa concorrência certamente afetou os negócios do meu avô bem como dos pequenos criadores do Avencal. Em uma mensagem para avô, enviada por volta de 1920, Antonio Beckert cancela ou adia a compra de gado de meu avô Gregório Woehl e revela que está comprando gado de Lages (SC).
Transcrição e tradução da mensagem de Antonio Beckert para meu avô Gregório Woehl gentilmente feita por Breno Klamas que teve também a ajuda da Brigitte Bradenburg em uma frase:
"Freund Gregor,
Das Vieh welches (wie?) wir ausgemacht haben welches ich vor 3 Wochen nehmen wollte könnte ich nicht weil (mir?) Lehm 50 (st.?) verkauft hat und musste 25 gleich nehmen und nun kommen wieder von Lages 50(st.?) dass "muss ich" wieder nehmen. wenn es (?) möglich ist hebe das Vieh auf bis noch (Ofensten?) dann nehme ich das Vieh weil bis dahin wieder ...(?),..
Es Grüßt Antonio Beckert"
Pelo contexto significa mais ou menos o seguinte:
Amigo Gregor,
O gado que como havíamos combinado o qual eu quis trazer há três semanas atrás não pude porque o Schlemm me vendeu 50 cabeças até a Páscoa e tive que pegar imediatamente 25 e agora vem novamente de Lages 50 cabeças que eu tenho que pegar novamente se (?) for possível eu subo com o gado até (?) daí eu pego o gado porque até lá,...(?)
Nesta mensagem deu a entender pelo que nesta época meu avô não conduzia mais a boiada do Avencal até São Bento do Sul, porque Antonio Beckert menciona que ficou de ir buscar o gado.
Nas anotações do vô Gregório de 05/01/1921 aparece pela primeira a movimentação de gado para outro cliente, ou seja, não mais Antonio Beckert, mas em direção oposta à São Bento do Sul. Foram 16 anos entregando gado para Antonio Beckert, tempo que ele mesmo comentava com minha prima Maria de Lourdes Reusing. Desta vez o gado, 51 novilhas, foi levado para Sr. Schmidt, em outra região, Timbó (Fazenda Schmidt, localidade de Tamanduá, Município de Timbó Grande SC). Não foi uma venda, as 51 novilhas foram levadas para uma criação em parceria (sociedade) com o Sr. Schmidt. Era início de uma nova experiência que durou pelo menos 6 anos, mas acabou não dando certo e meu avô foi com seus filhos, Antonio e Hipolito Woehl (que era adolescente na época), trazer de volta o gado. O último registro da movimentação de gado do vô Gregório Woehl foi em 27/03/1927 para trazer 58 cabeças da localidade de Tamanduá, atual município de Timbó Grande, onde ficava a Fazenda Schmidt. A viagem conduzindo a boaiada levou 8 dias para chegar ao Bituva, onde ficava sua área de pastagem.
Um fato bem marcante sobre o espírito empreendedor do meu avô ocorreu por ocasião de suas visitas à sua irmã, Julia Woehl Heller, em Corupá (SC). Julia se com Rudolf Heller e trabalhavam com bananicultura na Estrada Felipe Schmidt, Rio Novo, Rota das Cachoeiras. Para meu avô deve ter sido uma grande novidade as plantações de banana em Corupá. Sem entender nada de bananicultura ele conseguiu enxergar na atividade uma oportunidade de negócios. Fornecer cavalos para os produtores de banana. Ele deve ter conversado com os bananicultores e percebido a dificuldade deles em adquirir bons cavalos. Como o negócio de criação, compra e venda de gado foi inviabilizada porque seu principal cliente, Antonio Beckert de São Bento do Sul estava trazendo gado de Lages, mais barato, a partir de 1921 o vô Gregório começa lidar com cavalos. Montou uma criação de cavalos na localidade de Bituva, Mafra (SC), em uma área 500 alqueires que comprou da sogra Christina Hack e cunhados. Ele era muito profissional nesta atividade. Viajava até Curitibanos (SC) para comprar garanhões de raça do criador de cavalos Cizenando Costa. Marcava os cavalos que criava com a letra G e conseguia vendê-los por um bom preço já que não faltavam clientes. Chegou a produzir 85 potrilhos por ano. Ele tinha tudo anotado, era bem-organizado.
Em sua caderneta há dezenas de anotações de cruzamento de cavalos. Um serviço que ele prestava na comunidade era do cruzamento das éguas dos moradores do Avencal com um reprodutor dele, cobrando entre 10 mil e 40 mil Réis, neste caso para dar assistência até nascimento do potrilho, pelo que se deduz das anotações. Há também o registro do cruzamento de égua de sua propriedade e dos filhos, meu pai Germano Woehl e do meu tio Antônio Woehl.
Para agregar valor aos cavalos que vendia, nos anos da década de 1930 ele contratou um domador de cavalos de Corupá SC, Paulo Linzmeier (1893-1969). Minha prima Maria de Lourdes Reusing lembra que eram vendidos lotes de até 18 cavalos para um mesmo comprador. Certa vez, passeando com meu avô pela área de pastagem observou vários e potrilhos deitados no gramado expostos ao sol da manhã e meu avô comentou: "O sol faz bem para eles porque fortalece os ossos".
Na década de 1920, paralelamente com o negócio de criação de cavalos meu avô Gregório Woehl decidiu comprar a serraria de seu irmão, Roberto Woehl, e um sócio, Sebastião Sauer (nascido em 20/01/1895) que em 03/09/1921 com a professora da escola do Avencal Maria da Conceição Ferreira Leal (28/01/1894 – 06/04/1960). Teve muita dificuldade para pagar, mas conseguiu. No início, operava a serraria com apenas um empregado. Após o expediente, no período noturno, ele continuava serrando e minha avó, jovem na época, entrava em ação, já que eram necessárias duas pessoas para serrar as toras. Algumas vezes trabalhavam até de madrugada. Tiveram que trabalhar duro desta forma, dia e noite, para pagarem as parcelas da compra da serraria para seu irmão Roberto e o sócio Sebastião Sauer, que vencia sempre no dia 16 de cada mês e o Roberto era rigoroso com este prazo.
A data mais provável da compra da serraria foi no início de 1923 porque em suas anotações estão relacionados três empréstimos de quantias elevadas neste período: Em 18/12/1922 (ele anotou 1923 mas deve ser 1922 pela ordem das anotações) emprestou 1 Conto de Reis (1 milhão de Reis) de Antonio Becker; Em 18/02/1923 emprestou 2 Contos de Reis (2 milhões de Reis) de João Grossl e; em 23/07/1923 emprestou 500 mil Reis de seu cunhado João Nepomuceno Sauer (irmão de Catharina Sauer Woehl). A compra da serraria incluiu o terreno de Sebastião Sauer para onde o vô Gregório fez casa e se mudou com a família e passou a viver ali pelo resto de sua vida. Depois, esta propriedade ficou com meu tio Hipólito Woehl (12/04/1918 – 27/11/2001) onde construiu sua casa e passou a morar ali também e, atualmente, pertence aos herdeiros de seu filho Orestes Woehl (18/12/1951 - 04/04/2022). Provavelmente este terreno pertencia ao pai de Sebastião Sauer, Nicolau Sauer (1852–1935).
Após este sufoco para quitar a dívida da compra, ele administrou bem esta serraria e ganhou muito dinheiro. Quando ele morreu, deixou um estoque grande de madeira serrada, pronta para ser vendida. Ele continuou trabalhando na serraria junto com os empregados, que eram nove no total. Aos 79 anos, um pouco antes de adoecer e morrer (pneumonia), ele ainda trabalhava na serraria. Certa vez, vieram compradores de madeira de Joinville e ele foi atendê-los, com chapéu e ombros cobertos de serragem, usando roupa de serviço e calçando sandálias. Os compradores perguntaram: “Gostaríamos de falar com Gregório Woehl”. Ele respondeu: “Sou eu mesmo”. Mas os compradores ainda ficaram com dúvidas ao encontrá-lo naquela situação e mudaram a pergunta: “Gostaríamos de falar com o dono da serraria”. Ele repetiu a resposta: “Sou eu mesmo”. Tinha clientes como Martin Zipperer, fundador da Móveis Cimo, que frequentava a casa dele para tomar vinho e um licor caseiro de marmelo-Japão, que minha tia Narcisa fazia.
Para o funcionamento dos motores da serraria tinha geração própria de energia elétrica, em uma pequena central hidrelétrica no rio da Areia, que passava ao lado da serraria. A energia elétrica gerada na propriedade era fornecida também para a residência, que era a única do Avencal a ter este conforto naquela época.
Luiz Antonio Heyse, filho de Hary Heyse e neto de Franscisa (Woehl) Heyse a segunda filha do meu avô Gregório Woehl, mais conhecida na família como tia Chiquinha, que se casou com João Heyse, contou que seu pai Hary Heyse comentava que Gregório Woehl era muito organizado em tudo, principalmente no quesito ferramentas. Nenhuma poderia ficar fora do lugar após o uso.
Segundo informações da prima Maria de Lourdes Reusing, quando meu avô Gregório Woehl comprava toras de imbuia (Ocotea porosa) do tipo mostrado na foto abaixo, tirada na sua serraria por volta de 1940, ele mesmo serrava, não deixava seus funcionários fazerem isso, para garantir a qualidade das tábuas (todas com a mesma espessura e bem retas). Gregório Woehl dizia: “Estas vão dar África”. Tábuas de imbuia de boa qualidade tinham um alto valor de mercado porque eram exportadas para a África do Sul.
De fato, a África do Sul sempre foi o maior comprador de imbuia (Ocotea porosa) do Brasil. As exportações de imbuia para África do Sul correspondiam a 95% do total na década de 70, de acordo com o texto da Projeto de Lei 5.292 de 1981 do Congresso Nacional para proibir a exportação de imbuia, para preservar a espécie ameaçada de extinção e garantir matéria prima para a indústria moveleira do Sul do Brasil:
Segundo a Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil - CACEx, atualmente se exportam 20.000m3 de imbuia por ano, sendo a Âfrica do Sul o maior comprador, absorvendo 95% daquele total. Vêm em seguida os Estados Unidos, a Comunidade Comum Europeia, a Suécia, a Austrália, o Egito, Hong Kong, URSS e Polônia, aparecendo como grande ameaça, agora, os países membros da OPEP. Sendo a reserva existente muito pequena, a CACEx tentará tornar medidas paliativas, fixando para 1981 o teto de exportação em 15.000 m3, 13.000m3 para 1982, diminuindo gradativamente até a total extinção do produto, o que se dará em menos de dez anos.
Teve um episódio envolvendo seu futuro genro, João Heyse. Em uma das longas jornadas pelas estradas do Rio da Areia, viagens que eram uma verdadeira aventura, o aro de ferro da roda da carroça havia se soltado. Já estava anoitecendo quando ele chegou à casa da namorada, Francisca Heyse, e pediu emprestado um martelo ao futuro sogro, Gregório Woehl, para fazer o concerto da roda.
Na hora do jantar, Gregório Woehl perguntou em tom enérgico para João Heyse:
“João, você não devolveu meu martelo!”
Tremendo de medo de levar uma bronca séria e colocar em risco seu namoro com Chiquinha, João Heyse respondeu: De-de... devolvi, sim senhor! Eu coloquei no mesmo lugar de onde o senhor retirou”.
Sem hesitar, Gregório Woehl, levantou-se imediatamente da cadeira, pegou um funzel (mini lampião a querosene) e foi conferir se o martelo tinha sido realmente colocado no lugar. Graças a Deus estava tudo em ordem, como João Heyse havia respondido.
Luiz Antonio Heyse contou também que Gregório Woehl afiava as serras usadas na serraria, e quando era preciso trabalhava em todas as funções. Nas suas tarefas o capricho era premissa indispensável, concluiu Luiz Antonio.
Meu avô Gregório Woehl registrou em seu caderno de anotações uma viagem que fez pelo interior de Itaiópolis SC em 23/08/1930 acompanhado pelo seu genro João Heyse. Ele saiu de casa (no Avencal, Mafra SC) neste dia e retornou no dia 04/09/1930. É muito emocionante saber que ele passou até pelo rio Itajaí do Norte em itaiópolis no dia 25/08/1930 (ida) e 02/09/1930 (retorno). No dia 29/08/1930 eles se hospedaram na propriedade de Joaquim Hacke. O termo “falhemos” significa descansamos. No dia 01/09/1930, uma segunda-feira, ele subiu no Morro do Taió, onde João Heyse tinha uma propriedade. Edith Eliza Heyse Bessa, filha de João Heyse, tinha 6 anos nesta época, mas ela lembra de outros tempos como era difícil e arriscada a travessia do rio Itajaí, em Itaiópolis, que não tinha ponte. Geralmente, eles acampavam e pernoitavam no local da travessia do rio Itajaí, onde foi construída mais tarde a ponte do Parolin. A travessia do rio Itajaí era um transtorno: os cavalos eram desencilhados e as selas e apetrechos eram atravessados de bote. Os cavalos atravessavam nadando. Após as chuvas fortes ninguém conseguia cruzar o rio. Edith Eliza Heyse Bessa lembra também da casa branca mencionada nas anotações do meu avô, a casa onde eles pernoitaram no dia 01/09/1930. Esta casa pertencia a João Heyse, que mais construiu no local uma serraria. Atualmente o Morro do Taió pertence ao município de Santa Terezinha SC.
Meu avô Gregório Woehl tinha também na propriedade uma casa comercial de secos e molhados, isto é, que vendia de tudo, desde tecidos e ferramentas até itens de alimentação e bebidas. Quem atendia era minha avó Catharina Sauer Woehl e meu tio Hipólito Woehl, o filho mais novo de meus avós. Minha avó é quem administrava a casa comercial e viajava até Joinville para comprar os itens que comercializava. Já existia trem nesta época e a estação ficava próxima, no Tingui. Quando meu tio Hipólito se casou, minha avó não conseguia mais conciliar as atividades da casa comercial com os afazeres domésticos, porque ela tinha que fazer almoço para os nove empregados da serraria. Então, decidiram encerrar as atividades.
Outra atividade econômica importante do meu avô Gregório Woehl foi a ERVA-MATE, atuando no extrativismo em suas terras e também no comércio (compra e venda).
Marcas deixadas pela Revolução Federalista
Os rebeldes que promoveram a Revolução Federalista deixaram marcas quando passaram pelo local onde meu avô Gregório Woehl se hospedava, às margens da Estrada Dona Francisca, no Avencal, em Mafra SC, que na época pertencia ao município de Rio Negro PR. O fato ocorreu por volta de 1894.
Meu avô já tinha se mudado de São Bento do Sul (SC) para o Avencal, onde trabalhava como carpinteiro na construção de casas para os Sauer, quando ainda era solteiro. Ele se hospedava na residência da futura sogra, Christina Hack Sauer, que lhe aconselhou a esconder seu baú de ferramentas, onde ele guardava também sua clarinete. Sugeriu escondê-lo no monjolo à beira do riacho no fundo da grota e recomendou ainda que o deixasse destrancado. Ela tinha sido avisada com antecedência que os rebeldes iriam passar por ali e estavam próximos.
Os rebeldes estavam à procura de armas e munições, invadindo as residências que encontravam pelo caminho. Acharam o baú do meu avô e abriram para revistar, mas não encontraram nada além de suas ferramentas de trabalho e seu instrumento musical, a clarinete. No entanto, a coleção de figurinhas colada no lado interno da tampa do baú despertou a ira do rebelde que com sua espada tentou destrui-la, deixando essas marcas.
Esta coleção de figurinhas de caixas de fósforos meu avô juntou na Boêmia, em Gablonz, vila de Wiesenthal, quando era criança. Ele as trouxe na bagagem da família quando era criança e, mais tarde, as colou na parte interna da tampa do baú usando clara de ovo como cola. O baú está guardado com minha prima, Maria de Lourdes Reusing, que foi criada pelo meu avô que lhe contou esta história quando ela perguntou sobre esses cortes nas figurinhas.
Gregorio Woehl e Catharina Sauer tiveram 8 filhos:
MATILDE WOEHL BAUER 20/10/1895 – 12/09/1938
FRANCISCA WOEHL HEYSE 20/09/1897 – 09/08/1982
GERMANO WOEHL 20/10/1901-13/08/1973
ELFRIDA WOEHL HEYSE 11/06/1903 – 05/06/1990
ANTONIO WOEHL 26/04/1906 – 25/02/1996
NARCISA WOEHL KOSTESKI 09/02/1909 – 24/05/1994
HERMINIA WOEHL FERREIRA 16/05/1911 – 15/03/2014
HYPÓLITO WOEHL 12/04/1918 – 27/11/2001
ESCOLA EDUCAÇÃO BÁSICA DOS FILHOS DE GREGÓRIO WOEHL e CATHARINA SAUER
Meus bisavós, Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler, tratavam com muito carinho os netos, as crianças, filhos de Gregório Woehl. Meu pai e tias, que quando adultas se casaram com Heyse e Bauer, tinham quartos reservados só para eles em São Bento do Sul (SC), onde ficaram morando por 4 anos para estudar na escola alemã, Kolumbus Schule, e na escola de música. Eles foram alfabetizados no idioma alemão nesta escola alemã de São Bento, que foi criada e mantida com dinheiro de doações e ação voluntária da comunidade são bentense.
Germano Woehl, meu pai, aprendeu a ler, escrever e falar alemão nesta escola, assim como suas irmãs mais velhas. Já os irmãos mais novos não tiveram tanta sorte, porque o governo criou uma escola pública na comunidade do Avencal. A professora não dominava a técnica de alfabetizar crianças. Minha tia, Francisca Woehl Heyse (tia Chiquinha), que se casou com João Heyse e morava na Moema, em Itaiópolis, ao fazer uma visita aos pais, observou que seu irmão caçula, meu tio Hipolito Woehl, não estava conseguindo aprender a ler e escrever naquela escola. Então, ela levou o menino para a Moema, porque lá tinha uma escola que funcionava, por causa de um excelente professor, Fábio Zesino de Oliveira, que sabia alfabetizar as crianças. E graças a esta atitude, seu irmãozinho, meu tio, aprendeu a ler e escrever na idade correta.
ESCOLA DE MÚSICA
Meu pai, Germano Woehl, e minha tia Chiquinha (Francisca) Woehl Heyse não tiveram interesse pela arte da música na escola de música de São Bento do Sul. Porém, minhas tias Matilde e Elfrida (Frida) e tio Antônio se interessaram:
Tia Matilde Woehl Bauer aprendeu a tocar cítara.
Tia Frida (Elfrida) Woehl Heyse aprendeu a tocar violino.
Tio Antonio Woehl (meu padrinho) aprendeu a tocar saxofone. Era o único da família com o dom de cantar. Quando não tocava, ele cantava. Ele chegou a tocar na Banda Weiss de São Bento do Sul.
Meu avô Gregório Woehl tocava muito bem a gaita alemã bandoneon (parecida com acordeon) também conhecida como harmônica, que aprendeu a tocar na escola de música de São Bento, conforme foi contado no inicio do texto. Com frequência eles (pai e filhos) tocavam juntos após o jantar. Às vezes, meu avô tocava nos bailes também, na localidade onde moravam, no Avencal, Mafra (SC). MATILDE WOEHL BAUER 20/10/1895 – 12/09/1938, morreu aos 42 anos, casou-se em 21/04/1923 com Roberto Bauer (12/10/1902 Itaiópolis - 07-12-1969 São Bento do Sul).
O casal teve 8 filhos:
Maria Elvira Bauer (26/12/1923 - 07/06/2016) se casou em 14/11/1942 com Eduardo Kollross (19/10/1918 Itaiópolis - 14/04/2010 Mafra);
Adelina Bauer (02/07/1925 - 03/07/2018) se casou em 27/09/1942 com Ewaldo Wagner (23/09/1916 Itaiopolis - 14/01/2007 Curitiba);
Enelso Francisco Bauer (20/09/1927 - 01/04/1931);
Elfrida Veronica Bauer (07/12/1928 Espigão do Bugre, Mafra SC - 16/02/1985 Belem PA). Era conhecida como Fridinha, se casou em 14/11/1951 Itaiópolis com Waldemar Wagner (21/11/1927 Itaiopolis - 08/06/1994 Santarém PA). Ao perder a mãe, aos 9 anos, foi morar com os avós Gregório Woehl e Catharina Sauer Woehl. Morou também com a tia Elfrida Woehl Heyse;
Judith Bauer (nascida em 06/03/1931) se casou em 03/02/1957 Itaiópolis com João dos Reis - Sgt Reis - (1932 Mafra SC – 19/12/2023 Curitiba);
José Francisco Bauer (23/08/1933 Itaiopolis - 13/02/2012 Itaiópolis) se casou em Itaiópolis com Lourdes Veronica Buba (03/11/1938 – 25/01/1989);
Olinda Catarina Bauer (nascida em 1936) conhecida como “Nega”, tinha apenas 2 anos quando a mãe faleceu e foi criada pela irmã mais velha, Maria Elvira Bauer Kollross. Casou-se com Teófilo Cieslinski (falecido);
Alfeo Bauer (nascido em 1938) tinha 4 meses quando a mãe faleceu e foi criado pela irmã mais velha, Maria Elvira Bauer Kollross. Casou-se em 21/01/1961 Itaiópolis com Eluir Terezinha Wendt (nascida em 1942).
Mathilde Woehl, por ser a filha mais velha, teve que aprender ainda na pré-adolescência a montar cavalo e ajudar seu pai, meu avô Gregório Woehl, a conduzir a boiada do Avencal até São Bento do Sul. Eram quatro dias de viagem para percorrer os 40 km com a boiada até o açougue de Antonio Beckert.
FRANCISCA WOEHL HEYSE 20/09/1897 – 09/08/1982, morreu aos 84 anos; casou-se em 11/02/1920 com João Christian Paulo Heyse 04/05/1891 – 10/05/1991.
Filhos: Wanda Eugenia Heyse 08/01/1921 – 03/07/2015; Jovino Christiano Heyse 27/04/1922 – 05/08/2020; Edith Eliza Heyse 15/03/1924 – 04/08/2024, se casou com Luiz Irapuan Campelo Bessa (10/04/1916 – 18/07/1993) no dia 30/12/1950 em Itaiópolis SC, no clube 16 de Abril; Otto Erico Heyse 16/12/1926 – 2012; Hary Heyse 05/06/1927 – 05/08/2016; Renato Paulo Heyse 02/10/1929 – 10/10/2015
GERMANO WOEHL 20/10/1901 – 13/08/1973, morreu aos 72 anos; casou-se aos 21 anos em 16/06/1923 com Oraide de Almeida (27/02/1905 Rio Negro PR - 13/10/1948 Mafra SC), após ficar viúvo se casou novamente em 14/07/1951 com Josepha Kalabaide (19/10/1928 Papanduva SC – 31/03/2006 Itaiópolis SC).
Filhos com Oraide de Almeida:
Joel Woehl (08/09/1925 - 01/03/1991) se casou em 30/11/1946 Itaiópolis com Ivone Sternadt (29/03/1926 Itaiópolis - 26/04/2008 Mafra);
Licyr Woehl (03/02/1930 - 29/07/1984) se casou em 17/07/1948 Mafra com Arthur Krüger (29/04/1923 Joinville - 30/01/1989 São Bento do Sul);
Emir Woehl (03/02/1930 - 26/07/1989) se casou em 23/07/1955 Itaiópolis com Nivaldo Etvin Weinert;
Jairo Agnardo Woehl (28/03/1940 - 12/01/2016)se casou em 08/09/1962 com Ligia Trindade.
Filhos com Josepha Kalabaide Woehl: Gelcyr Woehl 1952–Vivo; Gilmar Woehl 1954–Vivo; Gregório Woehl (17/11/1956 – 15/10/2021) se casou com Vera Lúcia de Paula com quem teve 3 filhos, era Apicultor e morreu em decorrência de acidente de carro na BR-116 em Mafra, vítima da imprudência de outro motorista; Gilnete Woehl 1959–Viva; Germano Woehl Jr 1960–Vivo
Josepha Kalabaide Woehl é filha de imigrantes ucranianos da Galícia (Império Austro-húngaro): Miguel Kalabaide (23/09/1886 Suchrów, Galícia - 28/12/1944 Papanduva SC) e Anna Koppes (10/07/1903 Itaiópolis - 12/09/1992 Papanduva SC). Anna Koppes é filha de Alexandre Koppes (nascido na Galicia e falecido em 30/08/1957 em Papanduva SC) e Maria Koppes (nascida na Galicia e falecida em Papanduva SC).
Miguel Kalabaide é o nome traduzido de Mikael Kalabajda (Калабайда). Miguel Kalabaide nasceu na vila de Suchrów (atual Suhriv/Сугрів) casa n. 46, Distrito (Raion) de Zhydachiv, Estado (Oblast) de Lviv, Ucrânia. Fica a 7,5 km do centro da cidade de Khodoriv/Ходорів e a 50 km ao sul de Lviv, próximo à divisa com a Polônia Na época de emigração, 1895, esta região pertencia ao Reino da Galícia (Império Austro-húngaro) e Lviv se chamava Lemberg e era a capital. Registros comprovam que os Kalabaide já viviam nesta vila em 1770 e sempre foram agricultores. Atualmente é uma vila agrícola, com poucas casas.
Miguel Kalabaide chegou ao Brasil com 9 anos, em 14/08/1895, acompanhado de seus pais Timotheus Kalabajda (23/06/1847 Suchrów, Galícia – 1920 Papanduva SC) - no Brasil usou o nome de Thomas Kalabaide - e Euphimia Chruszcz (02/06/1857 Suchrów, Galícia - 10/04/1946 Papanduva SC) - no Brasil usou diferentes nomes nos registros: Eugenia Chruszcz, Emma e Chiema. Viajaram no navio San Gottardo e ao chegarem ao Rio de Janeiro, em 14/08/1895, tiveram que cumprir quarentena de 18 dias, até 02/09/1895, na Hospedaria da Ilha das Flores, tendo chegado em Curitiba em 09/09/1895. A Galícia é território que foi extinto em 1918 com a dissolução do Império Austro-húngaro e atualmente está divida entre a Ucrânia e Polônia.
Meu avô queria que meu pai, Germano Woehl, adolescente, tivesse uma profissão. Então, mandou ele para São Bento para aprender a técnica de fazer linguiças, salsichas, embutidos em geral com Antônio Beckert, dono do açougue que comprou gado dele durante 16 anos, com quem meu avô estabeleceu uma relação de amizade. Meio contrariado, ele foi. Ficou em São Bento algumas semanas, aprendendo este ofício, que meu avô tanto insistiu. E aprendeu direitinho. Ele ficou hospedado na casa do nosso bisavô, Gregor Wöhl, no quarto exclusivo reservado para ele da época de estudante, quando foi alfabetizado na escola alemã Kolumbus Schule com as mensalidade custeadas pelo bisavô Gregor Wöhl. Quando terminou o curso, ele desabafou para meu avô: “Olha, não quero saber desse negócio de fabricar salsichas. Não gosto de lidar com isso. Quero fazer outra coisa... “. Contudo, sempre que meu avô matava um boi ou porco, era meu pai que entrava em ação para fabricar os mais variados tipos de salsichas e linguiças. Seguia a risca as receitas, os temperos e demais ingredientes. Pesava tudo meticulosamente para preparar a massa.
Quando era jovem e solteiro, meu pai Germano Woehl foi lidar com agricultura nas terras do meu avô. Em 1925, dois anos após ter casado virou apicultor, tornando-se um grande produtor de mel. Em 1939 ele registrou uma declaração que começou com apicultura como atividade empresárial em 1925, aos 24 anos e exerceu esta atividade até o final dos anos 60, sendo que a partir de 1943 foi incorporada à empresa que exercia também a atividade madeireira (serraria e laminação). No final da década de 1930, a produção de mel atingia a escala de muitas toneladas, conforme os registros de venda para o exportador H. Douat e Cia de Joinville, A. Cardoso da Fonseca (Colmeal Adail) da Estação Senador Camará, Rio de Janeiro, entre outros compradores (ver abaixo os documentos). Meu pai usava muita técnica para produção de mel, incorporando as novidades que surgiam, como introdução de rainhas mais produtivas e importou da Alemanha uma máquina para fabricar as lâminas de cera alveoladas. Estas laminas são a base para as abelhas construirem os favos de forma ordenada, para permitir a extração mecanizada do mel. Esta máquina de favos foi importada no final de julho de 1937 pelo comerciante Carlos Schneider e Cia da "Casa do Aço", de Joinville, cujos descendentes fundaram mais tarde a CISER, fábrica de parafusos. Meu pai pagou a máquina de favos com o fornecimento de mel para Carlos Schneider revender, conforme demonstram os documentos.
Germano Woehl aprendeu sozinho a lidar com apicultura e usar a tecnologia para obter alta produtividade. Aprendeu lendo as matérias na revista que ele assinava na época “Chácaras e quintais”, que foi lançada em 1909 e extinta em 1971. A sobrinha de Germano Woehl, Maria de Lourdes Reusing, lembra que ele ia de tomar chimarrão com o pai, Gregório Woehl, e depois sentava em uma cadeira de balanço na varanda para ler um livro ou uma revista. Germano Woehl criava tambem as rainhas da abelha europeia italiana (Apis mellifera fasciata), a espécie que se adaptou melhor no Brasil, e vendia para apicultores do Brasil inteiro. Outros apicultores que surgiram em Mafra SC, como Alfrido Severino Woehl, conhecido como Ido Woehl (primo de meu pai), Sommer, Leo Liebl, no Rio Preto (divisa entre os municípios de Mafra e Rio Negrinho), utilizaram as rainhas da variedade italiana produzidas por Germano Woehl no Avencal.
Alberto Schafaschek, nascido em 1930, foi quem comprou de meu pai, Germano Woehl, a máquina de fabricar lâminas de cera alveoladas no final dos anos 60. Ele é irmão de Ida Schafaschek Woehl (19/05/1934 - 11/08/2018), esposa de Alfrido Silverino Woehl (20/06/1920 – 19/03/1995), mais conhecido como Ido Woehl, primo de meu pai.
Alberto contou que tinha vários interessados pela máquina, mas meu pai, que já tinha perdido a fala naquela época por causa do AVC, deu preferência para ele que fez a menor oferta. A preferência, ele disse, foi por causa da relação de amizade que meu pai teve com o pai dele, Martin Schafaschek (08/03/1893 - 20/07/1962). Contou que foi na casa de minha família num sábado buscar a máquina e pagar uma parte. O restante do dinheiro ficou combinado de ele entregar para minha mãe na segunda-feira, quando ela iria para Mafra ao dentista.
Contou que aprendeu a técnica para fabricar a lâmina de cera alveolada com Ido Woehl, que conhecia bem o processo. Ido também foi um grande apicultor que aprendeu o ofício com me pai Germano Woehl. Explicou-me detalhes desse processo para sair um favo perfeito, que não é muito fácil (tem o ponto certo de fusão da cera, esfriamento, preparação das lâminas etc). Quando foi para Itaiópolis, meu pai tinha treinado uma funcionária da sua empresa para usar a máquina. Era Amalia de Barros Franco (nascida Amália de Melo). Alberto relatou-me também algumas histórias que o Ido Woehl contou para ele sobre atividade de apicultura de meu pai no Avencal, Mafra SC, do grande volume de mel produzido.
Alberto Schafaschek usa a máquina até hoje. É impressionante uma maquina fabricada em 1937 ainda estar em uso. Tem um defeito em um dos cilindros da máquina. Acidentalmente um funcionário do meu pai, Seidl, derrubou um prego pequeno durante a operação e amassou um dente do cilindro, que é de aluminio (veja nas fotos).
Em 1946 ocorreu um incêndio na Estação Ferroviária do Tinguí, Avencal, Mafra SC queimando um grande volume de mel do apicultor e empresário Germano Woehl que estava aguardando transporte ferroviário para dois clientes do Rio de Janeiro, exportadores de mel. O cheiro de mel queimado foi sentido a quilômetros de distância na comunidade do Avencal e até hoje descendentes de moradores daquela época comentam o episódio.
No livro de contabilidade de meu pai, Germano Woehl, do ano de 1946 registrou o fato nas páginas 125 e 126 do livro de registro contábil, de 31 de dezembro de 1946 (encerramento).
Apicultura com movimento
Representação Ibéria Ltda Estorno das duplicatas 43 e 50 visto a mercadoria [mel] ter sido queimada na Estação de Tinguí (Avencal - Mafra SC)
Francisco Cardoso Fonseca Estorno das duplicatas 49 visto tratar-se de saque simulado para requerer indenização de mercadoria [mel] queimada
Não se sabe se Germano Woehl conseguiu a indenização da Rede Ferroviária pela carga de mel destruída no incêndio.
No final da década de 1930, montou um moinho de cereais em sociedade com Francisco Pilz, com o nome da firma Woehl e Pilz, que manteve até por volta de 1941 quando o moinho foi vendido para Otto Weiss. A sociedade com Francisco Pilz na firma Woehl e Pilz foi incluída a atividade de apicultura, pelo que se observa em uma nota promissória personalizada da empresa.
Por volta de 1935 Germano Woehl teve no rio da Areia de Baixo (Avencal), em Mafra SC uma criação comercial de nutria (Myocastor coypus), mamífero conhecido também como ratão-do-banhado, para produção de peles. Edith Heyse Bessa lembra desta criação na represa rio da Areia. Ideia que deve ter vindo da revista Chácaras e Quintais, que publicou respostas à duas cartas de Germano Woehl (G.W.) sobre o assunto em 1935.
Montou também uma marcenaria no Avencal em Mafra (SC) para o cunhado Fani de Almeida (irmão de sua primeira mulher) tomar conta. Nesta marcenaria eram fabricados os caixilhos padronizados para colméias de abelhas.
Por volta de 1936, Germano Woehl iniciou uma nova atividade, abrindo sua primeira serraria em sociedade com Baltazar Zippel no Avencal (Rio da Areia de Baixo) em Mafra SC. Abaixo está a foto das instalações desta serraria e a casa de Germano Woehl, à esquerda, onde ele residia com a família. Mais tarde, esta serraria e a casa foram vendidas para os irmãos Adolfo Anastácio Pereira (que se casou com Ida Woehl, filha de Roberto Woehl), Lilo Anastacio Pereira e Olimpio. Anastacio Pereira e Ida Woehl passaram a residir nesta casa que era de Germano Woehl.
Próximo a esta serraria foi construída a escola da comunidade cujo terreno com 2,5 hectares (25.000 m2) foi doado por Germano Woehl para Prefeitura de Mafra, conforme está públicado no jornal A Gazeta de Florianópolis, edição 1223 de 13 de agosto de 1938. Esta ação de filantropia praticada por Germano Woehl com a doação deste terreno para a Prefeitura Municipal de Mafra construir uma escola para a comunidade consta na Transcrição nº 9419, fl 119 livro 3/J do livro do cartório de registro de imóveis de Mafra SC. A Escola Isolada Estadual do Rio da Areia de Baixo (que mais tarde foi municipalizada) está atualmente desativada e a prefeitura tem instalações na área para prestar serviços à comunidade. No local foi também construída a Capela Nossa Senhora de Fátima e o Salão de Festas 13 de Maio. Recentemente a Prefeitura fez a doação (desmembramento) para a Mitra Diocesana de 3.000 m2 desta área onde está a capela o salão de festas (Transcrição de nº 16.373, FL. 81, 3/N).
A serraria que Germano Woehl montou em Itaiópolis foi comprada em 12/03/1943 de Ramiro Ruthes (25/11/1901 - 19/12/1953) e do irmão Alfredo Ruthes (22/03/1908 - 23/03/1982) que ficava no Espigão do Bugre, em Mafra SC, local conhecido como Km 9. Ramiro Ruthes, conhecido como Miro, era casado com Laura Hening (1910 – 06/10/1950). O registro de contabilidade (ver abaixo) comprova esta transação. Após venderem a serraria para Germano Woehl, Alfredo Ruthes montou outra serraria em Itaiópolis, próxima da Serraria de Germano Woehl. Alfredo Ruthes casou com a itaiopolense Emilia Koppe (02/10/1915 - 12/01/2006).
Quando meu pai Germano Woehl montou a empresa em Itaiópolis (serraria, laminação e apicultura) levou junto até funcionários do Avencal (Mafra, SC). Um deles foi Henrique Quandt, que era carroceiro do meu avô Gregorio Woehl, uma pessoa de muita confiança, como se fosse da família, que trabalhou durante muitos anos com vô Gregório e sabia lidar muito bem com os cavalos. Ele cuidava também da residência do meu avô Gregório e era conhecido na família como "velho" Quandt. Consta no registro contábil de Germano Woehl, em 01/08/1946, o pagamento das despesas dos funerais de Henrique Quandt. No registro de óbito ocorrido em 06/08/1846, declarado por Joel Woehl, consta que Henrique Quandt teve como causa da morte "cardiopatia" e que não se sabia os nome dos pais de Henrique Quandt.
Em 1948, abriu outra serraria em Borrazópolis (PR), cuja administração ficava por conta de seu filho Joel Woehl. Contratou pessoas do Avencal, Mafra SC, para trabalharem nessa serraria de Borrazópolis. Na função de motorista de caminhão, contratou Severino Xavier Paes (23/05/1930 Avencal, Mafra SC – 23/05/2020 Ivaiporã PR), neto de André Antonio Woehl e Maria Sauer, filho de Catharina Woehl e Amantino Xavier Paes. Juntamente com Severino, com 18 anos na época, foi também seu cunhado Osvaldo Becker, casado com Helena Xavier Paes. Severino acabou ficando por lá e se casou em Borrazópolis em 28/11/1959 com Eva Galvão Paes (18/07/1943 – 07/05/2023 Ivaiporã PR). João Avelino de Aviz (10/11/1915 Avencal, Mafra SC – 10/05/1989 Curitiba PR) foi contratado mais tarde como gerente da serraria. João Avelino de Aviz e Juliana Hack são os pais do Cardeal Dom João Braz de Aviz.
O problema de se aventurar em tantos negócios exigia fontes de financiamento e, por isso, às vezes, meu pai precisava recorrer à empréstimos do meu avô para complementar o financiamento de novos empreendimentos ou equilibrar as contas. Na contabilidade da empresa dos anos de 1948 e 1949, consta devolução mensal de empréstimo ao meu avô Gregório Woehl no valor de Cr$ 47.830,30 (Cr$ é a moeda da época, Cruzeiros “antigos”) e a outro investidor de nacionalidade italiana, amigo da nossa família, Giulio Carotta, no valor Cr$ 57.317,40. Totalizando estas parcelas mensais pagas nota-se que eram somas consideráveis, que meu pai devolveu ao longo de dois anos. Meu avô aconselhava meu pai a não ter sócios, mas era a forma encontrada para obter financiamento para as ideias empreendedoras.
Os irmãos do meu pai e seus cunhados da família Heyse, que foram empresários de sucesso, avaliaram que duas coisas o fizeram quebrar: Esta madeireira em Itaiópolis e meu irmão Joel Woehl ter ficado doente, que estava sendo preparado para ser o sucessor. O Joel cuidava da madeireira em Borrazópolis (PR), que estava indo muito bem, quando ficou doente de forma irreversível (transtorno mental). A madeireira em Itaiópolis foi muito bem no ínicio, chegando a conquistar clientes importantes como a Martim Zipperer e Cia (fundador da Móveis Cimo, que foi a maior fábrica de móveis da América Latina) e Fábrica de Móveis Leopoldo S.A. de São Bento do Sul, Adolfo F. Essenfelder Ltda (fábrica de pianos em Curitiba). Meus tios diziam que meu pai nunca deveria ter abandonado a apicultura. Ele ganhava muito dinheiro. com o negócio de mel. Até exportava e abastecia o mercado interno, de grandes centros consumidores, como o Rio de Janeiro, conforme comprovado pelos documentos mostrados anteriormente. No entanto, os documentos revelam que ele manteve a atividade da apicultura junto com a madeireira até 1960.
Quanto ao moinho do meu pai Germano Woehl, que ele vendeu em 1941 para Otto Weiss, uma correspondência datada de 19/12/1940 de uma empresa do setor de alimentos do Rio de Janeiro, Sociedade Comercial de Alimentação Ltda, revela as dificuldades que ele estava enfrentando. O cliente, respondeu que passou a importar centeio em grãos da Argentina porque era mais barato.
Outra atividade que contribuiu também para ele ter perdido muito dinheiro foi ter entrado no negócio de mentol, ou seja, extração de óleo de hortelã. Ele comprou uma extensa área em Apucarana-PR e fez uma grande plantação de hortelã. Ele teve um sócio desonesto, que roubou ele. Ele perdeu até a extensa área de Apucarana, onde hoje fica o centro da cidade.
Tanto Gregório Woehl (meu avô) como Germano Woehl (meu pai) eram pessoas bem calmas e tranquilas. Eram de poucas palavras, muito reservados. Gregório Woehl, nunca falou de negócios dentro de casa, perto da família. Sobre negócios, ele costumava trocar muitas ideias com o genro Paulo Heyse, que dava dicas preciosas sobre o comércio de madeiras, sobre preços, compradores, tendência do mercado, enfim Paulo Heyse era um consultor que ajudou meu avô Gregório Woehl a ganhar muito dinheiro com a serraria. Quem sempre foi bem nervosinha era minha avó, Catharina Sauer.
ELFRIDA WOEHL HEYSE 11/06/1903 – 05/06/1990, morreu aos 86 anos; casou-se em 14/05/1924 com Paulo Martin Christian Heyse 27/08/1900 – 06/11/1949.
Filhos: Ernesto Paulo Heyse 17/10/1924 - Falecido; Evaldo Frederico Heyse- Falecido; Maria Dolores Heyse - Viva.
ANTONIO WOEHL 26/04/1906 – 25/02/1996, morreu aos 89 anos. Seus padrinhos de batismo foram: Roberto Woehl e Isabel Sauer Woehl. Casou-se em Itaiópolis SC, no Cartório de Registro Civil e na Igreja Santo Estanislau do Alto Paraguaçu, em 22/02/1930 com Florisbella Hack (20/04/1908 Avencal Mafra SC - 16/11/1995 Mafra SC). Os padrinhos de casamento da parte do noivo Antonio Woehl foram os mesmos do batizado, Roberto Woehl e Isabel Sauer Woehl, e os padrinhos da parte da noiva Florisbella Hack foram João Heyse e Francisca Woehl Heyse (tia Chiquinha).
Filhos: Nacilda Woehl (1934 – 11/09/2017), casada com Ildefonso Rauen (28/01/1932–24/03/1990), nome de casada Nacilda Woehl Rauen; Aida Woehl (falecida), casada com Alcides Olsen (falecido), nome de casada Aida Woehl; Amilcar Woehl (03/03/1947 - 12/01/2022), casado com Arlete Brey Woehl (viva), profissão Engenheiro Agrônomo, faleceu aos 74 anos de câncer; José Antonio Woehl (03/03/1933 - 05/01/1989), casado com Junilde Dilma Uhlmann; Maria Cacilda Woehl (viva); Marilda Woehl (31/05/1943 – 25/05/2023), casada com Odilon Herbst, nome de casada Marilda Woehl Herbst; Marlene Woehl (viva), casada com Udo Reusing Olsen (1935 - 20/12/2022); Nivaldo Woehl (04/07/1940 – 23/05/2004) casado com Mary Reusing Woehl ((12/08/1941 – 29/12/2011); Zelia Woehl (27/06/1935 - 02/11/2016), casou-se em 24/05/1958 Mafra SC com Denisar Reusing (13/11/1936 – 12/07/2007), nome de casada Zelia Woehl Reusing.
NARCISA WOEHL KOSTESKI 09/02/1909 – 24/05/1994, morreu aos 85 anos; casou-se com Alexandre Kosteski (20/01/1916 - 27/02/1939) em 30/01/1937, ficou viúva em e se casou novamente com Samuel Pinto. Teve apenas uma filha com Alexandre Kosteski: Maria de Lourdes Kosteski nascida em 07/10/1938.
Minha tia Narcisa Woehl Kosteski sofreu uma tragédia logo no início de seu casamento. Seu marido, Alexandre Kosteski, natural de Itaiópolis (SC), morreu aos 23 anos, em 27/02/1939, vítima de violência em uma discussão com um vizinho, um adolescente de apenas 16 anos, Dorval Bino (filho de Pedro Bino), que lhe desferiu um golpe de foice na cabeça. Alexandre morreu no hospital de Rio Negro (PR) 15 dias depois. A filha do casal, Maria de Lourdes Reusing, tinha apenas 4 meses. Então, minha tia Narcisa e sua filha Lourdes foram morar com meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer. Dorval Bino e seu pai Pedro Bino trabalhavam para meu avô Gregório Woehl e tambémn para meu pai Germano Woehl e meu tio Antonio Woehl fazendo roçadas e toras para a serraria, conforme os registros de conta corrente do meu avô Gregório Woehl.
HERMINIA WOEHL FERREIRA 16/05/1911 – 15/03/2014, morreu aos 102 anos; casou-se com Heleodoro Ferreira em 30/09/1933.
Filhos: Dalila Ferreira (viva); Luci Ferreira (viva); Zaira Ferreira (nascida em 1934) casou-se em 29/01/1966 com Bruno Ernesto Wagner (17/02/1929 Itaiopolis - 16/01/2011 Mafra), filho de Elisabeth Margarida Heyse (irmã de João Heyse e Paulo Heyse).
HYPÓLITO WOEHL 12/04/1918 – 27/11/2001, morreu aos 83 anos; casou-se em 19/05/1945 com Anita de Cassias Pereira Woehl 14/07/1921 - 25/05/1996.
Foi batizado em 03/05/1918 e seus padrinhos foram: João Stephanes e Emilia Biermann. A história sobre a escolha dos padrinhos do tio Hypolito Woehl foi contada pela minha prima Maria de Lourdes Reusing. Foi escolhida a data do batizado, que tinha que ser coincidente com a vinda do Padre na comunidade para rezar missa na Capela Santa Cruz. Mas houve falha na comunicação e os padrinhos, João Stephanes e sua esposa Emilia do Vale, fazendeiros em Rio Negrinho SC, não foram avisados. Porém, João Stephanes veio na missa, mas sem a esposa. Então, tiverem que achar uma madrinha de última hora que estivesse na missa. Foi escolhida Emilia Biermann (24/09/1888 São Bento do Sul - 03/01/1982 Curitiba), esposa do próspero comerciante do Tingui, Antonio Zacarias de França (1869-1956), que também era o farmacêutico voluntário da comunidade que receitava remédios caseiros.
Filhos: Anete Woehl – viva; Catarina Woehl – viva; José Adolar Wöhl (13/05/1947 - 18/02/2024), casou em 22/11/1969 com Carmen Cristina Weigle; Orestes Woehl (18/12/1951 - 04/04/2022), casou com Cacilda Shelbauer.
JULIA WOEHL (Julie Wöhl). Nascida em 20/02/1873 na vila de Wiesenthal 140, distrito de Gablonz, na Boêmia. Padrinhos de batizado: Helena Wöhl e Josef Wöhl (irmã e irmão de Gregorio Woehl - Gregor Wöhl). Chegou ao Brasil com 3 anos. Casou-se em 22/11/1902 com Rudolf Heller (12/03/1877 - 31/12/1930), também imigrante da Boêmia, e foi morar em Corupá-SC, na Estrada Felipe Schmidt, Rio Novo (Rota das Cachoeiras), Corupá (SC), onde tinham um pomar de tangerinas e uma pequena plantação de bananas. Fabricavam um tipo de doce das tangerinas com caldo de cana-de-açúcar, chamado de mousse, que era vendido em São Bento do Sul (SC). Fabricavam mousse de bananas também, mas o principal produto era o mousse de tangerinas. Ganharam muito dinheiro com esta atividade. Outra atividade econômica era a produção e comércio de mudas de citros (tangerinas e laranjas-de-umbigo ou laranjas Bahia). Julia manteve seu sobrenome no nome de casada, ficando Julia Woehl Heller. Morreu aos 71 anos em 12/12/1943 de infarto agudo. Foi sepultada no cemitério da Estrada Isabel. O marido da Julia, Rudolf Heller, morreu aos 53 anos, 18 anos antes dela, em 02/01/1931.
Yolando Packer, neto de Julia Woehl Heller, filho de Emma Heller, contou que conviveu com a vó dele Julia Woehl. Relatou que para ele e irmãos dele tia Julia foi muito boazinha, uma avó perfeita. Sempre foi muito generosa e carinhosa com todos eles – ele lembra. Disse que sua avó Julia Woehl fumava charuto. Outra neta, Hella Heller, filha de Rudolf Heller, primogênito com o mesmo nome do pai, me contou que sua avó Julia fumava cachimbo também. Yolando Packer tinha 9 anos quando sua avó Julia morreu, em 1943 e presenciou o momento da sua morte. Ela estava na cama e ele ouviu tia Julia chamar a mãe dele: "Emma... Emma..." Ele e mãe dele foram correndo para o quarto ver o que ela queria. Ela pediu para colocarem ele sentada na cama. Assim eles fizeram e em seguida, ela morreu. Quem cuidava da Julia Woehl era a filha Adele Heller Schneider, mas naqueles dias que antecederam a morte de Julia ela estava no hospital acompanhando a filha Maria de Lourdes (Schneiner) Fanderuff que estava doente. Então, Emma Heller Packer foi substituí-la.
O marido de Julia Woehl, Rudolf Heller, é filho de Wenzel Heller e Franziska Dowiasch. Nasceu na vila Trzebine n. 30, Leitmeritz (atual Litoměřice), na Boêmia. Veio da Boêmia com 23 anos, da vila de Wernstadt (atual Verneřice), distrito de Děčín, que ficava a 5 km da vila de Trzebine, onde ele nasceu. Desembarcou no porto de São Francisco do Sul em 01/11/1900. Um sobrinho dele, Alois Pulez, filho de sua irmã Anna Heller e Johann Pulez (casamento em 10/11/1895), se correspondeu com o primo Rudolf Heller (filho) até 1960, lhe eviando muitas fotos. Quando tinha acabado de completar 19 anos, Rudolf Heller foi padrinho de batizado do primeiro filho de Anna Heller e Johann Pulez, Johann Oswald Berthold Pulez, em 20/03/1896, realizado no mesmo dia do nascimento. Ele foi o padrinho principal (Levans = que leva a criança para ser batizada). No registro de batismo consta que Rudolf Heller era Schriftträger, termo alemão que pode ser entendido como office boy (distribuidor de correspondências e documentos) e movava em Bensen (atual Benešov nad Ploučnicí), a 21 km de Wernstadt. Portanto, Rudolf Heller tinha um emprego urbano. Sua irmã Anna Heller residia em Wernstadt e provavelmente Rudolf estava hospedado na casa dela quando emigrou para o Brasil em 1900.
Os pais de Rudolf Heller, Wenzel Heller e Franziska Dowiasch, nasceram e se casaram na vila Mertendorf, Bensen, Tetschen (atual Merboltice, distrito de Děčín, República Tcheca). Eles se casaram nesta vila em 09/09/1867 e foram morar na casa dos pais de Franziska, Mertendorf n. 25, onde tiveram os dois primeiros filhos: Franziska Heller (05/10/1867 - 11/11/1885), que faleceu aos 18 anos em Trzebine, e Stephan Heller (nascido em 08/01/1870). A familia de Franziska Dowiasch vivia nesta vila desde 1700 pelo menos. Dowiasch é um sobrenome alemão e a mãe de Franziska é da familia Röllig, Theresia Röllig. Depois a familia se mudou para a vila de Trzebine n. 30, Leitmeritz (atual Litoměřice), onde nascerem Anna Heller e Rudolf Heller. Wenzel Heller era um Häusler, termo alemão que significa um trabalhador rural que tem moradia com quintal, mas precisa trabalhar para outro proprietário de terra para obter o sustento (sistema feudal que predominava na Europa). Na hierarquia social Häusler está um pouco acima de Tagelöhner (diarista, ou boia fria como é chamado no Brasil), o nível social mais baixo. A grande maioria dos imigrantes que vieram para o Brasil eram Tagelöhner, sem profissão e analfabetos.
Infelizmente desapareceram alguns livros de registros da paróquia de Munker (atual Mukařov) que atendia os moradores da vila de Trzebine (Leitmeritz – Boêmia), onde moravam os pais de Rudolf Heller, Wenzel Heller e Franziska Dowiasch. Os registros que sumiram são todos partir de ano de 1875. Do registro de óbitos só sobrou o livro de índice de 1833 até 1896. A numeração dos microfilmes da paróquia de Munker estão em sequência e não falta nenhum número, nem antes e nem depois.
O livro de índice de óbitos que restou contém duas informações importantes: A primeira delas é que no dia 12/03/1877, a data de nascimento de Rudolf Heller informada no registro de casamento dele com a tia Julia Woehl (realizado em São Bento em 22/11/1902), um bebê nasceu morto com o nome de Wenzel Heller no endereço vila Trzebine, casa n. 30 (endereço dos pais de Rudolf, Wenzel Heller e Franziska Dowiasch). Isso revela que Rudolf Heller teve um irmão gêmeo que nasceu morto e recebeu o mesmo nome do pai, Wenzel Heller. Confirma também que Rudolf Heller nasceu neste endereço. Poderia ter ocorrido da familia ter se mudado dali antes do Rudolf nascer e este bebê Wenzel Heller que morreu em 12/03/1877 ser de outra família, já que está cheio de Heller nesta região e homônimos. Porém, mais adiante, neste mesmo endereço, em 11/11/1885, tem o registro do óbito de Franziska Heller aos 18 anos, que é a primogênita do casal, nascida na casa dos pais de Franziska Dowiasch, na vila de Mertendorf, no dia 05/10/1867, 26 dias após o casamento de Wenzel Heller e Franziska Dowiasch. Ou seja, quando se casaram, a noiva Franziska Dowiasch estava grávida de 8 meses. Rudolf Heller tinha apenas 8 anos quando sua irmã mais velha Franziska faleceu jovem ainda, aos 18 anos.
Filhos de Julia Woehl Heller e Rudolf Heller:
REINHOLD RUDOLPHO HELLER, (14/08/1903 Corupá SC - 02/12/1969 Canoinhas SC), registrado como Rudolf Reinhold Emil Heller, mas usava o mesmo nome do pai, Rudolf Heller. Foi batizado em São Bento Sul no dia 26/12/1904 e os padrinhos foram Gustavo Woehl e Estephania Woehl, irmão e irmã caçula de Julia. Certamente, Julia passou o Natal na casa dos pais em São Bento para apresentar-lhes seu primeiro filho e batizá-lo. Casou-se em Corupá com Metha Maria Berthelsen em 29/09/1928.
O casal teve 3 filhos:
Herbert Conrado Heller (26/11/1930 Corupá SC - 04/09/2022 Curitiba PR)
Hella Heller (17/06/1932 Corupa SC – 08/12/2023 Presidente Getulio SC). Era conhecida pelo nome Elli e se casou em 1954 com Curt Dietrich (19/09/1934 - 27/01/2013). O casal teve dois filhos. Nos anos de 1952 e 1953 foi professora em Jaraguá do Sul, bairro Rio Cerro I. Quando se casou foi morar em Ibirama SC
Egon Heller (02/09/1936 Corupá SC - 30/08/2017 Concórdia SC) se casou em 16/05/1964 Canoinhas SC com Odette Berthon (28/08/1932 Canoinhas SC - 11/08/2005 Concórdia SC). Egon era o filho mais novo e morreu aos 81 anos de Mal de Alzheimer. Trabalhou na escola agrícola de Canoinhas e, depois, foi transferido para escola agrícola de Concórdia, onde se aposentou. Era instrutor de trator.
Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen moravam até 1943 na Estrada Rio Paulo, a 13 km do centro de Corupá SC, mas antes disso eles moraram com a tia Julia Woehl Heller. Porém a nora Metha Maria Berthelsen estava se desentendendo com a tia Julia e o casal decidiu se mudar, indo morar na casa de Emma Heller e Jacinto Packer na Estrada Rio Paulo, mostrada da foto abaixo de 1938, e Emma e Jacinto Packer vieram morar com a tia Julia. A troca ocorreu por volta de 1931 e Rudolf Heller comprou a propriedade de sua irmã Emma e Jacinto. Esta foto de 1938 da residência do casal mostra a existência de um pomar comercial de tangerinas (mimosas) e produção de mudas de citros. Esta atividade foi desenvolvida pela minha tia avó Julia Woehl Heller e o marido Rudolf Heller, que era bastante lucrativa. Eles agregavam valor às tangerinas, usando-as como matéria prima para fabricação de mousse (doce de tangerina feito com caldo de cana-de-açúcar) que era vendido em grandes quantidades em São Bento do Sul. Era Rudolf Heller (filho) quando solteiro que levava de carroça grandes quantidades de mousse fabricado pela familia para vender em São Bento do Sul. Esta foi também uma das atividades econômicas da irmã dele, Emma Heller e cunhado Jacinto Packer. Rudolf Heller (filho) tinha uma plantação de abacaxis nesta propriedade de Rio Paulo. Em Corupá, o casal teve também uma lavanderia industrial em Corupá, que lavava a quente os macacões engraxados dos funcionários da ferrovia. A esposa, Metha Maria Berthelsen, trabalhava nesta lavanderia.
16/04/1931 Emprestei para Rudolf Heller 500.000 Réis
29/04/1931 Emprestei para Rodolf Heller 2 Conto de Réis (2 milhões de Réis) a juros.
Há uma possibilidade deste empréstimo ter sido usado para compra da propriedade do cunhado Jacinto Packer e da irmã Emma Heller, na Estrada Rio Paulo, em Corupá SC, porque esta quantia de 2 milhões de Réis era muito dinheiro na época. O empréstimo foi feito em 29/04/1931, cinco meses após a morte do pai Rudolf Heller, ocorrida em 31/12/1930.
No dia 29/06/1944, lembra o filho Conrado, Rudolf Heller foi embora com a família de Corupá para Canoinhas SC, onde comprou terras no Distrito de Marcílio Dias, e arrendou uma olaria com um sócio, Jorge Leppen, um grande amigo, uma amizade que surgiu quando serviram ao exército. Eles tocaram esta olaria juntos até Rudolf morrer decorrente de um câncer, em 1969. Outra atividade econômica de Rudolf em Canoinhas foi fruticultura, da experiência acumulada em Corupá SC. Na propriedade que comprou, tinha um grande pomar de duas variedades de maçãs, uma plantação grande de peras, figo e uvas. Tentou citros, mas não deu certo. Parte das frutas era utilizada para fabricação de doces, que eles vendiam. Faziam também frutas cristalizadas para comercialização, segundo Ivana Berthon, filha de Egon Heller.
Segundo relatos da filha Hella Heller (conhecida como Elli), meu pai Germano Woehl levou o pai dela Rudolf Heller para Borrazópolis PR (Norte do Paraná, antigo distrito de Apucarana) para ele conhecer o lugar e estudar a viabilidade de mudar para lá e montar uma olaria. Ela lembra que Rudolf ficou bastante tempo lá e voltou empolgado pelo que viu. A mãe dela reclamou muito da roupa suja com terra vermelha que foi difícil para lavar. Mas decidiram ficar em Canoinhas, no Distrito de Marcilio Dias. Disse que meu pai também já levou Rudolf Heller para conhecer a indústria madeireira dele em Itaiópolis. Rudolf quando chegou em casa comentou com a família que em Itaiópolis as instalações industriais de meu pai eram bem grandes. Hella sabia também de detalhes sobre o AVC de meu pai, ocorrido em 1963, como ele foi socorrido etc. Rudolf Heller e meu pai Germano Woehl eram primos em primeiro grau.
Rudolf Heller e Maria Berthelsen não tiveram um final feliz, apesar do empreendedorismo de Rudolf, do esforço de "tirar leite de pedras", e de trabalhar duro. Enfrentaram os mesmos problemas de hoje: Furto de grandes quantidades de frutas. Maria Berthelsen desanimou tanto a ponto de sugerir que cortassem todas as macieiras, figueiras etc. de tantos furtos praticados pelos vizinhos. O mais triste é que acabaram na pobreza quando envelheceram e ficaram doentes. Tiveram sérios problemas financeiros no final da vida. Quando Rudolf foi diagnosticado com câncer no estômago e não pode mais trabalhar, a esposa Maria Berthelsen já estava acamada havia um ano. A renda era proveniente do trabalho deles e eles já não podiam mais trabalhar. Tinham muitas vacas de leite e outras criações. Então, o filho mais velho, Conrado, e o mais novo, Egon, vieram para cuidar deles e da propriedade. Egon ficou um mês e Conrado, 3 meses. Rudolf faleceu aos 66 anos em 02/12/1969. Os filhos tiveram que vender a propriedade para pagar o hospital e despesas com funeral. E o que fazer com a mãe, Maria Berthelsen Heller, acamada? Ela foi diagnosticada com amolecimento cerebral e aterosclerose. A filha de criação, Linda, que eles levaram de Corupá com 13 anos – e ficou com eles até se casar -, levou Maria Berthelsen para cuidar dela em sua casa, em Três Barras SC, onde ela faleceu aos 70 anos, um ano e quatro meses depois de Rudolf, em 21/04/1971.
EMMA HELLER (22/05/1905 – 19/08/1958), padrinhos de batismo realizado em São Bento do Sul em 24/09/1905: Theodoro Kwitschal e Regina Endler. Casou-se em 26/10/1929 com Jacinto Packer (30/05/1907 – 31/05/1984). Estava grávida de 8 meses de Wigand quando se casou. Emma queria muito ser dentista, mas tia Julia e Rudolf não tinham condições de pagar para ela aprender o ofício com um dentista de Jaraguá do Sul (na época não tinha universidade). Mas o casal conseguiu mandar Emma para Curitiba, para um ateliê, para aprender a costurar vestidos de noiva, chapéus femininos e outros tipos de vestidos sociais. Emma ganhou muito dinheiro com esta atividade. Eles tinham casa de comércio também no rio Novo. O casal teve 8 filhos e todos se tornaram dentistas bem-sucedidos, sendo três formados em universidades e outros práticos, que aprenderam com o irmão mais velho, Wigand. Emma era muito querida pela comunidade. Foi madrinha de batizado pelo menos de 160 crianças em Corupá. Emma Heller foi uma grande empreendedora e tinha grande visão para aproveitar oportunidades de negócios. Indiscutivelmente, era a cabeça do casal, segundo os filhos.
Jacinto continuou com a atividade dos sogros, Julia Woehl e Rudolf Heller, cultivando tangerinas para fabricação de mousse e produção de mudas de citros em geral, no rio Novo, local onde residiam. Jacinto curava as pessoas da comunidade com braços e outros membros destroncados e lesões nos ossos em geral, usando ataduras e outras técnicas. O pai de Jacinto, Leopoldo Packer, era imigrante italiano e a mãe, Maria Magnoschi, era imigrante polonesa. Eles moravam na localidade Ribeirão Cavalo, em Corupá, onde Jacinto nasceu.
São estes os 8 filhos Emma Heller e Jacinto Packer:
Alois Miron Wigand Packer (07/12/1929 Corupá SC - 2006 Guarapuava PR). Casou-se com Clotilde Packer. Morreu em acidente de carro nas proximidades de Guarapuva.
Edmundo Braulio Lauro Packer nasceu em 25/03/1931 Corupa SC e se casou também em Corupa em 27/05/1961 com Tusnelda Stratmann.
Guilherme Heller Packer (26/07/1933 Corupa SC - 14/12/1983 Matelândia PR) casou-se com Margarida Packer. Era conhecido como Vili (apelido derivado de Wilhelm, nome de Guilherme e alemão).
Yolando Geraldo Packer (vivo)
Alvaro Packer 30/01/1939 se casou com Dalmaluta Packer
Maria Gladis Packer (viva)
Norivaldo Packer (31/12/1940 Corupá SC - 04/10/2020 Assis Chateaubriand PR). Era conhecido como Nori Casou-se com Rosalina Fachin nascida em 1949 em Flores da Cunha RS
Gloria Packer (viva)
ADELE HELLER (29/09/1906 Corupa SC - 08/04/1957 Rio Negrinho SC). Foi batizada em 26/12/1909 na Capela de Humboldt (antigo nome de Corupá), tendo como padrinhos de batizado Franz Joseph Lischka e Carlotta Kaubach. Casou-se em 26/02/1927 com Eugenio Schneider (22/10/1905 Itaiópolis SC - 08/07/1982 Rio Negrinho SC), morreu aos 50 anos.
O casal teve 8 filhos:
Walfrido Crist Schneider (26/05/1927 Corupá SC - 08/02/1994 Curitiba PR) se casou em Rio Negrinho com Terezinha Dybax (27/07/1939 Guarapuava PR - 30/03/1969 Rio Negrinho SC)
Edith Schneider (17/06/1936 Corupá SC - 05/10/2017 Joinville SC) se casou com Alzemiro Tureck
Maria de Lourdes Schneider (28/12/1937 Corupá SC - 23/01/2021 Mafra SC) se casou com Side Fanderuff (01/02/1934 Mafra SC - 26/01/2011 Mafra SC)
Eurides Antonio Schneider (20/08/1939 Corupá SC - 20/07/2023 Jaraguá do Sul SC) se casou com Dorvalina Correia Garcia(1949 - viva) e tiveram um filho, Fabio Schneider. Fez parte das Forças de Paz da ONU no Canal de Suez e trabalhou na Volkswagen em São Paulo até se aposentar
Anacleto Schneider (19/07/1941 Corupa SC - 20/12/1990 Rio Negrinho SC) se casou com Maria da Conceição e foi dono de imobiliária em Rio Negrinho
Bráulio Schneider (29/05/1944 Corupá SC - 26/04/1992 São Bento do Sul SC) se casou com Romilda Juraci Linke (27/04/1942 - 06/08/2015) e tiveram dois filhos: Daniel Braulio Schneider e Danilse Beatriz Schneider. Foi industriário em São Bento do Sul
Julia Jacyra Schneider (15/11/1945 Corupá SC - 2019 Joinville SC) se casou com Valdir Cunha (02/07/1947 São Francisco do Sul SC - 04/04/2013 Joinville SC)
Wilson Celso Schneider (1951 Rio Negrinho - Vivo) se casou com Renilda Maria Horwardt.
Wilson Schneider, o filho mais novo, que tinha 6 anos quando Adele Heller Schneider morreu, em 08/04/1957 relatou a história daquele dia trágico para família. Adele participava das celebrações de bodas de ouro do casamento de João Penkal e Ana, os quais eram padrinhos de batismo de Wilson Schneider. Após a missa na igreja matriz de Rio Negrinho, ela seguia para o local da festa em cima da carroceria do caminhão de João Purim, que tinha improvisado bancos na carroceira para transportar os convidados. Neste trajeto ela sofre um infarto fulminante e morreu aos 50 anos, sentada no banco em cima da carroceria do caminhão.
GUILHERME HELLER (27/04/1912 - 08/06/1981). Guilherme usava o nome em alemão Wilhelm Heller e na família era conhecido como Willy, Vili e Vile. Casou-se aos 19 anos em 20/08/1931 com Wanda Wengrath (15/04/1910 Corupa SC - 15/03/1994 Jaraguá do Sul SC). Faleceu aos 69 anos no Hospital das Clinicas de Curitiba após uma cirurgia. Sofria de câncer no estômago. Foi sepultado no cemitério municipal de Jaraguá do Sul SC. Guilherme Heller foi empreendedor, tinha casa de comércio e uma transportadora em Corupá. Ele se relacionava bem com os primos do Avencal, Mafra (SC), sobrinhos da sua mãe Julia Woehl Heller.
Filhos:
Vitalicio Wiegang Heller (29-01-1932 Corupá SC – 25/10/1999 Jaraguá do Sul SC) se casou com Adelaide Scharf
Odilia Heller se casou com Rolf Weber (nome de casada: Odilia Weber)
Everaldo Edyger Heller (15/08/1936 – 25/03/1983) se casou com Nair Schwesty (08/04/1936 - 08/04/2014)
ELVIRA HELLER (13/11/1916 – 11/06/1918), batizada em São Bento do Sul em 09-09-1917, padrinhos: Gustavo Woehl e Clara Linzmeier. Morreu com 1 ano e 7 meses, vítima do vírus Influenza H1N1 (gripe espanhola), infectada em São Bento do Sul, fato que trouxe muito sofrimento para tia Julia pela forma como ocorreu o contágio. Na época acreditáva-se que era necessário a mãe amamentar a criança até completar dois anos. Tia Julia não produzia mais leite e ela queria que sua filha fosse amamentada por mais tempo. A solução encontrada foi levar sua filhinha para a casa de um parente de muita confiança em São Bento, onde sua filha acabou sendo infectada pelo vírus Influenza H1N1 (gripe espanhola) e morreu em consequência disso. Julia Woehl Heller passou o resto de sua vida inconformada, lamentando e se culpando de ter levado sua filhinha Elvira para São Bento, cidade que já tinha sido atingida pela pandemia, enquanto Corupá ainda não. Ela sofreu muito por isso. Quem contou esta história foi Norivaldo Packer (31/12/1940 – 04/10/2020), que soube através de sua mãe Emma Heller Packer, filha de Julia. O parente de São Bento, de muita confiança, com quem Julia deixou sua filhinha Elvira só pode ter sido sua cunhada Clara Linzmeier Woehl, casada com seu irmão Gustavo Woehl. Clara Linzmeier era madrinha de Elvira Heller e tinha um bebê recem nascido, Luiz Woehl (23/04/1918 – 09/12/2003). A data de nascimento de Luiz Woehl é um mês e dezoito dias antes da morte da criança Elvira Heller. A sepultura de Elvira Heller existe até hoje no Cemitério da Estrada Isabel em Corupá SC.
ANDRE ANTÔNIO WOEHL (Andreas Wöhl). Nascido em 09/07/1871 na vila de Wiesenthal 140, distrito de Gablonz, na Boêmia. Padrinhos de batizado: Josef Wöhl e Adelheid Posselt, o mesmo casal de padrinhos do meu avô Gregorio Woehl. Chegou ao Brasil com 5 anos. Casou-se em 14/10/1893 com Maria Sauer (08/06/1874 – 29/06/1955), filha de João Sauer Sobrinho e Genoveva Rauen. Viveram no Avencal, Mafra (SC). Ele morreu aos 41 anos em 27/03/1913 no Avencal. Foi assassinado a sangue frio pelo concunhado, João Vicente Beira (natural da Lapa PR, casado com Rosa Sauer) com um tiro no peito de tocaia feita às margens da estrada na primeira subida após o Cemitério Santa Cruz no Avencal, quando ele estava com a carroça transportando carne de sua produção para vender aos trabalhadores na construção da estrada de ferro na estação do Tinguí. Quando criança conseguiu a proeza de atravessar o oceano Atlântico a bordo de um navio a vapor aos 5 anos de idade, mas não conseguiu escapar da violência aos 41 anos.
Filhos: EMILIA WOEHL 17/06/1896–1992 se casou com Antonio Simões de Almeida no dia 05/02/1916 em São Bento do Sul, ambos com 20 anos de idade, e tiveram quatro filhos: Jovita Maria de Almeida (1916–2000), Euclides Simões de Almeida (1918–1996), Waldemiro Simões de Almeida (1920–2013), Orlando Simões de Almeida (1923–2016).
ROBERTO WOEHL SOBRINHO (31/05/1898 - 13/02/1980), foi batizado em 15/07/1898 em São Bento do Sul, padrinhos João Sauer Junior (Jango Sauer, irmão de Maria Sauer) e Mathilde Schwedler Woehl. Conhecido por Robertinho, foi o primeiro neto (sexo masculino) de Gregório Woehl e Mathilde Schwedler, por este motivo foi levado para ser batizado em São Bento do Sul, a 50 km do Avencal, onde residiam. Casou-se com Maria Elisia Dias Bello (18/11/1902 - 10/10/1937), que teve complicações no parto da primeira e única filha Maria Celina Woehl(nascida em 02/11/1929)causando-lhe perda de memória, foi internada em um hospício de Joinville onde morreu 8 anos depois de pneumonia. Maria Celina Woehl se casou em 22/04/1950 com Leopoldo Grossl (nascido em 25/08/1928) e o casal teve sete filhos.
ANNA WOEHL (05/12/1900 - 15/04/1985) se casou em 25/10/1919 com Arlindo Alves Nunes (1883 - 15/12/1946) e tiveram oito filhos: Altino Alves Nunes (01/03/1921 - 13/10/2001), Francisco Alves Nunes (02/04/1923 - 07/05/1998), Juvelina Maria Nunes (15/07/1925 - 08/01/2017), Nair Alves Nunes (16/10/1927 - 09/03/2009), Jayme Woehl Nunes (23/01/1930 - 28/11/1938) faleceu aos 8 anos, Anísio Woehl Nunes (12/04/1932 - 11/09/2019), Rogério Amálio Nunes (27/09/1934 – vivo), José Elso Nunes (22/03/1937 - 10/01/2017), Jaime Alves Nunes (morreu quando era criança)
CATHARINA WOEHL (24/09/1902 - 21/12/1988), se casou em 10/04/1923 com Amantino Xavier Paes (09/06/1897-13/02/1952) que morreu em decorrência da queda de uma árvore que estava cortando com o genro Leonardo Sauer Ruthes. O casal teve sete filhos: Amália Woehl Paes (16/03/1924 – 11/12/2021) que se casou em 29/10/1949 com Argemiro Braz Grein (03/02/1923 - 07/07/2000), Helena Xavier Paes (1926–Falecida), Severino Xavier Paes (23/05/1930 Avencal Mafra SC - 23/05/2020 Ivaiporã-PR), Celina Xavier Paes (falecida em 2008), Alzira Xavier Paes, Amélia Xavier Paes, Maria Francisca Paes.
MATHILDE WOEHL (24/01/1905 Mafra SC–14/02/1934 Curitiba PR) se casou em Curitiba em 12/09/1925 com José Casemiro Stenzowski (04/10/1893–23/07/1975), morreu jovem, aos 29 anos, de miocardite tífica (febre tifóide), internada no Hospital de Isolamento Osvaldo Cruz em Curitiba. José Casemiro conheceu Mathilde quando ia passear no Avencal na casa de comércio de uma tia dele. Mathilde morreu aos 29 anos de tifo (febre tifóide), miocardite tífica. O casal teve quatro filhos: Maria Izabel Stenzowski - Belinha (04/06/1926–02/07/2022), José Nelson Stenzowski (07/09/1927–2007), Ildeberto Stenzowski (06/1928–10/01/1933 e Domingos Geraldino Stenzowski (30/04/1933–18/07/2011).
AMALIA WOEHL (07/03/1907 Mafra SC – 14/05/1984 Caçador SC) se casou em 28/04/1929 com Augusto Xavier Paes (10/08/1903 Mafra SC - 10/03/1962 Caçador SC). Amalia tinha apenas 6 anos quando o pai André Antonio Woehl foi assassinado. Após o casamento viveram no Avencal. Por volta de 1935 foram embora para Caçador SC, onde tinham uma casa de comércio. Tiveram dez filhos: Lucia Xavier Paes (1930–viva), Alvino Xavier Paes (1931–1971), Therezinha Woehl Paes Angeli (1933–2013), Antonio Xavier Paes (1935–2019), Abel Xavier Paes (1937–1962), Lidia Xavier Paes (1939–1999), Lelia Paes Bender (1941–viva), Anita Paes Bellozupko (1944–viva), Maria Helena Paes de Oliveira (1947–viva), Jose Ari Xavier Paes (1949–vivo).
FRANCISCA WOEHL (02/04/1909 Mafra SC - 25/05/1979 Caçador SC) se casou em 09/06/1928 com Victor Krüger (08/03/1905 - 15/12/1974). No inicio do casamento viveram no Avencal, Mafra SC e depois se mudaram para Caçador SC. Tiveram oito filhos: Hilda Krüger (1929–Falecida), Ivone Krüger (1932–Falecida), Delci Antonio Krüger, Eleoni Krüger, Ivan Ulisses Krüger, Ivete Krüger, Maria Salete Krüger, Osni Valdir Krüger, Victor José Krüger.
MARIA ANTONIA WOEHL (17/06/1911 Mafra SC - 21/01/1995 Rio Negrinho SC) se casou em 24/10/1936 com Francisco Peschel Sobrinho (23/10/1907 São Bento do Sul SC – 26/05/1989 Rio Negrinho SC) e tiveram quatro filhos: Ivo Pechel (1937–1999), Elizabeth Peschel (1940–Viva), Marlene Peschel (1945–Viva), Maria Neuzi Peschel (1947–Viva).
JULINA WOEHL (20/04/1913 Mafra SC - 16/08/2000 Itaiópolis SC), casou-se em 03/09/1938 com Joaquim Davet (18/06/1916 - 25/10/1992) e tiveram cinco filhos: Ana Maria Davet, Enide Davet (falecida), José Marcio Davet, Lisandro Davet, Marli Davet.
Detalhes do assassinato de André Antônio Woehl em 1913 e a fuga da prisão do concunhado assassino julgado e condenado
Foi uma tragédia que abalou profundamente a família. Até hoje os netos ainda vivos sentem o impacto desta tragédia
A esposa Maria Sauer Woehl (Marica) estava grávida de 8 meses de Julina Woehl quando o marido André Antônio foi assassinado aos 41 anos em 27/03/1913. Nove crianças e adolescentes ficaram órfãs do pai. A filha mais velha, Emília Woehl, tinha apenas 16 anos. Uma foto de Marica com seus nove filhos, tirada no dia do julgamento do assassino, postada no final do texto, dá ideia da dimensão da tragédia sofrida pela família. Quem deu uma assistência muito grande à família logo após o assassinato de André Antonio foi o irmão de Maria, Theodoro Sauer, casado com Estephania Woehl, irmã de André Antonio. As netas relatam (o quê suas mães contaram) que Theodoro ia até matar porco para Maria, desempenhava o papel do homem da casa. O registro de nascimento de Julina, que nasceu um mês após a tragédia, confirmam isso. Foi Theodoro Sauer que compareceu ao cartório para providenciar o registro de nascimento de Julina. O avô, João Sauer Sobrinho, pai de Maria Sauer, ajudou a família financeiramente durante 8 anos, pelo menos, até sua morte em 1921. Não deixava faltar nada. Mais tarde, quem ajudou no sustento da família foi único homem da casa, Roberto Woehl Sobrinho, Robertinho. Ele fazia lavoura de milho e feijão e cuidava da criação de algumas cabeças de gado da Marica. Quando perdeu a esposa, Robertinho passou a morar junto com a mãe Marica, que criou sua filha Maria Celina Woehl.
O assassino foi o cunhado, João Vicente Beira, casado com Rosa Sauer (irmã de Maria Sauer). Era um tropeiro quando apareceu no Avencal. Mas, em 1910, logo após o casamento com Rosa Sauer, João Vicente Beira virou comerciante, montou um comércio em Itaiópolis SC, na localidade Rio Negrinho, hoje denominada de Santos Dumont. Certamente foi financiado pelo sogro João Sauer Sobrinho e provavelmente não deu certo porque menos de dois anos depois, no dia 12 de dezembro de 1912, João Vicente Beira mudou o comércio para o Avencal, Mafra SC (na época era Rio Negro PR). Esta informação foi publicada no jornal A REPÚBLICA, de Curitiba, na edição do dia 23 de dezembro de 1912 disponível nos arquivos da Biblioteca Nacional neste link . Ele assassinou seu concunhado, meu tio, André Antonio Woehl três meses após ter retornado para o Avencal.
Para cometer o crime João Vicente Beira fez uma tocaia para meu tio na estrada, logo após o cemitério Santa Cruz, no Avencal, e o matou com um tiro no peito, quando ele desceu na carroça para reduzir o peso na sumida forte do morro. Toda a quinta-feira ele transportava carne de porco e gado de sua produção para vender aos trabalhadores da construção da estrada de ferro, na estação do Tingui.
O motivo do crime foi inveja, cobiça, ganância porque o meu tio Andre André Antonio era o genro preferido do sogro João Sauer Sobrinho que tinha acabado de dar um terreno valioso para ele que era muito cobiçado por todos. A neta Marlene Peschel, filha de Maria Antônia, lembra que sua avó Maria Sauer Woehl costumava levar as filhas e os netos até o terreno para mostrar uma nascente, onde dizia inconformada: “Vejam, foi por causa desta nascente que meu marido foi assassinado, o terreno que o outro (assassino João Beira) ganhou não tinha nascente e este tinha”. Uma cruz de madeira foi mantida no local do assassinato por muitos anos, sendo substituída por uma nova quando começada a apodrecer, tradição que foi mantida pelas filhas. Marlene Peschel lembra que certa vez sua mãe pediu insistentemente para seu pai, Francisco Peschel, colocar uma cruz nova no local.
Há evidências de que tinha mais membros da numerosa família de João Sauer Sobrinho envolvidos no assassinato e João Vicente Beira foi indicado ou se ofereceu para executar o crime. Era uma fase de turbulência na família porque João Sauer Sobrinho entrou em depressão e tornou-se alcoólatra passando a maltratar a esposa e os filhos, perdendo o respeito e a autoridade na família, em decorrência de uma grande perda de patrimônio. Ele perdeu na justiça a posse de grande extensão de terras e teve que se desfazer da criação de gado para as custas do processo. Com o patrimônio minguando se acirraram as disputas entre os herdeiros (filhos e genros) pelo que sobrou.
O autor do assassinato, João Vicente Beira, foi julgado e condenado a pena de prisão. Porém, alguns dias após iniciar o cumprimento da pena ele fugiu da cadeia. A fuga do presídio foi facilitada pelo carcereiro. Maria Sauer contou para sua neta que duas pessoas da família pagaram propina para o carcereiro, seu irmão e seu cunhado João Xavier Paes casado com sua irmã Luisa Sauer, que foram padrinho e madrinha do primeiro filho de João Vicente Beira, nascido em 22/02/1911 e batizado com o mesmo nome do pai, João Beira, em 13/03/1911 na Igreja Santo Estanislau, no Paraguaçu, em Itaiópolis SC. João Sauer Junior era casado com Maria Xavier Paes, irmã de João Xavier Paes, que foram padrinho e madrinha da segunda filha do João Vicente Beira com Rosa Sauer, Lucilia Beira, nascida em 06/04/1912 e também batizada na Igreja Santo Estanislau, no Paraguaçu, em Itaiópolis SC. Não se sabe se teve um inquérito policial sobre isso e como ela obteve esta informação do envolvimento dos dois.
João Vicente Beira fugiu levando a família, a esposa Rosa Sauer Beira com os dois filhos, João Beira e Lucilia Beira. Ninguém naquela época e até recentemente, 02/07/2019, ficou sabendo para onde eles fugiram. Rosa Sauer Beira mandou um cartão postal com uma mensagem de despedida para a irmã Leopoldina Sauer casada com Nicolau Grein que morava em Itaiópolis SC. Neste cartão alguém removeu a parte onde estava o carimbo dos Correios para que ninguém identificasse a cidade de origem.
Em 29/01/1926, 13 anos após o assassinato, Rosa Sauer Beira escreveu uma carta para sua afilhada Mathilde Woehl Stenzowski, informando que estava em Rio Negro e que visitou a irmã Marica (Maria Sauer Woehl), viúva da vítima de João Vicente Beira, e que esta estava bem. Nesta carta disse ainda que ficou muito satisfeita ao saber que sua afilhada Mathilde se casou bem (com o comerciante José Casemiro Stenzowski) e estar morando em uma cidade tão bela (Curitiba). No final da carta deu a entender que já tinha retornado outras vezes para o Avencal. Provavelmente Rosa Sauer Beira veio para resolver as questões da herança. Sua mãe, Genoveva Rauen, viúva de João Sauer Sobrinho, tinha falecido em 13/09/1925. João Sauer Sobrinho faleceu antes, em 1921. Pela data da carta, 29/01/1926, era o periodo onde estavam discutindo os assuntos do inventário e sabe-se que alguns integrantes da família queriam excluí-la do inventário por estarem revoltados com a atitude dela.
Em 1928, 15 anos após o assassinato, a filha Lucilia Beira também enviou uma foto para a tia Leopoldina Sauer, com dedicatória no verso e a data, 12/01/1928. O envelope estava sem remetente e o carimbo dos Correios recortado. A foto com a marca d’água do fotógrafo também foi recortada para remover o nome da cidade. Porém deixaram uma pista no restante da marca d’água, o nome do fotógrafo B. D’AGNOLUZZO PHOT. e isso permitiu após 100 anos, com a internet, descobrir para onde eles fugiram: Passo Fundo RS.
Tudo leva a crer que Leopoldina Sauer sabia do paradeiro do assassino João Vicente Beira porque as correspondências de Rosa Sauer Beira foram remetidas para ela quando morava em Itaiópolis SC e nas mãos dela foram removidos os carimbos dos Correios. Certamente teve cartas também que foram destruídas. Somente o cartão postal e a foto foram preservados. Quando ficou idosa e viúva, Leopoldina Sauer foi morar com a nora Amália Woehl Paes Grein (in memoriam) que insistentemente tentou obter esta informação, mas Leopoldina alegava que não sabia.
Filhos de Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler nascidos no Brasil
ROBERTO WOEHL (14/11/1876 Joinville - 08/08/1952 Mafra). Foi batizado em São Bento do Sul em 11/02/1877. Padrinho: José Schwedler, irmão de Mathilde Schwedler Woehl, que emigraram juntos, vieram mesmo navio). Minha bisavó chegou ao Brasil, no Porto de São Francisco do Sul SC, grávida de 5 meses de Roberto. A viagem de carroça para subir a Serra do Mar (serra Dona Francisca) durava 4 dias e colocava em risco minha bisavó. Por este motivo, a família permaneceu em Joinville até Roberto nascer para então seguir viagem ao destino final, São Bento do Sul, onde Roberto foi batizado. Casou-se com Isabel Sauer (28/01/1885 - 27/02/1954), filha de Theodoro Sauer e irmã de Catharina Sauer que se casou com Gregório Woehl. Roberto tinha uma ferraria no Avencal, as margens da antiga estrada Dona Francisca (coordenadas 26°13'29.13"S 49°43'4.67"W). Fabricava artefatos e peças de ferro (era ferreiro). Aprendeu o ofício com um ferreiro do bairro Lençol de São Bento do Sul. Veja nas fotos a frigideira de ferro que ele fabricou há 109 anos, uma verdadeira obra de arte. Morreu aos 74 anos de câncer no fígado.
O casal teve 8 Filhos:
MARIA WÖHL nascida em 26/04/1904
ROSA WÖHL nascida em 26/04/1905
ALVINO WOEHL 19/06/1907 - 30/06/1964
HELENA WOEHL 21/07/1909 - 02/08/1984
IDA WOEHL 11/10/1913 – 21/11/1993
ALFRIDO SILVERINO WOEHL 20/06/1920 – 19/03/1995
MARIA EDITH WOEHL 06/07/1925 – 30/12/1960
PAULO EROTHIDES WOEHL 08/01/1928 – 07/08/1980
MARIA WÖHL 26/04/1904.
Primeira filha do casal que morreu ao nascer
ROSA WÖHL nascida em 26/04/1905
Casou-se em 05/11/1924 Mafra SC, com José Preissler nascido em 26/05/1901, Rio Negrinho SC.
ALVINO WOEHL 19/06/1907 – 30/06/1964
Casou-se em 06/07/1941 com Noemia Debeterco (13/10/1921 – 30/12/2010).
O casal Alvino Woehl e Noemia Debeterco teve cinco filhos:
Hildo Woehl (30/07/1942 - 23/07/2023)
José Mario Woehl (02/03/1943 - vivo)
Ari Woehl (15/O7/1945 - 18/10/2022)
Jovino Woehl (09/07/1949 - 20/03/2015)
Maria Doracilda Woehl (viva)
HELENA WOEHL 21/07/1909 - 02/08/1984
Casou-se em 27/09/1930 com Alfredo Ferreira (06/05/1907 - 11/07/1938). O casal teve dois filhos:
Eraldo Ferreira nascido em 1931 se casou em 29/08/1959 com Elisia de Almeida (14/06/1930 - 21/04/2006).
Maria Eronildes Ferreira (11/06/1934 - 07/11/2017) se casou com Lauro Pereira (nascido no 10/05/1931 no Avencal), irmão de Anita Cassias Pereira Woehl (casada com Hypolito Woehl).
Helena Woehl Ferreira foi a embaixadora da família Woehl em Mafra. Recebia bem e se relacionava com todos os parentes (primos) cujos pais foram embora do Avencal e vinham passear em Mafra, como por exemplo suas primas Emma Heller Packer (Corupá SC) e Thereza Christina Maria Sauer de Avila Pires (Rio de Janeiro RJ).
IDA WOEHL 11/10/1913 – 21/11/1993
Casou-se em 02/02/1935 com Adolfo Anastácio Pereira (09/05/1913 – 08/10/1993). O casal teve duas filhas: Doracilda e Doralice.
ALFRIDO SILVERINO WOEHL 20/06/1920 – 19/03/1995
Era conhecido como IDO WOEHL. Casou-se em 14/05/1955 com Ida Schafaschek (19/05/1934 - 11/08/2018). Os padrinhos de batizado foram Nicolau Grein e Leopoldina Sauer.
O casal Alfrido Severino Woehl e Ida Schafaschek teve seis filhos
Dimas Roberto Woehl
Evelise Woehl
Helena Maria Woehl
Isabel Woehl
Jose Francisco Woehl
Martin Cesar Woehl
MARIA EDITH WOEHL 06/07/1925 – 30/11/1960
Casou-se em 03/02/1951 com Adelino Zierhut 23/01/1928 – 11/09/1995. Edith morreu aos 35 anos por complicações na gravidez, no final da gestação, no Hospital Santo Antônio de Itaiópolis SC. As filhas do casal, ainda crianças, foram adotadas pelas tias após a morte prematura da mãe. A filha Maria Isabel Zierhut, com 7 anos, foi criada pela tia Helena Woehl Ferreira (irmã de Edith). Lindamir, com 9 anos e Roseli, com 5 anos, ficaram inicialmente com outra irmã de Edith, Ida Woehl. Posteriormente, Roseli foi morar com a filha de Helena Woehl, Maria Eronildes Pereira, e Lindamir vou morar com uma tia em Rio Negrinho, irmã de Adelino. Maria Edith e Adelino moraram em Itaiópolis. Adelino era empregado serraria e laminação de meu pai, Germano Woehl, e morava com a família em uma das casas da firma destinada aos empregados, ao lado da capela do bairro Lucena (na época KM 34). Minha avó, Catharina Sauer Woehl sempre visitava a familia quando vinha para Itaiópolis.
O casal teve 3 filhas:
Lindamir Zierhut nascida em 1951
Maria Isabel Zierhut nascida em 1953
Roseli Zierhut nascida em 1954
Cinco anos após o falecimento de Maria Edith, Adelino Zierhut se casou novamente com Isabel Pillati, em Rio Negrinho SC, com quem teve mais 3 filhos. Com este segundo casamento, Adelino tentou juntar novamente a familia, mas somente a filha mais nova, Roseli ficou morando com a madastra por um certo tempo.
PAULO EROTHIDES WOEHL 08/01/1928 – 07/08/1980
Era mais conhecido como Paulinho Woehl. Faleceu aos 52 anos de problemas cardíacos. Casou-se em 28/04/1951 com a professora Odette Bornemann nascida em 11/01/1934. Odette tinha 17 anos e Paulinho 23 anos quando se casaram. Uma das filhas do casal, Joceli Woehl, nascida em 1968, morreu atropelada aos 17 anos na BR-280, quando saiu da missa da Capela Santa Cruz no Avencal, na manhã do domingo do dia 04/08/1985. Ela foi atravessar a rodovia em frente da propriedade dos herdeiros de Oscar Meyer que pertencia ao casal Theodoro Sauer e Estephania Woehl (onde ficavam o salão de baile e a casa comercial deles).
GUSTAVO WOEHL, nascido em 16/01/1880 – batizado em 08/02/1880 (padrinhos: Henrique Keil e Catharina Denk). Casou-se em 08/07/1908 com Clara Linzmeyer (05/02/1886 – 05/09/1974), filha de Jorge Linzmeyer e Carolina Rückel. Gustavo tinha 27 anos e Clara, 22 anos, quando se casaram. Os padrinhos de casamento foram Jorge Zipperer, 29 anos, pela parte do noivo e Antonio Zipperer (tio de Jorge Zipperer), 53 anos, pela parte da noiva. Moraram em São Bento do Sul, na Estrada das Neves e, a partir do nascimento de filho Paulo Woehl em 15/05/1923, passaram a residir na vila São Pedro em Rio Negrinho (SC). Morreu nesta localidade em 20/02/1956.
Filhos de Gustavo Woehl e Clara Linzmeyer:
MARIA WOEHL nascida em 01/07/1909;
JOSÉ WOEHL 18/01/1912 – 25/12/1982;
GERMANO FREDERICO WOEHL 19/06/1914 – 29/06/1971 se casou em 15/12/1953 com Carolina Sluminski 23/05/1921 - 14/07/1994;
FREDERICO WOEHL nascido em 01/11/1916 ;
LUIZ WOEHL 17/04/1918 – 09/12/2003 se casou em 24/11/1942 com Frieda Fürst 19/06/1916 – 10/08/2004;
FRANCISCA WOEHL nascida em 22/01/1921;
PAULO WOEHL nascido em 15/05/1923;
CARLOS WOEHL 03/01/1926 – 30/03/2012 se casou em 22/10/1949 com Edita Fragoso da Cruz 12/07/1930 – 21/05/2008;
ROSA WOEHL 22/04/1928 - 27/01/2012 se casou em 11/05/1949 com Hellmuth Siedschlag nascido em 06/07/1927.
O genro de Gustavo Woehl, Hellmuth Siedschlag, nascido em 06/07/1927 que casou com Rosa Woehl (22/04/1928 - 27/01/2012) no dia 11/05/1949, foi vítima de um crime de furto de bicicleta ocorrido em São Bento em 1963 que deu repercussão em todo o Planalto Norte e graças a atitude dele ajudou a combater este tipo de crime. O caso dele foi noticiado na época pelo jornal de Mafra, Tribuna da Fronteira, que publicou uma nota cobrando empenho das autoridades sobre o furto de bicicletas cujas vítimas eram operários que dependiam desse meio de transporte não conseguiam comprar outra. Resultado: um mês depois pegaram um sujeito em Mafra que tinha furtado 40 bicicletas e um receptador no interior de Itaiopolis que comprou dele 4 bicicletas furtadas. Segue abaixo a história de 1963 que foi reproduzida em 2015 pelo jornal Folha do Norte (edição de 28.04.2015).
Logo na manhãzinha do dia 3 de março de 1963, um domingo, Helmuth Siedschlag dirigiu-se de bicicleta até a Igreja Matriz de São Bento, onde pretendia assistir a missa das 7h30. Deixou a sua bicicleta – uma Monark Jubileu 61, azul cinza, aro 26, chassis 101/019 – do lado de fora da igreja e entrou para acompanhar a celebração. Uma hora depois, tendo terminado a missa, voltou e não encontrou mais a bicicleta. O dono registrou o caso na delegacia e o fato foi noticiado na semana seguinte pelo jornal a “Tribuna da Fronteira” de Mafra SC. Além de um registro na coluna policial e uma nota de Siedschlag prometendo gratificação a quem desse qualquer informação, o episódio mereceu um duro artigo criticando o corpo de investigadores da delegacia de São Bento. Outros casos de roubos de bicicleta vinham acontecendo em São Bento e Rio Negrinho, o que fazia supor a existência “de uma quadrilha de ladrões que gozam seus triunfos nas barbas do delegado”. Segundo o artigo, as bicicletas eram roubadas de operários que dificilmente conseguiriam comprar outra, “em vista do preço exorbitante pelo qual são vendidas”. Admitia-se a boa vontade do delegado, na época Ernesto Venera dos Santos, mas os seus ajudantes eram acusados de preferirem ir a bailes e cinema com entradas grátis em vez de tentarem resolver o caso.
As polícias de São Bento e Rio Negrinho expediram circulares solicitando aos ciclistas que chaveassem suas bicicletas quando estacionadas nas calçadas. Até que, no mês seguinte, a polícia de Mafra conseguiu prender Antônio Virmond, de 30 anos, acusado de roubar cerca de 40 bicicletas na região e as revender por preços baixíssimos. No interior de Itaiópolis, um certo João de tal, achando bom o negócio, havia comprado quatro bicicletas de uma vez, ao preço de 10 mil cruzeiros.
AMALIA WOEHL, nascida em 01/05/1882 e batizada em 18.06.1882 (madrinha Anna Schwedler). Casou-se em 10/01/1903 com o marceneiro Reinhold Endler (12/04/1882 - 10/08/1950), filho dos imigrantes Josef Endler e Ana Bartel, também procedentes de Gablonz, Boêmia, que teve o nome traduzido para Reinaldo Augusto Endler. Amália já vivia com Reinhold antes do casamento, havia 2 anos pelo menos. Ficou grávida aos 19 anos da filha Regina, nascida em 27/02/1902 e um ano depois, um mês após o casamento, teve o segundo filho, Gregório, nascido em 24/02/1903. No início da vida conjugal moraram no bairro Lençol e posteriormente na Estrada das Neves, em São Bento do Sul (SC), na propriedade de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler. Faleceu em 20/09/1945 de hidropisia. Amália teve uma vida muito conturbada, enfrentando muitas adversidades. Ela foi viver junto com Reinhold antes do casamento provavelmente porque não teve aprovação dos pais para se casar. Então, teve que esperar atingir a maioridade, aos 21 anos, para poder se casar. Separou-se do marido Reinhold Endler e foi morar por algum tempo sozinha na primeira casa do irmão (meu avô) Gregório Woehl, na Estrada Dona Francisca no Avencal, Mafra (SC). Há registro da presença dela lá entre os meses de dezembro de 1939 até março de 1940, no livro de conta corrente do moinho de meu pai, Germano Woehl. Naquela fase da vida, Amália recorreu ao seu irmão Gregório Woehl porque tinha um grande afeto por ele. Quando ela morou nessa antiga casa do meu avô Gregório, tinha um pé de ameixa muito saborosa que meu avô cultivava com extremo cuidado desde uma muda que ele conseguiu e estava ansioso para experimentar a fruta. Coincidiu de a Amália estar morando lá quando o pé de ameixa produziu pela primeira vez. Assim que as ameixas começaram a amadurecer, ela colheu todas e cuidadosamente as guardou em uma lata para meu avô. Quando ele passou por lá, ela entregou as ameixas e disse: “Aqui estão suas ameixas do pé que você plantou e tanto cuidou. Coma todas e não dê para ninguém, porque só você merece saboreá-las.”
Reinhold Endler morava com o filho mais velho, Rodolfo Endler, quando faleceu aos 69 anos, na localidade de Agudos, Major Vieira (SC). Foi sepultado no cemitério de Rio das Antas, em Major Vieira (SC). Os bens de Amália Woehl essencialmente eram as propriedades de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler. Sua filha, Elvira Endler, acabou ficando com a casa e objetos pessoais de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler, parte destes objetos pessoais foram doados por ela para o museu de São Bento do Sul.
Filhos:
REGINA ENDLER nascida 27/02/1902, batizada em 01/04/1902, padrinhos Theodoro Schwartz e Regina Endler (irmã de Reinhold), faleceu quando era bêbe.
GREGORIO RODOLPHO ENDLER (24/02/1903 São Bento do Sul SC– 06/04/1963 Monte Castelo SC) se casou em 10/06/1929 com Elizia Staidel (15/03/1912 – 05/06/1987) em Papanduva SC. Viveu em Monte Castelo SC. Nasceu 44 dias após o casamento de Amalia e Reinhold Endler, foi registrado com o nome de Gregorio e dois meses mais tarde, em 20/04/1903, foi batizado com o nome de Rudolpho e passou a usar o nome Gregorio Rodolpho Endler pelo resto da vida sem ter retificado no registro oficial do cartório. Os padrinhos de batismo foram José Grosskopf e Alvina Endler;
BERNARDO ENDLER (28/02/1905 – 16/10/1951), casou-se com Maria Max (10/04/1910 Rio da Lança Mafra SC - 10/10/1993 Curitiba PR), com quem teve 4 filhos. Depois se separou de Maria Max e se casou novamente em 21/08/1941 em Canoinhas SC com Maria Carvalho. Maria Max também se casou mais duas vezes depois da separação, com Carlos Liller (com quem teve a filha Maria Helena Fagundes) e Angelino Fagundes Neves (1913–1968). No registro de nascimento de um dos filhos, Genesio Arnaldo, consta que Bernardo Endler e Maria Max eram casados somente na igreja de São Bento do Sul, mas não foi encontrado este registro. Bernardo Endler era considerado um excelente carpinteiro e marceneiro. Os registros de nascimento dos filhos que teve com Maria Max revelam que Bernardo residiu pelo menos 5 anos em Itaiópolis, entre 1930 e 1935. Trabalhou também no Avencal (Rio da Areia de Baixo), Mafra SC, por volta de 1940, conforme os registros no livro de conta corrente do armazém e serraria de meu avô Gregório Woehl. Nos últimos anos de sua vida foi morar na localidade de Rio Mandioca, divisa entre São Bento e Corupá e construiu várias casas e fez serviços de marcenaria na localidade do Rio Novo, em Corupá SC. Há trabalhos dele de marcenaria muito elogiados que estão preservados até hoje.
São estes os filhos de Bernardo Endler e Maria Max:
Genesio Arnaldo Endler (24/07/1930 Itaiópolis SC - 16/02/2004 São Bento do Sul SC) se casou com Elvira Endler (21/08/1932 – 16/04/2004)
Zeneida Iracy Endler (27/06/1932 Itaiópolis SC – 2007 Curitiba PR). Casou-se em 31/01/1953, São Bento do Sul, com Fernando Jung (nascido em 30/07/1930 Rio Negrinho SC). Padrinhos de casamento: Hipolito Endler (da parte da noiva) e Carlos Pedrotti (da parte de noivo). Nome de casada: Zeneida Iraci Endler
Nelli Ivanilde Endler (03/01/1935 Itaiópolis SC – 01/11/2020 Joinville SC). Casou-se com o advogado Kurt Samuel. Nome de casada: Nelli Ivanilde Endler Samuel.
Ari Nelson Endler (01/01/1938 – 20/07/2023 São José dos Pinhais) se casou com Ines Tozo (1939 – 18/12/2007) em São José dos Pinhais.
Nelli Ivanilde Endler faleceu aos 84 anos. Ela estava acamada havia mais de 10 anos e sofria de Alzheimer. Era conhecida como Ivanilde e foi protagonista de uma história ocorrida por volta de 1950 contada por Norivaldo Packer e Hyolando Packer. Bernardo Endler era carpinteiro e marceneiro, e transportava em uma carroça as ferramentas de marcenaria (tinha uma espécie de marcenaria móvel). Ele ficou um ano hospedado na casa da prima Emma Heller e Jacinto Packer, no Rio Novo (rota das Cachoeiras), em Corupá SC, casa construída por ele que residia no rio Mandioca, São Bento do Sul, que ficava perto. Quando estava trabalhando na construção de uma casa em Corupá, Nelli Ivanilde, com 14 anos na época, estava junto. Todo o pessoal estava no alto do morro colhendo bananas. A proprietária tocava um sino para chamá-los para as refeições (almoço e café). E tinha uma sequência de batida do sino que era o sinal de emergência. Então, este sinal de emergência tocou. As duas primeiras pessoas a chegarem foram as adolescentes, Nelli e outra cujo pai estava trabalhando junto com Bernardo na construção da casa. A dona, em estado de pânico e desesperada, olhando para as duas disse: “Seu pai se matou com um tiro de espingarda!”. A Neli achou que só poderia ser o pai dela e saiu correndo, desesperada, procurando alguém para avisar sua família em São Bento sobre a tragédia com o Bernardo. Vieram todos e ficaram na casa aguardando o corpo chegar de Jaraguá do Sul para onde tinha sido levado para autópsia. Porém, quem cometeu suicídio foi o outro carpinteiro, pai da outra adolescente que estava com Neli. Bernardo não estava lá porque foi comprar cachaça num boteco bem distante dali. Ele pegou um atalho pelo meio do mato, que saia bem em frente da casa, onde todos aguardam o defunto. Ao entardecer, já escurecendo, quando ele saiu do mato e veio em direção à casa, todos saíram correndo de medo.
ERNA ENDLER nasceu em 06/05/1907, se casou em 24/04/1925 com o ferreiro Gustavo Stratmann nascido em 1903 Corupá SC. Erna foi registrada com o nome de Rosa. Mas ela achava muito feio este nome. Na véspera de completar 18 anos, exigiu que o pai Reinhold Endler entrasse com uma ação judicial para mudar o nome para Erna. A família se mudou para Canoinhas SC e depois para Curitiba PR. Em Canoinhas se encontram com a família de Rudolf Heller e Iris tinha uma forte amizade com sua prima em segundo grau, Hella Heller, conhecida com Elli.
Filhos do casal Erna Endler e Gustavo Stratmann:
Adolar Stratmann nascido em 09/06/1927 em São Bento do Sul SC
Lucinda Stratmann (03/10/1928 São Bento do Sul SC - 21/02/1931 São Bento do Sul)
Iris Stratmann (26/11/1930 São Bento do Sul - 03/09/1972 Ponta Grossa PR). Não se casou. Iris morreu aos 42 anos. As circunstâncias da morte ocorrida em Ponta Grossa PR não são conhecidas. No registro de óbito consta que a causa da morte não estava determinada e aguardava exames completares. Documentos revelam que nos últimos cinco anos de vida, ou antes disso, Iris tinha problemas financeiros com vários títulos e duplicatas protestados em Curitiba, onde ela morava.
ERVINO ENDLER (16/12/1909 - 22/02/1943), foi assassinado no Avencal. Os padrinhos de batizado de Ervino Endler foram Gregório Woehl e Catharina Sauer Woehl. O batizado foi realizado em São Bento em 07/03/1910. Ervino foi morar e trabalhar no Rio da Areia, Mafra (SC), onde foi assassinado em fevereiro de 1943 com um tiro no abdômen pelo amante de sua mulher, cujo nome não foi citado no registro de óbito porque o declarante alegou desconhecer. Meu avô Gregório Woehl, que foi padrinho de batismo dele, chegou a socorrê-lo quando o trouxeram ferido em cima de uma carroça no Avencal. Mandou meu tio Hipólito Woehl levá-lo com urgência de camionete para o hospital de Rio Negro, mas ele não resistiu. Amália Woehl, que morreu 2 anos após esta tragédia ocorrida com o filho Ervino, não deixou os netos desamparados. Incluiu em seu testamento as três crianças de Ervino: Olívio, Olívia e Edimar.
ERNHARDT ENDLER 23/10/1911 – 24/05/1912, batizado em 07/01/1912, padrinhos: Henrique Kwitschal e Hedwig Woehl Kwitschal. Morreu aos 7 meses em consequência da dentição, conforme declaração da mãe Amalia, que fez o registro de óbito.
ELVIRA ENDLER (26/09/1912 – 30/05/1987), batizada em Itaiópolis SC em 01/04/1914, padrinhos João e Maria Semmer, casou-se aos 18 anos, em 29/11/1930, com o alfaiate e viúvo de 32 anos, Evilásio Borges de Aquino (18/03/1898 Barra Velha SC – 18/06/1982 São Bento do Sul SC). Nome de casada: Elvira Endler de Aquino. O registro de nascimento de Elvira foi feito no Cartório de Registro Civil de São Bento do Sul com mandato judicial 14 dias antes de seu casamento, em 14/11/1930, onde a data de nascimento foi declarada como sendo em 26/09/1911. Porém, no registro de batismo, feito em Itaiópolis, consta a data de nascimento de 26/09/1912. Provavelmente, Elvira declarou ter nascido um ano antes para ter idade para se casar sem precisar da autorização dos pais, que eram contra o casamento pelo que se sabe. Elvira já morava com o viúvo Evilásio antes de casar e tinha fugido de casa para ficar com ele. Passada esta fase da adolescência conturbada, Elvira foi uma pessoa maravilhosa para a comunidade, família e parentes, procurava manter uma boa relação com os primos, visitando-os com frequência e deixando fotos de sua família. Elvira era benzeira e cartomante (sortista). Ela fazia leitura da sorte usando um baralho de cartas que era da bisavó Mathilde Schwedler Woehl. Costumava dar conselhos e orientação para os jovens, comprovado pela história relatada por Norivaldo Packer, filho de Emma Helle (prima de Elvira) e neto de Julia Woehl Heller. Norivaldo estava em dúvida sobre qual carreira seguir, a de dentista para a qual se preparou ou se ficava tocando a propriedade rural da familia em Corupá, proposta feita pelo seu pai, Jacinto Packer. Então, Emma Heller sugeriu para que fosse à São Bento para pedir orientação da prima Elvira que lhe aconselhou a seguir a carreira de dentista. Elvira doou para o Museu Histórico Municipal Dr. Felippe Maria Wolff os pertences de Gregorio Woehl, emigrante pioneiro em São Bento do Sul. Empenhou-se também para homenagear seu avô Gregorio Woehl com o nome da rua onde residia. Era uma neta muito querida pelos avós (meus bisavós) Gregório Woehl e Mathilde Schwedler. Quando ela retornou para casa após ter fugido com seu futuro marido Evilasio Borges de Aquino, foi acolhida pelos avós Gregório e Mathilde.
O casal teve cinco filhos:
Amalia Lia de Aquino (20/02/1931 São Bento do Sul SC - 13/12/1998 São Bento do Sul SC) se casou em 19/05/1951 com Esilio Kuno Kaesemodel (02/03/1927 - 05/02/2019) e mais tarde se separou. Nome de casada: Amalia Lia Kaesemodel. Atividades: Trabalhou nas Indústrias Augusto Kimmerk. Foi homenageada com um nome de rua no bairro Boehmerwald em São Bento do Sul (Lei Municipal nº 603 de 28 de junho de 2000).
Mario Bráulio de Aquino (08/02/1932 São Bento do Sul SC – 01/04/1932 São Bento do Sul SC). Morreu ainda bebê, com 1 mês e 21 dias.
Nelson Osni de Aquino (1933 São Bento do Sul SC – 05/06/1990 São José dos Pinhais PR), conhecido como Tuti, casou-se com Laudelina de Souza, conhecida como Jorda. Era marceneiro.
Mario Gervásio de Aquino (16/01/1935 São Bento do Sul SC – 11/05/2003 São Bento do Sul SC). Casou-se com Lucila Peng, que passou a usar o nome Lucila Peng de Aquino, falecida em 25/07/2019. Atividades: Em 09/04/1979, aos 44 anos, abriu um bar situado à rua Jorge Diener, 129 - Bairro Oxford, São Bento do Sul SC. Teve também um ponto de táxi situado à Rua Marechal Deodoro, 238 em São Bento do Sul SC, que foi transferido para outro taxista em 21/01/1985, conforme Decreto Municipal Nº 223.
Anete Myrta de Aquino (21/10/1939 São Bento do Sul SC - 06/12/2021 São Bento do Sul SC), conhecida como Neca. Casou-se com Noberto Weihermann. Nome de casada: Anete Myrta Weihermann.
EWALDO ENDLER (07/10/1914 - 27/09/1979), batizado em 01/11/1914, padrinhos: Theodoro Sauer e Mathilde Schwedler Woehl. Casou-se em 10/09/1938 Campo Alegre SC com Bertha Ziebarth (16/06/1917 Campos Alegre SC – 29/10/1956 Curitiba PR). Berta Endler faleceu aos 39 anos, de tuberculose. Bertha ficou internada em Curitiba para tratamento da tuberculose durante 4 anos. Os seis filhos do casal, ainda crianças, Valdemiro (nascido em 1938), Wally (nascida em 1941), Erica (nascida em 1943), Aderbal (nascido em 1946), Bernardo (1948-2015) e Elvira (nascida em 1951), foram adotadas pelos tios e tias.
EDMUNDO ENDLER (01/03/1921 - 25/08/1968), casou-se em 11/05/1948, São Bento do Sul SC, com Erica Kraus (28/01/1927 Corupá SC - 13/09/2000 São Bento do Sul SC)
HYPÓLITO ENDLER (02/04/1924 São Bento do Sul - 20/04/1986 Curitiba). Casou-se em 27/05/1950, São Bento do Sul, com Otília Wille nascida em 05/08/1932, Jaraguá do Sul SC. Hypólito Endler faleceu aos 62 anos em Curitiba PR, onde residia, de câncer no pulmão (Adenocarcinona).
EMILIA WOEHL, nascida em 21/03/1884 – batizada em 27/04/1884 (padrinhos: Caetano Zimmermann e Mathildes Hübner). Morreu com dez meses em 20/02/1885, de tosse convulsiva.
ESTEPHANIA WOEHL, nascida em 21/09/1886 – batizada em 19/12/1886 (padrinhos Antonio Woehl e Carolina Koliska - Anton Wöhl e esposa Karolina Koliska, vindos de Wiesenthal, Gablonz) chegaram ao Brasil, ao porto de São Francisco do Sul SC, em 15/11/1886, 44 dias antes do batizado. Estephania se casou em 08/08/1908 com Theodoro Sauer (23/02/1881 - 30/03/1966), irmão de Maria Sauer (que se casou com André Antonio Woehl). Morreu aos 59 anos em 16/06/1945, em Guarapuava (PR). A causa primária da morte foi insuficiência hepato-renal que lhe causou muito sofrimento durante 6 meses quando teve um colapso cardíaco e veio a falecer no Hospital São Vicente de Paula, em Guarapuava (PR). Theodoro Sauer também morreu em Guarapuava PR, aos 85 anos. Morava com a filha Lydia Sauer Bastos e foi ela que fez o registro de óbito.
Filhos: O casal teve 10 filhos(as), sendo que dois deles morrem quando ainda eram bebês.
Filhos: Sueli Sauer Boquai (1942–2019), Silvanira Sauer Walter (1945–2014) e Sidnei Sauer (1946–Vivo) e adotaram mais um, Ivan Sauer
ELVIRA SAUER (23/01/1914 Avencal Mafra SC - 10/02/1975 Santos SP), casou-se com Francisco Alves em 23/10/1943 em Santos SP e tiveram apenas um filho, Ciro Alves (24/09/1946 - 28/07/2017).
ANA SAUER (26/07/1915 São Bento do Sul SC – 04/01/1966 Santos SP), o parto foi realizado na casa de Amália Woehl Endler x Reinaldo (Reinhold) Endler, em São Bento do Sul, casou-se com Hermelino Cesar Lago (02/06/1912 – 08/03/1999) e viveu em São Paulo capital, faleceu de pancreatite aguda após passar o ano novo da casa da irmã Elvira Sauer Aves, em Santos SP.
OSWALDO SAUER (03/05/1917 Avencal Mafra SC - 24/05/1976 Curitiba). Viveu em Foz do Iguaçu PR, onde foi servir ao Exército e ao dar baixa foi trabalhar com artefatos de couro, selaria de cavalo, ofício que aprendeu no Exército, e mais tarde abriu uma sapataria em sociedade com o irmão Afonso Sauer, casou-se em 22/08/1942 com Emilia Risden (nascida em 26/01/1925), com quem teve dois filhos: Noemi Sauer e Waldir Sauer. Ficou viúvo e se casou novamente com Anna Maria Urnau (31/07/1930 - 24/02/1978) com teve os filhos: Celso Rogério Sauer (01/06/1963 - 01/03/2021), vítima da COVID-19, Ana Maria Sauer, Geraldo Santa Cruz Sauer e Luiz Alberto Sauer.
JOAQUIM SAUER nasceu morto em 22/01/1920.
BRÁULIO SAUER (26/03/1921 Avencal Mafra SC - 27/05/1992 Chopinzinho PR), foi batizado em 15/05/1921, tendo como padrinho o prefeito de Mafra SC na época, Ayres de Oliveira Rauen e a esposa Alma Rauen, casou-se em 11/04/1942 com Herminia Bordinhão (Bordignon) (21/09/1923 – 28/10/1996) e se separou em 05/02/1980, o casal teve dez filhos: Antonio Nereu Sauer, Edison Sauer, Helio Sauer, Izete Aparecida Sauer, José Carlos Sauer, João Vilmar Sauer, Maria Carmen Sauer, Noeli Salete Sauer, Terezinha Marli Sauer, Valmor Sauer. Braulio Sauer foi professor do ensino básico em Chopinzinho (PR) onde foi homenageado com o nome de rua e da Casa da Cultura da cidade “Casa da Cultura Professor Braulio Sauer”.
HILDA SAUER (07/07/1922 Avencal Mafra SC - 15/05/1923 Avencal Mafra SC), faleceu aos 8 meses vitima de coqueluche.
AFONSO SAUER (22/10/1923 Avencal Mafra SC - 14/09/2008 Foz do Iguaçu PR), casou-se em 14/05/1948 com Gentilina Pasa (18/03/1929 – 21/06/2019) em Foz do Iguaçu PR, onde trabalhava em sociedade com o irmão Osvaldo Sauer na sapataria, e tiveram dois filhos: Carlos Afonso Sauer (vivo) e Carmen Luzia Sauer (21/08/1953 – 22/05/2021).
Após servir ao Exército em Foz do Iguaçu, em 1946, ele decidiu se aventurar com amigos para a Capital Paulista, onde a irmã Ana Sauer já estava morando. Conseguiu emprego como chofer do famoso empresário paulista do ramo farmacêutico Cândido Fontoura criador do Biotônico Fontoura e amigo do escritor Monteiro Lobato. Em 1948, ele veio para Foz do Iguaçu para se casar com Gentilina Pasa (18/03/1929 – 21/06/2019), namorada da época do Exército, e a levou para São Paulo. O empresário Fontoura gostava de participar e apostar nas corridas de cavalo no Jóquei Clube do Rio de Janeiro e frequentemente ia de avião para o Rio. Então, Afonso, o chofer, ida de carro um dia antes para esperá-lo no aeroporto do Rio e ficar a disposição do empresário lá. Nestas ocasiões, ele aproveitava para levar a esposa Gentilina para passear na residência da irmã Thereza Christina Maria Sauer de Avila Pires em Ipanema. Na Copa de 1950, teve que ficar no Rio, à disposição do Fontoura, para levá-lo de um lado para outro, do estádio do Maracanã, para hotéis, restaurantes etc.
Mais tarde, conseguiu emprego para ele e esposa na mansão da família Maluf (provavelmente dos pais do ex-governador Paulo Maluf). Tinha 23 empregados na mansão. A função da Gentilinia era costurar e ser dama de companhia e a de Afonso era de chofer.
Certo dia, ele ganhou na loteria estadual paulista e todo o dinheiro do prêmio foi investido em uma fábrica e loja de calçados em Foz do Iguaçu,aberta em sociedade com o irmão Osvaldo Sauer, para onde retornou com a esposa em 1951. Afonso não entendia nada de couro, mas Osvaldo entendia bem. Tinham muitos empregados na loja e na fábrica, onde produziam um modelo de bota e mais dois modelos de sapatos. O empreendimento funcionou bem por 9 anos, até 1960, quando houve um desentendimento entre os dois irmãos e eles desfizeram a sociedade - e fecharam a loja e a fábrica.
Em 1960 Afonso Sauer foi para São Paulo e comprou um carro para trabalhar com táxi em Foz do Iguaçu. Em pouco tempo ele tinha uma frota de 5 taxis operando no aeroporto de Foz, onde era grande fluxo de turistas para visitar as Cataratas do Iguaçu. Ganhou muito dinheiro e investia tudo na compra de imóveis, de lotes, onde construía casas para alugar. Na época da construção da Itaipu ele lucrou bastante alugando essas casas. Foi quando ele desistiu dos taxis, mas comprou camionetes para alugar para a Itaipu. Ele teve linha de ônibus urbano também. Foi ainda administrador de fazenda no Paraguai e delegado de polícia em Foz, por um curto período e trabalhou também no DNER.
THEREZA CHRISTINA MARIA SAUER 09/04/1927 Avencal Mafra SC - 15/11/2002 Rio de Janeiro RJ), era a filha mais nova, casou-se em 04/04/1952 com Américo Dias de Ávila Pires e viveu em Ipanema, Rio de Janeiro RJ, onde tinha uma loja de móveis e decorações, a Domus, em Ipanema, que mais tarde se tornou também em galeria de arte que promovia eventos culturais com lançamento de livros ou de uma nova exposição. Nesse período Thereza Christina escreveu um conto que foi premiado, isso lhe deu entusiasmo para escrever um livro, "Cão dos Infernos", publicado em 1965 pela Editora Civilização Brasileira. Após o fechamento da loja, foi contratada como secretária-executiva do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), onde trabalhou até se aposentar.
Theodoro Sauer era filho de João Sauer Sobrinho, um próspero comerciante, e Genoveva Rauen. Logo após terem casado, Estephania e o marido tinham uma casa de comércio e um salão de baile no Avencal, Mafra - SC, às margens da antiga Estrada Dona Francisca, atualmente no km 123 da BR-280, entre a ponte sobre o rio da Areia e a Capela Santa Cruz. Viveram no Avencal até junho de 1927, quando, três meses após nascer a filha mais nova do casal, Thereza Christina Maria Sauer, em 09.04.1927, decidiram se mudar para Cruz Machado PR. Theodoro Sauer fez uma permuta com o imigrante alemão Oscar Meyer de sua casa de comércio e salão de baile no Avencal por outra casa de comércio e um sítio (chácara) na zona rural de Cruz Machado PR. Porém algo deu errado em Cruz Machado-PR, onde acabaram na miséria.
Meu avô, Gregório Woehl, quando soube da situação da irmã, foi visitá-la e levou dinheiro para ajudar casal, mas não revelou para ninguém a quantia. Minha tia, Narcisa Woehl Kosteski, o acompanhou porque Estephania Woehl Sauer era sua madrinha de batizado. Contava que viagem foi uma aventura, por isso jamais se esqueceu dos detalhes. Eles pegaram enchente e transbordamento do rio Iguaçu e muita chuva. Tiveram que contratar os serviços de transporte de uma canoa e dormiram em um paiol sobre palha de centeio com a roupa ensopada. Meu avô tinha um caderno de anotações onde registrava tudo e esta viagem para Cruz Machado consta em seus registros da seguinte forma:
24/08/1933
1º dia: Porto Vitória
Dia 25 Fomos até Cruz Machado
Dia 26 Falhamos
Dia 27 Folgamos
Dia 28 Folgamos
Dia 29 Porto Altamira – Porto União
Dia 30 Mafra
Verso da página
24/08/1933 Despesas
Pouso: 6.900 Réis
Porto: 65.800 Réis
Hotel: 12,80 Réis
Café: 8 Réis
1 Cerveja: (não marcou o custo)
Carroça: 150 Réis
O vô Gregório anotou em seguida o nome das estações do trem entre Mafra e Porto Vitória:
Mafra -Turvo – Canivete – Barracas – Três Barras – Felipe Schmidt – Valões – Poço Preto – Lança – Porto P
Obsevações:
Felipe Schmidt (antiga Jararaca) Esta estação ficava no município de Canoinhas, a 40 km do centro atual. Foi nesta estação que ocorreu o assalto aos filhos de Theodoro Sauer e Estephania Woehl quando eles foram embora para Cruz Machado, em 1927 e mandaram os filhos na frente. O episódio foi registrado no diário de Lydia Sauer Bastos e noticiado pela imprensa nacional (ver matéria baixo). Esta estação foi invadida durante as escaramuças do Coronel Fabrício Vieira e seus 40 bandoleiros, que queriam a criação do Estado do Iguaçu, compreendendo a zona do antigo Contestado, em 1927 e 1928.
Valões é uma estação que ficava no município de Irineópolis SC
Poço Preto foi inaugurada em 1921 e fica no município de Porto União SC
Lança foi inaugurada em 1917 e também fica no município de Porto União SC.
Porto P Meu avô talvez tenha ficado em dúvida e só escreveu a letra P, mas deve ser a última estação a viagem, Porto Vitória.
Matéria do Jornal O Estado de São Paulo, Edição de 06/09/1927
SANTA CATHARINA
TREM DE PASSAGEIROS ATACADO POR UM GRUPO DE BANDOLEIROS – Florianópolis – Notícias chegadas a esta capital informam que, na madrugada de hoje, um trem da estrada de ferro S. Paulo-Rio Grande, ramal de S. Francisco, que seguia para Porto União, foi atacado na estação de Jararaca, por um grupo de cerca de 40 bandoleiros, chefiados por Fabricio Vieira.
Segundo taes notícias os assaltantes, após o saque, atearam fogo em dois carros e arrancaram os trilhos e dormentes, retrocedendo então para a estação de Canoinhas, onde chegaram de madrugada, ali saqueando casas de colonos, e levando os aparelhos telegraphicos.
Alguns passageiros, que haviam sido aprisionados, conseguiram fugir, achando-se na vila de Ouro Verde.
As autoridades policiaes do Estado, logo que tiveram comunicação do ocorrido, tomaram todas as providencias necessarias para prender os bandoleiros.
De acordo com estas anotações, a visita deve ter ocorrido nos das 27 e 28 de agosto de 1933. Este registro possibilita saber que a família de Theodoro Sauer e Estephania Woehl morou pelo menos seis anos em Cruz Machado PR. A filha do casal, Lydia Sauer Bastos, que tinha 16 anos quando eles foram embora do Avencal, casou-se em Guarapuava, no Distrito de Palmeirinha, em 05/06/1935, aos 25 anos. Portanto, a mudança para Guarapuava pode ter ocorrida logo após a visita do meu Gregório Woehl.
Mudança para Cruz Machado PR no Diário da Lydia Sauer Bastos
Episódio da mudança do Avencal, Mafra SC, para Cruz Machado, no Paraná, 06/09/1927, extraído do diário da filha de Estephania, Lydia Sauer Bastos, com 16 anos na época. Esta história foi contada pela filha mais nova de Estephania, Thereza Christina Maria Sauer de Ávila Pires, que faz parte de um belo texto escrito em 22/06/1997 sobre a história da família Woehl e Sauer, escrita a pedido de sua prima Maria Helena Ferreira, neta de Roberto Woehl x Isabel Sauer, que mora em Mafra SC. Segue a transcrição do texto. O que está entre chaves [ ] são minhas observações.
Autora: Thereza Christina Maria Sauer de Ávila Pires, aos 70 anos. Rio de Janeiro (RJ), 22/06/1997
Quando em 1971 pude ir a Santa Catarina conhecer um pouco de nossos parentes (e quantas alegrias eles me deram!) fiquei fascinada com as histórias da prima ELVIRA ENDLER DE AQUINO [filha de Amalia Woehl Endler], de São Bento. Ela era um repositório vivo da crônica de nossos avós imigrantes. Então me prometi que, tão logo pudesse, voltaria com um gravador para recolher a saga. Mas a vida continuou a rolar. Só quando em 1989 me aposentei, resolvi que tinha chegado a hora de pegar um gravador e sair atrás da prima Elvira. Mas nem cheguei a ir. Ela havia falecido há 4 anos. Espero sinceramente que alguma de suas filhas tenha registrado as histórias.
Também a mana Lidia tinha histórias para contar, da 2a geração. A aventura que fazia-nos rir muito era aquela de “A VIAGEM”. Aconteceu em 1927 quando papai [Theodoro Sauer] e mamãe [Estephania Woehl Sauer] resolveram deixar SC para viver no Paraná, tendo comprado uma casa na cidade além de uma chácara, em Cruz Machado. O casal ficou encerrando os assuntos em SC, mas despachou na frente toda a tribo (éramos oito: Hercílio com dezoito, Lydia com dezesseis, mais uma escadinha de cinco, e finalmente eu, um bebê de cinco meses no colo da Lydia. Pois no meio do caminho, o trem parou. Bandidos assaltando o trem! Eles apearam dos cavalos, um se postou numa ponta do vagão, outro na outra ponta, carabina na mão. Os outros cinco depenavam os passageiros. Sem tirar nem por, uma cena de puro filme far-west. Mulheres gritando, garotada berrando, bebês se esgoelando. Pois nessa confusão medonha, Hercílio, chefe da tribo, teve a presença de espírito: rapidamente pegou o dinheiro das despesas de viagem e escondeu... nos meus cueiros [fraudas].
A esperteza deu certo, apesar do pavor em que estavam todos. Quando a horda se foi, apareceu o chefe do trem para avisar aos passageiros: Teriam de ficar parados, pois os bandidos haviam arrancados os trilhos. Hercílio saiu pelas redondezas à procura de leite para o nenê [que era a autora deste texto, Theresa], que não parava de berrar. Depois a mudança de alimentação diz que me provocou uma diarréia medonha, que não havia meio de medicar naqueles ermos (coitada da Lydia). Nesse transe ficaram por três dias – até que o trem teve ordem de... REGRESSAR AO PONTO DE PARTIDA.
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Outro trecho do belo texto de Theresa Christina Maria Sauer de Ávila Pires
Parece-me importante distribuir estas cópias [deste texto] porque (um espanto!) já numa mesma geração se pode “perder a pista” de membros da família, como é o caso do mano mais velho, Hercílio Sauer, que se isolou muito agora [morava em Campo Mourão PR], quando procurei saber de sua família, ninguém sabe seus endereços – e até mesmo seus nomes completos.
Assim também vão se perdendo as histórias dos pioneiros nossos ancestrais – uma saga de aventuras, de lutas, alegrias e tristezas, e sobretudo de trabalho pesado, auto proteção e muita astúcia para enfrentar a convivência com onças e bugres (no começo, as casas eram erguidas sobre altas estacas, sendo a escada erguida durante a noite...) E em casa, a fera era nosso patriarca WÖHL, o senhor absoluto. [nesta parte final a autora Thereza Christina se refere ao meu bisavô Gregor Wöhl, pai de Gregório Woehl, Gustavo, Roberto, Estephania etc.]
Minha prima Edith Heyse Bessa contou que conheceu Estephania e suas duas irmãs mais velhas, Amália Woehl Endler e Julia Woehl Heller. Eram mulheres altas que impunham presença, chamavam atenção. Estephania particularmente era uma mulher linda. Estephania era muito querida e generosa na comunidade do Avencal. Era muito simpática e feliz. Ela atendia a mulherada na casa de comercio do casal e costumava não cobrar pelos tecidos e acessórios quando se tratava de mulheres pobres. O casal não tinha problemas financeiros porque o pai de Theodoro, João Sauer Sobrinho, alem do financiamento inicial, lhe deu toda a receita de sucesso para ganhar dinheiro com comércio. Ou seja, João Sauer Sobrinho montou uma máquina de fazer dinheiro para o filho Theodoro que era só tocar. Caso cometesse algum erro de gestão, o pai estava sempre por perto para consertar e injetar mais dinheiro se fosse preciso para cobrir o prejuízo ou pagar fornecedores. A casa de comércio de Estephania e Theodoro ficava às margens da antiga Estrada Dona Francisca, atualmente no km 123 da BR-280, entre a ponte sobre o rio da Areia e a Capela Santa Cruz, do lado esquerdo no sentido Mafra – São Bento do Sul, onde eles tinham também um salão de baile que funcionava nos finais de semana. A residência fica no mesmo local. Eles ganhavam muito dinheiro, tinham um alto padrão de vida. O salão de baile anexo era até um hobby para o casal, a fonte de renda vinha da casa de comercio. Era bem movimenta em 1927 quando Theodoro Sauer fez uma permuta com o imigrante alemão Oscar Meyer por outra casa de comércio e uma chácara em Cruz Machado PR. Na mudança para Cruz Machado mandaram de trem as crianças sozinhas na frente, inclusive a filha caçula (Thereza Christina), que era um bebê de apenas três meses que foi carregada no colo da filha adolescente Lydia Sauer com 15 anos. Estephania foi embora contrariada e não queria sair do Avencal de jeito nenhum, afinal ela viveu ali momentos de felicidade intensa com a família até seus 41 anos de idade, um período de quase 20 anos. Vivia muito feliz ali com o marido, as crianças e os parentes por perto. O comerciante Oscar Meyer, com quem Theodoro Sauer fez a permuta, continuou tocando o mesmo negócio, vendendo exatamente os mesmos produtos e ganhou muito dinheiro após a saída deles, por muitos anos. A decadência do Avencal ocorreu bem mais tarde, entre 1940 e 1950.
Não se sabe o que motivou Theodoro Sauer ir embora do Avencal, se ele enxergou uma boa oportunidade nesta permuta com Oscar Meyer para se aventurar em Cruz Machado, que naquela época era uma cidade próspera, por causa do extrativismo de erva-mate e de madeira. É possível que Theodoro Sauer tenha avaliado que poderia se dar bem lá, melhor do que no Avencal. Mas a crise de 1930 e a queda acentuada dos preços da erva-mate provocaram um colapso na economia de Cruz Machado, afetando duramente a atividade comercial de Theodoro logo após ele ter se instalado na cidade.
Theodoro Sauer pode ter sido ameaçado também e escondeu isso da esposa Estephania, dos filhos e do resto da família, porque senão saberíamos. Este cargo político que ele aceitou de Inspetor de Quarteirão, o equivalente ao delegado de polícia de hoje, mas não era cargo remunerado, era bem arriscado. Mas Theodoro Sauer não se importava em exercer esta atividade policial voluntária mesmo que fosse muito perigosa porque queria tentar a carreira política e este cargo era um trampolim. Estephania se queixava para os parentes da atividade política do marido. Com forte sotaque alemão, ela dizia para minha avó, Catharina Sauer: “Eu queria tanto que o Dets (nome carinhoso que ela usava para Theodoro) largasse a política” (ela pronunciava po-li-ti-ca - sem acento). Com certeza, Estephania, o desaconselhou, encheu as paciências dele para não pegar esta responsabilidade, que era encrenca na certa e colocava a família em risco de vida. Ele deve ter contrariado a esposa Estephania, não atendeu seus apelos desesperados e aceitou o cargo. O Avencal estava cheio de bandidos, muito perigosos. Devido a esta atividade policial de inspetor de quarteirão, na repressão de um infrator perigoso, talvez até em alguma briga no salão de baile do casal, deve ter recebido alguma ameaça séria contra ele e a família, de vingança contra as filhas adolescentes, por exemplo. Lydia tinha 16 anos, Elvira, 10 anos e Ana, 9 anos.
Ele não revelou o motivo para ninguém possivelmente para não dar o braço a torcer, de confirmar a previsão óbvia da esposa Estephania desta atividade policial voluntária, que deve causado muita discórdia entre o casal quando ele aceitou. Guardou este segredo com ele a vida inteira. A cada ano que passava ficava cada vez mais forte a justificativa para manter este segredo bem guardado, porque ele sabia que foi isso que destruiu a felicidade da família, causara um sofrimento muito grande para todos e a morte prematura da esposa Estephania.
Quando se mudaram para Guarapuava, Distrito de Palmeirinha, eles foram morar na casa de empregados de um pequeno fazendeiro que fabricava cachaça e tinha algumas vacas de leite. Era a única casa da propriedade, sem privacidade nenhuma, porque o patrão usava a casa também quando vinha da cidade. O pagamento dos salários não era em dinheiro, mas em mercadorias que o patrão revendia aos empregados por preços abusivos. Nesta fase, a família de oito filhos ficou reduzida a apenas dois, Afonso e Thereza Christina, os mais novos. Estephania fazia almoço caprichado para a família, o patrão chegava, almoçava primeiro e comia a galinha inteira, deixava só as costas e o pescoço para eles dividirem depois. Pior: tiveram que hospedar na casa um empregado do fazendeiro, forasteiro perigoso, grande e muito forte, que tentou violentar Thereza Christina, com 12 na época. Ele dormia no sótão da casa. Thereza Christina gostava de tomar banho sozinha no rio que cortava a propriedade, onde tinha um poço raso na curva do rio, num lugar bem reservado e gostoso. Na inocência, ela ficava nua, deixava a roupa no gramado e ficava horas nadando sozinha, relaxando. Um dia, ela viu este cara a observando deitado na grama ao lado da roupa dela. Ela saiu da água rapidamente, escondeu o corpo atrás de arbustos e gritou com o cara. Ele não se intimidou, pegou a roupa dela e estava levando embora Então, Thereza ameaçou de contar para seu pai. Ele dando risada, jogou para perto dela suas roupas, mas ficou com a calcinha e não quis devolver, prometeu devolver mais tarde, em casa. Thereza Christina ficou preocupada porque sua mãe, Estephania, iria limpar o quarto do rapaz na manhã seguinte e poderia encontrar sua calcinha lá. Não iria aceitar as explicações dela e levaria uma surra daquelas. Naquele mesmo dia, à noite, ela esperou a mãe dormir e notou que o cara estava com a luz acesa (lampião) no quarto e foi até lá silenciosamente, na ponta dos pés, implorar, falando bem baixinho, que ele devolvesse sua calcinha. Ele pediu que ela entrasse no quarto. Quando ela abriu a porta e entrou, ele estava deitado nu sobre a cama, apagou o lampião e rapidamente a agarrou pelo braço para impedir que ela fugisse. Thereza reagiu dizendo que sua mãe estava atenta, lhe aguardando voltar, porque tinha dito para ela que foi lá fora para usar a privada. Então, ele a soltou. Ao sair do quarto, Thereza disse para ele que quando seu pai, Theodoro Sauer, chegasse no dia seguinte iria contar tudo para ele. O rapaz debochou dela, que não tinha medo daquele velho. “Se este velho vier me encher o saco eu destripo ele na hora”, disse mais ou menos isso e continuou com as ameaças. “Guria, se não quiser ver aquele velho estrebuchando, cale o bico, viu!” E completou dizendo que só devolveria a calcinha dela no dia seguinte. Thereza Christina conta que teve que ficar calada e não tinha para quem pedir proteção. Mas Deus não lhe abandonou e ouviu suas preces durante a noite. No dia seguinte quando seu pai, Theodoro Sauer, chegou cedo dando uma boa notícia naquele momento de angústia, que patrão tinha acabado de lhe dar as contas depois de um desentendimento que tiveram e ele mandou o patrão para aquele lugar. Eles tinham que sair da casa imediatamente, que era para eles (Thereza e Afonso) ajudarem a mãe, tia Estephania, a juntar a tralha para a mudança para uma casa na cidade de Guarapuava. Theodoro disse para a família que lá no centro seria mais fácil conseguir trabalho.
No centro de Guarapuava eles conseguiram uma casa grande de madeira pagando um aluguel simbólico, apenas para cuidar da casa, para o proprietário Alexandre Cleve, que era muito rico, dono do Tabelionato Alexandre Cleve da Comarca de Guarapuava e proprietário de muitos imóveis na cidade. A relação do casal ficou conflituosa desde a saída deles do Avencal, onde eles eram muito felizes. Eles se separaram quando estavam morando nesta casa no centro de Guarapuava. Estephania ficou morando com a filha adolescente, Thereza Christina Maria Sauer e Theodoro Sauer foi acolhido pela filha mais velha do casal, Lydia Sauer Bastos, que morava no distrito de Palmeirinha, onde foi trabalhar como meeiro do genro Julio Martins de Bastos, que tinha um terreno lá. O filho Afonso Sauer foi servir o exército em Foz do Iguaçu e lá permaneceu trabalhando com o irmão Osvaldo Sauer.
Durante a primeira metade do período de seu casamento, Estephania tinha uma vida de felicidade plena, vivia no paraíso, tinha uma vida de rainha. Na outra metade, após a saída do Avencal, viveu na desgraça, em situação de miséria extrema. Quando a família achava que já tinham chegado ao fundo do poço, ainda tinha espaço para despencaram ainda mais, para as coisas piorarem. Nos últimos anos de sua vida, Estephania teve que trabalhar de faxineira até aos domingos, limpando os escritórios grandes e agências bancárias do centro da cidade. A filha caçula, Thereza Christina Sauer, conta que quando era adolescente ajudava a mãe nesta atividade e puxava os baldes de água para lavar os vidros e calçadas e esta parte externa da limpeza dos escritórios lhe causava muito constrangimento porque suas colegas da escola saiam da missa do domingo de manhã e passavam ali. Então, toda a vez que via alguém passar, ela virava o rosto para não ser identificada ou corria para se esconder e não passar vergonha de ser vista e todo mundo saber ela era filha de uma faxineira. Mas Estephania se preocupava com o futuro da filha, trabalhando duro como faxineira para pagar escola particular e se empenhou em mandá-la para Curitiba aos 12 anos para morar com a viúva de um banqueiro, dona do Banco onde ela fazia a limpeza em Guarapuava, com o objetivo de ela estudar, mas não deu certo porque a viúva não cumpriu o que prometeu, a explorava como empregada doméstica da mansão.
Thereza Christina era uma adolescente muito esperta. Aos 15 anos já trabalhava para o cartório de um advogado e aos 16 tornou-se escrevente juramentada, podendo assinar pelo advogado. Aprendia rapidamente as coisas e era muito profissional no que fazia. Tanto o juiz como o promotor de Guarapuava a elogiavam muito e ficavam impressionados com sua destreza. Mas esta precocidade e presença de destaque no meio jurídico e dos cartórios, além da beleza estonteante (alta, olhos azuis...), lhe causou um problema na época. A esposa do tabelião Alexandre Cleve, Luiza Ferreira Guimaraes Cleve, faleceu em 29/03/1943 aos 60 anos, quando ele tinha 65 anos. Alexandre Cleve era muito rico e dono da casa onde Estephania morava com a filha adolescente, onde pagavam um aluguel simbólico. A mansão onde ele residia era vizinha. Após o falecimento da esposa, não se sabe exatamente quando, Alexandre Cleve fez uma proposta para casar com Thereza Christina, nascida em 09/04/1927, que deveria ter 16 ou 17 anos. Não fez a proposta diretamente para ela, mas para a mãe Estephania, sua inquilina, que conversou com Theodoro depois, já que estavam separados. Os dois, que estavam com quase 60 anos, concordaram e aconselharam que a filha caçula Thereza Christina aceitasse se casar com o viúvo rico. Mas ela soube contornar a situação e conseguiu escapar dessa. Alexandre Cleve é filho do famoso dinamarquês Luis Daniel Cleve, sertanista, jornalista e político brasileiro, que foi parar em Guarapuava após participar de vários acontecimentos marcantes da história brasileira. É homenageado em várias cidades paranaenses, com nome de praças, ruas e até um município, Clevelância.
Estephania ficou abalada, emocionalmente devastada, por estar nessa situação de pobreza extrema. Estava doente, muito depressiva e precisando de tratamento médico e psicológico. Lamentava muito não ter dinheiro para visitar os parentes em Santa Catarina e que ainda tinha uma irmã viva morando lá na Hansa Humboldt (Corupá-SC, referindo-se à Julia Woehl Heller), mas não podia visitá-la. A prima Thereza Christina Sauer relata que o inconformismo da mãe vinha do fato do pai jogar fora todo o patrimônio que eles tinham. Estephania dizia que ele era “cabeçudo teimoso”. Certa vez, Theodoro Sauer estava lendo na mesa da cozinha, num dos raros momentos de paz na família, Estephania, sentou-se em frente dele (do Dêts, como ela o chamava) e não demorou muito para ela disparar esta crítica: “Adianta você ficar lendo estes livros? Pelo jeito não lhe ajudaram muito, pinchou (jogou) fora tudo o que tinha, assim mesmo.” Theodoro Sauer se defendia dessas críticas alegando que o motivo do fracasso foi a crise econômica. Cruz Machado PR, para onde eles foram quando saíra do Avencal, era um lugar que já estava em decadência porque o ciclo da erva-mate tinha acabado e as serrarias eram a atividade econômica que ainda restava, mas com os dias contados pelo eminente esgotamento da matéria prima proveniente dos recursos naturais da região. Theodoro fez uma permuta com o imigrante alemão Oscar Meyer de sua casa de comércio no Avencal pela casa de comércio de Oscar Meyer em Cruz Machado. Em 1930, três anos após a chegada deles, veio uma crise econômica mundial e Theodoro Sauer acabou perdendo todo seu patrimônio nesta aposta que fez em Cruz Machado, deixando a família na miséria.
Theodoro Sauer, o Dets como Estephania carinhosamente o chamava quando moravam no Avencal, estava ficando impaciente e violento com ela, não compreendendo seu quadro depressivo, que exigia tratamento médico. Certa vez bateu nas costas dela com o ferro de mexer brasa. Ela não conseguiu fugir para fora de casa e apenas protegeu a cabeça enquanto ele batia com violência repetidas vezes nas costas dela com esta barra de ferro. Após a surra que levou do marido, Estephania ficou de costas, com o rosto escondido no braço, chorando contra a parede. As crianças, que apavoradas tinham corrido para fora de casa, pensaram que o pai ia matar a mãe e quando entraram na cozinha viram ela chorando encontrada na parede com o vestido atrás todo marcado dos riscos da barra de ferro suja de carvão.
Estephania morreu aos 59 anos em 16.06.1945. A filha caçula Thereza Christina que estava com 18 anos na época foi quem fez o registro de óbito da mãe. Ela sofreu durante seis meses por insuficiência hepato-renal, mas só foi internada dois dias antes da morte no Hospital São Vicente de Paula, em Guarapuava (PR). Theodoro Sauer viveu bem mais, morreu aos 85 anos. Morava com a filha Lydia Sauer Bastos e foi ela que fez o registro de óbito. Ele trabalhava em limpeza e serviços gerais deste mesmo hospital onde Estephania morreu.
O primo de Theodoro Sauer, Narciso Sauer casado com Quintilhana Clemente (Clemens) Sauer que viveram no Avencal, Mafra (SC), próximo da Igreja Santa Cruz, até pelo menos dezembro de 1940, foram embora com a família para o mesmo local onde Theodoro Sauer morava na casa de sua filha Lydia, Distrito de Palmeirinha. Eles compraram terreno lá.
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EMILIO HENRIQUE WOEHL nascido 11/12/1888 – batizado em 24/02/1889 (Padrinhos: Henrique Keil e Theresia Kolonka). Morreu aos 17 anos, no domingo do dia 18/02/1906, vítima de uma tragédia ocorrida na noite anterior, em 17/02/1906, na festa de casamento da afilhada de Gregor Wöhl, Hermina Zimmermann, nascida em 18/12/1882 e batizada em 08/04/1883, com Emilio Gärtner (Emil Gärtner), filha do melhor amigo dele, Caetano Zimmermann (Kajetan Zimmermann) também imigrante de Gablonz, Boêmia, que viajou no mesmo navio com destino à São Bento. Provavelmente os dois já se conheciam em Gablonz. Gregor foi também padrinho de batizado de outra filha de Caetano, Justina Zimmermann, em 23/02/1878. Caetano Zimmermann, por sua vez, foi padrinho de batizado da filha de Gregor Wöhl, Emilia Woehl, nascida em 21/03/1884 que faleceu aos 10 meses. A tragédia ocorrida com Emilio Henrique foi noticiada nos jornais da época, como Gazeta de Joinville de 03/03/1906. A festa de casamento foi realizada na noite do sábado de 17/02/1906 no salão de festas de José Weiss. Um dos convidados, Oswaldo Binner, foi ao casamento armado com uma pistola de dois canos levada no bolso do paletó. Durante a festa a pistola caiu do bolso do paletó e ao bater no chão disparou. Emilio Henrique estava próximo e as duas balas disparadas o atingiram na barriga. Ele morreu no dia seguinte. O registro do óbito foi feito pelo próprio pai, Gregor Wöhl, declarando que seu filho foi morto em consequência de dois tiros na parte ventral.
Transcrição da matéria de jornal sobre a fatalidade publicada no jornal Gazeta de Joinville em 03/03/1906
S. Bento
(correspondencia)
Sinto ter de notar nesta missiva somente factos tristes e lamentaveis que o extincto [instinto] humano de vez em quanto põe em pratica para escandalisar a sociedade.
(...)
Ainda na noite de 17, em uma festa de casamento, na estrada dos Bugres, em casa de José Weiss, deu-se casoalmente um facto que entristeceu a todos os presentes.
Foi que Oswaldo Binner que tinha levado no bolso do paletot uma pequena pistola de dois cannos e por acaso cahiu-lhe do bolso e com a queda detonou a arma nos dois cannos, indo os projetis penetrar no baixo ventre de Emilio Wöhl, que no dia seguinte veio a fallecer.
Este facto vem mais uma vez demonstrar quanto é inconveniente carregar-se armas em divertimentos
25-2-1906
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Minha bisavó, Mathilde Schwedler (filha de Joseph Schwedler, tecelão), era 1 ano e 2 meses mais velha do que meu bisavô Gregor. Eles não eram casados quando tiveram meu avô Gregório e meu tio André Antonio. Por isso, o nome do pai Gregor Wohl não consta no registro de nascimento (batismo) do avô Gregório e nem do tio André Antonio (a igreja católica sempre foi rigorosa com esta questão do casamento). Casaram somente em 25/11/1872, três meses antes da tia Julia nascer. Lembrando que até o século 19 não existia cartório, era a igreja católica que fazia o registro civil de nascimento, casamento e óbito. No Brasil foi assim até o ano de 1890.
Quando conceberam meu avô Gregório, ele tinha 22 anos e ela 23 anos. Gregor Wohl nasceu em 09/05/1847 e Mathilde Schwedler em 09/07/1846. O primeiro filho que tiveram recebeu o nome do pai, GREGOR, o segundo, o nome do avô, ANDREAS.
Nos registros de batizado constam o nome da parteira e o endereço delas. Informa que são parteiras profissionais, formadas e credenciadas para a atividade (Geprüfte Hebamme). As parteiras foram diferentes para as 3 crianças. Do meu avô Gregório a parteira foi Johanna Soiblaus que residia na mesma vila de Wiesenthal. Já as parteiras de Julia e André são de Maxdorf, uma vila adjacente. Foi o mesmo padre que fez os três registros: Ignaz Knobloch
Nas imagens tem os detalhes do mapa de Wiesenthal mostrando o lote n.140 que pertencia ao meu tetravô Franz Wöhl e posteriormente ao meu bisavô Gregor Wöhl, que veio para o Brasil. Observe o nome de Franz riscado e escrito o nome de Gregor em vermelho. O mapa em alta definição está neste link. O lote 140 está no setor K
https://archivnimapy.cuzk.cz/uazk/skici/skici/BOL/BOL541018430/BOL541018430_index.html
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TRISAVÓS (tataravós): Andreas Wöhl e Theresia Hübner
Meu trisavô Andreas Wohl nasceu em 29/12/1811 na vila de Wiesenthal, 140. Profissão: Marceneiro (Tischler). Casou-se em 25/08/1835 com Theresia Hübner (28/08/1816 - 21/10/1884). Ele com 23 anos e ela com 20 anos, que se casou grávida, uma vez que a primeira filha do casal nasceu menos de 3 semanas após o casamento, em 13/09/1835. O casal teve 13 filhos, sendo que 6 morreram ainda bebês.
Foram morar na vila de Hennersdorf, casa n. 19, que fica bem próximo de Wiesenthal, em Gablonz. Este endereço Hennersdorf, n.19 também foi dos Woehl por décadas após esta data de casamento.
No registro de batismo de minha trisavó Theresia Hübner não consta o nome do pai, significa que ela é filha de mãe solteira. Por isso ela recebeu o sobrenome da mãe, Anna Hübner, que era viúva e filha de Joseph Hübner (tecelão) e Katharina Seibt, residentes na vila de Johannesberg, n. 100.
Andreas morreu aos 57 anos em 06/02/1868 de tuberculose. Meu avô Gregório Woehl não chegou a conhecer seu avô, porque nasceu em 15/12/1869.
Filhos de meus trisavós Andreas Wöhl e Theresia Hübner, por ordem de nascimento.
Repare que eles repetiam o nome no bebê seguinte quando o anterior morria. A primeira criança, que morreu logo após o nascimento, tinha o nome da mãe da Theresia.
Maria Ana Wöhl - Nasceu em 13/09/1835 e morreu com 14 dias em 26/09/1835.
Joseph Wöhl - Nasceu em 18/01/1837 e morreu com 3 dias em 21/01/1837.
Joseph Wöhl - Nasceu em 09/06/1838 e morreu com 18 meses em 30/11/1839
Maria Ana Wöhl - Nasceu em 23/05/1840 e morreu com 1 ano em 06/06/1941
Andreas Wöhl - Nasceu em 04/02/1843, casou-se com Mathilde Scholze em 26/06/1865 e faleceu em Hennersdorf aos 64 anos em 24/11/1907 de pleurisia (pleurite).
Josef Wöhl - Nasceu em 24/03/1845 e faleceu aos 87 anos em 22/07/1932 Rio Negrinho SC. Casou-se em 14/08/1871 com Adelheid Posselt (26/08/1849 - 08/12/1891) que morreu aos 42 anos de pneumonia (Lungenentzündung) com quem teve uma filha, Hedwig Wöhl (17/10/1882 - 05/04/1954). Casou-se novamente em 24/11/1894, aos 49 anos, com a austríaca Leopoldine Pittner de 22 anos, nascida em 12/11/1872 em Trumau, distrito de Baden, Estado da Baixa Áustria (Niederösterreich) e falecida aos 80 anos em 16/04/1953, Rio Negrinho SC. Emigrou para o Brasil, São Bento do Sul SC, em 22/11/1895 (data de embarque no Porto de Hamburgo, Alemanha). No Brasil, usou o nome José Woehl.
Gregor Wöhl (meu bisavô) - Nasceu em 09/05/1847, casou-se com Mathilde Schwedler em 25/11/1872 e morreu aos 78 anos em 01/10/1924. No Brasil, usou o nome Gregório Woehl
Anton Wöhl – Nasceu em 27/06/1849 e morreu com 9 meses em 01/03/1850
Helena Wöhl – Nasceu em 12/06/1851, casou-se em 29/10/1877 com Kajetan Seibt nascido em 10/1850 em Gablonz
Franz Wöhl - Nasceu 12/11/1853 e morreu com 39 dias em 21/12/1953 de convulsão (Fraisen)
Johann Wöhl - Nasceu em 24/06/1855 e morreu com 2 meses em 16/08/1855
Anton Wöhl - Nasceu em 23/03/1860 se casou com Karolina Koliska e emigrou para o Brasil, chegando em São Francisco do Sul SC em 15/11/1886
As fotos dos parentes que ficaram na Boêmia foram conservadas pelo meu avô Gregorio Woehl. Logo após morte do pai dele (meu bisavô), que tem o mesmo nome Gregorio Woehl, ocorrida em 01/10/1924, meu avô foi até São Bento do Sul, e pegou essas fotos e mais alguns objetos da família. Após a morte dos meus avós, minha prima Maria de Lourdes Reusing, que foi criada por eles, ficou com estas fotos. É muito raro alguém ter fotos dos parentes que ficaram das famílias de imigrantes do século 19.
JOSEF WÖHL
Josef Wöhl, nascido em 1845 na vila de Wisenthal 140, Gablonz, Boêmia, era artesão que produzia objetos em vidro (Glasdrücker), artigos de decoração, dando formas a vidros que saem amolecidos de fornos por meio de sopro e manuseio de pinças. Casou-se em 14/08/1871 com Adelheid Posselt, e foi morar na casa dos meus trisavós, na vila de Hannersdorf n.19 (veja no link abaixo as imagens dos mapas onde ficava esta propriedade). No registro de Josef (escrito também na forma Joseph) o padre usou o sobrenome Wöhl na forma Woehl. Foi padrinho de casamento de meus bisavós, Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler, e padrinho de batismo de meu avô Gregorio Woehl e do meu tio avô André Antônio Woehl.
De acordo com os registros da Igreja Católica de Gablonz, Josef Wöhl e Adelheid Posselt tiveram uma filha, Hedwig Wöhl, nascida em 17/10/1882, na Vila de Hennersdorf 92 Gablonz, Boêmia (atual República Tcheca). Hedwig tinha 9 anos quando sua mãe, Adelheid Posselt, faleceu em 08/12/1891 aos 42 anos, de pneumonia (Lungenentzündung). Era filha única.
Josef Wöhl tinha 49 anos quando se casou novamente em 24/11/1894 com Leopoldine Pittner, 22 anos, nascida em 12/11/1872 em Trumau, distrito de Baden, Estado da Baixa Áustria (Niederösterreich). O casal passou a residir na vila de Wiesenthal 464, em Gablonz, Boêmia e não tiveram filhos. Leopoldine Pittner era filha de mãe solteira, Magdalena Pittner, que provavelmente era viuva ou separada porque tem o sobrenome Schneidler. O registro de casamento de Leopoldine informa que ela é filha de pai desconhecido. Era uma moça pobre porque o registro de casamento informa que era diarista.
Josef Wöhl veio ao Brasil seis anos antes de ter emigrado para visitar seu irmão Gregório Woehl, meu bisavô, já que eram muito ligados. Josef foi padrinho de casamento dos bisas Gregório Woehl e Mathilde Schwedler e foi padrinho de batismo dos dois primeiros filhos do casal, meu avô Gregório Woehl e meu tio avô André Antonio Woehl. Visita de parentes que ficaram no país de origem é muito rara na história da emigração. Mas Josef tinha dinheiro para a passagem porque era bem de vida, tinha uma profissão muito valorizada em Gablonz, artesão de vidro (Glasdrücker), profissionais habilidosos que usam sopradores para moldar vidro quente amolecido transformando-os em utensílios (jarras, vasos, potes etc) e objetos de decoração em geral. Josef Wohl, nascido em 24/03/1845, tinha 44 anos quando fez esta viagem para visitar seu irmão no Brasil. Ele era viúvo e tinha uma filha Hedwig Woehl de apenas 7 anos.
O nome Josef Wöhl com 44 anos procedente de Österreich (Áustria em alemão) consta na lista de passageiros do vapor Valparaiso que desembarcaram no porto de São Francisco do Sul no dia 17/11/1889 procedente do porto de Hamburgo na Alemanha (BR RJANRIO OL.0.RPV, PRJ.3928, atracou no porto do Rio de Janeiro em 12/11/1889). Não consta como imigrante vindo com subsídio, mas como um passageiro normal. Era comum o erro dos funcionários do porto usarem Austria como sinônimo do Império Austro-Hungaro, que acabou em 1918, com o fim da Primeira Guerra. Assim, passageiros procedentes da Boêmia eram declarados como vindos da Áustria. O nome de Josef Wöhl consta também na lista de passageiros que embarcaram em Hamburgo no dia 18/10/1889 no Vapor Valparaiso (viagem durou 30 dias). A idade 44 anos é compatível porque Josef nasceu em 24/03/1845. Portanto, só pode ser Josef Wöhl irmão de Gregor este visitante.
Josef Wöhl veio com a familia morar no Brasil, em Rio Negrinho SC, quando Hedwig tinha 13 anos. Na lista de passageiros do porto de Hamburgo, Alemanha, consta que Josef Wöhl, Leopoldine Wöhl (Leopoldine Pittner) e Hedwig Wöhl embarcaram em 22/11/1895. Embarcaram no porto de Hamburgo no dia em 22/11/1895. Não se sabe quando chegaram em São Francisco e São Bento, porque desapareceram as listas de chegada de passageiros do porto de São Francisco do Sul entre os anos de 1892 e 1896. Se não ocorreu nenhum imprevisto, seriam 35 dias até São Bento. Então chegaram entre o Natal e Ano Novo.
Josef Wöhl (nome traduzido para José Woehl) faleceu aos 87 anos, em 22/07/1932, em Rio Negrinho SC e Leopoldine Pittner (Leopoldina Woehl) faleceu aos 80 anos em 16/04/1953, também em Rio Negrinho SC.
Hedwig Wöhl se casou na igreja em 13/10/1900 com Henrique Kwitschal, quando tinha apenas 17 anos, faltando um mês para completar 18 anos. O padrinho de casamento foi José Endler casado com Maria Kwitschal, irmã de Henrique (José Endler é irmão de Reinhold Endler que se casou com Amália Woehl Endler). Hedwig se casou no civil cinco anos mais tarde, quando já tinha dois de seus três filhos:
Emilia Kwitschal, nascida em 04/04/1901, padrinhos de batizado foram: Reinhold Endler e Amália Woehl Endler. Casou-se em 07/10/1922 com Aloysio Henrique Paul e faleceu em 03/07/1989 em Rio Negrinho SC
Bernardo Kwitschal, nascido em 04/04/1903, casou-se em 17/10/1925 com Hermina Hantschel e faleceu em 01/06/1961 em Campo Mourão PR.
Henrique Kwitschal Filho, nascido em 28/06/1912, casou-se em 25/09/1934 com Paula Zipperer e faleceu em 25/06/1973 em Rio Negrinho SC.
Uma das netas de Hedwig Wöhl, Geralda Hantschel Kwitschal (07/09/1930 – 21/03/1993), filha de Bernado Kwitschal, casou-se com Anísio Woehl Nunes (12/04/1932 – 11/09/2019), neto de André Antonio Woehl, filho de Ana Woehl e Arlindo Alves Nunes. O casamento foi em 13/11/1954, em Rio Negrinho SC.
Hedwig Wöhl faleceu aos 72 anos, em 05/04/1954 em Rio Negrinho SC, onde residia. A causa da morte foi Arteriosclerose com hipertensão e miocardite. O marido dela, Henrique Kwitschal, faleceu 3 anos depois em 29/08/1957, aos 78 anos, e morava com o filho mais novo, Henrique Kwitschal Junior, em Rio Negrinho. Henrique Kwitschal não seguiu a profissão de marceneiro que tinha quando se casou com Hedwig e se tornou açougueiro em Rio Negrinho.
ANDREAS WÖHL
Andreas nasceu em 04/02/1843 na vila de Hennersdorf, n. 19. Casou-se em 26/06/1865 com Mathilde Scholze, nascida em 1845 na vila de Wiesenthal. Faleceu em Hennersdorf aos 64 anos em 24/11/1907 de pleurisia (pleurite). O casal teve um filho, Roberto Wöhl, nascido em 10/09/1866, que tinha uma profissão supervalorizada na época, artesão soprador de vidro (Glasdrücker) e se casou em 19/08/1889 com Eleonora Hoffmann, nascida em 08/04/1871, na vila de Wiesenthal, n.10.
Andreas Wöhl era tecelão, tinha um bom padrão de vida. Conseguiu pagar a formação profissional do único filho, Robert Wöhl, que era artesão soprador de vidro (Glasdrücker). É possível que Robert tenha se formado na faculdade de tecnologia da indústria de vidros que foi criada em Gablonz em 1882, a segunda nesta modalidade de formar profissínais existente em todo o Império Austro-húngaro. A outra ficava em Praga. A duração do curso era de 4 anos, com estágio obrigatório em uma indústria e carga horária semanal dos cursos era de 40 horas.
Provavelmente Andreas trabalhava para a tecelagem Ignaz Ginzkey, que ficava na vila de Maffersdorf (atual Vratislavice nad Nisou), Reichenberg, não muito distante de onde morava, vila de Hennersdorf 58, e nota-se que Andreas usou estúdios de Reichenberg para tirar fotos. A tecelagem Ignaz Ginzkey fabricava tapetes e cobertores e era mundialmente conhecida, sendo uma das empresas exportadora mais importante Império Austro-húngaro.
A tecelagem Ignaz Ginzkey chegou a ter 250 teares mecânicos para produção em série e 70 teares manuais alguns com até 15 metros de largura para fabricação de tapetes grandes sob encomenda. Produziu um tapete feito à mão medindo 16,20 m × 25,45 m, encomendado pelo Waldorf-Astoria Hotel em Nova York em 1928. O químico-chefe do laboratório de tingimento da lã de ovelha foi orientado pelo premio nobel de química Wilhelm Ostwald de 1909.
A tecelagem Ignaz Ginzkey concedia muitos benefícios sociais para seus funcionários, tais como um fundo de seguro de saúde empresarial, um fundo de aposentadoria e uma associação de consumidores para compras econômicas. Martha Ginzkey mandou construir cantinas para funcionários e uma casa de repouso para doentes e idosos, que foi entregue à Maffersdorf em 1904.
Ignaz Ginzkey (25/06/1819–03/05/1876) começou do zero a tecelagem. A família dele era pobre e sempre foi de Maffersdorf, desde 1611 pelos registros. O pai tinha como fonte de renda uma pequena área de agricultura e montou um tear em casa no final dos anos de 1830, onde fabricava artigos do vestuário em lã que Ignaz, adolescente ainda, levava numa pesada cesta para vender no centro de Reichenberg. Ignaz estudou durante 6 anos na escola paroquial de Maffersdorf e após a conclusão do ensino fundamental seus pais o enviaram para uma região da Boêmia onde só tinha tchecos para ele aprender a falar em tcheco, onde ficou um ano (percebe-se a visão que seus pais tinham dos negócios). Devido a crise econômica, os pais tiveram que vender a propriedade, junto com a fabriqueta com um tear, mas puderam ficar morando na propriedade. Aos 24 anos, Ignaz Ginzkey, perdeu seu pai e o irmão mais velho alguns meses antes e ficou como chefe da familia para sustentar sua mãe e 4 irmãos mais novos. Sua meta era comprar de volta a propriedade da família e ele conseguiu. Decidiu continuar com a tecelagem, mas percebeu que continuar fabricando artigos do vestuário em lã não dava futuro. E decidiu partir para fabricação de tapetes e cobertores e assim veio a prosperidade.
A visita do Imperador Franz Joseph I à Gablonz e Reichenberg em 1906 teve um incidente protagonizada pela tecelagem Ignaz Ginzkey, uma das empresas prestigiadas com a visita do Imperador. Na entrada foi colocado um enorme tapete vermelho com um bordado do retrato do Imperador. O imperador não gostou e pediu para retirarem o tapete dizendo que não queria ver ninguém pisoteando seu rosto. Segue abaixo como imprensa noticiou o incidente :
O imperador Francisco José I veio a Reichenberg para vistar a Exposição dos Alemães da Boêmia (Deutsch-Böhmische Ausstelung). Mas a sua visita à fábrica de I. Ginzkey em Maffersdorf não correu bem. O imperador recusou o tapete com seu retrato tecido, dizendo que não deixaria ninguém pisotear seu rosto. Com isso, a elevação de Ginzkey à nobreza também caiu. Ao final da visita, no dia 24.6., o imperador visitou também Gablonz, onde foi recebido pelos representantes da cidade na praça principal, chamada Praça do Mercado Velho (Alter Markt). Visitou a Igreja de Santa Ana(*), o Campo de Tiro, o Turnhalle, a Escola de Artes e Ofícios e outras instituições e a sede das empresas proeminentes, como Irmãos Jäger e Irmãos Mahla. De Gablonz. ele foi para Reichenau, onde encerrou sua visita.
Entretanto, outro jornal deu detalhes da visita do Imperador Franz Joseph I à tecelagem Ignaz Ginzkey no dia 24.06.1906 e não citou nenhum incidente. O imperador teceu elogios aos empresários e agradeceu pela "Extraodinária recepção". Segue o que foi publicado:
O imperador Franz Joseph I havia prometido aos Srs. Willy e Alfred Ginzkey que também visitaria Maffersdorf após sua visita à "Exposição dos Alemães da Boêmia" (Deutsch-Böhmische Ausstelung) em Reichenberg. Todo o local estava decorado com bandeiras, tiros de canhão e o toque dos sinos anunciavam a chegada do trem especial à estação Maffersdorf-Fabrik. Bem mais de 1.000 crianças em idade escolar, muitos trabalhadores da empresa Ginzkey e muitos residentes das cidades vizinhas fizeram fila. O monarca foi saudado com aplausos tempestuosos. Entrou então na grande tenda e agradeceu aos proprietários da empresa Ginzkey pela “extraordinária recepção” e manifestou a sua surpresa com a expansão das fábricas. Ele se dirigiu a Julie Ginzkey, mãe dos proprietários da empresa, com as palavras: “Vocês fizeram muito por Maffersdorf”. Quando ela lhe agradeceu novamente pela alta ordem que ele lhe havia concedido, o imperador respondeu: “Foi um prazer poder homenageá-la”. Ele então se voltou para a Sra. Martha Ginzkey. Ela expressou sua alegria pelo fato de o Imperador ter visitado novamente a pequena vila (primeira visita em 1891, nota do autor), ao que o Imperador respondeu com um sorriso: "A vila não é tão pequena, Maffersdorf é grande." A lista de nomes apresentados ao imperador é muito longa. Entre eles estavam o jovem catequista Karl Sommer, o Dr. Molitor e o velho veterano Skolaude, que participou nas campanhas de 1848, 1849 e 1859. O imperador ficou muito interessado e perguntou detalhadamente sobre escolas, igrejas, clubes, saúde, etc. Despediu-se com as palavras: “Este dia será inesquecível para mim”.
É mais provável que o incidente do tapete com o rosto do governador tenha sido observado pelo cerimonial antes da visita e sugeriram que tapete fosse retirado, porque não ficavam bem as pessoas pisando no rosto do Imperador. Então, alguém extrapolou o acontecimento dizendo que foi o imperador que pediu para retirar o tapete
Andreas, ou tio André, como Gregório Woehl o chamava, é citado carta de Rosl Bär enviada em 02/01/1948 para meu avô Gregório Woehl (ver final do texto, na seção "Cartas de Rosl Bär para meu avô Gregorio Woehl". Rosl informou na carta que era neta de Andreas, o irmão de Josef e Gregor Wöhl (meu bisavô) e enviou uma foto de Eleonora Wöhl escrevendo no verso da foto que Eleonora era a tia do meu avô Gregório. Na foto estava também Ida Günter nascida Wöhl. No entanto, os registros mostraram que Rosl Bär era bisneta de Andreas Wöhl.
Maria de Lourdes Reusing se lembra que o avô Gregório tinha uma foto grande na parede com a família de Andreas e Theresia e que seu tio Antonio Woehl ficou com esta foto. O mais velho, Andreas (André), que tinha o mesmo nome do pai, chamava atenção porque era bem loiro e tinha os cabelos enrolados, diferente de todos os Woehl (foi observação do avô Gregório). Nas fotos abaixo dá para ver a forma do cabelo do Andreas.
ANTON WÖHL
Anton (Antônio) Wöhl nasceu em 23/03/1860 na vila de Hennersdorf n. 19 em Gablonz Boêmia. É irmão caçula do meu bisavô Gregor Wöhl e tinha apenas 16 anos quando o bisa emigrou para o Brasil. Anton veio para São Bento do Sul em 1886, dez anos após a chegada do bisa. Consta nos documentos que ele veio a bordo do navio a vapor Valparaiso (BR RJANRIO OL.0.RPV.PRJ.3089) e chegou ao porto de São Francisco do Sul no dia 15/11/1886. Está na lista dos passageiros que receberem subsídio “haben subvention erhalten” (passagem paga pelo programa do Governo Brasileiro de incentivo à imigração de europeus). Consta que era solteiro, tinha 26 anos e veio da vila de Wiesenthal, Boêmia. Porém ele estava acompanhado, porque logo abaixo do nome dele na lista de passageiros está o nome de Karolina Koliska, 29 anos, solteira. O casal Anton Wöhl e Carolina Koliska foram os padrinhos de batizado de Estephania Woehl no 19/12/1886, filha de Gregor Wöhl e Theresia Schwedler nascida no dia 21/09/1886. O Padre Carlos Boegershausen que lavrou o registro escrevendo o nome dos padrinhos seguinte forma: “Foram padrinhos Antonio Woehl e sua mulher Carolina”.
O jovem casal permaneceu em São Bento do Sul pelo menos por 35 dias, até esta data do batizado, porque não se sabe para onde foram depois, já que não há registros da permanência de deles em São Bento ou municípios vizinhos. Na família sabe-se de uma história que o casal estava só de passagem (a passeio) que o objetivo era emigrar para Argentina. Porém, há dúvidas sobre este destino porque o casal veio com passagem paga pelo Governo Brasileiro e não poderia ir para outro país depois, a não ser que reembolsasse o valor da passagem. A Argentina também tinha um programa de incentivo para trazer imigrantes da Europa mais atraente, que oferecia mais benefícios e facilidades do que o programa do Brasil.
No registro de nascimento de Anton Wöhl há uma anotação curiosa de um acontecimento histórico feita no dia 24/02/1885, um ano antes da viagem para o Brasil, quando ele tinha 24 anos, faltando um mês para completar 25 anos: Anton Wehl, residente na vila de Hennersdorf n. 19, declarou , em 13 de fevereiro 1885, ter se transferido para a Associação religiosa dos católicos veteranos (altkatholisch), de acordo com o ofício enviado à cirscunscrição de Gablonz, de 24 fevereiro 1885, p. 1618. A anotação em alemão é a seguinte: Anton Wehl in Hennersdorf nr. 19 hat am 13 Februar 1885 seinen Übertrits zur altkatholischen Religionsgesellschaft angemeldet laut zuschrift der h.h. Bezirkshauptmannschaft Gablonz des 24 Februar 1885 p. 1618. Este movimento dos católicos veteranos ou veterocatólicos que Anton Wöhl aderiu foi uma revolta contra as reformas da Igreja Católica na época que rejeitaram as decisões do Concílio Vaticano I (1869-1871), que definiu o dogma da Infalibilidade Papal e o dogma da Imaculada Conceição promulgado pelo Papa Pio IX em 1854, a despeito das Sagradas Escrituras e em contradição com a Tradição dos primeiros séculos. Na época o Papa ordenou a excomunhão de todos aqueles que aderissem ao movimento.
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Nos registros da igreja católica os padres escreviam Woehl de formas variadas: Vel, Wehl, Wehle, Wöhle, Wöhl e até a forma estrangeira Woehl (ö = oe). Estas variações criaram problema para meu avô Gregório aqui no Brasil. Então, por meio de um processo judicial na Comarca de Mafra (SC), ele fez opção de usar somente a forma Woehl, declarando que passaria a usar a seguinte nome: Gregório Woehl. Ele já tinha usado Wöhl no nome dos filhos e com esta decisão judicial seriam atualizados para Woehl.
Link do mapa em alta definição da vila de Hennersdorf com lote n. 19 de meu trisavô Andreas Wöhl. Local onde nasceu meu bisavô Gregor Wöhl que emigrou com a família para São Bento do Sul em 1876.
https://archivnimapy.cuzk.cz/uazk/skici/skici/BOL/BOL144018430/BOL144018430_index.html
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TETRAVÓS: Franz Wöhl e Maria Anna Feix
O meu tetravô, Franz Wöhl nasceu em 07/01/1777 na vila de Tschernhausen, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual Černousy, República Tcheca), que fica a 50 km da vila de Wiesenthal, distrito de Gablonz de onde veio para o Brasil a família de meu avô, Gregório Woehl, e ocupava o lote n. 4 desta vila. Posteriormente ele se mudou para o distrito de Gablonz, onde se casou com Maria Anna Feix em 14/07/1800, passando a residir inicialmente na vila de Hennersdorf n. 12 e, nove anos depois, na vila de Wiesenthal n. 140, do qual ficou proprietário em 03/01/1809, da em que foi lavrada a escritura do terreno. Este lote n. 140 foi ocupado pela família Woehl por pelo menos 139 anos, de 1809 a 1943. Foi o penúltimo endereço da família de meu bisavô, Gregório Woehl e Mathilde Schwedler, onde nasceram meu avô Gregório Woehl, meus tios avós, André Antonio Woehl e Julia Woehl Heller. Profissão do meu tetravô, Franz Wöhl: diarista (Taglöhner), ou seja, trabalhava por dia. Porém, no registro de óbito de Wiesenthal foi usado o termo Mühlscher ou Mülscher para a profissão dele, que significa produtor de feno usado para alimentação de cavalos. Ele morreu em 31/07/1856, aos 80 anos. Ele sofria de epilepsia, consta em seu registro de óbito, e foi encontrado morto em uma barroca. Em 19/09/2019 eu vistei este local onde ficava o lote n. 140 e pude identificar no terreno vestígios da existencia de uma casa e encontrei esta barroca ao lado da casa, que fica no início da descida de uma serra. Maria Anna Feix nasceu em 1776 e faleceu em 09/02/1853 aos 77 anos. Maria Anna Feix é filha de Elias Feix e Theresia Vogt, nascida em 26/03/1753 na vila de Grünwald, Gablonz, casamento em 20/11/1755 Wiesenthal, Gablonz. Theresia Vogt é filha de Joseph Vogt (Fogt) e Gertrudis Seidl, que casaram em 01/11/1751 Grünwald, Gablonz
Filhos de meus tetravós Franz Wöhl e Maria Anna Feix:
Joannes Franciscus Wöhl (Franz Wöhl) – Nasceu em 08/07/1801 em Hennersdorf, n. 12, casou-se em 17/07/1837 com Theresia Hoffmann nascida em 1808. Profissão: Tecelão (Weber). Faleceu aos 60 anos em 08/03/1862 de pneumonia (Lungenentzündung).
Anton Wöhl – Nasceu em 30/09/1802 em Hennersdorf, n. 12, casou em 08/02/1831 com Theresia Scholze (27/08/1805 - 28/04/1866). Profissão: Alfaiate (Schneider). Faleceu aos 63 anos em 21/07/1865 de pneumonia (Lungenentzündung).
Joseph Wöhl – Nasceu em 12/09/1804 em Hennersdorf, n. 12 e faleceu aos 7 anos em 03/05/1812 de asma (Steckfluss).
Augustin Wöhl – Nasceu em 05/03/1808 em Hennersdorf, n. 12. Profissão: diarista (Tagarbeiter). Faleceu aos 58 anos em 04/03/1866 de Pneumonia (Lungenentzündung).
Andreas Wöhl – meu trisavô - Nasceu em 29/12/1811 em Wiesenthal, n. 140, casou em com Theresia Hübner em 25/08/1835. Profissão: Marceneiro (Tischler). Faleceu aos 57 anos em 06/02/1868 de tuberculose.
Josef Wöhl – Nasceu em 01/08/1814 em Wiesenthal, n. 140, casou com Bertha Staffen. Profissão: Tecelão (Weber). Faleceu aos 46 anos em 05/04/1860 de Pneumonia (Lungenentzündung).
Maria Anna Wöhl – Nasceu em 25/08/1817 em Wiesenthal, n. 140, faleceu aos 9 meses em 02/06/1818
Rosalina Wöhl – Nasceu em 01/06/1819 em Wiesenthal, n. 140, casou em 14/06/1841 com Josef Haupt nascido em 29/10/1817 na vila de Wiesenthal 220. Josef Haupt ficou viúvo ao 48 anos e se casou novamente em 29/01/1866 com a sobrinha de Rosalina, Maria Anna Wöhl 26 anos, filha de Anton Wöhl e Theresia Scholze.
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PENTAVÓS: Joannes Christophorus Wöhl e Maria Apolonia König
Os Wöhl se misturam com os König em 1770.
Meu pentavô Christoph Wöhl, batizado com o nome em latim Joannes Christophorus Wöhl, nasceu na vila de Tschernhausen, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual Černousy, República Tcheca), em 9 de fevereiro de 1739. Christoph era lavrador, praticava agricultura de subsistência. Nos registros da igreja católica foi usado o termo “rusticus” para a profissão dele, que significa lavrador (pequeno agricultor). Posteriormente, o termo utilizado para ocupação foi Bauer, que também significa agricultor. Christoph Wöhl morreu aos 65 anos em 09/12/1804. A causa da morte no registro de óbito foi hidropsia (Wassersucht).
Christoph se casou três vezes ao ficar viúvo nos dois primeiros casamentos. O primeiro casamento, em 23/11/1761, ele tinha 22 anos quando casou com a jovem Anna Rosina Bergmann, de apenas 16 anos ou 17 anos, com quem teve 6 filhos, mas todos morreram quando eram bebês. O casal foi padrinho e madrinha de batizado de muitas crianças de Tschernhausen e vilas vizinhas, revelando que eram muito sociáveis, principalmente Anna Rosina, porque em alguns registros de batizado ela configura como 1ª. madrinha (Levans), que é a mais importante, porque leva a criança para batizar. Anna Rosina faleceu aos 24 anos em 23/11/1769. Ela era filha de Franciscus Bergmann.
Em 17/07/1770, oito meses após a morte de Anna Rosina, Christoph Wöhl, aos 31 anos, se casou novamente com Maria Apolonia König, 22 anos, da vila de Mildenau, que pertencia ao mesmo distrito de Reichenberg, na região de Friedland, à qual pertence Tschernhausen. A jovem Maria Apolonia era filha de Anton König e Anna Elizabeth, agricultores em Mildenau. O casal teve 11 filhos, dentre eles meu tetra avô Franz Wöhl, que foi embora para Gablonz quando era jovem. Desses 11 filhos sabe-se com certeza que apenas 3 sobreviveram (se tornaram adultos e casaram).
Em 09/11/1790, aos 50 anos, Christoph Wöhl se casou pela 3ª. vez, com a jovem Apolonia Lammel, 22 anos, da vila de Niederullersdorf (também denominada de Ullersdorf), nascida por volta de 1768. Ela é filha de Wenzel Lammel e Anna Rosina Engmann. A ocupação de Wenzel Lammel na vila de Bullendorf consta como Häusler, termo alemão que significa um trabalhador rural que tem moradia com quintal, mas precisa trabalhar para outro proprietário de terra para obter o sustento (sistema feudal que predominava na Europa naquela época). O casal Christoph Wöhl e Apolônia Lammel tiveram 3 filhas, uma morreu quando era bebê e outras duas, Veronika Wöhl, nascida em 09/06/1791 e Maria Anna Wöhl (08/05/1799 - 04/01/1863), que tinha apenas 5 anos quando o pai morreu, chegaram a fase adulta e se casaram. Veronika Wöhl aos 21 anos casou em 09/02/1813 com Franz Funk 23 anos de Tschernhausen, lote 9, e Maria Anna Wöhl casou aos 23 anos em 09/01/1833 com Anton Neumann 22 anos, de Tschernhausen, lote 18, filho do padrasto dela, Christopher Neumann, com a primeira esposa Magdalena Möller (1763 - 03/07/1807). O casal passou a viver neste endereço, o que significa que herdaram a propriedade. Três anos após a morte de Christoph Wöhl, a então viúva Apollonia Lammel casou novamente, em 15/02/1808, aos 40 anos, com Christoph Neumann 44 anos, que era Häusler, residente na vila de Tschernhausen 18 e ficara viúvo havia 6 meses. Apolonia Lammel faleceu aos 64 anos, em 06/05/1832. A causa da morte no registro de óbito está com o termo em alemão Aneumem Brüche que pode ser traduzido como trauma de fratura.
Meu pentavô Christoph Wöhl teve 20 filhos nos três casamentos, mas com certeza apenas 5 chegaram a fase a adulta e se casaram.
Filhos do meu pentavô Christoph Wöhl com sua primeira esposa Anna Rosina Bergmann (1745 - 23/11/1769), casamento em 23/11/1761. O tempo de vida está indicado após as datas de nascimento e falecimento.
Joes Josephus Cajetanus Wöhl (19/03/1763 - 03/04/1763) 15 dias
Joes Christophorus Antonius Wöhl (20/09/1764 - 21/10/1764) 31 dias
Anna Maria Juliana Wöhl (10/11/1765 - 18/12/1765) 38 dias
Franciscus Vincentius Martians Wöhl (09/11/1766 - ?)
Maria Eva Theresia Wöhl (22/01/1768 – 03/02/1768) 14 dias
Anna Rosina Ludmila Wöhl (16/02/1769 – 09/03/1769) 21 dias
Filhos do meu pentavô Christoph Wöhl e Maria Apolonia König (05/12/1747 - ?), casamento em 17/07/1770.
Joannes Christoph Josephy Wöhl (28/03/1771 - ?)
Joannes Chrisphorus Wöhl (26/03/1772 – 18/06/1772) 3 meses
Ana Maria Johoanna Wöhl (26/05/1774 – 12/06/1774) 17 dias
Franz Wöhl – meu tetravô – (07/01/1777 – 31/08/1856) 79 anos. Casou em 14/07/1800 com Maria Anna Feix (07/10/1778 – 06/02/1853) da vila de Hennersdorf, Gablonz
Joes Christopher Wöhl (31/03/1778 - ?)
Joes Antonius Wöhl (23/03/1780 – 14/06/1786) 6 anos
Joannes Godefridus Wöhl (17/07/1781 – 07/11/1781) 4 meses
Godefried Wöhl (21/01/1782 – 02/04/1868) (nome de batismoJohan Godefride Wöhl) se casou em 12/11/1805 com Maria Anna Löfler (02/12/1786–18/04/1859) da vila de Bullendorf. Profissão: Agricultor (bauer)
Ana Maria Helena Wöhl (23/04/1784 – 02/12/1787) 3 anos
Anna Maria Magdalena Wöhl (24/11/1785 - ?)
Anna Maria Apolonia Wöhl (03/07/1787 - ?) casou em 14/11/1808 com Philipp Herrmann (1787 - ?) de Friedland.
Filhos do meu pentavô Christoph Wöhl com a terceira esposa Apollonia Lammel (1768 - ?), casamento em 09/11/1790.
Veronika Wöhl (09/06/1791 – ?) casou aos 21 anos em 09/02/1813 com Franz Funk 23 anos e teve 3 filhos, pelo menos.
Maria Anna Wöhl (01/08/1793 – 11/08/1793) 10 dias
Maria Anna Wöhl (08/05/1799 - ?) casou aos 23 anos com Anton Neuman 22 anos em 09/01/1833 e tive 6 filhos
Observação: Era tradição na Boêmia, no século 18, usar Johann (João) na frente do nome. Johann é em alemão. Hans é o nome João em hebraico, ou seja, uma variante de Johann. Nos registros de batismo os padres escreviam "João" em latim de diferentes formas: Joes, Joannes, Joanis, Johan etc. Quando adultas, as pessoas substituíam todos estes nomes por Johann ou Hans.
Relato da visita às vilas de Tschernhausen e Wiese, distrito de Reichenberg (região de Friedland), da extinta Boêmia, no dia 22/09/2023.
Realizada por Germano Woehl Jr e Elza Nishimura Woehl
Atualmente a vila Tscherhausen tem o nome tcheco de Černousy e a vila de Wiese, de Ves. Os Woehl da minha linhagem viveram neste lugar onde ocupavam o lote n.4 até 1800 por pelo menos 200 anos antes de partirem para Gablonz, nas montanhas Isergebirge (Jizera ou Jizerské hory). Este lote n.4 era constituído por vários lotes contíguos e um separado nas áreas de várzea do rio Wittig (atual Smědá) totalizando uma área relativamente grande, de 23 hectares, que era utilizado para agricultura Eles frequentavam a igreja da vila de Wiese (atual Ves), que ficava a menos de 500 m da residência. Historiadores dizem que Tschernhausen existe desde o ano de 1200 e sempre foi uma vila muito pequena, que nunca teve igreja e nem cemitério. Tudo ficava na vila de Wiese, que em 1616 já tinha escola que atendia também os moradores da vila de Tschernhausen. Para os Woehl, a vila era bem pertinho (menos de 500 m), mas para quem vivia no centro de Tschernhausen, dá uns 2 km. Os historiadores dizem que Tschernhausen sempre ficou na sombra de Wiese.
Uma Tcheca bem simpática nos abordou na estrada para a igreja quando seus cachorros (pequenos) avançaram na gente e ela veio ver o que era. Perguntou se eu era polonês. Eu disse que éramos do Brasil. Estão, ela ficou muito exaltada e não parava mais de falar do Brasil. Eu tentava interrompê-la inutilmente para explicar que não estava entendendo, que não entendo tcheco. Só entendia a palavra Brasil e derivações. Fiquei sentido de não poder me comunicar com ela. A divisa com a Polônia fica a 200 metros dali. Alemanha também fica próxima, a menos de 1 km.
Indo lá eu entendi o motivo de uma área de floresta de 4 hectares estar representada no mapa de 1846 no lote n.4 dos Woehl e até hoje está lá preservada, com o se fosse uma reserva legal. É uma área apropriada para agricultura e por que a floresta foi mantida? Eu entrei nesta floresta e a percorri de ponta-a-ponta Trata-se de um remanescente de floresta com gigantescos carvalhos, centenários! É a única que restou, conforme já mostrava o mapa de 1846. Pena que a Elza não estava junto para tirar fotos mostrando a escala dar noção de como são grandes. Ela ficou com medo de ir junto porque não tinha ninguém para pedir autorização, mas como não tinha cerca, não pude resistir em dar uma olhada de perto. Eu sei que estas áreas remanescentes de carvalho são protegidas há 200 anos na Europa. Talvez meus ancestrais a tenham poupada com o propósito de manejá-la. Quando termina a floresta, no alto do morro, é possível ver as montanhas Jizera, onde fica Gablonz, a 40 km de distância.
As fotos mostram a estradinha asfaltada que liga a residência dos Woehl em Tschernahausen até a vila de Wiese, onde fica a igreja que eles frequentavam, a 500 metros da casa deles. É tudo bem plano, muito gostoso de andar. Não encontramos nenhum carro. Esta passagem sobre os trilhos de ferrovia é padrão no mundo inteiro. Não sei por que no Brasil é aquele horror, com risco de o carro ficar preso entre os trilhos.
Relação de parentesco com Anton Wöhl dono de moinho em Wiese. Anton Wöhl (28/12/1821 Mildenau – 21/09/1883 Wiese) da sepultura que se destaca no cemitério de Wiese é filho de Emanuel Wöhl e Theresia Tschiedel (20/11/1788 Niederullersdorf – 26/10/1829 Wiese). Emanuel Wöhl nasceu na vila de Mildenau (atual Luh) em 03/01/1782 e era o dono anterior do moinho em Wiese (Anton provavelmente herdou este moinho do pai). A origem de Emanuel Wöhl, vila de Mildenau (aos pés das montanhas Isergebirge), Friedland, é a mesma dos Wöhl de nossa linhagem que vieram para Tschernhausen por volta de 1650. Portanto, certamente somos parentes. A irmã de Anton, Maria Anna Wöhl (nascida em 17/10/1817), casou em 14/07/1840 com o neto de Godfried Wöhl, Anton Wöhl (20/08/1810 – 15/04/1861).
Último Woehl a ocupar o lote n.4 da vila de Tschernhausen
O último Woehl a ocupar o lote 4 da vila de Tschernhausen (que tinha sido propriedade dos Woehl por 200 anos) foi Anton Wöhl (neto do Godfried), filho de Anton Wöhl e Maria Anna Wöhl (filha de Emanuel Wöhl e Theresia Tschiedel), morreu aos 26 anos de pneumoria. A jovem viúva, Helena Bergmann, casou 10 meses depois, aos 26 anos, com Eduard Pohl de 39 anos, que era trabalhador braçal (Taglöhner), e trouxe ele para morar com ela neste lote 4. No entanto, Helena Bergmann morreu 4 anos depois, aos 30 anos, em 1875, também de pneumonia. Helena teve 3 filhos do primeiro casamento com Anton Wöhl e mais dois do casamento com Eduard Pohl. Ele era viúvo também e tinha filhos desta relação. Em 1879 ou antes disso, o lote n. 4 não pertencia mais aos Woehl. Neste ano, nasceu ali, o primeiro filho do casal Eduard Hübner e Theresia Möller que não relação de parentesco com os Woehl.
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HEXAVÓS (6º. Avós): Joannes Christophorus Wohl e Anna Catharina Posselt
Meu Hexavô tem exatamente mesmo nome do pentavô, Joannes Christophorus Wöhl e nasceu em 07/01/1704. Era agricultor. Minha hexavó Anna Catharina Posselt nasceu em 1709. Casaram-se em 02/02/1733, ele com 28 anos ela com 24 anos. Ambos eram da vila de Tschernhausen (atual Černousy), distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). Os Wöhl se misturam com Posselt em 1733.
Filhos de meus hexavos Joannes Christophorus Wohl e Anna Catharina Posselt:
Antonius Wöhl – Nasceu em 30/10/1734
Anna Maria Wöhl – Nasceu em 22/11/1736
Joannes Christophorus Wöhl – meu pentavô - Nasceu em 09/02/1739
Antonius Wöhl – Nasceu em 29/07/1741
Maria Apolonia Wöhl – Nasceu em 03/08/1743
Catharina Wöhl - Nascida morta em 16/01/1746 (mas foi batizada)
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HEPTAVÔ ou SÉTIMO AVÔ: George Wöhl (1676 – 19/01/1739) e Maria Peukert (12/02/1681 – 23/06/1741)
Meu sétimo avô George Wöhl nasceu na vila de Tschernhausen(atual Černousy), distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). Ele era agricultor (Gärtner). Em alemão o nome dele é Georg Wöhl. Em latim, Georgius Wöhl. Maria Peukert era da vila de Ringenhain, distrito de Reichenberg, Boêmia. Eles se casaram na vila de Ringenhain em 19/10/1700. Maria Peukert morreu aos 60 anos e Georg Wöhl aos 62 anos.
George Wöhl e Maria Peukert tiveram 14 filhos:
Johan Georg Wöhl (25/06/1701 - 26/06/1701) viveu 1 dia
Anna Maria Wöhl (13/07/1702 - ?)
Johan Christoph Wöhl (07/01/1704 – 27/03/1759) 55 anos - meu hexavô
Ana Veronica Wöhl (12/07/1707 – 29/01/1713) 5 anos
Hans Michael Wöhl (30/11/1708 - ?)
Hans George Wöhl (02/03/1710 – 20/08/1710) 5 meses
Maria Magdalena Wöhl (22/07/1711 - ?)
Anna Dorothea Wöhl (03/02/1714 - 28/01/1737) 23 anos
Anna Veronica Wöhl (18 /10/ 1716 - ?)
Anna Rosina Wöhl (23 /09/ 1718 - 03/10/1733) 15 anos
Johannes George Wöhl (06/01/1721 – 31/01/1721) 25 dias
Hans Friederich Wöhl (03/02/1722 - ?)
Maria Apolonia Wöhl (08/06/1724 - 06/07/1724) 28 dias
Apolonia Wöhl (16/12/1726 - ?)
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OITAVOS AVÓS: Hans Wöhl e Maria Preibisch
Hans Wöhl e Maria Preibisch casaram em 14/11/1668 na vila de Mildenau, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). Fica perto da vila de Tschernhausen (ou Taschenhausen), atual Černousy. Maria é filha de Michel Preibisch, meu 9º. avô, e nasceu em Mildenau. Hans Wöhl nasceu por volta de 1640 em Tschernhausen.
Filhos do casal Hans Wöhl e Maria Preibisch, todos nascidos na vila de Tschernhausen, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual Černousy, República Tcheca):
Christoph Wöhl (29/11/1669 - 30/05/1720) morreu aos 50 anos
Rosina Wöhl - Nasceu em 19/07/1671
Maria Wöhl - Nasceu em 28/12/1672
Johannes Wöhl – Nasceu em 29/12/1674
George Wöhl – meu sétimo avô – (1676 – 19/01/1739) morreu aos 62 anos.
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Na Boêmia, os Woehl se misturaram com Preibisch, Peukert, Posselt, König, Feix, Hübner e Schwedler.
Os woehl viveram durante 300 anos em dois lugares na Boêmia:
Vila Tschernhausen, lote n. 4, no distrito de Reichenberg até o ano de 1800 e vila de Wiesenthal, lote n. 140 e vila de Hennersdorf, n. 12 e n. 19, no distrito de Gablonz. Os distritos de Gablonz e Reichenberg ficam a 50 km de distância. Ou seja, os woehl não se deslocaram muito na Boêmia.
Veja o mapa da vila de Tschernhausen feito na época com a identificação do lote n.4 de propriedade e residência dos Wöhl (Tschernhausen, n. 4) no distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). Neste local nasceu meu tetravô Franz Wohl em 07/01/1777. Observe outra familia Wöhl residente no lote número 16 desta vila. Agora nós sabemos o local exato de onde viveram os Woehl nos anos de 1700, antes de irem para as fabricas de cristais em Gablonz (onde surgiram as taças de cristal), que fica a 50 km de Tschernhausen. As imagens seguintes são do mapa da vila de Hennersdorf onde está identificado o lote n. 19 com o nome de meu trisavô Andreas Wöhl. Ali nasceu meu bisavô Gregor Woehl que veio com a família para São Bento do Sul em 1876.
Link do mapa em alta definição da vila de Tschernhausen, onde pode ser visto o lote n.4, onde viveram meus pentavós e nasceu meu tetravô Franz Wohl em 1777.
https://archivnimapy.cuzk.cz/uazk/skici/skici/BOL/BOL513018430/BOL513018430_index.html
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A familia Sauer se uniu fortemente com a família Woehl da primeira geração. Quatro filhos de Gregório Woehl e Mathilde Schwedler casaram com Sauer: Meu avô Gregório Woehl (que tinha o mesmo nome do pai) se casou com minha avó Catharina Sauer, André Antonio Woehl se casou com Maria Sauer, Roberto Woehl se casou com Isabel Sauer, irmã de Catharina e a caçula Estephania Woehl se casou com Theodoro Sauer, irmão de Maria.
Catharina Sauer e Isabel Sauer eram filhas de Theodoro Sauer (1844 – 01/09/1889) e Christina Hack (24/05/1854 – 24/06/1933). Maria Sauer e Theodoro Sauer eram filhos de João Sauer Sobrinho (01-08-1842 - 01-02-1921) e Genoveva Rauen (28/06/1849 - 13/09/1925). Theodoro Sauer e João Sauer sobrinho eram irmãos, filhos de Pedro Sauer (22/10/1813 - 17/02/1900) e Magdalena Peters (22/11/1818 - 26/06/1891).
A primeira neta do casal de imigrantes Gregório Woehl e Mathilde Schwedler veio desse casamento com os Sauer. Foi Matilde Woehl Bauer (20/10/1895 – 12/09/1938), do casamento dos meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer e a primeira bisneta foi Jovita Maria de Almeida (21/12/1916 – 2000), filha da segunda neta Emilia Woehl (17/06/1896–1992), do casamento de André Antonio Woehl e Maria Sauer. Os dois primeiros bisnetos são também filhos de Emilia Woehl, Euclides Simões de Almeida (20/05/1918 – 03/07/1996), que foi comandante da Policia Miliar de Santa Catarina e Waldemiro Simões de Almeida (23/03/1920 – 11/03/2013), que foi Juiz de Direito em várias Comarcas de Santa Catarina.
PEDRO SAUER (22/10/1813 - 17/02/1900) e MAGDALENA PETERS (22/11/1818 - 26/06/1891). Pedro Sauer nasceu em Trassen, Saarburg, Rheinpreußen (Prússia Renana), Reino da Prussia. Atualmente Trassen é um município pertencente ao distrito de Trier-Saarburg, estado da Renânia-Palatinado, Alemanha. Magdalena Peters nasceu em Bitburg, Rheinpreußen (Prússia Renana), Reino da Prússia. Nesta região se falava o dialeto Luxembourgish, o mesmo falado em Luxemburgo, que fica perto. Atualmente a cidade de Bitburg é capital do distrito de Bitburg-Prüm, no estado da Renânia-Palatinado da Alemanha. Chegaram ao Brasil com suas famílias em 14/10/1928, Pedro Sauer com 15 anos e Magadalena Peters com 10 anos. Se estabaleceram em Rio Negro PR. Casaram em 02/11/1837 na Lapa PR. Viveram no Avencal, Mafra SC. Foram sepultados no cemitério Santa Cruz, mas seus túmulos não existem mais. O casal teve 13 filhos:
Jacob Sauer (nascido em 1838) se casou em 13/02/1877 com Helena Nizer (nascida em 1849).
João Sauer Sobrinho (1842–1921) se casou em 28/10/1867 com Genoveva Rauen (1849–1925).
THEODORO SAUER (1844–1889) se casou em 02/02/1869 com Christina Hack (1854–1933).
Izabel Luiza Sauer (1846–1918) se casou em 27/01/1872 com João Rauen (falecido em 1919).
Christina Sauer (1847–1888) casou em 25/09/1866 com Nicolau Ruthes Sobrinho (1837–1886).
Eva Sauer (1851–1910) se casou em 25/09/1866 com Damasio Xavier Paes (1843–1906).
Nicolau Sauer (1852–1935) se casou em 12/02/1876 com Maria Hack (1852–1935).
Susana Sauer (1856–1897) se casou em 06/02/1876 com Domingos Custodio Xavier Paes (nascido em 1851).
Maria Sauer (1857–1863) morreu aos 6 anos.
Mathias Sauer (1859–1935) se casou em 08/01/1881 com Belmira Maria Lourenço (1864–1902).
Anna Sauer (1861–1894) se casou em 28/12/1880 com Francisco Rauen (1859–1931).
Maria Sauer (1863–1889) se casou em 05/02/1876 com João Hack.
José Sauer (nascido em 1865).
Dos filhos dos imigrantes Pedro Sauer e Magdalena (meus trisavós), pelo menos três deles eram realmente muitos ricos: THEODORO SAUER (meu bisavô, pai da avó Catharina Sauer Woehl), JOÃO SAUER SOBRINHO e NICOLAU SAUER. Christina Hack Sauer (minha bisavó), viuva de Theodoro Sauer, deu 600 alqueires de terra para cada um dos sete filhos e filhas.
Sebastião Sauer, um dos filhos de Nicolau Sauer e Maria Hack, foi muito íntimo da família no passado. Sebastião Sauer nasceu em 20/01/1895 e se casou em 03/09/1921 com a famosa professora da escola do Avencal Maria da Conceição Ferreira Leal (28/01/1894 – 06/04/1960). Foi a Professora Maria Leal que montou e dirigiu a peça de teatro com os jovens do Avencal, com a participação de meu pai Germano Woehl contracenando com a prima dele da mesma idade Catharina Woehl (filha André Antonio Woehl e Maria Sauer. Ela era de Joinville e ficava hospedada na casa dos meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer.
Sebastião Sauer era sócio de Roberto Woehl na serraria que venderam para o vô Gregório Woehl de forma parcelada.
O casal Sebastião Sauer e Professora Maria Leal Sauer foram padrinhos de casamento de Julina Woehl (filha mais nova de Maria Sauer e André Antonio Woehl) com Joaquim Davet. O casal Sebastião Sauer e Maria Leal está na foto de casamento de Julina.
Meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer foram padrinhos de batizado da filha deSebastião Sauer e Maria Leal, Nellizinha Leal Sauer, nascida em 07/05/1931, a única que o casal acrescentou o nome de família de Maria Leal.
Nellizinha se casou com o itaiopolense Julio Graboski (Grabowski) em 14/01/1948 e meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer foram padrinhos de casamento. Gregório Woehl tinha 78 anos (um ano e meio antes de morrer). Minha prima Maria de Lourdes Reusing, lembra que inicialmente, meu avô Gregório Woehl hesitou em aceitar o convite porque já não gostava muito de ir em eventos como festas de casamento. Então o genro Paulo Heyse ajudou a convencê-lo a aceitar o convite, mas ele não tinha ideia do que poderia dar de presente. O genro Paulo Heyse sugeriu que desse dinheiro, assim o casal poderia comprar o que precisasse. O filho de Paulo e Elfrida (Woehl) Heyse, Evaldo Frederico Heyse, foi quem levou meus avós, minha tia Narcisa Woehl e a prima Maria de Lourdes Reusing para a festa. No registro de casamento meu avô Gregório Woehl assinou como testemunha.
Alguns dias depois, Lourdes lembra que Sebastião Sauer e a professora Maria Leal vieram fazer uma visita para meus avós e Sebastião Sauer disse: " Compadre Gregório, com o dinheiro que você deu de presente de casamento para minha filha, o casal comprou tudo o que era necessário para montar a casa deles".
Nellizinha Sauer Graboski faleceu aos 83 anos em 12 janeiro 2015, em Curitiba, onde morava.
Capela Santa Cruz
O casal Pedro Sauer e Magdalena Peters construíram em 1860 a capela Santa Cruz de madeira como pagamento de promessa que Magdalena Peters fez pela conquista do titulo das terras do Governo do Paraná. O local ficava ao lado de onde mais tarde foi feito o Cemitério Santa Cruz. A cruz original está preservada até hoje.
Em 1943 moradores do Avencal do Meio decidiram construir uma nova capela, também de madeira, num terreno doado por Narciso Sauer (filho de João Sauer Sobrinho), no local onde hoje existe uma de alvenaria. No livro de conta corrente da serraria de Gregório Woehl consta a relação de moradores e a quantidade de madeira doada por cada um para construir uma nova Capela Santa Cruz. O custo total da madeira doada foi de 765.000 Reis. Gregório Woehl fez a maior doação, 200.000 Réis na forma de um desconto do preço total. Jordão Ruthes (1896–1959), casado com Leopoldina Sauer (1891–1965), filha de Nicolau Sauer e Maria Hack, deve ter sido a pessoa que tomou a iniciativa de conseguir os doadores para construção da nova capela.
Lista dos doadores de madeira para construção da Capela Santa Cruz em 1943/1944:
Nicolau Sauer
José Hack Rauen
Francisco Hack
Julio Strack
Maximiano Alves
José Hack de Abreu
Francisco Juswiack
Ildefonso (Dide) Pereira
José Schifler
Gregorio Woehl
Jordão Ruthes
A foto da capela construída com ajuda destes doadores foi tirada em 1960 por ocasião dos festejos do centenário da Capela de Santa Cruz 1860 – 1960. Posteriormente esta capela foi substituída por uma de alvenaria.
A construção da capela Santa Cruz era simples, mas tinha em seu interior uma valiosa obra de arte, uma imagem esculpida de Nossa Senhora da Glória, que foi furtada em 1987 ou 1988. Quem doou a escultura de Nossa Senhora da Glória para a capela Santa Cruz foi Balduina Machado Pereira, que mandou esculpir a imagem em Portugal. Balduina faleceu aos 84 anos, em 13/03/1958, em Mafra, conforme o registro de óbito declarado pelo filho mais novo, Ildefonso Cassias Pereira (nascido no Avencal em 08/10/1910). Portanto, a imagem foi doada antes de 1958. Balduina nasceu em Joinville, em 1874, e se casou aos 17 anos em 29/10/1891, em Campo Alegre SC, com Thobias Attos de Cassias (21/05/1868 São José dos Pinhais PR – 20/09/1938 Mafra SC). Balduina e Tobias são avós de minha tia Anita de Cassias Pereira Woehl, que se casou com meu tio Hypolito Woehl (irmão mais novo de meu pai Germano Woehl).
THEODORO SAUER (1844 – 01/09/1889) e CHRISTINA HACK (24/05/1854 – 24/06/1933)
Pais de Christina Hack: Nicolao Hack e Catharina Clemens
Catharina Clemens nasceu em 22/09/1832, em Rio Negro (PR). Filha de Joannes Clemens (João Clemente) nasceu em 1811, Gerolstein, Rhineland-Palatinate, Alemanha e Christina Sauer (irmã de Pedro Sauer), nasceu em 1812 na Prússia Renana (Rheinpreußen) e morreu em 22/08/1894. Joannes Clemens é filho de Petri Clemens e Margarethae Jarding
Christina Hack Sauer foi uma mulher muito poderosa. Viveu 80 anos. Nos últimos anos de vida foi seu genro, meu avô, Gregório Woehl que dava toda a assistência para ela. Era proprietária de 4.500 alqueires de terra no Avencal e Bituva. Um pouco antes de morrer, dividiu em partes iguais para seus 9 filhos, dando 500 alqueires para cada um. Ela tinha também certa quantidade de moedas de ouro, que dividiu com os filhos, dando um punhado para cada um. Ela construiu sozinha boa parte deste patrimônio. O marido Theodoro Sauer, nosso bisavô, morreu novo, aos 45 anos, em 01/09/1889. Christina Hack deu continuidade ao negócio do marido de conduzir tropas de mulas para levar erva-mate e outras mercadorias do Avencal para o porto de Antonina, no Paraná. No retorno, trazia ferragens e outros manufaturados para vender na casa de comercio de secos e molhados dos Sauer. Neste período ocorriam muitos assaltos nestas rotas e mesmo sendo mulher, ela não tinha medo do perigo.
Quando já era viúva, Christina Hack teve que proteger suas filhas jovens e adolescentes dos integrantes da Revolução Federalista, que passaram pela Estrada Dona Francisca e invadiram sua residência, por volta de 1894. Ela fugiu às pressas com as filhas e as escondeu em um lugar seguro durante vários dias, até os baderneiros saírem da casa dela, que a deixaram imunda, inabitável e consumiram toda a comida estocada.
Christina Hack foi quem pagou o jantar em um restaurante famoso e caro de São Bento do Sul para os convidados do casamento do meu avô Gregório Woehl com minha avó Catharina Sauer, em 12/01/1895, quando já fazia cinco anos que seu marido Theodoro Sauer tinha falecido.
Theodoro Sauer e Christina Hack tiverem 9 filhos:
Magdalena Sauer (nascida em 1873) se casou em 24/07/1890 com José Pickcius Sobrinho (nascido em 1865)
CATHARINA SAUER (25/06/1875 – 01/06/1964) se casou em 12/01/1895 com Gregor Woehl (15/12/1869 - 24/07/1949)
Nicolao Sauer Sobrinho (14/11/1877 - 15/06/1967) se casou em 22/10/1904 com Maria Dionisia Clemente (nascida em 10/06/1886)
Maria Sauer (1880 - 29/06/1927) se casou em 08/05/1899 com José Julio Grein (03/04/1876 - 20/09/1956) e faleceu aos 47 anos de pneumonia
João Nepomuceno Sauer (28/05/1883 - 15/08/1951) se casou em Itaiópolis no dia 25/08/1906 com Angelina Carolina dos Santos (nascida em 26/07/1886)
Isabel Sauer (28/01/1885 - 27/02/1954) se casou em 14/02/1903 com Roberto Woehl (14/11/1876 – 08/08/1952).
José Francisco Sauer (10-10-1886 – 02-12-1906) morreu aos 20 anos. Cometeu suicidio com um tiro de espingarda no peito. Especula-se que foi por causa da mãe desaprovar uma namorada.
Suzana Sauer (06/05/1889 - 29/08/1941) casou em 16/01/1909 com Carlos Frederico Luis Steffen (1884 - 16/11/1948)
Magdalena Sauer
Magdalena Sauer (17/01/1873 – 29/03/1935) era a filha mais velha de Theodoro Sauer e Christina Hack. Casou-se em 24/07/1890 em Rio Negro PR com José Pickcius Sobrinho (02/08/1865 – 02/01/1946), conhecido como Juca Pickcius, que foi inspetor do Quarteirão Avencal de dono de serraria. Após vender a serraria a família se mudou para uma casa ao lado do salão de baile (Salão Catarinense) no Avencal de Cima, que foi construído pelo filho Leopoldo Pickcius que depois vendeu para seu irmão casula Walfrido Pickcius. O sobrenome Pickcius é também grafado na forma Pixius. O casal teve 9 filhos:
Francisca Pickcius (17/11/1892 - 17/08/1984) se casou aos 16 anos em 30/10/1908 com o viúvo Eduardo Wegrzynowski, imigrante polonês, nascido em 1882, 10 anos mais velho do que ela portanto. Eduardo Wegrzynowski tinha casado com Margarida Zerger em 04/06/1906 e tiveram apenas um filho, Adalberto Wegrzynowski, nascido em 07/08/1907. Margarida faleceu após o nascimento deste filho (pode ser que teve problemas no parto). Eduardo se casou com Francisca Pickcius 1 ano e 2 meses depois do nascimento de Adalberto. Francisca faleceu aos 97 anos. Ela foi vítima de violência sexual quando tinha 12 anos, em 1904. Estava sozinha em casa e foi estuprada por um desconhecido que invadiu a residência da família. Houve pressão dos pais para que Francisca, adolescente ainda, com 16 anos, se casasse com Eduardo, para superar logo o trauma da violência sexual que tinha sofrido. Filhos conhecidos:
Rosalia Wegrzynowski (1912–1994) se casou com Leopoldo Grein (1910–1999) que teve como padrinhos de batismo meus avós Gregorio Woehl e Catharina Sauer.
Ludovico Wegrzinowski (03/04/1916 - 26/07/1926) faleceu aos 10 anos de hidropsia Jovino Wegrzynowski nascido em 1924.
Zulmira Wegrzynowski nascida em 1932 se casou com Argemiro Veiga nascido em 1929.
Verônica Wegrzynowski se casou com João Nogueira.
Evaldo Wegrzynowski
Helena Wegrzynowski (13/03/1926 - 23/09/2012) se casou com Henrique Hack (24/06/1923 - 30/06/2010).
Azemiro Wegrzynowsk (04/06/1918 – 02/09/1995) Foi sepultado no Cemitério da localidade de Uvaraneira - Itaiópolis SC
Alfredo Bernardo Pickcius (23/08/1895 - 01/11/1969) se casou em 27/11/1920 em Mafra SC com Francisca Milchalsky (06/02/1895 - 27/02/1966). Moravam no Avencal de Cima, Mafra SC. Filhos conhecidos:
Maria de Lourdes Pickcius (1921–1971) casada com Leonardo Sauer (1917–1985), filho de Rosa Ruthes e Felipe Sauer, primo de Magdalena Sauer (filho de Nicolau Sauer e Maria Hack). Moraram no Campo da Lança, Mafra SC. Maria de Lourdes morreu aos 50 anos por afogamento decorrente de um surto psicótico. Ela sofria de psicose aguda.
Maria da Gloria Pickcius nascida em 15/08/1897, casou-se em 24/01/1931 Mafra SC com Ildefonso Narciso Soares (12/02/1896 -24/08/1953). Ildefonso é irmão de Izolina Narciso Soares, a segunda esposa de José Julio Grein que ficou viúvo de Maria Sauer, irmã de Magdalena, e se casou com Izolina em 12/04/1930 com em Itaiópolis. Ildefonso e Izolina nasceram em Campo Alegre, mas moravam em Itaiópolis.
Luiz Pickcius nascido em 07/02/1900, casou-se em 30/01/1926 em Mafra SC com Virgilia Michalski nascida em 1897.
Leopoldo Pickcius nascido em 15/05/1902 casou-se em 06/04/1929 Mafra SC com Maria Ruthes nascida em 1903, com quem teve dois filhos. Ficou viúvo e se casou novamente com Frida Lisboa.
Antonio Pickcius (21/07/1903– 16/05/1990) se casou em 28/01/1933 em Mafra SC com Etelvina Xavier Paes nascida em 30/09/1912.
Getulio Pickcius (10/06/1906 - 08/10/1973), casou-se em 30/01/1931 em Mafra SC com Francisca Ruthes (17/01/1907 – 18/09/1979).
Rosa Pickcius (05/10/1910 – 11/08/1965) era conhecida como Rosinha Pickcius, casou-se em 30/07/1938 em Mafra SC com Luiz Hack (01/03/1914 – 04/08/1992). Filhos conhecidos:
Jandira Hack nascida em 1939.
Aristides Hack nascido em 1940.
Jovelina Hack nascida em 1943.
Maria Salete Hack nascida em 1954.
Walfrido Pickcius (28/05/1915 – 09/08/1998) se casou em 01/02/1940 em Mafra SC com Frida Simette (14/07/1920 - 19/03/1994). Uma das filhas do casal, Maria Nilse Pickcius (1941 Mafra SC – 28/07/2022 Campos Novos SC), se casou com Cyrillo Schoeffel (20/06/1930 Mafra SC – 06/05/2017 Mafra SC) e adotou o nome de casada como Maria Nilse Picksius Schoeffel. O casal teve 4 filhos. A família viveu no Bituva, localidade do Distrito de Rio Preto, Mafra SC, que fica próxima à divisa com o município de Rio Negrinho SC. Em 1968, Cyrillo Schoeffel abriu uma empresa, Madeireira Schoeffel Ltda, que está ativa até hoje, administrada pelo filho mais velho do casal e fica próxima a ponte da BR-280 sobre o rio Preto. Cyrillo Schoeffel foi homenageado com o nome de uma rua na localidade.
Outros filhos conhecidos do casal foram:
Edgard Pickcius (05/10/1947 – 04/06/2020) casado com Delavir Hack;
Loemir Pickcius
O que se sabe sobre Magdalena Sauer é que era uma moça muito bonita e generosa, costumava tratar bem as visitas, sempre oferecia comida e não deixava irem embora se não comessem alguma coisa.
CATHARINA SAUER
Catharina Sauer (25/06/1875 – 01/06/1964) nasceu em Rio Negro PR e se casou com Gregório Woehl (15/12/1869 - 24/07/1949). Seu padrinho e batizado foi Pedro Sauer (avô paterno) e a madrinha foi Catharina Clemente (avó materna). Faleceu aos 89 anos. O casal teve 8 filhos que estão relacionados na parte de Gregório Woehl.
Catharina Sauer é minha avó (chamada de vó Kéth). Ela era muito extrovertida e festeira também. Todo o aniversário era comemorado com muita festa, mandava matar até um boi para fazer uma churrascada. A história a seguir resume seu jeito de ser. Ela estava usando uma foice para cortar uma planta, uma touceira de capim talvez, e acabou acertando a perna, sofrendo um grave acidente, com um corte profundo, muito sério. As pessoas que estavam com ela entraram em desespero quando viram a gravidade do ferimento. Foi uma correria para levá-la urgente para o hospital. Enquanto minha tia Narcisa Woehl tentava estancar o sangue, amarrando um pano sobre o ferimento, tio Hipólito Woehl foi correndo pegar a camionete. Aí, segurando-a pelos braços, disseram: "Rápido, rápido... vamos, vamos para o hospital...". Vó Kéth parou e respondeu: "Ah, não! Espere aí! Antes eu quero comer, porque estou morrendo de fome." Livrou-se das pessoas que a seguravam, sentou-se à mesa e comeu tranquilamente um reforçado café das três. Só depois concordou ir para o hospital.
Quando conheceu com meu avô Gregorio Woehl, Catharina Sauer falava somente alemão, apesar de ter nascida no Brasil. O que não era problema para se comunicar com nosso avô. Com o passar dos anos, ela aprendeu a falar português.
Maria Sauer
Maria Sauer Nasceu em 1880 e faleceu em 29/06/1927, aos 47 anos, de pneumonia. Casou-se em 08/05/1899 com José Julio Grein nascido em 03/04/1876 em Rio Negro PR faleceu aos 80 anos em 20/09/1956 no Rio da Areia de Cima, Mafra SC, onde residia. O casal teve 6 filhos:
Luiz Grein nascido em 03/11/1901, casou-se com Mathilde Becker (03/01/1906 - 25/02/1942) em Itaiópolis SC, que faleceu nova, aos 36 anos, devido à complicações no parto (sofreu hemorragia). Luiz Grein se casou novamente 15 anos após a morte de Mathilde, em 24/06/1957, com Natalia Miranda.
Roza Grein nascida 28/10/1906.
Leopoldo Julio Grein nascido em 08/03/1909, casou-se em 30/04/1932 com Maria Magdalena Becker (nascida em 1912).
Narciso Grein (20/08/1912 - 06/03/1975), casou-se em 28/09/1935 com Julia Kuss (1916–1966).
Anna Grein nascida em 07/01/1915.
Helena Julia Grein (01/10/1918 - 28/09/1990), casou-se em 18/12/1937 com Jorge Kuss (1914–1991).
Após ficar viúvo de Maria Sauer, José Julio Grein se casou novamente em 12/04/1930 com Izolina Narciso Soares em Itaiópolis. Izolina tinha 36 anos e José Julio Grein 54 quando casaram. Izolina nasceu em Campo Alegre SC, mas morava com a familia em Itaiópolis.
Uma história engraçada sobre o tio Grein, como era conhecido pela família, foi contada pela minha prima Maria de Lourdes Reusing (que soube através de sua mãe, tia Narcisa Woehl, da vó Catharina Sauer Woehl). Tio Grein era muito pão-duro e não dava presentes para o afilhado, meu pai Germano Woehl. Todos ganhavam presentes dos padrinhos, menos o meu pai, e outras crianças tiravam saro dele por isso. Mas um dia, finalmente, tio Grein deu um presente para meu pai: Um lindo cofrinho para guardar moedas.
Nicolau Sauer Sobrinho
Antonio Sauer (29/07/1905 – 30/12/1981) se casou em 14/09/1929 com Rosa Bibow (nascida em 30/08/1910). O casal teve 14 filhos:
Leonides Sauer (08/09/1930 - 31/03/1994) se casou com Maria Roberto e tiveram 3 filhos, Renato Sauer, Edgar Sauer e Álvaro Sauer;
João Sauer (1932 – 2009) não se casou;
Carmelina Sauer (05/02/1934 – 07/02/2014) se casou em 21/07/1956 com José Raulino Hack (14/10/1934 – 07/08/2023), afilhado de meu pai Germano Woehl e Oraide de Almeida, e tiveram 9 filhos: Maria Elair Hack 1957, Cacilda Maria Hack 1959, Elizabete Hack 1961, Aparecida Hack 1964, Elenir Hack 1968, Enedir Hack 1971, Margarida Hack 1973, Beatriz Hack 1975 e Cirineu Hack nascido morto em 1971;
Maria Julita Sauer (1936 – 08/03/1974) se casou com Ireno Clemente. Maria Julita Sauer cometeu suicídio aos 38 anos deixando 8 filhos, crianças e adolescentes: Maria Irene Clemente com 16 anos, Ivone Clemente com 15 anos, Zeneida Clemente com 12 anos, Clementina Anita Clemente 11 anos, Alvino Clemente com 9 anos, Renate Clemente com 7 anos, Jose Eraldo Clemente com 4 anos e Rosa Maria Clemente com 2 anos.
Marino Sauer (14/02/1938 – 10/05/2008) se casou com Maria Inês Machado (1943 - 2013) e tiveram 6 filhos;
José Antônio Sauer (Nico) nascido em 1940, casou-se com a prima Julia Sauer nascida em 1949, filha de Amando Sauer (irmão de Antonio);
Isaíra Sauer (04/06/1943 Avencal Mafra SC - 26/07/2021 Mafra SC) não se casou;
Adelino Sauer (1945 – 2012) não se casou;
Orlando Sauer (1948 – 01/01/2014) se casou com Dazinha Sauer e tiveram 4 filhos;
Irineu Sauer (1950 - 2007) se casou com Isabel Pereira e tiveram 3 filhos;
Germano Sauer (1954 – 2011);
Hilário Sauer se casou com Estela Piaz e tiveram 4 filhos.
Jorge Sauer ( nascido em 02/05/1907) se casou com Maria Eliza Hack, conhecida como Neca Hack, com quem teve 4 filhos, dentre eles: Jovino Sauer, Margarida Sauer e Pedro Sauer. Quando era solteiro Jorge Sauer engravidou a filha de Felipe Grein, mas não se casou com ela por impedimento dos pais.
Francisca Sauer (04/04/1909 Avencal Mafra SC - 10/07/1972 Mafra SC) se casou em 18/07/1931 com Pedro Bueno Veiga (13/01/1907 Itaiópolis SC - 15/10/1988 Curitiba PR). O casal teve 6 Filhos: Maria Zelita Bueno (nome de casada: Maria Zelita de Carvalho), Victor Bueno, Maria Ignes Bueno (nome de casada: Maria Ignes Rodrigues), Maria Jacy Veiga (conhecida por Gecilda, nome de casada: Maria Jacy Coraiola), Jandira Bueno, Auli Francisca Bueno (nome de casada: Auli Francisca Nogueira).
Amando Sauer (18/06/1911 Avencal Mafra SC – 10/03/1976 Avencal Mafra SC) se casou em 23/12/1944 em Itaiópolis com Nartilia Veiga (27/02/1923 Itaiópolis – 04/08/1949 Itaiópolis) ficou viúvo e se casou novamente em 23/04/1955 Avencal Mafra SC com Dolaria Hack (nascida em 29/11/1932).
Heleodoro Sauer nascido em 26/06/1913 Avencal Mafra SC, casou-se em 27/07/1940 em Mafra com Margarida Weiss nascida em 04/10/1920 São Bento do Sul SC. Era conhecido como Dório.
Zulinda Sauer nascida em 02/07/1915 Avencal Mafra SC, casou-se em 28/06/1941 Mafra com Servino Albino Hack (20/03/1914 Avencal Mafra SC – 10/07/1995 Mafra SC).
Salvador, Manuel e Miguel Sauer (trigêmeos) Nasceram e faleceram em 14/04/1920.
Maria Francisca Sauer nascida em 04/02/1924 Avencal Mafra SC, casou-se em 21/10/1944 Avencal Mafra SC com Carlos Richter nascido em 28/12/1923
Muitos parentes por parte dos Sauer foram para Itaiópolis e casaram com itaiopolenses. Alguns foram por volta de 1910, outros mais tarde. Um caso interessante é de Amando Sauer (sobrinho da minha avó Catharina Sauer Woehl), filho de Nicolau Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente.
Amando Sauer (18/06/1911 – 10/03/1976) se casou perto do Natal em 23/12/1944, com a itaiopolense do Rio Vermelho, 12 anos mais nova do que ele, Nartilia Veiga, nascida em 27/02/1923. Nartilia é filha de Ermelindo Miguel da Veiga e Guilhermina Martins, moradores do Rio Vermelho, em Itaiópolis SC.
Nartilia Veiga Sauer morreu jovem, aos 26 anos, em 04/08/1949, em decorrência de uma anemia profunda ou leucemia, não se sabe, deixando uma filhinha de apenas 3 meses, Julia Sauer, a única filha do casal.
Julia Sauer foi criada pelos avós Nicolau Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente. Amando Sauer se casou em Itaiópolis com Nartilia Veiga, mas veio morar no Avencal, onde comprou a casa antiga do vô Gregório Woehl e morava nessa casa. Nartilia adoeceu gravemente após o nascimento da filha Julia Sauer e não tinha condições de cuidar de seu bebê. Então, o bebê já estava sob os cuidados dos avós antes da mãe Nartilia falecer.
Amando Sauer se casou novamente, cinco anos mais tarde, em 23/04/1955 com Dolaria Hack, de 23 anos, nascida em 29/11/1932, 22 anos mais nova do que ele, filha de João Hack.
Julia Sauer se casou com seu primo em primeiro grau, José Antônio Sauer, filho de Antônio Sauer e Rosa Bibow. Antônio era o irmão mais velho de Amando Sauer (filhos de Nicolau Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente). Na foto da família, Antônio é o menino que está com o cachorro. Antônio Sauer e Rosa Bibow tiveram 14 filhos.
Quem me deu as informações acima foi a prima Maria de Lourdes Reusing, que morou no Avencal e conviveu com estas famílias.
Jessica Schifler conseguiu mais informações com o avô do marido dela (familia Schifler), que são estas.
Julia Sauer ainda é viva. Mora em Rio da Areia de Baixo em Mafra. O marido de Julia José Antonio Sauer é conhecido como Nico Sauer.
Agradeço à prima Maria de Lourdes Reusing e a Jessica Schifler pelas e informações e fotos que tornaram possível resgatar a história do destino do bebê sobrevivente Julia Sauer.
João Nepomuceno Sauer
João Nepomuceno Sauer (28/05/1883 - 15/08/1951) se casou na igreja Santo Estanislau do Alto Paraguaçu, em Itaiópolis SC, no dia 25/08/1906 com Angelina Carolina dos Santos (26/07/1886 - 18/03/1970) que também aparece nos registros com o nome Angelina Lourenço e Angelina Carolinda dos Santos.
São estes os 3 filhos conhecidos do casal:
Rosalina Sauer (06/09/1908 Avencal - 27/07/1985 Curitiba) casada com Augusto Streit (15/04/1919 - 29/10/2001). Rosalina era professora e conheceu seu futuro marido Augusto Streit quando foi dar aulas na localidade do Bituva, em Mafra SC.
Filhos do Casal:
Arino Streit
Nadir Streit
Helena Streit gêmea de Nadir)
José Eloi Streit
Francisco Nepomuceno Sauer (03/12/1911 Avencal - 18/08/1984 Mafra) se casou em 25/09/1935 com Francisca Hack Rauen (05/03/1911 - 28/08/2004). Francisco conhecido como Francisquinho foi empregado de meu pai Germano Woehl na atividade de apicultura. Era especializado em soldar as tampas das latas de mel. Também trabalhou no moinho de meu pai.
Filhos do casal:
Dinacir Sauer (14/12/1943 Mafra SC – 28/02/1946 Mafra SC) morreu com 2 anos e 3 meses, vitima de um tiro acidental de espingarda disparado pelo irmão Florisvando, de 11 anos, que estava brincando com a arma após tê-la alcançado da parede do quarto onde estava pendurada. Florair Sauer (21/12/1941 Mafra SC–26/02/2014 São Bento do Sul SC) casada com Jovino Wegrzynowski (08/03/1924 Itaiópolis SC–14/05/2010 Mafra SC).
Florisval Sauer
Florisvando Sauer (03/02/1938 – 19/06/2015)
Emma Maria Sauer nascida no Avencal em 03/07/1916. Usava o nome Noêmia. Casou-se com Adolfo Pscheidt e viveu em Itaiópolis SC.
O casal teve 4 filhos:
Acir Pscheidt (03/02/1944 Mafra SC – 07/05/1970 Itaiopolis SC).
Alir Pscheidt
Romilda Pscheidt
Waldir Erotides Pscheidt
Suzana Sauer
Suzana Sauer (06/05/1889 - 29/08/1941), a filha mais nova de Theodoro Sauer e Christina Hack, casou-se aos 19 anos com Carlos Frederico Luis Steffen (06/01/1884 - 16/11/1948), batizado na Igreja Luterana de Joinville com o nome Karl Fritz Louis Steffen. O casamento foi realizado em 16/01/1909 na igreja de Rio Negro PR. O casal foi morar com a mãe de Suzana, minha bisavó Christina Hack Sauer, que sustentou o casal e seus 11 filhos, lhe consumindo até a última cabeça de gado de sua fazenda. Os 11 filhos do casal foram praticamente criados pela minha bisavó Christina Hack. O casal teve uma vida bastante conturbada, com brigas constantes, separações temporárias, mas acabarem bem. Suzana Sauer chegou a ser noiva de seu primo Theodoro Sauer (filho de João Sauer Sobrinho), mas romperam o noivado e Theodoro se casou com minha tia Estephania Woehl. Suzana Sauer era chamada de Zana pela família.
Carlos Steffen era latoeiro, um excelente profissional, que fazia formas de pão e outros utensílios de latas, reaproveitando as embalagens descartadas de produtos alimentícios. Foi ele que ensinou Francisco Nepomuceno Sauer (03/12/1911 – 18/08/1984), conhecido como Francisquinho, o ofício de soldar latas, aprendizado que foi necessário para a função que exercia na soldagem das tampas de latas de mel quando trabalhou por muitos anos para meu pai, Germano Woehl, na atividade de apicultura.
São estes os 11 filhos de Suzana Sauer e Carlos Steffen:
Paulo Steffen (26/10/1909 Avencal Mafra SC - 20/09/1969 Avencal Mafra SC)
Cristina Steffen (21/10/1911 Avencal Mafra SC – 12/10/1977 Curitiba). Casou-se aos 39 anos no dia 04/11/1950 em Mafra SC com José Alves Hack (11/10/ 1910 - 22/08/1983). Eles viviam juntos antes do casamento. Tiveram 10 filhos: Antenor Steffen (1931–1994, filho de solteira que Cristina Steffen teve aos 19 anos), casou-se com Gineis Ochinski e viveram em Itaiópolis. Margarida Hack (1933–), Ernesto Hack (1935-), Emilia Hack (1937–1995) se casou com Otto Wünsche e viveram em Itaiópolis, Maria Rosa Hack (1939–), Tereza Hack (1940–), Juvita Hack (1945–), Ines Hack (1947–), Zília Hack (1949–), Dirlene Hack e Miguel José Hack (1952–1952). Antenor Steffen era relojeiro em Itaiópolis e antes trabalhou na ferrovia, na extinta RFFSA, onde sofreu um acidente e perdeu a perna.
Elsa Steffen (1914 – 01/10/1937). Morreu aos 23 anos. Tinha deficiência que lhes causada quedas com frequência, deixando seus joelhos permanentemente machucados. Parentes lembram que ela tinha uma aparência que chocava as pessoas: Cabelos longos que cobriam e escondiam seu rosto e ela olhava através dos fios de cabelo.
Mathilde Steffen (01/05/1917 - 2014) nasceu no Avencal, Mafra SC, e se casou em 20/07/1943 com Erotides Pacheco de Lima (27/04/1920 - 28/02/1986), filho de Joaquim Pacheco de Lima, dono do Cartorio de Registro Civil do distrito do Rio Preto do Sul. Mathilde foi professora da rede pública do ensino fundamental em Mafra SC. Erotides foi homenagedado com nome de rua em Mafra SC: Rua Pioneiro Erotides Pacheco de Lima, Vila Formosa, Mafra - SC - CEP 89304-066
Luiz Steffen (15/11/1919 Avencal Mafra SC – 11/06/1967 Cascavel PR). Foi batizado em 24/11/1919 na Capela Santa Cruz, Avencal, Mafra SC e os padrinhos de batizado foram: Nicolau Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente. Casou-se no Avencal, em Mafra SC, no dia 04/01/1947, com Rosa de Aviz (14/02/1921 – 20/01/1954), filha de Gregorio Manoel de Aviz e Ana Sauer. O casal teve apenas uma filha, Aida Steffen. Após ficar viúvo se casou novamente em Cascavel PR com Maria da Gloria Rodrigues, com quem teve 5 filhos. Luiz Steffen trabalhava para o marido de minha tia Narcisa Woehl, Alexandre Kosteski (20/01/1916 - 27/02/1939), e estava junto com ele no dia que foi golpeado com uma foice na cabeça e morreu 15 dias depois no hospital, aos 23 anos.
Adolfo Steffen nascido em 09/01/1922 Avencal, Mafra SC. Casou-se no Avencal, Mafra SC, no dia 26/08/1948 com Maria Joana Lisboa (09/04/1931 - 06/02/1980).
José Steffen nascido em 30/07/1924 Avencal, Mafra SC. Casou com Hilda Fragoso
Otto Steffen (10/06/1927 Avencal, Mafra SC - 30/10/1990 Mafra SC). Casou-se no Avencal, Mafra SC, em 30/12/1953 com Tereza de Andrade, nascida em 15/11/1929.
Jovino Steffen nascido em 11/12/1928 Avencal, Mafra SC.
Irene Steffen nascida em 1934 Avencal, Mafra SC.
Os pais de Carlos Steffen são Christoph Heinrich Steffen (Cristovão Henrique Steffen) e Friderica Charlotte Wilhelmine Voss (Frederica Charlota Guilhermina Voss). Eles eram protestantes (Evangélicos Luteranos) e casaram na igreja Luterana de Joinville em 20/06/1872. A noiva Guilhermina tinha 23 anos e o noivo Cristóvão, 33 anos.
Christoph Heinrich Steffen n(28/07/1839–19/08/1911) nasceu na vila de Tockendorf, Schleswig-Holstein que hoje é um estado da Alemanha, mas a partir de 1864 até 1915 pertencia ao Império Austro-Hungaro. Christoph Heinrich Steffen emigrou para o Brasil neste período, ou seja, com o passaporte do Império Austro-Hungaro, quando tinha 24 anos. Viajou no navio Najade que saiu do porto de Hamburgo em 10/06/1864 e chegou ao porto de São Francisco do Sul em 02/09/1864. Faleceu em Joinville em 19/08/1911 aos 72 anos. Foi sepultado no Cemitério Evangélio Luterano de Joinville.
Friderica Charlotte Wilhelmine Voss (16/03/1849 – 08/10/1888) nasceu em Brimerburg, Mecklenburg-Vorpommern, Alemanha. (na época da imigração era Reino da Pomerânia)
Os filhos do casal, todos nascidos em Joinville, são foram estes:
Ida Anna Christine Steffen (16/05/1873 08/08/1878)
Joachim Heinrich Julius Steffen nascido em 06/01/1876
Anna Auguste Charlotte Steffen nascida 02/02/1878
Helene Steffen (1880– 13/09/1881)
Augusto Frederico Joaquim Steffen 28/02/1882–07/08/1956
Carlos Frederico Luis Steffen (06/01/1884–16/11/1948)
Emma Anna Francisca Steffen nascida em 25/10/1886
JOÃO SAUER SOBRINHO e GENOVEVA RAUEN
João Sauer Sobrinho (01-08-1842 - 01-02-1921) se casou com Genoveva Rauen (28/06/1849 - 13/09/1925) em 28/10/1867 e tiveram 12 Filhos. João Sauer Sobrinho era o mais rico de todos os Sauer. Sua principal atividade econômica foi a casa de comércio no Avencal, às margens da antiga Estrada Dona Francisca, próximo à ponte sobre o rio da Areia. Era um grande centro comercial, completo, que oferecia aos clientes uma vasta gama de produtos, deste jóias de ouro, bebidas finas, como vinho do Porto, máquinas de costura, tecidos, seda, rendas finas até máquinas agrícolas. Era também um ponto de parada de tropeiros. Além deste centro comercial muito forte, João Sauer Sobrinho tinha outras atividades comerciais bastante rendosas como era compra e venda de erva-mate e criação de gado. Sua imponente sepultura no Cemitério Santa Cruz revela que se tratava de uma pessoa muito rica. Mas nos últimos anos de sua vida os negócios já não iam tão bem e somados aos problemas com os filhos, que o decepcionaram, o fizeram a entrar em depressão e a se entregar ao alcoolismo. Então, os conflitos familiares se intensificaram e seu patrimônio foi derretendo até acabar.
Filhos do casal João Sauer Sobrinho e Genoveva Rauen:
Nicolau Sauer (14/12/1868 Mafra SC – 1955)
Pedro Sauer Neto (20/01/1871 Mafra SC - 24/05/1902 Mafra SC) Sofria de epilepsia e teve um ataque próximo a um local de captação de água onde morreu afogado.
Christina Sauer (21/09/1872 Mafra SC - 21/10/1886 Mafra SC)
Maria Sauer (08/06/1874 Mafra SC - 29/06/1955 Mafra SC) se casou com André Antonio Woehl
João Sauer Junior (12/06/1876 Mafra SC - 31/01/1945 Campos Novos SC) se casou com Maria Xavier Paes (25/03/1886 Mafra SC - 01/07/1954 Itaiópolis SC), irmã de João Xavier Paes. Era conhecido como Jango Sauer. Foi para Campos Novos SC.
José Thomaz Sauer (1879 Mafra SC - 22/05/1905 Mafra SC) morreu afogado na ao maltratar um cavalo. Obrigava o cavalo já cansado a nadar com ele montado em cima, atravessando o rio da Areia durante uma enchente de uma margem para outra, várias vezes. Num determinado momento o cavalo emergiu do outro lado do rio sem ele.
Theodoro Sauer (23/02/1881 Mafra SC - 30/03/1966 Guarapuava PR) se casou com Estephania Woehl
Luisa Sauer (nascida em 1883) se casou com João Xavier Paes (acusado de participação no assassinato de André Antonio Woehl). Filha do casal Maria Eugenia Xavier Paes cometeu suicídio aos 18 anos com arma de fogo por ter engravidado de um tropeiro quando parava em Itaiópolis SC para aprender costura e o rapaz desapareceu quando soube da gravidez da namorada. Ela usou o revolver que o tropeiro tinha deixado como garantia que voltaria do Rio Grande do Sul, mas nunca mais voltou.
Rosa Sauer (04/09/1885 Mafra SC - ?) se casou com o tropeiro João Vicente Beira (25/09/1882 Balsa Nova, Lapa, PR - ?) que assassinou André Antonio Woehl
Leopoldina Sauer (26/04/1888 Mafra SC - 09/09/1961 Itaiópolis SC) se casou com Nicolau Grein e morava em Itaiópolis SC
Anna Sauer (21/01/1891 Mafra SC - 17/06/1969 Mafra SC) se casou em 05-12-1914 com Gregorio Manoel de Aviz (24/01/1881 Biguaçú SC - 23/11/1951). Gregorio Manoel de Aviz era conhecido como Gregorinho e veio para o avencal para trabalhar na construção da ferrovia. São avós do Cardeal Dom João Braz de Aviz (filho de João Avelino de Aviz e Juliana Hack de Aviz).
Narciso Sauer (31/05/1893 Mafra SC – 05/12/1970 Guarapuava PR) se casou em 30/10/1914 com Quintilhana Clemens (ou Clemente) (1894 Mafra SC - 02-04-1960 Guarapuava PR). No final dos anos 40 foi para Guarapuava PR, distrito de Palmeirinha, onde o irmão Theodoro Sauer estava morando com a filha Lydia Sauer Bastos.
Anna Sauer
Ana Sauer também teve eclampsia (como a Maria Elisia Bello Woehl esposa do Roberto Woehl Sobrinho, que foi internada no hospício em Joinville após o parto, onde morreu 8 anos depois). Foi na gravidez do primeiro filho, João Avelino de Aviz, pai do Cardeal Dom João Braz de Aviz. Ana tinha distúrbios mentais freqüentes. Certa vez, Amália Woehl Paes Grein (in memoriam), lembra que acompanhou sua avó Maria Sauer Woehl na visita à Ana Sauer, que é irmã de Maria. Naquele dia ela estava bem fora de si. Ana as conduziu para a sala e começou a rezar em frente de cada quadro que tinha na parede da sala.
A vida de Ana Sauer não foi fácil. Na juventude era uma mulher muito bonita e atraente. Existe uma história que ela ficou grávida quando era solteira de Felipe Grein, irmão de Nicolau Grein que se casou com Leopoldina Sauer (irmã de Ana). O filho desta gravidez seria João Avelino de Aviz (pai do Cardeal Dom João Braz de Aviz).
Quando soube da gravidez da filha, o pai João Sauer Sobrinho a trancou dentro de casa e arranjou um marido para a filha. Fez uma proposta para o ferroviário Gregório Manoel de Aviz para ele casar com sua filha Ana e assumir a paternidade da criança, oferecendo-lhe dinheiro e um terreno. Gregorinho, como era conhecido, tinha acabado de chegar ao Avencal (Tingui) para trabalhar na construção da estrada de ferro aceitou casar com Ana.
Verificando-se os registros de casamento de Ana e Gregorinho, realizado em 05/12/1914, e o registro de nascimento do primeiro filho, João Avelino de Aviz, que foi em 10/11/1915, a história é inconsistente. Os registros estão em ordem de data e eram feitos no cartório de Rio Negro PR nessa época, porque o Avencal pertencia ao Paraná. Porém, o parto era feito em casa por parteiras da comunidade e o registro baseado apenas na declaração do pai. Muitas crianças sequer eram registradas, ou demoravam-se meses para os pais registrarem, muitas vezes pela dificuldade de deslocamento até os cartórios. Portanto, era possível Gregorinho ter ido até o cartório dez meses após o casamento e fazer o registro de nascimento da criança como se fosse dele e declarando uma data conveniente para o nascimento.
Esta história foi revelada para o Cardeal Dom João Braz de Aviz quando ele era padre e vinha todos os anos no dia de finados junto com seu irmão mais velho e também padre José Amauri de Aviz (falecido em 13/05/2018) rezar missa no Cemitério Santa Cruz, no Avencal, Mafra (SC), onde seus pais estão sepultados. As pessoas que testemunharam a revelação contam que o Padre Amauri interveio na conversa por achar inconveniente e tentou interromper o locutor, mas D. João Braz quis ouvir a história até o final.
Ana Sauer e Gregorinho de Aviz passaram por muitas dificuldades financeiras ao longo da vida, não conseguiam sustentar a família. Ficaram na mais completa miséria quando acabou o grande patrimônio de João Sauer Sobrinho.
Meus tios Hipólito Woehl e Anita de Cassias Pereira Woehl ajudaram a cuidar de Ana Sauer quando ela era idosa e muito doente. A casa deles ficava próxima de onde Ana morava com o filho José de Aviz casado com Maria Hortência Hack. Minha tia Anita levava sopa todos os dias e dava banho nela. Ana dormia num quarto escuro, com janelas de madeira. Quando a encontraram em situação deplorável, se cobrindo com apenas uma capa sobretudo velha e toda rasgada, meu tio Hipólito foi imediatamente até Mafra e um cobertor para ela.
Nas férias eles vinham buscar os filhos e aproveitavam para visitar os parentes. Na época de frutas, faziam doce de peras para levar. Izabel de Aviz se ordenou freira. Mas quando sua mãe Juliana Hack de Aviz ficou doente ela saiu da congregação para cuidar dela, deixou a ordem religiosa e formou-se psicóloga. Ela tem uma clínica em Brasília.
Juliana Hack é filha de Luiz Albino Hack (1892–1980) e Josefa Grein (1892–1932) e neta de João Albino Hack (1865–1931) e Leopoldina Pickius (1872–1943). Juliana é descedente do casal de imigrantes alemães Pedro Hack (1804–1881) e Elisabetha Peters (1808–1850) que se estabeleceram em Rio Negro, PR. Josefa Grein é irmã de Felipe Grein. Leopoldina Pickcius é irmã de José Pickcius Sobrinho (Juca Pickcius) que se casou com minha tia avó Magdalena Sauer (irmã mais velha de Catharina Sauer Woehl)
João Sauer Junior
João Sauer Junior (12/06/1876 Mafra SC - 31/01/1945 Campos Novos SC) se casou em 18/01/1902 com Maria Xavier Paes (25/03/1886 Mafra SC - 01/07/1954 Itaiópolis SC), irmã de João Xavier Paes. Era conhecido como Jango Sauer. Após ter casado morou com a família no Rio da Areia de Cima (Avencal de Cima), Mafra SC, durante muitos anos, até 1925 pelo menos, porque sua filha mais nova Maria da Luz Sauer nasceu neste ano nesta localidade. Depois foi embora para Campos Novos SC. Ele vendeu suas propriedades às pressas por um preço muito baixo. Uma das áreas vendidas era repleta de madeira de lei, imbuia e araucárias (pinheiro), O comprador foi Theodoro Kozak, que deu uma pequena entrada e pagou o restante com a madeira que extraiu do próprio terreno. Chegou a instalar uma serraria dentro desse terreno de tanta madeira que tinha lá.
Jango Sauer e Maria Xavier Paes tiveram 12 filhos:
Getulio Sauer (31/01/1905 Avencal - 07/07/1978 Salgado Filho PR) se casou em 09/06/1926 com Maria Izabel Grein (05/11/1904 Avencal – 16/11/1948 Campos Novos SC).
Ernesto Sauer nascido em 26/05/1908 nascido em 26/05/1908, se casou com Julianna Roberto (19/09/1910 Itaiópolis – 25/04/2007 Itaiópolis) o dia 06/05/1931 no Paraguaçu em Itaiópolis SC. Filho conhecido: Ayres José Sauer casado com Maria Dolores
João Sauer Neto nascido em 1917.
Juvino Sauer (07/10/1918 Avencal – 14/11/1918 Avencal). Vitima da gripe espanhola (virus influenza H1N1).
Lucilia Sauer (07/10/1918 Avencal - 18/11/1918 Avencal). Vitima da gripe espanhola (virus influenza H1N1).
Victor Sauer nascido em 17/10/1919.
Damasio Sauer (19/10/1921 Avencal - 28/10/1921 Avencal).
Waldemiro Sauer nascido em 19/10/1921.
Hypolito Sauer (22/05/1923 Avencal – 22/12/1931 Avencal).
Ernestina Sauer (08/1924 Avencal – 28/11/1924 Avencal).
Maria da Luz Sauer (08/10/1925 Avencal - 12/06/2007 Coronel Vivida PR) se casou em 27/01/1942 com Sypriano Ramos (nascido em 08/05/1924, Campos Novos SC). Foi assassinado a tiros (executado) por motivo de vingança dentro de casa na frente da esposa e das crianças. Anos mais tarde Maria da Luz se casou novamente com Aedyr José Gehlen (1927 Guaporé RS - 1997) e foi viver no Rio Grande do Sul
José Sauer
Leopoldina Sauer
Leopoldina Sauer (26/04/1888 Mafra SC - 09/09/1961 Itaiópolis SC) se casou no Natal, em 25/12/1909 com Nicolau Grein (17/01/1887 - 13/07/1937). Morou na localidade de Uvaraneira, em Itaiópolis SC. Quando ficou idosa, Leopoldina Sauer Grein foi morar como o filho Argemiro Braz Grein casado com Amália Woehl Paes Grein, que cuidou dela durante muitos anos. Nicolau era negociante de erva-mate (compra e venda) em Itaiópolis.
Filhos de Leopoldina Sauer e Nicolau Grein:
Julita Grein (06/03/1914 Itaiópolis SC – 05/08/1983 Mafra SC) se casou em 16/05/1936 com Miguel Hirt (18/04/1910 Itaiopolis SC – 25/02/1989 Rio Negro PR)
João Hercilio Grein (08/02/1917 – 01/11/1999) se casou com Otilia Hirth (14/03/1918 – 23/09/2002).
Maria Grein (24/04/1919 Itaiópolis SC – 21/05/2004 Itaiópolis SC) se casou em 19/07/1941 com Alfredo Kuss (18/08/1917 – 09/01/2002)
Argemiro Braz Grein (03/02/1923 Itaiópolis SC– 07/07/2000 Mafra SC) se casou em 29/10/1949 com Amalia Woehl Paes Grein.
Orestes Francisco Grein (02/04/1931 Itaiopolis SC – 27/10/2010 Curitiba PR). Tornou-se padre e após alguns anos abandonou o sacerdócio e se casou com Cecília Grein.
Narciso Sauer
Narciso Sauer (31/05/1893 Avencal Mafra SC – 05/12/1970 Guarapuava PR) e Quintiliana Clemente (sobrenome traduzido Clemens) (1894 Avencal – 02/04/1960 Guarapuava PR) venderam a propriedade no Avencal do Meio, em Mafra SC e foram embora para Guarapuava PR, distrito de Palmeirinha, no mesmo distrito onde Theodoro Sauer estava morando com a filha Lydia Woehl Sauer Bastos. No final de sua vida, Narciso Sauer foi morar com a família de sua filha Martinha Sauer Hiert, em Guarapuava PR.
O casal teve seis filhos:
Julieta Sauer (27/10/1915 no Avencal, Mafra SC - 04/07/2006 Guarapuava PR) se casou em 01/10/1938 Mafra SC com Eduardo Rückel (28/02/1914 Itaiópolis SC - 24/12/1973 Guarapuava PR)
Erminia Sauer (28/10/1917 Avencal, Mafra SC – 28/02/1995 Guarapuava PR) Casou em 18/05/1946 Guarapuava PR com Luiz Ultz (27/04/1917 Mafra SC – 04/01/1983 Guarapuava PR)
Martinha Sauer (08/01/1920 Avencal, Mafra SC – 30/12/2010 Guarapuava PR) casou em 16/09/1944 Mafra SC com Alfredo Hiert (06/06/1920 Avencal, Mafra SC - 23/12/2008 Guarapuava PR)
Jorge Nicanor Sauer (10/01/1925 Avencal, Mafra SC – 13/03/1977 Guarapuava PR)
Evaldo Sauer (28/08/1927 Avencal, Mafra SC – 09/05/1976 Guarapuava PR
Helena Sauer (1930 Avencal, Mafra SC –? Casou em 29/07/1967 Palmeira PR com Antonio Cardoso Monteiro
Raul Sauer (1933 Avencal, Mafra – 10/02/1969 Guarapuava PR)
Narciso Sauer foi quem doou o terreno onde fica atual Capela Santa Cruz, na BR-280, Avencal do Meio. Sua casa de madeira, onde nasceram todos os filhos, ainda existia em 2023. Fica na estrada oposta àquela que vai para o cemitério Santa Cruz, 50 metros da BR-280.
Parentes que ficaram em Gablonz - Boêmia
As informações sobre os parentes que não emigraram, ou seja, que permaceram em Gablonz, na extinta Boêmia, foram obtidas pelas fotos que meus bisavós trouxeram na bagagem, cartas e o registro civil digitalizado disponíveis na internet pelo site FamilySearch. As fotos e cartas preservadas pela família estão publicadas neste texto. Uma foto importante dos pais e irmãos do meu bisavô Gregorio Woehl (Gregor Wöhl) ficava em um quadro na sala da casa meus avôs Gregório Woehl e Catharina Sauer no Avencal. Após o falecimento de meu avô, meu tio Antônio Woehl pediu para minha avó esta foto, porque um dos irmãos do bisavô, Andreas Wöhl, era loiro e muito parecido com seu filho José Antonio Woehl e esta foto não foi mais encontrada.
Sabe-se que foram trocadas muitas cartas com os parentes que ficaram em Gablonz. Estas cartas acabaram desaparencendo. Restaram apenas as cartas mais recentes de Rosl Bär enviadas para meu avô Gregório em 1948 com pedido de ajuda. São as cartas que estão publicadas neste texto. As filhas de Julia Woehl Heller que foi morar em Corupá, Emma Heller e Adele Heller, enviaram cartas pedindo sementes do pinheiro de Natal (Tannenbaun) e foram atendidas. As sementes minusculas foram remetidas no meio de uma carta. Uma das sementes germinou e a muda de pinheiro foi plantada no quintal da casa deles, às margens do rio Novo, em Corupá SC, onde se desenvolveu um imponente pinheiro que se encontra lá até hoje.
Encontrar descententes da família em Gablonz, onde atualmente é Jablonec nad Nisou, República Tcheca, é muito dificil porque houve expulsão dos alemães daquela região após o fim da Segunda Gerra Mundial, em 1945. No entanto, aqueles que tinham profissões relacionadas com a atividade das indústrias de artigos de vidro e aqueles que casaram com tchecos e seus descendentes puderam permanecer e, portanto, pode haver descententes ainda vivendo na região atual de Liberec, a qual inclui Jablonec nad Nisou e cidades vizinhas.
Os parentes que ficaram em Gablonz se deram muito, pelo menos até 1945. Tiveram profissões muito valorizadas na famosa indústria de artigos de vidros de Gablonz. A maior ascenção social que se tem registro foi obtida pela filha do primo do bisa Bertha Julie Wöhl, descendente do tio mais velho do bisa, Franz Wöhl (mesmo nome do pai, meu 4º. avô), que passaram a ocupar o lote 140 da vila de Wiesenthal. Bertha Julie Wöhl se casou aos 22 anos em 08/07/1916 com um ricaço de Gablonz, Rudolf Jäger (se pronuncia iéguer) 23 anos, filho de empresários da milionária indústria de artigos de vidro de Gablonz, tanto pela parte paterna como materna (Hoffmann). Observem a tradução das atividades dos pais do noivo que estão no registro de casamento: "Glasperlen Erzeuger" (Glasperlenerzeuger cf. registro) = fabricante de pérolas de vidro. "Glaswareerzeuger" = fabricante de artigos de vidro. O registro de casamento informa também que o pai da sogra de Bertha Julie Wöhl, Wilhelm Hoffmann, era judeu.
A família Jäger deveria ser muito rica mesmo. Chamou minha atenção os jazigos monumentais dessa família que eu observei no cemitério de Wiesenthal, quando visitei o local em 20 de Setembro de 2019. Mas naquele dia não imaginava que os Jäger se misturaram com meus parentes Woehl.
Nos cemitérios, conseguimos achar pelo menos uma sepultura de parentes que ficaram em Gablonz. Foi no cemitério abandonado da vila de Hennersdorf (atual Jindrichov), que fica no vale, pertinho do local onde os Woehl moravam, vila Wiesenthal 140. A sorte foi grande, porque só restaram algumas sepulturas com identificação e uma delas é de nossos parentes.
Trata-se de Gustav Klamt, nascido em 15/05/1879 que se casou com Maria Wöhl em 25/10/1902 na vila de Wiesenthal 140. Ele faleceu em 23/05/1952 aos 73 anos. Maria Wöhl, nascida em 04/04/ 1881, é filha Heinrich Wohl e Franziska Svatek (tcheca), esposa do primeiro casamento. Heinrich é filho do primo do meu bisavô Gregório Woehl, que foi morar no mesmo endereço, Wiesenthal 140. Maria é meia irmã de Bertha Julie Wöhl que se casou com Rudolf Jäger, filho de empresários da indústria de vidros de Gablonz. A profissão de Gustav Klamt era coureiro (Gürtler), que fabrica artefatos em couro, como cintos, selaria para cavalos etc. Pelo padrão do jazigo era de família bem de vida.
Repare Gustav Klamt foi sepultado ali em 1952. Significa que ele não foi expulso (em 1945), porque ele podia ficar por 2 critérios: 1) Casado com descendente de tcheco (a sogra Franziska Svatek era tcheca); 2) tinha profissão (a mesma do pai, Gürtler, artesão que fabrica artigos em couro).
Provavelmente os conjuges (Maria Woehl e outros) estão neste jazigo e seus nomes estavam na placa à direira, que foi depredada. As fotos deste cemitério abandonado da vila de Hennersdorf (atual Jindrichov) estão publicadas neste album do Facebook. Este cemitério foi criado em 1899. Os parentes que morreram anteriormente foram sepultados no cemitério da vila de Wiesenthal.
Parentes que lutaram na Primeira Guerra Mundial
Além de Maria Wöhl casada com Gustav Klamt, Heinrich Wöhl, primo de Gregor Wöhl, teve depois dela outros três filhos com a primeira esposa, Franziska Svatek: Heinrich Wöhl (27.01.1883 – 21.06.1915), que casou em 30.08.1908 com Antonia Nowotny, nascida em 02.02.1887 na vila de Weißbach, 246 Friedland; Augusta Wöhl, nascida em 24.01.1885 que casou em 26.01.1907 com Augustin Gustav Schwedler, nascido em 01.08.1876 na vila de Hennersdorf, 71; Gustav Wöhl (06.06.1889 – 07.06.1892).
O filho com o mesmo nome do pai, Heinrich Wöhl (27.01.1883 – 21.06.1915), foi uma das vítimas da Primeira Guerra Mundial. Seu nome está no memorial dos 873 combatentes de Gablonz mortos e desaparecidos na Primeira Guerra Mundial, entre 1914-1918, que foi inaugurado no dia 11.10.1936 no Parque Tyršovy Sady (antigo Stadtpark). Eles lutaram em defesa dos territórios do Império Austro-húngaro.
Heinrich morreu aos 32 anos, no dia 21.6.1915, em Krasnoiarsk, capital da Sibéria, como prisioneiro de guerra da Russia. Heinrich Wöhl era da Infanterie Regiment Nr. 94 Os russos informaram que ele morreu de infecção generalizada devido a uma Peritonite, que é uma infecção causada por perfuração do intestino. Devem ter deixaram agonizando, sem atendimento médico dos ferimentos, com frio e fome. Ele foi capturado pelos russos logo no início da guerra e, muito ferido provavelmente, foi enviado para este campo de concentração na Sibéria, local que fica a 5.644 km de Gablonz.
Estes combates ocorreram bem longe de Gablonz, como nos Balcãs e no Tirol (Monte Pasubio em Vêneto, por exemplo) para defender os territórios do Império Austro-húngaro das invasões das tropas russas e de seus aliados. O registro de óbito foi feito pela Igreja Evangélica Luterana de Gablonz porque consta em seu registro de nascimento que em 06.05.1900, aos 17 anos, Heinrich decidiu mudar de religião. Ele deixou a esposa Antonia Nowotny viúva aos 28 anos e certamente o casal tinha filhos porque casaram em 30.08.1908.
Cartas de Rosl Bär para meu avô Gregorio Woehl
Rosl Bär era bisneta do irmão de meu bisavô Gregório Woehl, Andreas Wöhl (04/02/1843–24/11/1907) e Mathilde Scholze (1845–?), neta de Robert Wöhl (10/09/1866–?) e Eleonora Hoffmann (06/04/1871–19/04/1943) e filha de Ida Wöhl (1890-?) e Emil Günter (1885-?), que casaram em Gablonz em 23 de setembro de 1912.
Rosl Bär escreveu conta história de horror após termino da Segunda Gerra Mundial e pede ajuda para Gregório Woehl. Ela conta que todas as pessoas de etnia alemã (incluindo a família Wöhl) foram expulsas da Boêmia (atual República Tcheca), antiga Tchecoslováquia.
TRADUÇÃO DA CARTA (Agradeço à Brigitte Brandenburg pela tradução)
Oybin (Alemanha Oriental), 02/01/1948
Queridos parentes,
Ao iniciar esta carta, quero esclarecer quem eu sou. Eu sou a neta de Andreas Wöhl, pai de Josef e Gregor Wöhl. Minha mãe Ida Günter nasc. Wöhl forneceu-me seu endereço. Ela tinha seu endereço em uma carta escrita em 1923. Por isso, gostaria de receber um retorno, se vocês receberam a minha carta. Os alemães da Tchecoslováquia foram, a grande maioria, expulsos. Meus pais e minha irmã mais nova ainda se encontram lá e trabalham; a outra irmã também é casada e tem 2 filhos na idade de 4 e 9 anos e também foi expulsa e reside no Harz. Eu sou a filha mais velha, casei em 1939 na Alemanha, tenho uma menina de 7 anos e meu marido trabalhava em uma serraria. Sobre a grande indigência que se abateu sobre nós certamente vocês já tomaram conhecimento. Por isso me dirijo a vocês com um grande pedido, de que nos enviem algo. Há tantos alemães que receberam pacotes da America. Por isso, assim, eu resolvi também escrever a vocês. Eu ficaria muito agradecida por qualquer pequena doação. Minha avó [Eleonora Hoffmann Wöhl, esposa de Robert Wöhl (filho de Andreas Wöhl, irmão de Gregor)], pelo lado de vocês, eu penso, de Josef Wöhl, infelizmente faleceu de ataque cardíaco na Páscoa de 1943 [faleceu em 19/04/1943], em Harrachsdorf, em Riesengebirge, junto de sua filha Lore [Eleonora Wöhl (24/11/1889–?)]. Talvez tenha sido melhor assim, que ela não tenha vivido a miséria. Os endereços são, infelizmente, muito incompletos, quem sabe se a carta chegará, mas quando se está em dificuldades procura-se por tudo. Caso seja possível a vocês me enviarem algo eu ficaria muito agradecida. De Rosl Bär, 10 Kurort Oybin, bei Zittau in As. Thomasweg, 132. Zona Russa." (Alemanha Oriental)
Segunda carta de Rosl Bär, enviada em 30/06/1948.
TRADUÇÃO DA CARTA
Kurort Oybin, 30 de junho de 1948
Rosl Bär
Kurort Oybin, Thomasweg, 132.
bei Zittau in Sa.
Zona Russa.(Alemanha Oriental)
Queridos parentes,
Eu recebi sua carta. Ficamos muito felizes por você ter nos respondido, porque pode ter sido o caso de você ter desaparecido, e agora que tantos alemães (milhões) estão sendo expulsos do exterior (Linha Neiße-Oder da fronteira leste)(*)[alemães dos Sudetos (Tchecolosvaquia), Silesia, Pomerânia etc.] e estão vindo até nós, onde o espaço ficou ainda menor, no entanto, é bom saber que você está indo bem no Brasil. Como o endereço não era exato, não esperávamos ter notícias suas novamente. Não se pode mais esperar boas notícias. De qualquer forma, ficaríamos muito felizes se você nos escrevesse algo sobre sua vida no Brasil, para que possamos pelo menos mentalmente participar dela aqui em nossa velha pátria. A necessidade aqui na Alemanha é muito grande.
Talvez você mal possa imaginar nossa vida atual após o fim da guerra. Nossa cota mensal de alimentos é: 9 Kg de pão; 500 gramas de açúcar, 500 gramas de nutrientes; 300 gramas de banha, e isso muito raramente; em compensação há queijo e açúcar (grama por grama); Igualmente 25 gramas por dia para consumidores normais, mais 2 quilos de batatas para o ano inteiro e você deve viver com isso. A carne também nem sempre está disponível, mas depois (troque grama por grama) peixe fresco: sem leite; nem mesmo para crianças com mais de 6 anos de idade. Você pode imaginar que essas rações não são suficientes para saciar a fome. É assim que você leva tudo para o fazendeiro, roupas, sapatos e lavanderia para conseguir trocar por algumas batatas. Agora você não tem mais coisas para trocar e não ganha nada por dinheiro.
A reforma monetária foi realizada há alguns dias. Agora temos 2 moedas na Alemanha: Uma nas áreas ocupadas ocidentais (americanos, ingleses e franceses) e outra na área oriental (russos). Recebemos dinheiro novo por 70 RM em dinheiro. O restante foi então convertido, dependendo se era poupança ou dinheiro - poupança até RM 1000. -- 20% e o dinheiro restante 10%, ou seja, por RM 10. -- um marco.
Meu marido também contraiu uma doença durante a guerra, mas graças a Deus ele ainda pode fazer seu trabalho porque é balconista comercial. Ele também trabalha em uma impregnação e serraria (200 funcionários). Tenho 35 anos e sou saudável. Temos uma filha de 7 anos e meio. Enviarei uma foto nossa para que você saiba como somos. A minha menina também está muito debilitada, porque a maioria das crianças está abaixo do peso (desnutridas) e a partir dos 5 anos não tem mais leite. Faz semanas que não comemos batatas, que na verdade são nossa alimentação principal.
Talvez você nem tenha uma ideia do que é a Alemanha hoje. A maioria das grandes cidades foi parcialmente destruída (Dresden completamente). Naquela época, cerca de 200.000 pessoas morreram em Dresden. Dos 3,5 milhões de alemães que viviam na Tchecoslováquia, cerca de 300.000 ainda estão lá. Os outros foram reassentados na Alemanha, assim como a maioria dos alemães que vivem à direita da Linha Neiße-Oder, porque Silésia, Prússia Ocidental e Prússia Oriental não são alemães. No outono passado, muitos húngaros-alemães vieram de Ebenfuhsdorf e se estabeleceram conosco
Agora vou parar de importuná-lo sobre nossa miséria e escrever de maneira mais agradável da próxima vez. De qualquer forma, ficamos muito satisfeitos por você também ter concordado em enviar pacotes de amor (**), se possível, já que você só teve notícias nossas no momento.
Até a próxima, permanecemos com os melhores cumprimentos e votos de sucesso para o seu futuro
Prima Rosl, meu marido e filha (Erich e Ursula)
Na próxima carta quero contar mais sobre nossa família, mais uma vez saudações, Rosl
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(*) A Linha Oder-Neisse (Oder-Neiße-Linie) foi uma das fronteiras terrestres entre a Polónia e a Alemanha propostas pelas Potências Aliadas quando ficou claro que a Alemanha Nazista iria perder a Segunda Guerra Mundial. Esta fronteira foi finalmente escolhida e é a atual fronteira entre Alemanha e Polónia. O limite significou a perda de grandes territórios historicamente alemães, já que ao mesmo tempo a União Soviética deveria compensar a Polónia. A aplicação da linha Oder-Neisse implicou para a Alemanha a perda de quase toda a Silésia, metade da Pomerânia, o leste de Brandeburgo e uma pequena porção da Saxónia. Ao mesmo tempo, a Alemanha perdia Danzigue, a Masúria, a Vármia e dois terços da Prússia Oriental para a Polónia, e o terço restante de Prússia Oriental foi anexado à União Soviética. Estas trocas significaram a expulsão massiva de centenas de milhares de alemães dos seus lares para o território da Alemanha atual. A maioria destes novos territórios da Polônia foram ocupados por poloneses expulsos das suas terras no leste pelos soviéticos.
(**) Tradução do termo usados na campanha da Caritas para os donativos (pacotes de alimentos):Liebespakete für Bedürftige = pacotes de amor para os necessitados
TRANSCRIÇÃO DA CARTA de 30/06/1948
Euren Brief habe ich arhalten. Wir haben uns schrecklich daruber gefreut, dass Ihr uns geantwortet habt, denn es hätte ja auch der Fall sein Können, dass Ihr verschollen wäret, und jetzt, wo so viele Deutsche (Millionen) aus dem Auslande ausgewiesen werden und zu uns kommen, wo der Raum noch kleiner geworden is (Neiße - Oder bilden die Ostgrenze) ist es immerhin angenehmn zu hören, dass es Euch in Brasilien noch dazu gut geht. Weil die Adresse nicht genau war, haben wir garnicht angenomen, von Euch noch etwas zu hören. Auf gute Nachrichten ist ja man schon garnicht mehr gefasst. Jedenfalls würde es uns sehr freuen, wenn Ihr uns einmal von Eurem Leben in Brasilien etwas schreiben würdet, damit wir hier in der alten Heimat wenigstens im Geiste daran teilnehmen können. Die Not hier in Deutschlandist sehr groß.
Ihr könnt Euch user jetzieges Leben nach Beendigung des Krieges vielleicht kaum vorstellen. Unsere Zuteilung an Lebensmittelm im Monat beträgt: 9000 Gramm Brot; 500 Gramm Zucker, 500 Gramm Nährmittel; 300 Gramm Fett und dies auch selten; dafür giebt es dann Käse und Zucker (Gramm gegen Gramm) als Austausch; Gleisch für Normalverbraucher 25 Gramm pro Tag, ausserdem 2 Zentner Kartofeln für das ganze Jahr und davon soll man leben. Fleisch gibt es auch nicht immer und dafür dann (Gramm gegen Gramm im Austausch) Frischfisch: Milch keine; auch nicht für Kinder über 6 Jahren. Dass diese Rationen nicht einmall zum sattwerden reichen, könnte Ihr Euch vorstellen. So schafft mann denn alles zum Bauer, Kleider, Schuhe und Wäsche um ein paar Kartoffeln zu bekommen. Jetzt hat man keine Sachen mehr zum vertauschen und für Geld bekommt man nichts.
Vor einigen Tagen is die Währungsreform durchgeführt worden. Wir haben nun in Deutschland 2 Währungen, einmal in den westlich besetzten Gebieten (Amerikaner, Engländer u.Franzosen) und dem Ostgebiet (Russen). Für RM 70. -- Bargeld bekamen wir neues Geld, Der Rest wurde dann, je nachdem ob es Spargeld war oder Bargeld -Spargeld bis zu RM 1000. --20% und übriges Bargeld 10%, also für RM 10. -- eine Mark umgetauscht.
Mein Mann hat sich im Kriege auch ein Leiden zugezogen, kann ober Gott sei Dank, weil er kaufmännischer Angestellter ist, noch seinen Beruf ausführen. Er ist auch auf einem Imprägnier- u. Sägewerk beschäft (200 Beschäftigte). Ich bin 35 Jahre ald ad gesund. Wir haben eine Tochter von 7 1/2 Jahren. Ich schicke Euch einmal ein Bild von uns, damit Ihr Wißt wie wir aussehen. Mein Mädel ist ja auch sehr schwach, denn die meisten Kinder haben Untergewicht (unterernährt) und von 5 Jahren ab gibt es keine Milch mehr. Wochenlang haben wir nun schon keine Kartoffeln mehr, was doch eigentlich unser Hauptnahrung ist.
Vom jetzigen Deutschlan Könnt Ihr Euch vielleicht gar keinen Begriff machen. Die meisten Großstädt sind zum Teil (Dresden sogar ganz) zerstört. In Dresden sind damals achgätzungswiese an die 200.000 Menschen ungekommen. Von den 3 1/2 Millionen Deutschen, die in der Tschechoslowakei wohnten, sind noch ungefärh 300.000 drinn.
Die anderen sind nach Deutschland ausgesiedelt worden, ebenso auch der größte Teil der Deutschen, die rechts der Neiße-Oder linie wohnen, weil Schlesien, WestPreußen, u. Ostpreußen nicht deutsch ist.
[frase manuscrita]Vorigen Herbst Kamen viele Ungarndutsche, die ebenfuhsdorf aus und bei uns angestedelt wurden
Ich will nun aufhören, Euch mit Klagen über unser Elend in den Ohren zu liegen und das nächste Mal angenehmeres Schreiben. Jedenfalls hat es uns riesg gefrent, dass Ihr Euch auch, machdem Ihr erst und gerade zur jetzigen Zeit etwas von uns zu hören bekommt, bereit erklärt habt, wenn es möglich ist, Liebespakte zu schicken.
Bis zum nächsten Male verbleiben wir mit vielen Grüßen und den besten Wünschen für Eure weitere Zukunft
Kousine Rosl nbest Mann u.Kind (Erich u.Ursula)
[frase manuscrita] Im mächten Brief will ich Euch dann mehr von unserer Familie inhreiben Nochmals Herrchiche Grüsse von Rosl
RESPOSTA de Rosl Bär após receber a caixa com alimentos do meu avô, Gregorio Woehl.
Ela agradece a caixa de donativos que meu avô Gregório Woehl enviou (veja abaixo os itens). Teve azar de se refugiar na Alemanha Oriental (na parte que ficou com a União Soviética). Coitada, quando ela escreveu esta carta não fazia ideia do que aconteceria na Alemanha Oriental nas mãos da União Soviética. Sua irmã, nossa outra prima, teve mais sorte. Foi para França porque o marido era prisioneiro de guerra lá e foi libertado com a opção de poder ficar vivendo na França. Portanto, temos parentes franceses.
Conta que os Woehl que puderam ficar na Tchecoslováquia, porque tinham profissão (qualificação), estavam em situação bem melhor do que a deles na Alemanha Oriental, mas que estes woehl que ficaram lá já não falavam mais alemão, porque tudo era em Tcheco. Relatou o racionamento de comida e da atividade de garimpar as batatas nas áreas de cultivo que ficam após ser feita a colheita. Mencionou até a gente (netos de Gregório Woehl) que provavelmente não conheciam neve. Ela explica também que a parte da Alemanha onde ficou refugiada é controlada pela União Soviética, ou seja, é antiga Alemanha Oriental.
Tradução de Brigitte Brandenburg
Kurort Oybin (Alemanha Oriental), 24 de Setembro de 1948
Querido primo Gregor!
(Grosscousin= primo em segundo grau)
Acabamos de receber, através Missão Caritas Holandesa, o seu precioso pacote de donativos contendo dentre outras coisas 10 kg da mais pura farinha de trigo canadense, pelo qual muito, muito lhe agradecemos. Uma libra (cerca de 450 gramas) desta farinha de trigo custa no mercado negro 20 Marcos, e isto é inacessível para nós. Então, agora, nós temos a alegria de uma pequena estrela para celebrar o natal fazendo um cuque, porque no Natal tudo se renova.
Nesta noite tivemos a primeira nevasca. Quem ainda não havia colhido seu tabaco ou tomate no tempo certo, teve que proteger a plantação para não perder tudo. Cada um planta seu tabaco e a fumaça que exala às vezes cheira a pano-de-chão queimado. Ele é bem claro, pois não há qualquer tabaco oriental ou estrangeiro e, além disso, ninguém entende do processo de secagem, mas nada disso é adquirido.
Nós lhe enviamos um postal com uma paisagem do inverno. Seus netos provavelmente não conheçam neve, talvez nem seus filhos a tenham conhecido. Um instalador de máquinas de uma indústria têxtil em Zittau, que esteve antes da guerra no Brasil para fazer uma instalação, também tinha uma foto com uma paisagem do inverno. Ele a mostrou a foto aos brasileiros, que exclamaram: "Oh, Nossa! Quanto algodão!
Nós respondemos à sua primeira carta. Espero que a tenha recebido. Neste ano tivemos uma ótima colheita, mas recebemos apenas 50 gramas de pão e 100 gramas de batatas por pessoa, por dia, um pouco de banha, manteiga, carne, açúcar e alimento processado, coisas do antigo racionamento até os dias atuais.
Minha irmã está agora, com seus dois filhos, na França. O marido estava em um campo de prisioneiros francês, sendo que após sua libertação solicitou maior tempo de permanência. Lá tudo está disponível, mas muito caro. Meus pais e uma irmã ainda permanecem lá na Tchecoslováquia como trabalhadores especializados. Eles vivem muito melhor do que nós, mas não devem mais falar alemão. Cinema, jornal, etc, tudo em tcheco.
Berlin está ocupada por quatro nações: americanos, franceses, russos e ingleses. Então temos dois câmbios com duas administrações. Ali, vocês não podem ter ideia do que é esta confusão. Pois Berlin e no entorno está na nossa zona, ou seja, a russa. As divisas não estão totalmente bloqueadas, mas sim as importações por trem e por rodovias. Assim ocorre que cada transporte para fora ou para dentro destes setores de Berlin são feitos através do ar. Agora, vocês podem imaginar quantos aviões são necessários? Eu acabei de ler, em um jornal de Berlin, que em um dia foram providenciados 972 vôos com este objetivo. Não é pura loucura, quando se pensa, que nós, por outro lado, ficamos tão pobres, que para nós as coisas são divididas apenas a conta gotas; a comida como também todas as outras necessidades. Faz dois anos e meio do final da guerra, e não há qualquer acordo de paz e também não sabemos claramente qual é a nossa situação.
Agora se inicia o rescaldo da colheita de batatas, ou seja, quando um campo acaba de ser colhido, as pessoas procuram com enxadas os restos de batatas que eventualmente o agricultor deixou de colher. Às vezes há centenas de pessoas, mulheres e crianças, sobre as áreas de cultivo. Meu marido e eu também pretendemos sair por dois dias (com este propósito), pois o inverno é longo. Espero que tenhamos sorte. Você mora em uma vila ou os estabelecimentos são distantes um do outro? Já lemos muitas coisas sobre o Brasil, mas certamente é difícil formar uma ideia da realidade. Eu penso apenas que, devido à guerra, a industrialização deve ter tido um impulso crescente, já que a Alemanha deixou de ocupar espaço no mercado mundial. Eu concluirei agora e desejo a você e sua família tudo de bom. Novamente, muito, muito agradecida por sua doação. Assim, estamos em condições de fazer um cuque no Natal. Muitas lembranças (saudações), Rosl Bär, Erich Bär e Ursl Bär (Ursl é o apelido de Ursula)
Veja abaixo os itens de comida que meu avô Gregório Woehl mandou. Tem até cação e gordura de côco, O Brasil já produzia gordura de côco em 1948. Mandou até favos de mel. A inscrição “Wabe enthält” “Contem FAVO DE MEL”. [Wabe=favo de mel; enthält = contém]. A palavra “açúcar” que ele escreveu com dois S (ss), não estava errado na época. Tinha acabado de mudar a regra para o uso do ç em vez de SS.
O mais surpreendente é que os donativos enviados por Gregório Woehl chegaram ao destino. Hoje, esta cidade Kurort Oybin, próxima à Zittau, Estado da Saxônia (antiga Alemanha Oriental), é um lugar turístico com as ruínas do famoso castelo medieval de Carlos IV, cujo inicio da construção foi entre os anos de 1311 e 1316. Fica na divisa da Alemanha com a República Tcheca, a 45 km de Gablonz.
Com as informações dessa carta de Rosl Bär enviada para meu avô em 1948, minha esposa e eu fomos até Oybin no dia 21/09/2019 a procura de seus descendentes e também das cartas que ela mencionou que meu avô e bisavô enviaram para a mãe dela, Ida Wöhl. Há uma linha de trem ligando Zittau e Liberec (antiga Reinchenberg) que fica a 11 km de Jablonec nad Nisou (antiga Gablonz).
Algumas semanas antes eu enviei um e-mail para o prefeito de Oybin, Tobias Steiner, pedindo informações sobre algum descendente de Rosl Bär e seu marido Erich Bär. O prefeito atendeu meu pedido solicitando que o cartório de registro civil me respondesse. Segue a tradução e a mensagem original.
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Caro Sr. Woehl,
infelizmente, ninguém mais da família Bär vive em Oybin. O último descendente de um Sr. Rolf Erich Bär viveu em Oybin no início dos anos 80. No entanto, o endereço era Thomasweg 1. Ele partiu para a antiga FRG [Alemanha Ocidental].
Até 1999, uma sepultura era cuidada no cemitério da montanha, mas foi abandonada depois. O último endereço conhecido do Sr. Rolf Bär: Kirchenäcker 1, 63773 Goldbach [Baviera – Bayern].
Talvez você possa contatá-lo através deste endereço ou descobrir o paradeiro do Sr. Bär no Cartório de registro local.
Atenciosamente,
Andrea Seib
Cartório
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De: Seib Andrea
Enviada em: sexta-feira, 13 de setembro de 2019 06:47
Para: Germano Woehl Junior
Cc: Steiner Tobias
Assunto: Ihre Anfrage zu Familie Bär
Sehr geehrter Herr Woehl,
von der Familie Bär wohnt leider keiner mehr in Oybin. Der letzte Nachfahre ein Herr Rolf Erich Bär wohnte Anfang der 80ziger Jahre noch in Oybin. Die Anschrift war allerdings Thomasweg 1. Er ist in die damalige BRD ausgereist.
Bis 1999 wurde noch eine Grabstelle auf dem Bergfriedhof betreut, sie wurde allerdings seinerzeit aufgegeben. Die letzte mir bekannte Anschrift von Herrn Rolf Bär: Kirchenäcker 1, 63773 Goldbach.
Vielleicht können Sie ihn über diese Anschrift erreichen oder bei dem zuständigen Einwohnermeldeamt den Verbleib von Herrn Bär erfahren.
Mit freundlichen Grüßen
Andrea Seib
Standesamt
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Em Oybin visitamos cemitério da montanha, que achamos por acaso, porque fica dentro do castelo e é uma das atrações do local. Tivemos a sorte de encontrar um casal de idosos voluntários que estavam fazendo a manutenção do cemitério. Mostramos as cartas de Rosl Bär para o casal, que ficou muito interessado e leram tudo. Eles disseram que conheceram a Rosl, mas não sabiam para onde foi. Sugeriram que as cartas fossem doadas para o museu de Zittau. Então, nos ajudaram a encontrar a sepultura que Rolf Erich Bär cuidava, conforme a mensagem enviada pelo cartório de Oybin. Achamos que poderia ser de Rosl. Mas era a sepultura de Paul Georg Bär (1880 – 17/09/1939), provavelmente o sogro de Rosl Bär.
Endereço dos Woehl em Gablonz - Boêmia
Franz Wöhl. avô de Gregor, se mudou da vila de Tschernhausen (atual Černousy, distrito de Reichenberg (atual Liberec) para o distrito de Gablonz (atual Jablonec nad Nisou) por volta do ano de 1800. Inicialmente, quando se casou com Maria Feix em 14/07/1800, passou a residir na vila de Hennersdorf n. 12 (atual Jindřichov), onde nasceram os primeiros filhos.
No mapa de 1844 consta que endereço Hennersdorf 12 pertencia a Andreas Riekziegel. Neste lote n. 12, nas coordenadas 50°45'19.29"N 15°11'23.40"L, ficava a capela Mater Dolorosa (Kaple Panny Marie Sedmibolestné, em tcheco) que no Brasil é conhecida como Nossa Senhora das Dores. Esta capela onde foram batizados os filhos de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler, Gregório Woehl, André Antonio Woehl e Julia Woehl Heller. é muito antiga, está indicada no mapa de 1944, e atualmente, restam só escombros desta capela.
Nove anos mais tarde, em 03/01/1809, Franz Wöhl comprou o terreno na vila de Wiesenthal n. 140 conforme a escritura abaixo. A área do lote é de 2 hectares e um dos confrontantes era uma floresta nacional já naquela época, unidade de conservação do Governo, que permanece como área protegida até hoje.
Tradução da Escritura feita por Brigitte Brandenburg, de Joinville SC.
Hoje, no dia e local abaixo colocados, Karl Heidrich, vendeu para Franz Wöhl, acima citado, com efeito hereditário, a sua propriedade agrícola e quintal correspondente, de forma integral, que até hoje possuiu, sob A – Consc.(inscrito) sob nr. 140, o qual de um lado faz divisa com o vendedor, e de outro lado faz divisa com o espólio de Anton Wolf, conforme se supõem que o possua, e divisa até a Floresta Nacional (floresta protegida do governo), com todos os impostos imperiais incidentes e as taxas governamentais correspondentes, ao valor (Tolotzgeld?-referência monetária) de 5 dias = 7 $, o que perfaz 35 $; pelo valor, à vista, de Oitocentos e vinte e cinco Gulden, ou seja, 825$, cujo valor de venda tem a receber o vendedor.
Este documento oficial não foi apenas assinado pelas partes interessadas, mas também na presença das testemunhas na elaboração e correção que são exigidos nesta transferência pública.
E assim se fez na corte de Wiesenthal, em 3 de Janeiro de 1809.
Franz Wöhl, Käufer
Karl Heidrich, Verkäufer.
Augustin Hüttmann, Tischler.
Franz Fischer, ????
Andreas Posselt.Gemeinälteste. (mais velho da comunidade)
Confirmado (ou atestado) pela Secretaria de Economia (ou Administração) de Morchenstern, em 1 de agosto de 1809.
Obs.: Gulden (ou florin), moeda em vigor entre 1754 e 1892, no Império Austro-húngaro, nas terras da Casa dos Habsburgs (Império Austríaco), subdividido em 60 “Kreuzer”. Em 1892 foi substituído pelo “Krone” (ou corona)- ver mais em Wikipedia sob “Austro hungarian Gulden”.
Transcrição da escritura
Franz Wöhl, sub nr. Cens:140
Heut zu Ende gesetzten Tag und Lage verkauftet Karl Heidrich den zu seiner Bauernwirtschaft einmal zugelauften und bis her zugehörig gewordenen Garten sub A = Consc..: 140, welcher einerseits an Verkäufers, andererseits an des Anton Wolfs Erben gründen wie gehörig vermeint anliegt, und bis an obrigkeits Wald angränzet, mit aller hierauf ausfallenden k:Königl. Abgaben und obrigkeits Lasten, als alljähr. (alljährich) an Tolotzgeld? (referência monetária) für 5 Tage a 7 $; macht 35 $; dem obersagten Franz Wöhl zur erb. (erblich).: Schall und Wallung (*) für eine baare Kaufsumma zu: Acht Hunder Zwanzig Fünf Gulder; sage: 825$ volige baare Kaufsumma den Verkäufer zugehörig ist.
Urkund dessen haben sich beiderseitige Theile nicht nur allein eigenhändig unterschrieben, sondern nachstehende Zeugen zur ofen auftheiligen Mitfertigung allen Fleisses erbeten.
So geschehen beim Gericht Wiesenthal am 3 Jäner 1809.
Franz Wöhl, Käufer
Karl Heidrich, Verkäufer.
Augustin Hüttmann, Tischler.
Franz Fischer, ????
Andreas Posselt.
Gemeinälteste.
Confirmirt Wirtschaftsamt Morchenstern,
Am 1 sten August 1809.
(*) Não há certeza sobre a interpretação da expressão "Schall und Wallung" após Erblich=hereditário. Pode ser por força de herança. É um termo arcaico, como vários colocados no texto.
A moradia que existia deste lote n. 140 está localizada nas coordenadas 50°45'21"N 15°11'51"L, altitude 720 m. O local onde ficava a casa não tem mais vestígio de construção. Provavelmente o terraço não existe mais porque as pedras furtadas, haja vista que o local é bem plano e próximo da estrada principal. Conforme mostram as imagens, há uma nascente bem forte no local com uma pedra plana na borda do reservatório para a pessoa se abaixar e encher o balde. Esta pedra é muito simbólica porque milhares de vezes Ana Maria Feix Woehl (avó de Gregor) e Mathilde Schwedler Wöhl pisaram ali milhares de vezes para pegar água. Há vestígios de um pequeno terraço entre a nascente e o local da casa, que devia ser de algum paiol ou estrebaria. Porém no fundo do terreno há um terraço com pedras que deveria ser de alguma habitação. Fileiras de pedras demarcam o vértice do lote 140. Existe também uma trilha lateral que dava acesso rápido para a capela Mater Dolorosa (5min) e um atalho para o centro de Gablonz.
Passaporte da família de Gregor Wöhl emitido em Gablonz, Boêmia |
As vilas de Gablonz, Reichenberg e Friedland, nas montanhas Isergebirge (Jizera), tinham um dialeto próprio, Paurisch ou Paurische (=Bäurische), que é um misto do dialeto que era falado na Silesia com o dialeto Bairisch (da Baviera. Portanto, Paurisch era o dialeto que Gregor Wöhl falava. Luiz Woehl (neto de Gregor, filho de Gustavo) escreveu em 1983, em um documento para o arquivo histórico de São Bento do Sul, que os Woehl falavam dois dialetos: Bairisch e Reichenbergische, que deve ser Paurisch. A origem dos Woehl na Boêmia foi nas na região de Friedland, vila de Mildenau (atual Luh) até 1650, depois na vila de Taschenhausen (atual Černousy), lote n. 4, de 1650 até 1800, quando o avô de Gregor, Franz Wöhl se mudou para Gablonz, inicialmente na vila de Hennersdorf n. 12 e, nove anos depois, na vila de Wiesenthal, n. 140, propriedade que ele adquiriu em 03/01/1809.
Eles viajaram de 3ª classe e a principal reclamação foi que tiveram que tomar sopa de ervilhas diariamente, no café, almoço e janta, durante estes 30 dias. Juraram que nunca mais colocariam na boca sopa de ervilhas. Esta viagem foi feita em navio fretado pela Sociedade Colonizadora de Hamburgo, que tinha um contrato com o governo brasileiro para assentar imigrantes europeus nas terras do patrimônio de S.A. Imperial o Príncipe de Joinville (terras do dote da Princesa Dona Francisca, filha de D. Pedro I). Naquela época, o governo incentivava a imigração de europeus como política para desenvolver a agricultura.
Mathilde chegou grávida de 5 meses de Roberto Woehl. Então, eles decidiram permanecer em Joinville e não seguir viagem imediatamente para São Bento do Sul com os outros imigrantes conforme planejado, até o Roberto nascer. A viagem de carroça para subir a Serra do Mar (serra Dona Francisca) durava 4 dias e colocava em risco minha bisavó grávida de 5 meses. Quem já andou de carroça por meia hora pode imaginar o sofrimento que é suportar as pancadas no corpo devido aos buracos e pedras durante 4 dias.
Gregor começou a procurar emprego de carpinteiro em Joinville e conseguiu em uma vila que estava sendo construída, mas por um salário muito baixo. Era comum explorarem a mão de obra barata (escrava) de imigrantes em desespero. A família teve que morar em um barraco em Joinville, à beira da estrada, passando muitas necessidades. Ele alugou uma mula com dois cestos para carregar as 3 crianças. Sabe-se pouca coisa sobre este período de tempos difíceis, tanto na Europa como na chegada ao Brasil porque eles não gostavam de comentar, pois sofreram muito.
Algumas semanas após o Roberto nascer, eles finalmente foram para São Bento do Sul. Inicialmente, Gregor comprou um lote onde hoje é a Rua Felipe Schmidt esquina com a Rua Jorge Lacerda. A compra foi realizada no dia 18/01/1877 e ele pagou 15 mil Reis. Segundo os historiadores, estes lotes da área central eram reservados para os imigrantes que fossem empreender e era exigido o pagamento à vista. Certamente, ele pretendia montar sua marcenaria ali e por isso venderam para ele, que chegou 4 anos depois da vila ser criada. Muitos imigrantes chegaram antes dele e, mesmo assim, ele ainda conseguiu comprar diretamente da empresa colonizadora a melhor parte. O dinheiro para este investimento Gregor Woehl trouxe de Gablonz, Boêmia, proveniente da venda de dois lotes adjacentes na vila de Wiesenthal dos quais era proprietário: Lote n. 140, que era do avô dele, Franz Wöhl e também o lote n. 290 que pertencia ao tio dele, mesmo nome do avô, Franz Woehl (tinha o nome grafado desta forma). Franz Woehl era o filho mais velho de Franz Wöhl (meu 4º. avô). Nasceu em 8 de julho de 1801 e faleceu de pneumonia em 8 de março de 1862 aos 63 anos.
Porém, cinco anos mais tarde, por volta de 1882, ele vendeu este lote da área comercial e foi morar definitivamente na Estrada das Neves, a 800 metros dali, num terreno maior, mas de alta declividade, onde criava porcos, gansos, galinhas e tinha até vacas de leite. A situação de miséria persistiu por mais uns 10 anos, pelo menos.
Foi no ano da chegada deles ao Brasil, 1876, a criação de uma escola em São Bento que recebia subsídios de doações da comunidade, mas era necessário pagar uma pequena mensalidade. Mesmo assim, meu bisavô não teve condições de colocar na escola seus filhos mais velhos, nascidos em Gablonz, na extinta Boêmia.
Quando estava instalado no novo endereço, na Estrada das Neves, meu bisavô Gregor Wöhl começou a produzir ataúdes (urnas funerárias) em série. Ele ganhou muito dinheiro com esta atividade. Eventualmente fabricava móveis também, de alta qualidade. Muitos parentes têm móveis fabricados por ele há mais de um século. Eu acabei herdando um desses móveis, um guarda-roupas que ele deu de presente para meu avô Gregório Woehl, por ocasião de seu casamento em 12/01/1895. É feito em canela-preta (Ocotea catharinenses) por isso resistiu bem ao ataque de cupins. Meu pai Germano Woehl e meus tios e tias cresceram observando este guarda-roupas desde bebês que o torna muito simbólico para a família. Este guarda-roupas tinha ficado com minha prima Maria de Lourdes Reusing, que doou para mim.
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Jornal de São Bento do Sul (SC) publicou na época uma nota sobre a morte do meu bisavô, Gregor Wöhl, aos 78 anos, ocorrida em 01/10/1924.
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“Novamente, um dos antigos fundadores de São Bento desapareceu na paz eterna. Na quinta-feira o marceneiro Gregor Wöhl faleceu de velhice, após ter permanecido um mês na impossibilidade de deixar o leito. Por 48 anos ele trabalhou correta e modestamente em sua profissão de marceneiro e fabricante de caixões [ataúdes ou urnas funerárias]. Foi um vizinho muito popular, em paz e satisfeito, estimado por seus concidadãos, amado pelos seus familiares, e colaborou silenciosa e modestamente pelo desenvolvimento de São Bento, e placidamente ele passou à eternidade.” VZ 4/10/1924."
“Wieder ist einer der alten Mitbegründer S. Bentos zur ewigen Ruhe eingegangen. Um Donnerstag starb der Tischlermeister Gregor Wöhl na Altersschwäche, nachdem er schon monatelang ins Bett nicht mehr hatte verlassen können. 48 Jahre hat der Verstorbene recht und schlicht hier. Seine Profession als Tischler und Sargfabrikant ausgeübt. Ein wohlgelittener Nachbar, hat er in Ruhe und Frieden, geachtet von seinen Mitbürgern, geliebt von seinen Familienangehörigen an der Entwicklung São Bentos still und bescheiden mitgearbeitet und friedlich ist er hinübergeschlummert zur Ewigkeit.”VZ-4/10/1924 ,
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A esposa Mathilde Schwedler Woehl faleceu aos 74 anos, em 15/01/1921, quatro anos antes de Gregor.
O Arquivo Histórico de São Bento do Sul tem em seu acervo uma foto dos imigrantes pioneiros de São Bento Sul, que chegaram entre os anos de 1873 e 1877 e Gregor Wöhl está nesta foto, que foi tirada por volta de 1920, um pouco antes de falecer. A identificação foi feita logo quando a foto foi tirada, mas não marcaram a data da foto. Não se sabe se foi um evento somente para tirar a foto ou teve alguma celebração. Pelo pouco que se sabe, Gregor era muito reservado, de poucas palavras, e não costuma participar de eventos sociais.
Gregor Wöhl na foto dos Imigrantes Pioneiros de São Bento do Sul tirada por volta de 1920. Acervo do Arquivo Histórico de São Bento do Sul, gentilmente providenciada por Vera Alice Arnholdo |
Ele nunca deixava a peteca cair. Trabalhava muito, se esforçava ao extremo para manter sempre alto o padrão de vida da família, que andava bem-vestida (veja a foto da família em 1901). Nos eventos sociais, como a ir à missa os domingos, sempre vestiam uma roupa impecável.
Dá para perceber que todos recorriam a ele, até para seus netos estudarem em São Bento. Ele que sustentou por 4 anos aquele monte de criançada dos meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer, que foram estudar em São Bento. Certamente, meus avós não precisaram gastar um centavo com os estudos do meu pai e suas irmãs e irmãos. Até a escola de música foi bancada pelo meu bisavô.
Mas em termos de superação e empreendedorismo ninguém chegou perto do meu avô Gregório Woehl. Ele deu continuidade ao esforço do meu bisavô para elevar as condições sociais da família e conseguiu ir muito além, alcançando níveis de sucesso que proporcionaram grande prosperidade para todos seus filhos usufruir. A história de meu avô Gregório Woehl, que está contada a seguir, deve servir de inspiração para todos.
Genealogia e História da Família Woehl (Wöhl)
BISAVÓS: Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler
Gregor Wöhl (nome traduzido para Gregorio Woehl), nasceu em 09/05/1847, na vila de Hennersdorf, 19, filho de Andreas Wöhl e Theresia Hübner. Morou na vila de Wiesenthal, n. 140 na divisa com a vila de Hennersdorf/Grünwald, Distrito de Gablonz, na Boêmia (República Tcheca). Emigrou para o Brasil partindo do Porto de Hamburgo, Alemanha, em 20/06/1876, a bordo do Vapor Vandalia. Chegou ao porto do Rio de Janeiro no dia 15/07/1876 e desembarcou em São Francisco do Sul em 20/07/1876, contando à época com 29 anos. Trouxe consigo a esposa Mathilde Schwedler, nascida em 09/07/1846, natural de Johannesberg (atual Janov nad Nisou), filha de Anton Schwedler e Joana Kleinert. O casal trouxe três filhos, Gregor com 7 anos (meu avô, pai de Germano Woehl), Andreas, com 5 anos e Julia, com 3 anos. Casaram-se na igreja católica de Morchenstern (atual Smržovka), Boêmia, em 25/11/1872, quando já tinham dois filhos, Gregor (Gregorio) e Andreas (Andre Antonio), 3 meses antes da Julia nascer.
Vieram juntos com a família de Gregorio para São Bento do Sul (SC), no mesmo navio, um irmão de Mathilde, José Schwedler (23/08/1840 – 09/11/1913), 35 anos, e sua família, a mulher Ana Hübner, 35 anos, e dois filhos, Julius (4 anos) e o bebê Robert (3 meses). Todos procedentes da vila de Johannesberg, Gablonz, Boêmia. Josef Schwedler e a esposa Ana Hübner foram padrinhos de batismo do primeiro filho de Gregorio e Mathilde nascido no Brasil, Roberto Woehl, que viajou na barriga de Mathilde Schwedler. Por outro lado, Gregorio e Mathilde foram padrinhos de batizado do segundo filho de Josef Schwedler e Anna Hübner, Robert Schwedler, em Gablonz, Boêmia, que chegou ao Brasil ainda bebê, com 3 meses. O primeiro filho de Josef, Julio Schwedler e descendentes viveram no Bituva, Mafra SC, e um deles, Joaquim Schwedler, viveu na localidade Costa Carvalho em Itaiópolis SC.
Sobre a família de Mathilde Schwedler Woehl
Os pais de Mathilde Schwedler, ANTON SCHWEDLER (20/07/1807 - 30/08/1868) e JOHANNA KLEINERT (24/06/1815 - 22/11/1868), casaram-se na vila de Josefsthal, Gablonz, Boêmia no dia 25/11/1834, cerimônia na Igreja matriz de Morcherstern. O noivo Anton Schwedler, nascido em 20/07/1834, tinha 27 anos e a noiva Johanna (se pronuncia iohana), nascida em 24/06/1815, tinha 19 anos. Anton tinha profissão urbana, era tecelão (Weber), e seu pai Joseph Schwedler era um pequeno agricultor, mas dono do pequeno pedaço de terra (significado do termo Feldgärtner), que já era uma conquista considerável na escala social daquela época, onde predominava o sistema feudal. Esta vila Josefsthal de Gablonz ficava encostada na divisa com a Polônia, mas fica próxima das vilas Johannesberg e Wiesenthal. Atualmente tem o nome tcheco de Josefův Důl. O casamento foi nesta vila porque a noiva Johanna Kleinert morava lá, no n. 61. Porém, Johanna nasceu em Wiesenthal, n. 238, na mesma vila onde nasceram onde moravam Gregorio Woehl e família (Wiesenthal, n. 140), mas no lado oposto da vila, na divisa com a vila de Morcherstern A mãe do noivo Anton Schwedler também nasceu nesta vila de Wiesenthal. Este lote n. 238 da vila de Wiesenthal pertencia a família da mãe de Johanna, Katharina Posselt.
Tem uma curiosidade sobre Johanna Kleinert. Ela nasceu antes do casamento de seus pais, ANASTASIUS KLEINERT e KATHARINA POSSELT, que se casaram em 26/02/1816 na vila de Wiesenthal, cerimônia na igreja matriz de Morcherstern. O noivo Anastasius Kleinert (nascido em 1793) tinha 23 anos e a noiva Katarina Posselt (nascida em 1795), 21 anos. Johanna Kleinert nasceu 8 meses antes, dia 24/06/1815, na vila de Wiesenthal, 238. No registro de nascimento de Johanna consta a anotação posterior do Padre que ela se tornara filha legítima naquele momento que seus pais se casaram. Provavelmente já viviam juntos antes do casamento, o que era bem raro naqueles tempos, início do século 19, haja vista o rigor da igreja católica na Boêmia, considerada na época uma das mais severas do Mundo. O casal Anastasius e Katharina passaram a viver neste endereço dos pais de Katharina Posselt após o casamento, porque todos demais filhos nasceram neste endereço, vila de Wiesenthal n. 238. A filha mais velha de Johanna, bisa Mathilde Schwedler Woehl, seguiu o exemplo da mãe: Ela se casou com o bisa Gregorio Woehl em 25/11/1872 na véspera do nascimento do terceiro filho, tia Julia Woehl. Meu avô Gregório Woehl (que tem o mesmo nome do meu bisavô) e o irmão, tio Andre Antonio, não eram filhos legítimos quando nasceram. Dá para imaginar a bronca que levaram do Padre. Portanto, tanto os avós maternos como os pais do meu avô Gregório Woehl tiveram filhos nascidos antes de se casarem. Meu avô nunca soube disso.
Os pais de Katharina Posselt a avó materna de Mathilde Schwedler Woehl, são FRANZ POSSELT e THERESIA GÖRNER. Este sobrenome Görner é raro. Não se tem notícia de imigrantes no Brasil com este sobrenome.
Da parte do pai de Mathilde Schwedler, ANTON SCHWEDLER, também há uma curiosidade. Anton Schwedler é filho de JOSEPH SCHWEDLER (nascido em 1758) e THERESIA SEIDL (nascida em 1781). Casaram-se em 20/11/1806, na vila de Johannesberg, Gablonz, cerimônia na igreja matriz de Morcherstern. O noivo Joseph Schwedler tinha 48 anos e a noiva Theresia Seidl, 25 anos, quando se casaram. Ou seja, Joseph Schwedler era viúvo e se casou pela segunda vez.
Uma tragédia sofrida pela minha bisavó Mathilde Schwedler Woehl em sua plena juventude pode ser o motivo de ela ter se casado com meu bisavô Gregorio Woehl somente na véspera do nascimento do terceiro filho. Minha bisavó Mathilde Schwedler tinha 22 anos quando perdeu o pai e a mãe em menos de três meses, vítimas de pneumonia. O pai Anton Schwedler morreu antes, em 30/08/1868, aos 60 anos, e a mãe Johanna Kleinert morreu em 22/11/1868, aos 53 anos. Após a morte da mãe, Mathilde Schwedler ficou sozinha. Na família, sobreviveram somente ela e seu irmão mais velho, Josef Schwedler (23/08/1840 – 09/11/1913), que emigrou para São Bento junto com eles. Anton Schwedler e Johanna Kleinert tiveram outras três crianças (todas meninas): Duas que foram batizadas com o mesmo nome de Josefa Schwedler e morreram ainda bebês. Uma delas nasceu em 05/02/1849 e morreu dois dias depois, outra nasceu morta em 17/03/1850, e uma terceira, Theresia Schwedler (09/10/1852 - 15/06/1854), faleceu aos 2 anos, também de pneumonia. Seu irmão mais velho Josef Schwedler casou com Maria Ana Hübner (15/08/1840 - ?) em 31/10/1864, ambos com 24 anos, e foram morar nestes mesmo endereço, Johannesberg 244. Ou seja, Josef Schwedler já tinha casado havia 4 anos quando sua mãe morreu. Seu primeiro filho, Julio, que emigrou para o Brasil junto com a família, nasceu em 08/05/1872 e também nesse endereço em Gablonz, Johannesberg n.244, significa que Josef ficou morando na casa dos pais. Deve ter feito algum acerto com a irmã, Mathilde.
Mathilde Schwedler deu à luz ao meu avô Gregório Woehl no dia 15/12/1869, ou seja, um ano e três semanas após o falecimento de sua mãe. Provavelmente ela já namorava com o bisa Gregorio Woehl e logo após sofrer esta tragédia, perda do pai e logo em seguida da mãe, decidiu ir morar com ele para constituir uma família. O endereço de sua residência, vila Johannesberg 244, ficava a menos de 2 km do endereço do bisa, Wiesenthal 140 (um trecho de serra bem forte separa estes locais, que nós percorremos a pé no outono de 2019). A bisa Mathilde tinha 22 anos e a maioridade para as mulheres se casarem sem autorização dos pais era de 23 anos na época. Não sei o que a lei previa na época para esta situação da morte dos pais, se era automático a nomeação de um tutor ou se tinha trâmites burocráticos que levava meses e envolvia custos. Essa pode ser uma explicação do motivo de eles não terem casado logo no início da união. Depois, foram adiando.
Documentos sugerem que a bisa Mathilde e seu irmão Josef mantiveram uma boa relação após a morte da mãe. Além de terem viajado juntos para o Brasil na emigração, Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler foram padrinhos do segundo filho de Josef, Robert Schwedler, nascido nesse endereço em Gablonz, três meses antes da partida para o Brasil. Depois, Josef Schwedler e Maria Ana Hübner foram os padrinhos do primeiro filho dos bisas nascido no Brasil, tio Roberto Woehl. A esposa de Josef, Maria Ana Hübner, morreu logo após a chegada deles em São Bento. Em 01/07/1884, Josef Schwedler se casou novamente em São Bento com a viúva Mathildes Wander que era casada com Estevão Hübner. Neste casamento, o bisa assinou com testemunha.
Eu sempre ficava angustiado ao imaginar o momento triste e cruel da despedida da minha bisavó Mathilde Schwedler de sua mãe quando emigraram para o Brasil, sabendo que nunca mais iriam se ver. Geralmente as filhas são muito ligadas às mães, principalmente na situação dela, a única filha que sobreviveu e jovem ainda. Após ter encontrado os registros de óbito, fiquei mais aliviado porque que seus pais já tinham morrido 7 anos antes de sua partida para o Brasil, em 1876. Pelo menos, por este sofrimento eles não passaram.
Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler Woehl moravam na Estrada das Neves, São Bento do Sul (SC). Gregor faleceu aos 78 anos em 01/10/1924. Mathilde Schwedler faleceu aos 74 anos no dia 15/01/1921. No Brasil, o nome foi traduzido para Gregório Woehl, tendo sido homenageado com nome de rua em São Bento do Sul SC.
Filhos de Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler (os três primeiros filhos nasceram na vila de Wiesenthal, Gablonz, Boêmia, atual República Tcheca):
GREGORIO WOEHL (15/12/1869 Wiesenthal-Gablonz-Boêmia - 24/07/1949 Mafra)
ANDRÉ ANTÔNIO WOEHL (09/07/1871 Wiesenthal-Gablonz-Boêmia - 27/03/1913 Avencal-Mafra SC) - morreu aos 42 anos - morte violenta - assassinato
JULIA WOEHL (20/02/1873 Wiesenthal-Gablonz-Boêmia - 12/12/1943 Corupá)
ROBERTO WOEHL (14/11/1876 Joinville - 08/08/1952 Rio Negro)
GUSTAVO WOEHL (16/01/1880 São Bento - 20/02/1956 Rio Negrinho)
AMALIA WOEHL (01/05/1882 São Bento - 20/09/1945 São Bento)
EMILIA WOEHL (21/03/1884 São Bento - 20/02/1885 São Bento) morreu aos 10 meses de tosse convulsiva.
ESTEPHANIA WOEHL (21/09/1886 São Bento - 16/06/1945 Guarapuava)
EMILIO HENRIQUE WOEHL (11/12/1888 São Bento - 18/02/1906 São Bento) - morreu aos 17 anos - morte violenta - tiro acidental
Origem e Dialeto dos Woehl na Boêmia A origem dos Woehl na Boêmia foi na região de Friedland, vila de Mildenau (atual Luh) até 1650, depois na vila de Taschenhausen (atual Černousy), lote n. 4, de 1650 até 1800, quando o avô de Gregor, Franz Wöhl se mudou para Gablonz, inicialmente na vila de Hennersdorf n. 12, coordenadas 50°45'19"N 15°11'23"L, no lote onde ficava a Capela Mater Dolorosa (Kaple Panny Marie Sedmibolestné, nome da Santa conhecida no Brasil como N. Senhora dos Dores) e, nove anos depois, na vila de Wiesenthal, lote n. 140, coord. 50°45'21"N 15°11'51"L, adquirida em 03/01/1809.
As vilas de Gablonz, Reichenberg e Friedland, nas montanhas Isergebirge (Jizera), tinham um dialeto próprio, denominado Paurisch ou Paurische (=Bäurische), que é um misto do dialeto que era falado na Silesia com o dialeto Bairisch falado da Baviera. Portanto, Paurisch era o dialeto que Gregor Wöhl falava. Luiz Woehl (neto de Gregor, filho de Gustavo) escreveu em 1983, em um documento para o arquivo histórico de São Bento do Sul, que os Woehl falavam dois dialetos: Bairisch e Reichenbergische, que deve ser Paurisch. Gregorio Woehl, filho mais velho de Gregor mesmo nome do pai) quando recebia visita de seu irmão Roberto Woehl ou de conhecidos descendentes de imigrantes de Gablonz, costuma dizer no início da conversa:“Vamos falar no nosso alemão”, que certamente era o dialeto Paurisch, porque era diferente do dialeto Bairisch
Filhos que nasceram em Gablonz, na Boêmia (atual República Tcheca)
GREGÓRIO WOEHL (Gregor Wöhl). Foi meu avô. Nascido em 15/12/1869 na vila de Wiesenthal 140, distrito de Gablonz, na Boêmia. Chegou ao Brasil com 7 anos. Casou-se em 12/01/1895 com minha avó CATHARINA SAUER 25/06/1875 – 01/06/1964 (morreu aos 89 anos). Viveram no Avencal, Mafra-SC. Morreu em 24/07/1949, aos 79 anos, de pneumonia dupla.
Gregorio Woehl (15/12/1869 - 24/07/1949) |
Tradução do certificado de batizado
Acima de tudo ame as pessoas, assim como você foi amado por elas quando você entrou para a vida.
Com amor o Salvador se entregou
Seja como ele, e aja como ele agiu (ou praticou)”.
Esta lembrança (Diese Erinnerung)
É dada ao querido afilhado
Pela sua fiel madrinha,
Será designada sua madrinha em 16 de dezembro de 1869. (Wird dein Pategenannt am 16 dezember 1869)
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Tradução de Brigitte Brandenburg, de Joinville (SC) e do Jornalista Henrique Fendrich, de São Bento do Sul (SC).
Para complementar a renda da família o menino Gregório, meu avô, trabalhava cuidando do quintal e jardins da proprietária de um hotel em São Bento do Sul, que tinha ficado viúva no período que meu avô trabalhava para a família. Esta mulher contratou um professor particular para dar aulas às suas crianças. Então, meu avô se escondia abaixo da janela e acompanhava estas aulas, ouvindo as palavras do professor. Certa vez, a dona do hotel o pegou em flagrante. Ficou muito comovida com a situação daquele menino pobre, percebeu que ele tinha muita vontade e interesse em aprender e permitiu que ele assistisse às aulas particulares junto com suas crianças. Foi assim que ele aprendeu a ler e escrever, mas com um pouco de dificuldades. Nas anotações dele dá para ver que costumava misturar português e alemão.
Neste período, ele conseguiu entrar na escola de música de São Bento do Sul. Queria aprender a tocar a gaita alemã bandoneon. Então, ia descalço porque o dinheiro não era suficiente para comprar um par de sapatos. Contou que tinha muita vergonha de ir descalço, porque era o único da sala nessas condições. As aulas eram a noite (durante o dia ele tinha que trabalhar duro). Então, ele costumava passar barro preto nos pés para disfarçar um pouco, ficar parecendo que estava usando sapatos pretos. Não se sabe quem pagava a mensalidade da escola de música, provavelmente era ele mesmo com os trocados que ganhava trabalhando para a dona do hotel. Além do bandoneon, ele aprendeu a tocar clarinete na escola de música de São Bento.
Só aos 17 anos ele conseguiu comprar um par de sapatos, com seu próprio dinheiro. A dona do hotel novamente lhe deu uma força. Ofereceu toda a área do quintal para ele fazer uma plantação de feijão e ficar com a renda da safra. Deu uma boa produção e com o resultado da venda dos feijões ele conseguiu, finalmente, ter seu primeiro par de sapatos. Foi meu próprio avô quem contou esta história para minha prima, Maria de Lourdes Reusing, que foi criada por ele e minha avó Catharina Sauer.
Meu avô, Gregório Woehl, também se tornou carpinteiro, como seu pai, e trabalhava na construção de casas em sua juventude. Construía casas bem longe de São Bento. Um desses locais foi Avencal, em Mafra (SC), onde ele e seu irmão Roberto conheceram as jovens Catharina Sauer, que se tornaria minha avó, e sua irmã, Isabel Sauer, filhas de Theodoro Sauer e Christina Hack. Meu avô Gregório e seu irmão Roberto se casaram com as duas irmãs. Seu irmão, André Antonio Woehl, o segundo filho de Gregor, nascido em Gablonz, na Boêmia, também foi trabalhar com ele no Avencal, onde conheceu e se casou Maria Sauer, prima de minha avó, Catharina Sauer, filha mais velho de João Sauer Sobrinho, o mais rico de todos os Sauer.
Quando meu avô Gregório Woehl se casou com minha avó Catharina Sauer, em 12/01/1895, eles foram morar no Avencal, Mafra SC, junto com Christina Hack Sauer (conhecida na família como Gute ou Guta), sogra do meu avô, que na época era viúva de Theodoro Sauer, irmão de João Sauer Sobrinho, que morreu novo, aos 45 anos, em 01/09/1889. Os dois primeiros filhos do casal, Mathilde Woehl e Francisca Woehl nasceram nesta casa. Três anos mais tarde, meu avô construiu sua casa, perto da casa da sogra Christina Hack. Meu pai Germano Woehl, o terceiro filho do casal, nasceu nesta casa, em 19/10/1901. Todos os outros filhos do casal nasceram nesta casa, que fica nas coordenadas S 26 13 36.1 W 49 43 03.1, margem do antigo traçado da Estrada Dona Francisca.
Pela data de nascimento de meu pai, verifica-se que meus avós moraram 5 anos juntos com Christina Hack. Anos depois meu avô construiu outra casa às margens do rio da Areia e vendeu esta casa para Amando Sauer, filho de Nicolao Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente, sobrinho da minha avó Catharina Sauer. Meu avô cedeu esta casa para sua irmã Amalia Woehl Endler morar durante alguns meses, em 1940, quando ela estava com depressão e queria se isolar da família de São Bento do Sul.
O primeiro emprego do meu avô Gregório Woehl foi nas artes. Na juventude, ele era músico profissional. Tocava clarinete na Banda Augustin, de São Bento do Sul, que foi a primeira banda da cidade, criada em 1876, no ano da chegada da família de meu avô. Posteriormente, ele saiu da banda e foi tentar a carreira solo, tocando bandoneon nos bailes e festas. Ele trabalhava como carpinteiro nos dias de semana e nos finais de semana ganhava dinheiro com arte, como músico. Eu acho que ele conquistou minha avó Catharina Sauer com sua arte de tocar música nos bailes e festas no Avencal, em Mafra (SC), porque se sabe que minha avó Catharina adorava ir aos bailes, festas etc.
O espírito empreendedor do meu avô Gregório Woehl era notável. Tinha um faro excepcional para os negócios. Não desperdiçava oportunidades de ganhar dinheiro. Começou comprando gado de vários pequenos criadores na região do Avencal, em Mafra-SC, e levando para São Bento do Sul para vender ao açougue de Antonio Bekert que fabricava linguiças e salsichas, que na verdade era um frigorífico nos padrões atuais. Ele criava um pouco de gado também. O tempo de viagem conduzindo o gado, entre 19 e 40 cabeças, até São Bento era de quatro dias e cada viagem era uma aventura cheia de perigos de assaltos principalmente. Para reduzir os custos, eu avô não contratava boiadeiros e teve que envolver a família nesta atividade. Sua filha mais velha, Matilde Woehl Bauer, nascida em 20/10/1895, ainda na pré-adolescência teve que assumir esta função que exigia muita responsabilidade. Tornara-se uma amazona nesta fase da vida e já tinha muita habilidade e competência para conduzir a boiada e até laçar os bois que desgarravam. As outras duas filhas que nasceram após Matilde, Francisca Woehl Heyse, nascida em 20/09/1897, que se casou com João Heyse, e Elfrida Woehl Heyse, nascida em 11/06/1903, que casou Paulo Heyse, irmão de João Heyse, também foram envolvidas ainda na adolescência na atividade de conduzir boiadas até São Bento do Sul. Minha tia Frida (Elfrida) contava para seus filhos e netos que tinha 10 anos quando era madrinha da boiada (seguia da frente da boiada montada num cavalo com um sincero. Nos dias chuvosos e no inverno era muito sofrido. E também tinha o problema de os cavalos que meu avô Gregório Woehl dava para elas montarem geralmente não estavam completamente domados e saiam em disparada assim que elas montavam.
Nestas anotações é possível saber por quanto ele comprava e por quanto vendia cada cabeça que levava para o açougue de Antonio Beckert em São Bento do Sul. No registro de 28/10/1914 ele vendeu cada cabeça por 80 mil Réis (ver imagem acima). Já no registro de 04/02/1916 ele vendeu por 84 mil Réis, conforme pode ser visto na imagem abaixo, onde consta por quanto ele comprava cada cabeça. Para Justina Bornemann ele pagou 52,5 mil Réis por cada uma das 15 cabeças que comprou. Para seu cunhado José Pickcius Sobrinho (casado com Magdalena Sauer) ele pagou 52 mil por cada uma das 5 cabeças. Para sua cunhada Maria Sauer Woehl (viúva de André Antonio Woehl, assassinado havia 3 anos) não consta o número de cabeça, mas o número inteiro divisível pelo valor total de 410 mil Réis é 5. Então, provavelmente ele pagou para sua cunhada 82 mil Reis por cabeça, o mesmo valor pelo qual vendia para o açougue de Antonio Beckert, não cobrando as despesas e o serviço da viagem de 4 dias para levar este gado até São Bento e mais 3 dias para retornar.
A construção da ferrovia tornou viável para Antonio Beckert trazer gado de Lages SC, onde os pecuaristas tinham custo menor na criação devido a existência nessa região de extensos campos naturais. Essa concorrência certamente afetou os negócios do meu avô bem como dos pequenos criadores do Avencal. Em uma mensagem para avô, enviada por volta de 1920, Antonio Beckert cancela ou adia a compra de gado de meu avô Gregório Woehl e revela que está comprando gado de Lages (SC).
Transcrição e tradução da mensagem de Antonio Beckert para meu avô Gregório Woehl gentilmente feita por Breno Klamas que teve também a ajuda da Brigitte Bradenburg em uma frase:
"Freund Gregor,
Das Vieh welches (wie?) wir ausgemacht haben welches ich vor 3 Wochen nehmen wollte könnte ich nicht weil (mir?) Lehm 50 (st.?) verkauft hat und musste 25 gleich nehmen und nun kommen wieder von Lages 50(st.?) dass "muss ich" wieder nehmen. wenn es (?) möglich ist hebe das Vieh auf bis noch (Ofensten?) dann nehme ich das Vieh weil bis dahin wieder ...(?),..
Es Grüßt Antonio Beckert"
Pelo contexto significa mais ou menos o seguinte:
Amigo Gregor,
O gado que como havíamos combinado o qual eu quis trazer há três semanas atrás não pude porque o Schlemm me vendeu 50 cabeças até a Páscoa e tive que pegar imediatamente 25 e agora vem novamente de Lages 50 cabeças que eu tenho que pegar novamente se (?) for possível eu subo com o gado até (?) daí eu pego o gado porque até lá,...(?)
Nesta mensagem deu a entender pelo que nesta época meu avô não conduzia mais a boiada do Avencal até São Bento do Sul, porque Antonio Beckert menciona que ficou de ir buscar o gado.
Mensagem de Antonio Beckert para meu avô Gregório Woehl informando sobre uma compra de gado de Lages (SC) que era transportada por trem até seu açougue (frigorífico) em São Bento do Sul. |
Nas anotações do vô Gregório de 05/01/1921 aparece pela primeira a movimentação de gado para outro cliente, ou seja, não mais Antonio Beckert, mas em direção oposta à São Bento do Sul. Foram 16 anos entregando gado para Antonio Beckert, tempo que ele mesmo comentava com minha prima Maria de Lourdes Reusing. Desta vez o gado, 51 novilhas, foi levado para Sr. Schmidt, em outra região, Timbó (Fazenda Schmidt, localidade de Tamanduá, Município de Timbó Grande SC). Não foi uma venda, as 51 novilhas foram levadas para uma criação em parceria (sociedade) com o Sr. Schmidt. Era início de uma nova experiência que durou pelo menos 6 anos, mas acabou não dando certo e meu avô foi com seus filhos, Antonio e Hipolito Woehl (que era adolescente na época), trazer de volta o gado. O último registro da movimentação de gado do vô Gregório Woehl foi em 27/03/1927 para trazer 58 cabeças da localidade de Tamanduá, atual município de Timbó Grande, onde ficava a Fazenda Schmidt. A viagem conduzindo a boaiada levou 8 dias para chegar ao Bituva, onde ficava sua área de pastagem.
Um fato bem marcante sobre o espírito empreendedor do meu avô ocorreu por ocasião de suas visitas à sua irmã, Julia Woehl Heller, em Corupá (SC). Julia se com Rudolf Heller e trabalhavam com bananicultura na Estrada Felipe Schmidt, Rio Novo, Rota das Cachoeiras. Para meu avô deve ter sido uma grande novidade as plantações de banana em Corupá. Sem entender nada de bananicultura ele conseguiu enxergar na atividade uma oportunidade de negócios. Fornecer cavalos para os produtores de banana. Ele deve ter conversado com os bananicultores e percebido a dificuldade deles em adquirir bons cavalos. Como o negócio de criação, compra e venda de gado foi inviabilizada porque seu principal cliente, Antonio Beckert de São Bento do Sul estava trazendo gado de Lages, mais barato, a partir de 1921 o vô Gregório começa lidar com cavalos. Montou uma criação de cavalos na localidade de Bituva, Mafra (SC), em uma área 500 alqueires que comprou da sogra Christina Hack e cunhados. Ele era muito profissional nesta atividade. Viajava até Curitibanos (SC) para comprar garanhões de raça do criador de cavalos Cizenando Costa. Marcava os cavalos que criava com a letra G e conseguia vendê-los por um bom preço já que não faltavam clientes. Chegou a produzir 85 potrilhos por ano. Ele tinha tudo anotado, era bem-organizado.
Em sua caderneta há dezenas de anotações de cruzamento de cavalos. Um serviço que ele prestava na comunidade era do cruzamento das éguas dos moradores do Avencal com um reprodutor dele, cobrando entre 10 mil e 40 mil Réis, neste caso para dar assistência até nascimento do potrilho, pelo que se deduz das anotações. Há também o registro do cruzamento de égua de sua propriedade e dos filhos, meu pai Germano Woehl e do meu tio Antônio Woehl.
Para agregar valor aos cavalos que vendia, nos anos da década de 1930 ele contratou um domador de cavalos de Corupá SC, Paulo Linzmeier (1893-1969). Minha prima Maria de Lourdes Reusing lembra que eram vendidos lotes de até 18 cavalos para um mesmo comprador. Certa vez, passeando com meu avô pela área de pastagem observou vários e potrilhos deitados no gramado expostos ao sol da manhã e meu avô comentou: "O sol faz bem para eles porque fortalece os ossos".
Na década de 1920, paralelamente com o negócio de criação de cavalos meu avô Gregório Woehl decidiu comprar a serraria de seu irmão, Roberto Woehl, e um sócio, Sebastião Sauer (nascido em 20/01/1895) que em 03/09/1921 com a professora da escola do Avencal Maria da Conceição Ferreira Leal (28/01/1894 – 06/04/1960). Teve muita dificuldade para pagar, mas conseguiu. No início, operava a serraria com apenas um empregado. Após o expediente, no período noturno, ele continuava serrando e minha avó, jovem na época, entrava em ação, já que eram necessárias duas pessoas para serrar as toras. Algumas vezes trabalhavam até de madrugada. Tiveram que trabalhar duro desta forma, dia e noite, para pagarem as parcelas da compra da serraria para seu irmão Roberto e o sócio Sebastião Sauer, que vencia sempre no dia 16 de cada mês e o Roberto era rigoroso com este prazo.
A data mais provável da compra da serraria foi no início de 1923 porque em suas anotações estão relacionados três empréstimos de quantias elevadas neste período: Em 18/12/1922 (ele anotou 1923 mas deve ser 1922 pela ordem das anotações) emprestou 1 Conto de Reis (1 milhão de Reis) de Antonio Becker; Em 18/02/1923 emprestou 2 Contos de Reis (2 milhões de Reis) de João Grossl e; em 23/07/1923 emprestou 500 mil Reis de seu cunhado João Nepomuceno Sauer (irmão de Catharina Sauer Woehl). A compra da serraria incluiu o terreno de Sebastião Sauer para onde o vô Gregório fez casa e se mudou com a família e passou a viver ali pelo resto de sua vida. Depois, esta propriedade ficou com meu tio Hipólito Woehl (12/04/1918 – 27/11/2001) onde construiu sua casa e passou a morar ali também e, atualmente, pertence aos herdeiros de seu filho Orestes Woehl (18/12/1951 - 04/04/2022). Provavelmente este terreno pertencia ao pai de Sebastião Sauer, Nicolau Sauer (1852–1935).
Após este sufoco para quitar a dívida da compra, ele administrou bem esta serraria e ganhou muito dinheiro. Quando ele morreu, deixou um estoque grande de madeira serrada, pronta para ser vendida. Ele continuou trabalhando na serraria junto com os empregados, que eram nove no total. Aos 79 anos, um pouco antes de adoecer e morrer (pneumonia), ele ainda trabalhava na serraria. Certa vez, vieram compradores de madeira de Joinville e ele foi atendê-los, com chapéu e ombros cobertos de serragem, usando roupa de serviço e calçando sandálias. Os compradores perguntaram: “Gostaríamos de falar com Gregório Woehl”. Ele respondeu: “Sou eu mesmo”. Mas os compradores ainda ficaram com dúvidas ao encontrá-lo naquela situação e mudaram a pergunta: “Gostaríamos de falar com o dono da serraria”. Ele repetiu a resposta: “Sou eu mesmo”. Tinha clientes como Martin Zipperer, fundador da Móveis Cimo, que frequentava a casa dele para tomar vinho e um licor caseiro de marmelo-Japão, que minha tia Narcisa fazia.
Para o funcionamento dos motores da serraria tinha geração própria de energia elétrica, em uma pequena central hidrelétrica no rio da Areia, que passava ao lado da serraria. A energia elétrica gerada na propriedade era fornecida também para a residência, que era a única do Avencal a ter este conforto naquela época.
Luiz Antonio Heyse, filho de Hary Heyse e neto de Franscisa (Woehl) Heyse a segunda filha do meu avô Gregório Woehl, mais conhecida na família como tia Chiquinha, que se casou com João Heyse, contou que seu pai Hary Heyse comentava que Gregório Woehl era muito organizado em tudo, principalmente no quesito ferramentas. Nenhuma poderia ficar fora do lugar após o uso.
Segundo informações da prima Maria de Lourdes Reusing, quando meu avô Gregório Woehl comprava toras de imbuia (Ocotea porosa) do tipo mostrado na foto abaixo, tirada na sua serraria por volta de 1940, ele mesmo serrava, não deixava seus funcionários fazerem isso, para garantir a qualidade das tábuas (todas com a mesma espessura e bem retas). Gregório Woehl dizia: “Estas vão dar África”. Tábuas de imbuia de boa qualidade tinham um alto valor de mercado porque eram exportadas para a África do Sul.
De fato, a África do Sul sempre foi o maior comprador de imbuia (Ocotea porosa) do Brasil. As exportações de imbuia para África do Sul correspondiam a 95% do total na década de 70, de acordo com o texto da Projeto de Lei 5.292 de 1981 do Congresso Nacional para proibir a exportação de imbuia, para preservar a espécie ameaçada de extinção e garantir matéria prima para a indústria moveleira do Sul do Brasil:
Segundo a Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil - CACEx, atualmente se exportam 20.000m3 de imbuia por ano, sendo a Âfrica do Sul o maior comprador, absorvendo 95% daquele total. Vêm em seguida os Estados Unidos, a Comunidade Comum Europeia, a Suécia, a Austrália, o Egito, Hong Kong, URSS e Polônia, aparecendo como grande ameaça, agora, os países membros da OPEP. Sendo a reserva existente muito pequena, a CACEx tentará tornar medidas paliativas, fixando para 1981 o teto de exportação em 15.000 m3, 13.000m3 para 1982, diminuindo gradativamente até a total extinção do produto, o que se dará em menos de dez anos.
Teve um episódio envolvendo seu futuro genro, João Heyse. Em uma das longas jornadas pelas estradas do Rio da Areia, viagens que eram uma verdadeira aventura, o aro de ferro da roda da carroça havia se soltado. Já estava anoitecendo quando ele chegou à casa da namorada, Francisca Heyse, e pediu emprestado um martelo ao futuro sogro, Gregório Woehl, para fazer o concerto da roda.
Na hora do jantar, Gregório Woehl perguntou em tom enérgico para João Heyse:
“João, você não devolveu meu martelo!”
Tremendo de medo de levar uma bronca séria e colocar em risco seu namoro com Chiquinha, João Heyse respondeu: De-de... devolvi, sim senhor! Eu coloquei no mesmo lugar de onde o senhor retirou”.
Sem hesitar, Gregório Woehl, levantou-se imediatamente da cadeira, pegou um funzel (mini lampião a querosene) e foi conferir se o martelo tinha sido realmente colocado no lugar. Graças a Deus estava tudo em ordem, como João Heyse havia respondido.
Luiz Antonio Heyse contou também que Gregório Woehl afiava as serras usadas na serraria, e quando era preciso trabalhava em todas as funções. Nas suas tarefas o capricho era premissa indispensável, concluiu Luiz Antonio.
Meu avô Gregório Woehl registrou em seu caderno de anotações uma viagem que fez pelo interior de Itaiópolis SC em 23/08/1930 acompanhado pelo seu genro João Heyse. Ele saiu de casa (no Avencal, Mafra SC) neste dia e retornou no dia 04/09/1930. É muito emocionante saber que ele passou até pelo rio Itajaí do Norte em itaiópolis no dia 25/08/1930 (ida) e 02/09/1930 (retorno). No dia 29/08/1930 eles se hospedaram na propriedade de Joaquim Hacke. O termo “falhemos” significa descansamos. No dia 01/09/1930, uma segunda-feira, ele subiu no Morro do Taió, onde João Heyse tinha uma propriedade. Edith Eliza Heyse Bessa, filha de João Heyse, tinha 6 anos nesta época, mas ela lembra de outros tempos como era difícil e arriscada a travessia do rio Itajaí, em Itaiópolis, que não tinha ponte. Geralmente, eles acampavam e pernoitavam no local da travessia do rio Itajaí, onde foi construída mais tarde a ponte do Parolin. A travessia do rio Itajaí era um transtorno: os cavalos eram desencilhados e as selas e apetrechos eram atravessados de bote. Os cavalos atravessavam nadando. Após as chuvas fortes ninguém conseguia cruzar o rio. Edith Eliza Heyse Bessa lembra também da casa branca mencionada nas anotações do meu avô, a casa onde eles pernoitaram no dia 01/09/1930. Esta casa pertencia a João Heyse, que mais construiu no local uma serraria. Atualmente o Morro do Taió pertence ao município de Santa Terezinha SC.
Viagem de Gregório Woehl para rio Itajaí do Norte e Morro do Taió, Itaiópolis (SC), em 23/08/1930 para conhecer a propriedade de seu genro João Heyse |
Meu avô Gregório Woehl tinha também na propriedade uma casa comercial de secos e molhados, isto é, que vendia de tudo, desde tecidos e ferramentas até itens de alimentação e bebidas. Quem atendia era minha avó Catharina Sauer Woehl e meu tio Hipólito Woehl, o filho mais novo de meus avós. Minha avó é quem administrava a casa comercial e viajava até Joinville para comprar os itens que comercializava. Já existia trem nesta época e a estação ficava próxima, no Tingui. Quando meu tio Hipólito se casou, minha avó não conseguia mais conciliar as atividades da casa comercial com os afazeres domésticos, porque ela tinha que fazer almoço para os nove empregados da serraria. Então, decidiram encerrar as atividades.
Outra atividade econômica importante do meu avô Gregório Woehl foi a ERVA-MATE, atuando no extrativismo em suas terras e também no comércio (compra e venda).
Residência dos meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer no Avencal, Mafra-SC. O touro da raça Gir tinha acabado se ser comprado pelo meu avô. Esse foi o motivo da foto |
Registro de Arma de Gregorio Woehl, revólver calibre 32 fabricado nos Estados Unidos, emitido pela Delegacia de Mafra SC em 1940 (revalidação do registro anterior emitido em 1939). |
Bandoneon de Gregorio Woehl. Ele tocou muitos bailes com este bandoneon que aprendeu a tocar quando era jovem, na escola de música de São Bento do Sul (SC). |
Residência dos meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer no Avencal, Mafra-SC. As pessoas são: minha tia Sisa (Narcisa) Woehl e sua filha, minha prima, Maria de Lourdes Reusing. |
Gregório Woehl no meio do rio da Areia no trecho que passava pela sua propriedade. Acervo de José Adolar Woehl |
Marcas deixadas pela Revolução Federalista
Os rebeldes que promoveram a Revolução Federalista deixaram marcas quando passaram pelo local onde meu avô Gregório Woehl se hospedava, às margens da Estrada Dona Francisca, no Avencal, em Mafra SC, que na época pertencia ao município de Rio Negro PR. O fato ocorreu por volta de 1894.
Meu avô já tinha se mudado de São Bento do Sul (SC) para o Avencal, onde trabalhava como carpinteiro na construção de casas para os Sauer, quando ainda era solteiro. Ele se hospedava na residência da futura sogra, Christina Hack Sauer, que lhe aconselhou a esconder seu baú de ferramentas, onde ele guardava também sua clarinete. Sugeriu escondê-lo no monjolo à beira do riacho no fundo da grota e recomendou ainda que o deixasse destrancado. Ela tinha sido avisada com antecedência que os rebeldes iriam passar por ali e estavam próximos.
Os rebeldes estavam à procura de armas e munições, invadindo as residências que encontravam pelo caminho. Acharam o baú do meu avô e abriram para revistar, mas não encontraram nada além de suas ferramentas de trabalho e seu instrumento musical, a clarinete. No entanto, a coleção de figurinhas colada no lado interno da tampa do baú despertou a ira do rebelde que com sua espada tentou destrui-la, deixando essas marcas.
Esta coleção de figurinhas de caixas de fósforos meu avô juntou na Boêmia, em Gablonz, vila de Wiesenthal, quando era criança. Ele as trouxe na bagagem da família quando era criança e, mais tarde, as colou na parte interna da tampa do baú usando clara de ovo como cola. O baú está guardado com minha prima, Maria de Lourdes Reusing, que foi criada pelo meu avô que lhe contou esta história quando ela perguntou sobre esses cortes nas figurinhas.
Gregorio Woehl e Catharina Sauer tiveram 8 filhos:
MATILDE WOEHL BAUER 20/10/1895 – 12/09/1938
FRANCISCA WOEHL HEYSE 20/09/1897 – 09/08/1982
GERMANO WOEHL 20/10/1901-13/08/1973
ELFRIDA WOEHL HEYSE 11/06/1903 – 05/06/1990
ANTONIO WOEHL 26/04/1906 – 25/02/1996
NARCISA WOEHL KOSTESKI 09/02/1909 – 24/05/1994
HERMINIA WOEHL FERREIRA 16/05/1911 – 15/03/2014
HYPÓLITO WOEHL 12/04/1918 – 27/11/2001
ESCOLA EDUCAÇÃO BÁSICA DOS FILHOS DE GREGÓRIO WOEHL e CATHARINA SAUER
Meus bisavós, Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler, tratavam com muito carinho os netos, as crianças, filhos de Gregório Woehl. Meu pai e tias, que quando adultas se casaram com Heyse e Bauer, tinham quartos reservados só para eles em São Bento do Sul (SC), onde ficaram morando por 4 anos para estudar na escola alemã, Kolumbus Schule, e na escola de música. Eles foram alfabetizados no idioma alemão nesta escola alemã de São Bento, que foi criada e mantida com dinheiro de doações e ação voluntária da comunidade são bentense.
Germano Woehl, meu pai, aprendeu a ler, escrever e falar alemão nesta escola, assim como suas irmãs mais velhas. Já os irmãos mais novos não tiveram tanta sorte, porque o governo criou uma escola pública na comunidade do Avencal. A professora não dominava a técnica de alfabetizar crianças. Minha tia, Francisca Woehl Heyse (tia Chiquinha), que se casou com João Heyse e morava na Moema, em Itaiópolis, ao fazer uma visita aos pais, observou que seu irmão caçula, meu tio Hipolito Woehl, não estava conseguindo aprender a ler e escrever naquela escola. Então, ela levou o menino para a Moema, porque lá tinha uma escola que funcionava, por causa de um excelente professor, Fábio Zesino de Oliveira, que sabia alfabetizar as crianças. E graças a esta atitude, seu irmãozinho, meu tio, aprendeu a ler e escrever na idade correta.
ESCOLA DE MÚSICA
Meu pai, Germano Woehl, e minha tia Chiquinha (Francisca) Woehl Heyse não tiveram interesse pela arte da música na escola de música de São Bento do Sul. Porém, minhas tias Matilde e Elfrida (Frida) e tio Antônio se interessaram:
Tia Matilde Woehl Bauer aprendeu a tocar cítara.
Tia Frida (Elfrida) Woehl Heyse aprendeu a tocar violino.
Tio Antonio Woehl (meu padrinho) aprendeu a tocar saxofone. Era o único da família com o dom de cantar. Quando não tocava, ele cantava. Ele chegou a tocar na Banda Weiss de São Bento do Sul.
Meu avô Gregório Woehl tocava muito bem a gaita alemã bandoneon (parecida com acordeon) também conhecida como harmônica, que aprendeu a tocar na escola de música de São Bento, conforme foi contado no inicio do texto. Com frequência eles (pai e filhos) tocavam juntos após o jantar. Às vezes, meu avô tocava nos bailes também, na localidade onde moravam, no Avencal, Mafra (SC). MATILDE WOEHL BAUER 20/10/1895 – 12/09/1938, morreu aos 42 anos, casou-se em 21/04/1923 com Roberto Bauer (12/10/1902 Itaiópolis - 07-12-1969 São Bento do Sul).
O casal teve 8 filhos:
Maria Elvira Bauer (26/12/1923 - 07/06/2016) se casou em 14/11/1942 com Eduardo Kollross (19/10/1918 Itaiópolis - 14/04/2010 Mafra);
Adelina Bauer (02/07/1925 - 03/07/2018) se casou em 27/09/1942 com Ewaldo Wagner (23/09/1916 Itaiopolis - 14/01/2007 Curitiba);
Enelso Francisco Bauer (20/09/1927 - 01/04/1931);
Elfrida Veronica Bauer (07/12/1928 Espigão do Bugre, Mafra SC - 16/02/1985 Belem PA). Era conhecida como Fridinha, se casou em 14/11/1951 Itaiópolis com Waldemar Wagner (21/11/1927 Itaiopolis - 08/06/1994 Santarém PA). Ao perder a mãe, aos 9 anos, foi morar com os avós Gregório Woehl e Catharina Sauer Woehl. Morou também com a tia Elfrida Woehl Heyse;
Judith Bauer (nascida em 06/03/1931) se casou em 03/02/1957 Itaiópolis com João dos Reis - Sgt Reis - (1932 Mafra SC – 19/12/2023 Curitiba);
José Francisco Bauer (23/08/1933 Itaiopolis - 13/02/2012 Itaiópolis) se casou em Itaiópolis com Lourdes Veronica Buba (03/11/1938 – 25/01/1989);
Olinda Catarina Bauer (nascida em 1936) conhecida como “Nega”, tinha apenas 2 anos quando a mãe faleceu e foi criada pela irmã mais velha, Maria Elvira Bauer Kollross. Casou-se com Teófilo Cieslinski (falecido);
Alfeo Bauer (nascido em 1938) tinha 4 meses quando a mãe faleceu e foi criado pela irmã mais velha, Maria Elvira Bauer Kollross. Casou-se em 21/01/1961 Itaiópolis com Eluir Terezinha Wendt (nascida em 1942).
Mathilde Woehl, por ser a filha mais velha, teve que aprender ainda na pré-adolescência a montar cavalo e ajudar seu pai, meu avô Gregório Woehl, a conduzir a boiada do Avencal até São Bento do Sul. Eram quatro dias de viagem para percorrer os 40 km com a boiada até o açougue de Antonio Beckert.
Mathilde Woehl Bauer (20/10/1895 – 12/09/1938), casou-se com Roberto Bauer em 21/04/1923. Morreu aos 42 anos. |
Mathilde Woehl Bauer (20/10/1895 – 12/09/1938) e Francisca Woehl Heyse (20/09/1897 – 09/08/1982) |
Mathilde Woehl Bauer (20/10/1895 – 12/09/1938), morreu aos 42 anos; casou-se com Roberto Bauer em 21/04/1923. |
Dedicatória da foto de casamento de Judith Bauer e João dos Reis à avó Catharina Sauer Woehl |
FRANCISCA WOEHL HEYSE 20/09/1897 – 09/08/1982, morreu aos 84 anos; casou-se em 11/02/1920 com João Christian Paulo Heyse 04/05/1891 – 10/05/1991.
Filhos: Wanda Eugenia Heyse 08/01/1921 – 03/07/2015; Jovino Christiano Heyse 27/04/1922 – 05/08/2020; Edith Eliza Heyse 15/03/1924 – 04/08/2024, se casou com Luiz Irapuan Campelo Bessa (10/04/1916 – 18/07/1993) no dia 30/12/1950 em Itaiópolis SC, no clube 16 de Abril; Otto Erico Heyse 16/12/1926 – 2012; Hary Heyse 05/06/1927 – 05/08/2016; Renato Paulo Heyse 02/10/1929 – 10/10/2015
Jovino Heyse, Otto Erico Heyse e Edith Eliza Heyse, filhos de Francisca (Woehl) Heyse e João Heyse |
Renato Paulo Heyse, Wanda Eugenia Heyse (Nini) e Ana Szweizerska (variações: Szweizerski, Szwajcarski, Schaizerski) |
Edith Eliza Heyse Bessa, filha de Francisca (Woehl) Heyse e João Heyse. Formatura do magistério. Edith foi professora. |
Família de Francisca (Woehl) Heyse e João Heyse: Edith Eliza Heyse, Hary Heyse, Renato Paulo Heyse, Jovino Heyse, Otto Erico Heyse e Wanda Eugênia Heyse (Nini). |
GERMANO WOEHL 20/10/1901 – 13/08/1973, morreu aos 72 anos; casou-se aos 21 anos em 16/06/1923 com Oraide de Almeida (27/02/1905 Rio Negro PR - 13/10/1948 Mafra SC), após ficar viúvo se casou novamente em 14/07/1951 com Josepha Kalabaide (19/10/1928 Papanduva SC – 31/03/2006 Itaiópolis SC).
Filhos com Oraide de Almeida:
Joel Woehl (08/09/1925 - 01/03/1991) se casou em 30/11/1946 Itaiópolis com Ivone Sternadt (29/03/1926 Itaiópolis - 26/04/2008 Mafra);
Licyr Woehl (03/02/1930 - 29/07/1984) se casou em 17/07/1948 Mafra com Arthur Krüger (29/04/1923 Joinville - 30/01/1989 São Bento do Sul);
Emir Woehl (03/02/1930 - 26/07/1989) se casou em 23/07/1955 Itaiópolis com Nivaldo Etvin Weinert;
Jairo Agnardo Woehl (28/03/1940 - 12/01/2016)se casou em 08/09/1962 com Ligia Trindade.
Filhos com Josepha Kalabaide Woehl: Gelcyr Woehl 1952–Vivo; Gilmar Woehl 1954–Vivo; Gregório Woehl (17/11/1956 – 15/10/2021) se casou com Vera Lúcia de Paula com quem teve 3 filhos, era Apicultor e morreu em decorrência de acidente de carro na BR-116 em Mafra, vítima da imprudência de outro motorista; Gilnete Woehl 1959–Viva; Germano Woehl Jr 1960–Vivo
Josepha Kalabaide Woehl é filha de imigrantes ucranianos da Galícia (Império Austro-húngaro): Miguel Kalabaide (23/09/1886 Suchrów, Galícia - 28/12/1944 Papanduva SC) e Anna Koppes (10/07/1903 Itaiópolis - 12/09/1992 Papanduva SC). Anna Koppes é filha de Alexandre Koppes (nascido na Galicia e falecido em 30/08/1957 em Papanduva SC) e Maria Koppes (nascida na Galicia e falecida em Papanduva SC).
Miguel Kalabaide é o nome traduzido de Mikael Kalabajda (Калабайда). Miguel Kalabaide nasceu na vila de Suchrów (atual Suhriv/Сугрів) casa n. 46, Distrito (Raion) de Zhydachiv, Estado (Oblast) de Lviv, Ucrânia. Fica a 7,5 km do centro da cidade de Khodoriv/Ходорів e a 50 km ao sul de Lviv, próximo à divisa com a Polônia Na época de emigração, 1895, esta região pertencia ao Reino da Galícia (Império Austro-húngaro) e Lviv se chamava Lemberg e era a capital. Registros comprovam que os Kalabaide já viviam nesta vila em 1770 e sempre foram agricultores. Atualmente é uma vila agrícola, com poucas casas.
Miguel Kalabaide chegou ao Brasil com 9 anos, em 14/08/1895, acompanhado de seus pais Timotheus Kalabajda (23/06/1847 Suchrów, Galícia – 1920 Papanduva SC) - no Brasil usou o nome de Thomas Kalabaide - e Euphimia Chruszcz (02/06/1857 Suchrów, Galícia - 10/04/1946 Papanduva SC) - no Brasil usou diferentes nomes nos registros: Eugenia Chruszcz, Emma e Chiema. Viajaram no navio San Gottardo e ao chegarem ao Rio de Janeiro, em 14/08/1895, tiveram que cumprir quarentena de 18 dias, até 02/09/1895, na Hospedaria da Ilha das Flores, tendo chegado em Curitiba em 09/09/1895. A Galícia é território que foi extinto em 1918 com a dissolução do Império Austro-húngaro e atualmente está divida entre a Ucrânia e Polônia.
Josepha Kalabaide Woehl (19/10/1928 Papanduva SC – 31/03/2006 Itaiópolis SC) |
Germano Woehl, filho mais novo de Germano Woehl e Josepha Kalabaide Woehl. |
Gilnete Woehl, filha de Germano Woehl e Josepha Kalabaide Woehl |
Gregorio Woehl, filho de Germano Woehl e Josepha Kalabaide Woehl, nome que homenageia o pai de Germano Woehl. |
Joel Woehl (08/09/1925 - 01/03/1991), filho de Germano Woehl com a primeira esposa Oraide de Almeida. Foto com dedicatória para irmã Emir Woehl Weinert |
Carta de Joel Woehl aos 11 anos, escrita em 24/08/1937 e enviada para seu pai Germano Woehl quando estudava no Colégio Santa Antonio, em Blumenau (SC) |
Carta de Joel Woehl aos 11 anos, escrita em 07/09/1937 e enviada para seu pai Germano Woehl quando estudava no Colégio Santa Antonio, em Blumenau (SC) |
Emir Woehl como o caminhão mercedes de meu pai Germano Woehl, importado da Alemanha, placa 4-65-35 de Itaiópolis SC. |
Casamento de Licyr Woehl (03/02/1930 - 29/07/1984) e Artur Kruger (29/04/1923 - 30/01/1989) realizado em 17/07/1948, Mafra SC. |
Sidonia Vilma Wunsche Max na motocicleta de Germano Woehl em 1948. Sidonia Max era muito amiga de Emir Woehl, filha de Germano. |
Meu avô queria que meu pai, Germano Woehl, adolescente, tivesse uma profissão. Então, mandou ele para São Bento para aprender a técnica de fazer linguiças, salsichas, embutidos em geral com Antônio Beckert, dono do açougue que comprou gado dele durante 16 anos, com quem meu avô estabeleceu uma relação de amizade. Meio contrariado, ele foi. Ficou em São Bento algumas semanas, aprendendo este ofício, que meu avô tanto insistiu. E aprendeu direitinho. Ele ficou hospedado na casa do nosso bisavô, Gregor Wöhl, no quarto exclusivo reservado para ele da época de estudante, quando foi alfabetizado na escola alemã Kolumbus Schule com as mensalidade custeadas pelo bisavô Gregor Wöhl. Quando terminou o curso, ele desabafou para meu avô: “Olha, não quero saber desse negócio de fabricar salsichas. Não gosto de lidar com isso. Quero fazer outra coisa... “. Contudo, sempre que meu avô matava um boi ou porco, era meu pai que entrava em ação para fabricar os mais variados tipos de salsichas e linguiças. Seguia a risca as receitas, os temperos e demais ingredientes. Pesava tudo meticulosamente para preparar a massa.
Assinatura de Germano Woehl no Balanço de sua empresa (de apicultura e madeireira) em 28 de fevereiro de 1944 |
Quando era jovem e solteiro, meu pai Germano Woehl foi lidar com agricultura nas terras do meu avô. Em 1925, dois anos após ter casado virou apicultor, tornando-se um grande produtor de mel. Em 1939 ele registrou uma declaração que começou com apicultura como atividade empresárial em 1925, aos 24 anos e exerceu esta atividade até o final dos anos 60, sendo que a partir de 1943 foi incorporada à empresa que exercia também a atividade madeireira (serraria e laminação). No final da década de 1930, a produção de mel atingia a escala de muitas toneladas, conforme os registros de venda para o exportador H. Douat e Cia de Joinville, A. Cardoso da Fonseca (Colmeal Adail) da Estação Senador Camará, Rio de Janeiro, entre outros compradores (ver abaixo os documentos). Meu pai usava muita técnica para produção de mel, incorporando as novidades que surgiam, como introdução de rainhas mais produtivas e importou da Alemanha uma máquina para fabricar as lâminas de cera alveoladas. Estas laminas são a base para as abelhas construirem os favos de forma ordenada, para permitir a extração mecanizada do mel. Esta máquina de favos foi importada no final de julho de 1937 pelo comerciante Carlos Schneider e Cia da "Casa do Aço", de Joinville, cujos descendentes fundaram mais tarde a CISER, fábrica de parafusos. Meu pai pagou a máquina de favos com o fornecimento de mel para Carlos Schneider revender, conforme demonstram os documentos.
Germano Woehl aprendeu sozinho a lidar com apicultura e usar a tecnologia para obter alta produtividade. Aprendeu lendo as matérias na revista que ele assinava na época “Chácaras e quintais”, que foi lançada em 1909 e extinta em 1971. A sobrinha de Germano Woehl, Maria de Lourdes Reusing, lembra que ele ia de tomar chimarrão com o pai, Gregório Woehl, e depois sentava em uma cadeira de balanço na varanda para ler um livro ou uma revista. Germano Woehl criava tambem as rainhas da abelha europeia italiana (Apis mellifera fasciata), a espécie que se adaptou melhor no Brasil, e vendia para apicultores do Brasil inteiro. Outros apicultores que surgiram em Mafra SC, como Alfrido Severino Woehl, conhecido como Ido Woehl (primo de meu pai), Sommer, Leo Liebl, no Rio Preto (divisa entre os municípios de Mafra e Rio Negrinho), utilizaram as rainhas da variedade italiana produzidas por Germano Woehl no Avencal.
Declaração de Germano Woehl sobre sua atividade de APICULTURA, desde 1925 |
Anúncio de venda de mel do apicultor Germano Woehl do Avencal Mafra SC publicado na Revista Chácaras e Quintais Edição de 15/03/1932. |
Alberto Schafaschek, nascido em 1930, foi quem comprou de meu pai, Germano Woehl, a máquina de fabricar lâminas de cera alveoladas no final dos anos 60. Ele é irmão de Ida Schafaschek Woehl (19/05/1934 - 11/08/2018), esposa de Alfrido Silverino Woehl (20/06/1920 – 19/03/1995), mais conhecido como Ido Woehl, primo de meu pai.
Alberto contou que tinha vários interessados pela máquina, mas meu pai, que já tinha perdido a fala naquela época por causa do AVC, deu preferência para ele que fez a menor oferta. A preferência, ele disse, foi por causa da relação de amizade que meu pai teve com o pai dele, Martin Schafaschek (08/03/1893 - 20/07/1962). Contou que foi na casa de minha família num sábado buscar a máquina e pagar uma parte. O restante do dinheiro ficou combinado de ele entregar para minha mãe na segunda-feira, quando ela iria para Mafra ao dentista.
Contou que aprendeu a técnica para fabricar a lâmina de cera alveolada com Ido Woehl, que conhecia bem o processo. Ido também foi um grande apicultor que aprendeu o ofício com me pai Germano Woehl. Explicou-me detalhes desse processo para sair um favo perfeito, que não é muito fácil (tem o ponto certo de fusão da cera, esfriamento, preparação das lâminas etc). Quando foi para Itaiópolis, meu pai tinha treinado uma funcionária da sua empresa para usar a máquina. Era Amalia de Barros Franco (nascida Amália de Melo). Alberto relatou-me também algumas histórias que o Ido Woehl contou para ele sobre atividade de apicultura de meu pai no Avencal, Mafra SC, do grande volume de mel produzido.
Alberto Schafaschek usa a máquina até hoje. É impressionante uma maquina fabricada em 1937 ainda estar em uso. Tem um defeito em um dos cilindros da máquina. Acidentalmente um funcionário do meu pai, Seidl, derrubou um prego pequeno durante a operação e amassou um dente do cilindro, que é de aluminio (veja nas fotos).
Máquina de fabricar favos alveolados importada da Alemanha por Germano Woehl em julho de 1937, que hoje pertence ao apicultor Alberto Schafaschek. Fotos tiradas em 18/02/2022. |
Sr Alberto Schafaschek, 91 anos, demonstrando o uso da máquina de fabricar favos alveolados que Germano Woehl importou da Alemanha em 1937. Foto tirada em 18/02/2022. |
Sr Alberto Schafaschek, 91 anos, mostrando a placa de cera com a base dos alvéolos produzida pela máquina que Germano Woehl importou da Alemanha em 1937. Foto tirada em 18/02/2022. |
Sr Alberto Schafaschek, 91 anos, segurando a embalagem original da máquina de fabricar favos importada por Germano Woehl da Alemanha em 1937. Foto tirada em 18/02/2022. |
Correspondência de 18/11/1937 referente a compra de embalagens (latas novas) e rótulos para mel da Metalúrgica Pradi de Carlos Pradi de Curitiba. |
Correspondências de H. Douat e Cia de Joinville de 26/10/1937 e 28/03/1939 referentes a compra de mel do meu pai Germano Woehl para exportação. |
Correspondência de Frederico Ansbach (sucessor de Alberto Ansbach) de Ponta Grossa (PR) em 12/12/1942 sobre encomenda de mel para Germano Woehl. Ele reclamou do preço. |
Correspondência de H. Douat e Cia. de Joinville (SC) para Germano Woehl em 19/11/1938 |
Correspondência de G. Ritzmann de Mafra (SC) para Germano Woehl em 14/11/1938 |
Em 1946 ocorreu um incêndio na Estação Ferroviária do Tinguí, Avencal, Mafra SC queimando um grande volume de mel do apicultor e empresário Germano Woehl que estava aguardando transporte ferroviário para dois clientes do Rio de Janeiro, exportadores de mel. O cheiro de mel queimado foi sentido a quilômetros de distância na comunidade do Avencal e até hoje descendentes de moradores daquela época comentam o episódio.
No livro de contabilidade de meu pai, Germano Woehl, do ano de 1946 registrou o fato nas páginas 125 e 126 do livro de registro contábil, de 31 de dezembro de 1946 (encerramento).
Apicultura com movimento
Representação Ibéria Ltda Estorno das duplicatas 43 e 50 visto a mercadoria [mel] ter sido queimada na Estação de Tinguí (Avencal - Mafra SC)
Francisco Cardoso Fonseca Estorno das duplicatas 49 visto tratar-se de saque simulado para requerer indenização de mercadoria [mel] queimada
Não se sabe se Germano Woehl conseguiu a indenização da Rede Ferroviária pela carga de mel destruída no incêndio.
No final da década de 1930, montou um moinho de cereais em sociedade com Francisco Pilz, com o nome da firma Woehl e Pilz, que manteve até por volta de 1941 quando o moinho foi vendido para Otto Weiss. A sociedade com Francisco Pilz na firma Woehl e Pilz foi incluída a atividade de apicultura, pelo que se observa em uma nota promissória personalizada da empresa.
Nota promissória personalizada onde aparece o nome da firma Woehl e Pilz, sociedade entre Germano Woehl e Francisco Pilz do moinho de cereais e a atividade de apicultura |
Registro contábil do valor total dos equipamente e colmeias da atividade de apicultura de Germano Woehl em Mafra SC, em 31 de março de 1944. O valor total de 58.199,00 está em Cruzeiros |
Registro da venda de mel em Mafra SC, em 23/06/1945, do apicultor Germano Woehl para dois compradores: Antonio Schade e Fernando Tilp |
Registro contábil de Germano Woehl da atividade de apicultura em Mafra SC, em 28 de fevereiro de 1946. |
Registro contábil da atividade de apicultura de Germano Woehl: Caixas de madeira para novas colmeias |
Registro contábil da atividade de apicultura de Germano Woehl: Compra de latas novas (embalagens) para mel do fabricante Comérico e Industria H. Jordan Ltda em 08 de agosto de 1946 |
Conta Corrente em 1946 do cliente Francisco Cardoso da Fonseca (Colmeal Adail) do Rio de Janeiro comprador de mel da apicultura de Germano Woehl |
Conta Corrente em 1946 do cliente Representaçãoes Iberia Ltda comprador de mel da apicultura de Germano Woehl |
Por volta de 1935 Germano Woehl teve no rio da Areia de Baixo (Avencal), em Mafra SC uma criação comercial de nutria (Myocastor coypus), mamífero conhecido também como ratão-do-banhado, para produção de peles. Edith Heyse Bessa lembra desta criação na represa rio da Areia. Ideia que deve ter vindo da revista Chácaras e Quintais, que publicou respostas à duas cartas de Germano Woehl (G.W.) sobre o assunto em 1935.
Montou também uma marcenaria no Avencal em Mafra (SC) para o cunhado Fani de Almeida (irmão de sua primeira mulher) tomar conta. Nesta marcenaria eram fabricados os caixilhos padronizados para colméias de abelhas.
Por volta de 1936, Germano Woehl iniciou uma nova atividade, abrindo sua primeira serraria em sociedade com Baltazar Zippel no Avencal (Rio da Areia de Baixo) em Mafra SC. Abaixo está a foto das instalações desta serraria e a casa de Germano Woehl, à esquerda, onde ele residia com a família. Mais tarde, esta serraria e a casa foram vendidas para os irmãos Adolfo Anastácio Pereira (que se casou com Ida Woehl, filha de Roberto Woehl), Lilo Anastacio Pereira e Olimpio. Anastacio Pereira e Ida Woehl passaram a residir nesta casa que era de Germano Woehl.
Próximo a esta serraria foi construída a escola da comunidade cujo terreno com 2,5 hectares (25.000 m2) foi doado por Germano Woehl para Prefeitura de Mafra, conforme está públicado no jornal A Gazeta de Florianópolis, edição 1223 de 13 de agosto de 1938. Esta ação de filantropia praticada por Germano Woehl com a doação deste terreno para a Prefeitura Municipal de Mafra construir uma escola para a comunidade consta na Transcrição nº 9419, fl 119 livro 3/J do livro do cartório de registro de imóveis de Mafra SC. A Escola Isolada Estadual do Rio da Areia de Baixo (que mais tarde foi municipalizada) está atualmente desativada e a prefeitura tem instalações na área para prestar serviços à comunidade. No local foi também construída a Capela Nossa Senhora de Fátima e o Salão de Festas 13 de Maio. Recentemente a Prefeitura fez a doação (desmembramento) para a Mitra Diocesana de 3.000 m2 desta área onde está a capela o salão de festas (Transcrição de nº 16.373, FL. 81, 3/N).
Serraria de Germano Woehl em Itaiópolis SC, no início de operação, em 1944. |
A serraria que Germano Woehl montou em Itaiópolis foi comprada em 12/03/1943 de Ramiro Ruthes (25/11/1901 - 19/12/1953) e do irmão Alfredo Ruthes (22/03/1908 - 23/03/1982) que ficava no Espigão do Bugre, em Mafra SC, local conhecido como Km 9. Ramiro Ruthes, conhecido como Miro, era casado com Laura Hening (1910 – 06/10/1950). O registro de contabilidade (ver abaixo) comprova esta transação. Após venderem a serraria para Germano Woehl, Alfredo Ruthes montou outra serraria em Itaiópolis, próxima da Serraria de Germano Woehl. Alfredo Ruthes casou com a itaiopolense Emilia Koppe (02/10/1915 - 12/01/2006).
Registro do término da sociedade entre Germano Woehl e Domingos Sillos Correa em 10/09/1943. Germano Woehl comprou a parte do sócio Domingos Sillas Correa |
Quando meu pai Germano Woehl montou a empresa em Itaiópolis (serraria, laminação e apicultura) levou junto até funcionários do Avencal (Mafra, SC). Um deles foi Henrique Quandt, que era carroceiro do meu avô Gregorio Woehl, uma pessoa de muita confiança, como se fosse da família, que trabalhou durante muitos anos com vô Gregório e sabia lidar muito bem com os cavalos. Ele cuidava também da residência do meu avô Gregório e era conhecido na família como "velho" Quandt. Consta no registro contábil de Germano Woehl, em 01/08/1946, o pagamento das despesas dos funerais de Henrique Quandt. No registro de óbito ocorrido em 06/08/1846, declarado por Joel Woehl, consta que Henrique Quandt teve como causa da morte "cardiopatia" e que não se sabia os nome dos pais de Henrique Quandt.
Registro contábil de Germano Woehl com o pagamento das despesas dos funerais do funcionário Henrique Quandt que faleceu em 06/08/1946, aos 68 anos, de cardiopatia |
Em 1948, abriu outra serraria em Borrazópolis (PR), cuja administração ficava por conta de seu filho Joel Woehl. Contratou pessoas do Avencal, Mafra SC, para trabalharem nessa serraria de Borrazópolis. Na função de motorista de caminhão, contratou Severino Xavier Paes (23/05/1930 Avencal, Mafra SC – 23/05/2020 Ivaiporã PR), neto de André Antonio Woehl e Maria Sauer, filho de Catharina Woehl e Amantino Xavier Paes. Juntamente com Severino, com 18 anos na época, foi também seu cunhado Osvaldo Becker, casado com Helena Xavier Paes. Severino acabou ficando por lá e se casou em Borrazópolis em 28/11/1959 com Eva Galvão Paes (18/07/1943 – 07/05/2023 Ivaiporã PR). João Avelino de Aviz (10/11/1915 Avencal, Mafra SC – 10/05/1989 Curitiba PR) foi contratado mais tarde como gerente da serraria. João Avelino de Aviz e Juliana Hack são os pais do Cardeal Dom João Braz de Aviz.
Conta Corrente em 1944 de Martin Zipperer e Cia (fundador da Moveis Cimo), cliente da serraria de Germano Woehl em Itaiópolis SC |
Registro contábil de venda de madeira em 05/12/1946 para Martin Zipperer e Cia (fundador da Moveis Cimo), cliente da serraria de Germano Woehl em Itaiópolis SC |
Conta Corrente da Fábrica de Móveis Leopoldo S.A., de São Bento do Sul, em 1944, cliente da serraria de Germano Woehl em Itaiópolis SC |
O problema de se aventurar em tantos negócios exigia fontes de financiamento e, por isso, às vezes, meu pai precisava recorrer à empréstimos do meu avô para complementar o financiamento de novos empreendimentos ou equilibrar as contas. Na contabilidade da empresa dos anos de 1948 e 1949, consta devolução mensal de empréstimo ao meu avô Gregório Woehl no valor de Cr$ 47.830,30 (Cr$ é a moeda da época, Cruzeiros “antigos”) e a outro investidor de nacionalidade italiana, amigo da nossa família, Giulio Carotta, no valor Cr$ 57.317,40. Totalizando estas parcelas mensais pagas nota-se que eram somas consideráveis, que meu pai devolveu ao longo de dois anos. Meu avô aconselhava meu pai a não ter sócios, mas era a forma encontrada para obter financiamento para as ideias empreendedoras.
Conta Corrente de Gregorio Woehl demonstrando empréstimos para o filho Germano Woehl, que no dia 13 de outubro de 1948 cedeu um terreno no Avencal como parte do pagamento do empréstimo. |
Os irmãos do meu pai e seus cunhados da família Heyse, que foram empresários de sucesso, avaliaram que duas coisas o fizeram quebrar: Esta madeireira em Itaiópolis e meu irmão Joel Woehl ter ficado doente, que estava sendo preparado para ser o sucessor. O Joel cuidava da madeireira em Borrazópolis (PR), que estava indo muito bem, quando ficou doente de forma irreversível (transtorno mental). A madeireira em Itaiópolis foi muito bem no ínicio, chegando a conquistar clientes importantes como a Martim Zipperer e Cia (fundador da Móveis Cimo, que foi a maior fábrica de móveis da América Latina) e Fábrica de Móveis Leopoldo S.A. de São Bento do Sul, Adolfo F. Essenfelder Ltda (fábrica de pianos em Curitiba). Meus tios diziam que meu pai nunca deveria ter abandonado a apicultura. Ele ganhava muito dinheiro. com o negócio de mel. Até exportava e abastecia o mercado interno, de grandes centros consumidores, como o Rio de Janeiro, conforme comprovado pelos documentos mostrados anteriormente. No entanto, os documentos revelam que ele manteve a atividade da apicultura junto com a madeireira até 1960.
Quanto ao moinho do meu pai Germano Woehl, que ele vendeu em 1941 para Otto Weiss, uma correspondência datada de 19/12/1940 de uma empresa do setor de alimentos do Rio de Janeiro, Sociedade Comercial de Alimentação Ltda, revela as dificuldades que ele estava enfrentando. O cliente, respondeu que passou a importar centeio em grãos da Argentina porque era mais barato.
Outra atividade que contribuiu também para ele ter perdido muito dinheiro foi ter entrado no negócio de mentol, ou seja, extração de óleo de hortelã. Ele comprou uma extensa área em Apucarana-PR e fez uma grande plantação de hortelã. Ele teve um sócio desonesto, que roubou ele. Ele perdeu até a extensa área de Apucarana, onde hoje fica o centro da cidade.
Tanto Gregório Woehl (meu avô) como Germano Woehl (meu pai) eram pessoas bem calmas e tranquilas. Eram de poucas palavras, muito reservados. Gregório Woehl, nunca falou de negócios dentro de casa, perto da família. Sobre negócios, ele costumava trocar muitas ideias com o genro Paulo Heyse, que dava dicas preciosas sobre o comércio de madeiras, sobre preços, compradores, tendência do mercado, enfim Paulo Heyse era um consultor que ajudou meu avô Gregório Woehl a ganhar muito dinheiro com a serraria. Quem sempre foi bem nervosinha era minha avó, Catharina Sauer.
ELFRIDA WOEHL HEYSE 11/06/1903 – 05/06/1990, morreu aos 86 anos; casou-se em 14/05/1924 com Paulo Martin Christian Heyse 27/08/1900 – 06/11/1949.
Filhos: Ernesto Paulo Heyse 17/10/1924 - Falecido; Evaldo Frederico Heyse- Falecido; Maria Dolores Heyse - Viva.
Maria Dolores (Heyse) Bennemann, filha de Elfrida Woehl Heyse e Paulo Heyse |
Maria Dolores (Heyse) Bennemann, filha de Elfrida Woehl Heyse e Paulo Heyse |
Casamento de Ernesto Paulo Heyse e Claudete Banack. Acervo de Maria de Lourdes Reusing |
Casamento de Evaldo Frederico Heyse e Lisete Anita Swarowski em 25/04/1950. Acervo de Maria de Lourdes Reusing |
ANTONIO WOEHL 26/04/1906 – 25/02/1996, morreu aos 89 anos. Seus padrinhos de batismo foram: Roberto Woehl e Isabel Sauer Woehl. Casou-se em Itaiópolis SC, no Cartório de Registro Civil e na Igreja Santo Estanislau do Alto Paraguaçu, em 22/02/1930 com Florisbella Hack (20/04/1908 Avencal Mafra SC - 16/11/1995 Mafra SC). Os padrinhos de casamento da parte do noivo Antonio Woehl foram os mesmos do batizado, Roberto Woehl e Isabel Sauer Woehl, e os padrinhos da parte da noiva Florisbella Hack foram João Heyse e Francisca Woehl Heyse (tia Chiquinha).
Filhos: Nacilda Woehl (1934 – 11/09/2017), casada com Ildefonso Rauen (28/01/1932–24/03/1990), nome de casada Nacilda Woehl Rauen; Aida Woehl (falecida), casada com Alcides Olsen (falecido), nome de casada Aida Woehl; Amilcar Woehl (03/03/1947 - 12/01/2022), casado com Arlete Brey Woehl (viva), profissão Engenheiro Agrônomo, faleceu aos 74 anos de câncer; José Antonio Woehl (03/03/1933 - 05/01/1989), casado com Junilde Dilma Uhlmann; Maria Cacilda Woehl (viva); Marilda Woehl (31/05/1943 – 25/05/2023), casada com Odilon Herbst, nome de casada Marilda Woehl Herbst; Marlene Woehl (viva), casada com Udo Reusing Olsen (1935 - 20/12/2022); Nivaldo Woehl (04/07/1940 – 23/05/2004) casado com Mary Reusing Woehl ((12/08/1941 – 29/12/2011); Zelia Woehl (27/06/1935 - 02/11/2016), casou-se em 24/05/1958 Mafra SC com Denisar Reusing (13/11/1936 – 12/07/2007), nome de casada Zelia Woehl Reusing.
Antonio Woehl (26/04/1906 –25/02/1996) quando estava servindo ao Exército em Curitiba. Filho de Gregorio Woehl e Catharina Sauer. Casou em 22/02/1930 com Florisbella Hack (20/04/1908 - 16/11/1955). |
Casamento de Nacilda Woehl (1934–11/09/2017) e Ildefonso Rauen (28/01/1932–24/03/1990). Acervo Maria de Lourdes Reusing. |
NARCISA WOEHL KOSTESKI 09/02/1909 – 24/05/1994, morreu aos 85 anos; casou-se com Alexandre Kosteski (20/01/1916 - 27/02/1939) em 30/01/1937, ficou viúva em e se casou novamente com Samuel Pinto. Teve apenas uma filha com Alexandre Kosteski: Maria de Lourdes Kosteski nascida em 07/10/1938.
Narcisa Woehl (Tia Sisa). Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
Minha tia Narcisa Woehl Kosteski sofreu uma tragédia logo no início de seu casamento. Seu marido, Alexandre Kosteski, natural de Itaiópolis (SC), morreu aos 23 anos, em 27/02/1939, vítima de violência em uma discussão com um vizinho, um adolescente de apenas 16 anos, Dorval Bino (filho de Pedro Bino), que lhe desferiu um golpe de foice na cabeça. Alexandre morreu no hospital de Rio Negro (PR) 15 dias depois. A filha do casal, Maria de Lourdes Reusing, tinha apenas 4 meses. Então, minha tia Narcisa e sua filha Lourdes foram morar com meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer. Dorval Bino e seu pai Pedro Bino trabalhavam para meu avô Gregório Woehl e tambémn para meu pai Germano Woehl e meu tio Antonio Woehl fazendo roçadas e toras para a serraria, conforme os registros de conta corrente do meu avô Gregório Woehl.
Narcisa Woehl Kosteski (Tia Sisa)- Alexandre Kosteski com a filha do casal no colo, Maria de Lourdes Reusing, Zaira (menininha sentada no banco, Herminia (Woehl) Ferreira e Dalila no colo. |
Casamento de Narcisa Woehl Kosteski (09/02/1909- 24/05/1994) com Alexandre Kosteski (20/01/1916 - 27/02/1939) realizado em 30/01/1937. |
Maria de Lourdes Reusing, filha de Narcisa Woehl Kosteski (Tia Sisa) e Alexandre Kosteski |
Maria de Lourdes Reusing (adolescente) ao lado da avó Catharina Sauer e a mãe de Lourdes, Narcisa Woehl (em pé atrás da avó Catharina) |
Maria de Lourdes Reusing com a mãe, Narcisa (Woehl) Kosteski |
Maria de Lourdes Reusing, que foi criada pelos avós Gregório Woehl e Catharina Sauer |
Maria de Lourdes Reusing aos 11 anos. |
Maria de Lourdes Reusing com a prima e afilhada Anete Woehl (filha de Hypolito Woehl). |
Casamento de Maria de Lourdes Kosteski e Romeu Reusing em 16/05/1965. Festa realizada no Rio da Areia de Baixo. A daminha é Anete Woehl. Sentada ao lado do noivo está Catharina Sauer Woehl. |
HERMINIA WOEHL FERREIRA 16/05/1911 – 15/03/2014, morreu aos 102 anos; casou-se com Heleodoro Ferreira em 30/09/1933.
Filhos: Dalila Ferreira (viva); Luci Ferreira (viva); Zaira Ferreira (nascida em 1934) casou-se em 29/01/1966 com Bruno Ernesto Wagner (17/02/1929 Itaiopolis - 16/01/2011 Mafra), filho de Elisabeth Margarida Heyse (irmã de João Heyse e Paulo Heyse).
Herminia Woehl (16/05/1911 – 15/03/2014), Elfrida Woehl (11/06/1903 – 05/06/1990) e Narcisa Woehl (09/02/1909- 24/05/1994), filhas de Gregório Woehl e Catharina Sauer |
Herminia Woehl (16/05/1911 – 15/03/2014) e Narcisa Woehl (09/02/1909- 24/05/1994), filhas de Gregório Woehl e Catharina Sauer |
Casamento de Herminia Woehl com Heleodoro Ferreira em 30/09/1933, Mafra SC |
Aniversário de 100 anos de Herminia Woehl (16/05/1911 – 15/03/2014) celebrado no dia 16/05/2011 |
HYPÓLITO WOEHL 12/04/1918 – 27/11/2001, morreu aos 83 anos; casou-se em 19/05/1945 com Anita de Cassias Pereira Woehl 14/07/1921 - 25/05/1996.
Foi batizado em 03/05/1918 e seus padrinhos foram: João Stephanes e Emilia Biermann. A história sobre a escolha dos padrinhos do tio Hypolito Woehl foi contada pela minha prima Maria de Lourdes Reusing. Foi escolhida a data do batizado, que tinha que ser coincidente com a vinda do Padre na comunidade para rezar missa na Capela Santa Cruz. Mas houve falha na comunicação e os padrinhos, João Stephanes e sua esposa Emilia do Vale, fazendeiros em Rio Negrinho SC, não foram avisados. Porém, João Stephanes veio na missa, mas sem a esposa. Então, tiverem que achar uma madrinha de última hora que estivesse na missa. Foi escolhida Emilia Biermann (24/09/1888 São Bento do Sul - 03/01/1982 Curitiba), esposa do próspero comerciante do Tingui, Antonio Zacarias de França (1869-1956), que também era o farmacêutico voluntário da comunidade que receitava remédios caseiros.
Filhos: Anete Woehl – viva; Catarina Woehl – viva; José Adolar Wöhl (13/05/1947 - 18/02/2024), casou em 22/11/1969 com Carmen Cristina Weigle; Orestes Woehl (18/12/1951 - 04/04/2022), casou com Cacilda Shelbauer.
Hypolito Woehl, filho mais novo de Gregório Woehl e Catharina Sauer, quando tinha 4 anos, em 1922 |
Hypolito Woehl (12/04/1918 – 27/11/2001) e Anita de Cassias Pereira Woehl (nascida em 14/07/1921). O casamento foi realizado em 19/05/1945. |
José Adolar Woehl (Zezinho) e Orestes Woehl. Acervo de José Adolar Woehl. |
José Adolar Woehl (circulo vermelho) e atrás dele está seu primo Jonas Eduardo Kollross (neto de Mathilde Woehl Bauer) com seus colegas estudantes da EEB Barão de Antonina, Mafra SC |
Casamento de Jose Adolar Woehl e Carmen Cristina Weigl realizado em 22/11/1969 em Itaiópolis SC. |
JULIA WOEHL (Julie Wöhl). Nascida em 20/02/1873 na vila de Wiesenthal 140, distrito de Gablonz, na Boêmia. Padrinhos de batizado: Helena Wöhl e Josef Wöhl (irmã e irmão de Gregorio Woehl - Gregor Wöhl). Chegou ao Brasil com 3 anos. Casou-se em 22/11/1902 com Rudolf Heller (12/03/1877 - 31/12/1930), também imigrante da Boêmia, e foi morar em Corupá-SC, na Estrada Felipe Schmidt, Rio Novo (Rota das Cachoeiras), Corupá (SC), onde tinham um pomar de tangerinas e uma pequena plantação de bananas. Fabricavam um tipo de doce das tangerinas com caldo de cana-de-açúcar, chamado de mousse, que era vendido em São Bento do Sul (SC). Fabricavam mousse de bananas também, mas o principal produto era o mousse de tangerinas. Ganharam muito dinheiro com esta atividade. Outra atividade econômica era a produção e comércio de mudas de citros (tangerinas e laranjas-de-umbigo ou laranjas Bahia). Julia manteve seu sobrenome no nome de casada, ficando Julia Woehl Heller. Morreu aos 71 anos em 12/12/1943 de infarto agudo. Foi sepultada no cemitério da Estrada Isabel. O marido da Julia, Rudolf Heller, morreu aos 53 anos, 18 anos antes dela, em 02/01/1931.
Yolando Packer, neto de Julia Woehl Heller, filho de Emma Heller, contou que conviveu com a vó dele Julia Woehl. Relatou que para ele e irmãos dele tia Julia foi muito boazinha, uma avó perfeita. Sempre foi muito generosa e carinhosa com todos eles – ele lembra. Disse que sua avó Julia Woehl fumava charuto. Outra neta, Hella Heller, filha de Rudolf Heller, primogênito com o mesmo nome do pai, me contou que sua avó Julia fumava cachimbo também. Yolando Packer tinha 9 anos quando sua avó Julia morreu, em 1943 e presenciou o momento da sua morte. Ela estava na cama e ele ouviu tia Julia chamar a mãe dele: "Emma... Emma..." Ele e mãe dele foram correndo para o quarto ver o que ela queria. Ela pediu para colocarem ele sentada na cama. Assim eles fizeram e em seguida, ela morreu. Quem cuidava da Julia Woehl era a filha Adele Heller Schneider, mas naqueles dias que antecederam a morte de Julia ela estava no hospital acompanhando a filha Maria de Lourdes (Schneiner) Fanderuff que estava doente. Então, Emma Heller Packer foi substituí-la.
O marido de Julia Woehl, Rudolf Heller, é filho de Wenzel Heller e Franziska Dowiasch. Nasceu na vila Trzebine n. 30, Leitmeritz (atual Litoměřice), na Boêmia. Veio da Boêmia com 23 anos, da vila de Wernstadt (atual Verneřice), distrito de Děčín, que ficava a 5 km da vila de Trzebine, onde ele nasceu. Desembarcou no porto de São Francisco do Sul em 01/11/1900. Um sobrinho dele, Alois Pulez, filho de sua irmã Anna Heller e Johann Pulez (casamento em 10/11/1895), se correspondeu com o primo Rudolf Heller (filho) até 1960, lhe eviando muitas fotos. Quando tinha acabado de completar 19 anos, Rudolf Heller foi padrinho de batizado do primeiro filho de Anna Heller e Johann Pulez, Johann Oswald Berthold Pulez, em 20/03/1896, realizado no mesmo dia do nascimento. Ele foi o padrinho principal (Levans = que leva a criança para ser batizada). No registro de batismo consta que Rudolf Heller era Schriftträger, termo alemão que pode ser entendido como office boy (distribuidor de correspondências e documentos) e movava em Bensen (atual Benešov nad Ploučnicí), a 21 km de Wernstadt. Portanto, Rudolf Heller tinha um emprego urbano. Sua irmã Anna Heller residia em Wernstadt e provavelmente Rudolf estava hospedado na casa dela quando emigrou para o Brasil em 1900.
Os pais de Rudolf Heller, Wenzel Heller e Franziska Dowiasch, nasceram e se casaram na vila Mertendorf, Bensen, Tetschen (atual Merboltice, distrito de Děčín, República Tcheca). Eles se casaram nesta vila em 09/09/1867 e foram morar na casa dos pais de Franziska, Mertendorf n. 25, onde tiveram os dois primeiros filhos: Franziska Heller (05/10/1867 - 11/11/1885), que faleceu aos 18 anos em Trzebine, e Stephan Heller (nascido em 08/01/1870). A familia de Franziska Dowiasch vivia nesta vila desde 1700 pelo menos. Dowiasch é um sobrenome alemão e a mãe de Franziska é da familia Röllig, Theresia Röllig. Depois a familia se mudou para a vila de Trzebine n. 30, Leitmeritz (atual Litoměřice), onde nascerem Anna Heller e Rudolf Heller. Wenzel Heller era um Häusler, termo alemão que significa um trabalhador rural que tem moradia com quintal, mas precisa trabalhar para outro proprietário de terra para obter o sustento (sistema feudal que predominava na Europa). Na hierarquia social Häusler está um pouco acima de Tagelöhner (diarista, ou boia fria como é chamado no Brasil), o nível social mais baixo. A grande maioria dos imigrantes que vieram para o Brasil eram Tagelöhner, sem profissão e analfabetos.
Infelizmente desapareceram alguns livros de registros da paróquia de Munker (atual Mukařov) que atendia os moradores da vila de Trzebine (Leitmeritz – Boêmia), onde moravam os pais de Rudolf Heller, Wenzel Heller e Franziska Dowiasch. Os registros que sumiram são todos partir de ano de 1875. Do registro de óbitos só sobrou o livro de índice de 1833 até 1896. A numeração dos microfilmes da paróquia de Munker estão em sequência e não falta nenhum número, nem antes e nem depois.
O livro de índice de óbitos que restou contém duas informações importantes: A primeira delas é que no dia 12/03/1877, a data de nascimento de Rudolf Heller informada no registro de casamento dele com a tia Julia Woehl (realizado em São Bento em 22/11/1902), um bebê nasceu morto com o nome de Wenzel Heller no endereço vila Trzebine, casa n. 30 (endereço dos pais de Rudolf, Wenzel Heller e Franziska Dowiasch). Isso revela que Rudolf Heller teve um irmão gêmeo que nasceu morto e recebeu o mesmo nome do pai, Wenzel Heller. Confirma também que Rudolf Heller nasceu neste endereço. Poderia ter ocorrido da familia ter se mudado dali antes do Rudolf nascer e este bebê Wenzel Heller que morreu em 12/03/1877 ser de outra família, já que está cheio de Heller nesta região e homônimos. Porém, mais adiante, neste mesmo endereço, em 11/11/1885, tem o registro do óbito de Franziska Heller aos 18 anos, que é a primogênita do casal, nascida na casa dos pais de Franziska Dowiasch, na vila de Mertendorf, no dia 05/10/1867, 26 dias após o casamento de Wenzel Heller e Franziska Dowiasch. Ou seja, quando se casaram, a noiva Franziska Dowiasch estava grávida de 8 meses. Rudolf Heller tinha apenas 8 anos quando sua irmã mais velha Franziska faleceu jovem ainda, aos 18 anos.
Filhos de Julia Woehl Heller e Rudolf Heller:
REINHOLD RUDOLPHO HELLER, (14/08/1903 Corupá SC - 02/12/1969 Canoinhas SC), registrado como Rudolf Reinhold Emil Heller, mas usava o mesmo nome do pai, Rudolf Heller. Foi batizado em São Bento Sul no dia 26/12/1904 e os padrinhos foram Gustavo Woehl e Estephania Woehl, irmão e irmã caçula de Julia. Certamente, Julia passou o Natal na casa dos pais em São Bento para apresentar-lhes seu primeiro filho e batizá-lo. Casou-se em Corupá com Metha Maria Berthelsen em 29/09/1928.
O casal teve 3 filhos:
Herbert Conrado Heller (26/11/1930 Corupá SC - 04/09/2022 Curitiba PR)
Hella Heller (17/06/1932 Corupa SC – 08/12/2023 Presidente Getulio SC). Era conhecida pelo nome Elli e se casou em 1954 com Curt Dietrich (19/09/1934 - 27/01/2013). O casal teve dois filhos. Nos anos de 1952 e 1953 foi professora em Jaraguá do Sul, bairro Rio Cerro I. Quando se casou foi morar em Ibirama SC
Egon Heller (02/09/1936 Corupá SC - 30/08/2017 Concórdia SC) se casou em 16/05/1964 Canoinhas SC com Odette Berthon (28/08/1932 Canoinhas SC - 11/08/2005 Concórdia SC). Egon era o filho mais novo e morreu aos 81 anos de Mal de Alzheimer. Trabalhou na escola agrícola de Canoinhas e, depois, foi transferido para escola agrícola de Concórdia, onde se aposentou. Era instrutor de trator.
Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen moravam até 1943 na Estrada Rio Paulo, a 13 km do centro de Corupá SC, mas antes disso eles moraram com a tia Julia Woehl Heller. Porém a nora Metha Maria Berthelsen estava se desentendendo com a tia Julia e o casal decidiu se mudar, indo morar na casa de Emma Heller e Jacinto Packer na Estrada Rio Paulo, mostrada da foto abaixo de 1938, e Emma e Jacinto Packer vieram morar com a tia Julia. A troca ocorreu por volta de 1931 e Rudolf Heller comprou a propriedade de sua irmã Emma e Jacinto. Esta foto de 1938 da residência do casal mostra a existência de um pomar comercial de tangerinas (mimosas) e produção de mudas de citros. Esta atividade foi desenvolvida pela minha tia avó Julia Woehl Heller e o marido Rudolf Heller, que era bastante lucrativa. Eles agregavam valor às tangerinas, usando-as como matéria prima para fabricação de mousse (doce de tangerina feito com caldo de cana-de-açúcar) que era vendido em grandes quantidades em São Bento do Sul. Era Rudolf Heller (filho) quando solteiro que levava de carroça grandes quantidades de mousse fabricado pela familia para vender em São Bento do Sul. Esta foi também uma das atividades econômicas da irmã dele, Emma Heller e cunhado Jacinto Packer. Rudolf Heller (filho) tinha uma plantação de abacaxis nesta propriedade de Rio Paulo. Em Corupá, o casal teve também uma lavanderia industrial em Corupá, que lavava a quente os macacões engraxados dos funcionários da ferrovia. A esposa, Metha Maria Berthelsen, trabalhava nesta lavanderia.
16/04/1931 Emprestei para Rudolf Heller 500.000 Réis
29/04/1931 Emprestei para Rodolf Heller 2 Conto de Réis (2 milhões de Réis) a juros.
Anotação meu avô Gregório Woehl de empréstimo de 500 mil Reis para seu sobrinho Rudolf Heller em 16/04/1931 |
No dia 29/06/1944, lembra o filho Conrado, Rudolf Heller foi embora com a família de Corupá para Canoinhas SC, onde comprou terras no Distrito de Marcílio Dias, e arrendou uma olaria com um sócio, Jorge Leppen, um grande amigo, uma amizade que surgiu quando serviram ao exército. Eles tocaram esta olaria juntos até Rudolf morrer decorrente de um câncer, em 1969. Outra atividade econômica de Rudolf em Canoinhas foi fruticultura, da experiência acumulada em Corupá SC. Na propriedade que comprou, tinha um grande pomar de duas variedades de maçãs, uma plantação grande de peras, figo e uvas. Tentou citros, mas não deu certo. Parte das frutas era utilizada para fabricação de doces, que eles vendiam. Faziam também frutas cristalizadas para comercialização, segundo Ivana Berthon, filha de Egon Heller.
Residência da familia de Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen em Canoinhas SC, em 1948. Na frente estão os filhos Conrado Heller, Egon Heller e Hella Heller. Foto do acervo de Ivana Berthon Heller. |
Rudolf Heller e Maria Berthelsen não tiveram um final feliz, apesar do empreendedorismo de Rudolf, do esforço de "tirar leite de pedras", e de trabalhar duro. Enfrentaram os mesmos problemas de hoje: Furto de grandes quantidades de frutas. Maria Berthelsen desanimou tanto a ponto de sugerir que cortassem todas as macieiras, figueiras etc. de tantos furtos praticados pelos vizinhos. O mais triste é que acabaram na pobreza quando envelheceram e ficaram doentes. Tiveram sérios problemas financeiros no final da vida. Quando Rudolf foi diagnosticado com câncer no estômago e não pode mais trabalhar, a esposa Maria Berthelsen já estava acamada havia um ano. A renda era proveniente do trabalho deles e eles já não podiam mais trabalhar. Tinham muitas vacas de leite e outras criações. Então, o filho mais velho, Conrado, e o mais novo, Egon, vieram para cuidar deles e da propriedade. Egon ficou um mês e Conrado, 3 meses. Rudolf faleceu aos 66 anos em 02/12/1969. Os filhos tiveram que vender a propriedade para pagar o hospital e despesas com funeral. E o que fazer com a mãe, Maria Berthelsen Heller, acamada? Ela foi diagnosticada com amolecimento cerebral e aterosclerose. A filha de criação, Linda, que eles levaram de Corupá com 13 anos – e ficou com eles até se casar -, levou Maria Berthelsen para cuidar dela em sua casa, em Três Barras SC, onde ela faleceu aos 70 anos, um ano e quatro meses depois de Rudolf, em 21/04/1971.
Rudolf Heller aos 21 anos, em 15/12/1924. Foto do acervo de Ivana Berthon Heller. |
Rudolf Heller com o filho Egon Heller no dia de matrícula na escola Corupá. Foto do acervo de Ivana Berthon Heller. |
Filhos de Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen em 1937: Herbert Conrado Heller, Egon Heller e Hella Heller. Foto do acervo de Ivana Berthon Heller. |
Hella Heller aos 13 anos, conhecida também com Elli Heller. Filha de Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen. Foto do acervo de Hella Heller. |
Primeira Comunhão de Herbert Conrado Heller, filho de Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen. Foto do acervo de Hella Heller. |
Herbert Conrado Heller, filho de Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen. Foto do acervo de Hella Heller. |
Primeira comunhão de Egon Heller, filho de Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen. Foto do acervo de Hella Heller. |
Casamento de Egon Heller e Odette Berthon em 16/05/1964 Canoinhas SC. Egon Heller é filho de Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen. Foto do acervo de Hella Heller. |
Rudolf Heller está de chapéu com algum técnico/aprendiz ensinando a fazer enxertia de frutíferas em sua propriedade no Distrito de Marcílio Dias, Canoinhas SC. Foto do acervo de Hella Heller. |
Rudolf Heller e Metha Maria Berthelsen no pomar da propriedade deles em Marcílio Dias, Canoinhas SC. Fruticultura foi uma das atividades econômicas do casal. Foto do acervo de Hella Heller. |
EMMA HELLER (22/05/1905 – 19/08/1958), padrinhos de batismo realizado em São Bento do Sul em 24/09/1905: Theodoro Kwitschal e Regina Endler. Casou-se em 26/10/1929 com Jacinto Packer (30/05/1907 – 31/05/1984). Estava grávida de 8 meses de Wigand quando se casou. Emma queria muito ser dentista, mas tia Julia e Rudolf não tinham condições de pagar para ela aprender o ofício com um dentista de Jaraguá do Sul (na época não tinha universidade). Mas o casal conseguiu mandar Emma para Curitiba, para um ateliê, para aprender a costurar vestidos de noiva, chapéus femininos e outros tipos de vestidos sociais. Emma ganhou muito dinheiro com esta atividade. Eles tinham casa de comércio também no rio Novo. O casal teve 8 filhos e todos se tornaram dentistas bem-sucedidos, sendo três formados em universidades e outros práticos, que aprenderam com o irmão mais velho, Wigand. Emma era muito querida pela comunidade. Foi madrinha de batizado pelo menos de 160 crianças em Corupá. Emma Heller foi uma grande empreendedora e tinha grande visão para aproveitar oportunidades de negócios. Indiscutivelmente, era a cabeça do casal, segundo os filhos.
Jacinto continuou com a atividade dos sogros, Julia Woehl e Rudolf Heller, cultivando tangerinas para fabricação de mousse e produção de mudas de citros em geral, no rio Novo, local onde residiam. Jacinto curava as pessoas da comunidade com braços e outros membros destroncados e lesões nos ossos em geral, usando ataduras e outras técnicas. O pai de Jacinto, Leopoldo Packer, era imigrante italiano e a mãe, Maria Magnoschi, era imigrante polonesa. Eles moravam na localidade Ribeirão Cavalo, em Corupá, onde Jacinto nasceu.
São estes os 8 filhos Emma Heller e Jacinto Packer:
Alois Miron Wigand Packer (07/12/1929 Corupá SC - 2006 Guarapuava PR). Casou-se com Clotilde Packer. Morreu em acidente de carro nas proximidades de Guarapuva.
Edmundo Braulio Lauro Packer nasceu em 25/03/1931 Corupa SC e se casou também em Corupa em 27/05/1961 com Tusnelda Stratmann.
Guilherme Heller Packer (26/07/1933 Corupa SC - 14/12/1983 Matelândia PR) casou-se com Margarida Packer. Era conhecido como Vili (apelido derivado de Wilhelm, nome de Guilherme e alemão).
Yolando Geraldo Packer (vivo)
Alvaro Packer 30/01/1939 se casou com Dalmaluta Packer
Maria Gladis Packer (viva)
Norivaldo Packer (31/12/1940 Corupá SC - 04/10/2020 Assis Chateaubriand PR). Era conhecido como Nori Casou-se com Rosalina Fachin nascida em 1949 em Flores da Cunha RS
Gloria Packer (viva)
Emma Heller (22/05/1905 – 19/08/1958). Acervo de Norivaldo Packer |
Emma Heller com seus filhos. Acervo de Norivaldo Packer |
Jacinto Packer(30/05/1907 – 31/05/1984) e Emma Packer (22/05/1905 – 19/08/1958), filha de Julia Woehl Heller e Rudolf Heller |
Casamento de Jacinto Packer e Emma Packer em Corupá em 26/10/1929 |
Filhos de Emma Heller e Jacinto Packer: Norivaldo Packer(à esquerda), Maria Gladis Packer (em pé, no meio), Gloria (sentada) e Alvaro Packer (à direita). Foto do acervo de Hella Heller. |
ADELE HELLER (29/09/1906 Corupa SC - 08/04/1957 Rio Negrinho SC). Foi batizada em 26/12/1909 na Capela de Humboldt (antigo nome de Corupá), tendo como padrinhos de batizado Franz Joseph Lischka e Carlotta Kaubach. Casou-se em 26/02/1927 com Eugenio Schneider (22/10/1905 Itaiópolis SC - 08/07/1982 Rio Negrinho SC), morreu aos 50 anos.
O casal teve 8 filhos:
Walfrido Crist Schneider (26/05/1927 Corupá SC - 08/02/1994 Curitiba PR) se casou em Rio Negrinho com Terezinha Dybax (27/07/1939 Guarapuava PR - 30/03/1969 Rio Negrinho SC)
Edith Schneider (17/06/1936 Corupá SC - 05/10/2017 Joinville SC) se casou com Alzemiro Tureck
Maria de Lourdes Schneider (28/12/1937 Corupá SC - 23/01/2021 Mafra SC) se casou com Side Fanderuff (01/02/1934 Mafra SC - 26/01/2011 Mafra SC)
Eurides Antonio Schneider (20/08/1939 Corupá SC - 20/07/2023 Jaraguá do Sul SC) se casou com Dorvalina Correia Garcia(1949 - viva) e tiveram um filho, Fabio Schneider. Fez parte das Forças de Paz da ONU no Canal de Suez e trabalhou na Volkswagen em São Paulo até se aposentar
Anacleto Schneider (19/07/1941 Corupa SC - 20/12/1990 Rio Negrinho SC) se casou com Maria da Conceição e foi dono de imobiliária em Rio Negrinho
Bráulio Schneider (29/05/1944 Corupá SC - 26/04/1992 São Bento do Sul SC) se casou com Romilda Juraci Linke (27/04/1942 - 06/08/2015) e tiveram dois filhos: Daniel Braulio Schneider e Danilse Beatriz Schneider. Foi industriário em São Bento do Sul
Julia Jacyra Schneider (15/11/1945 Corupá SC - 2019 Joinville SC) se casou com Valdir Cunha (02/07/1947 São Francisco do Sul SC - 04/04/2013 Joinville SC)
Wilson Celso Schneider (1951 Rio Negrinho - Vivo) se casou com Renilda Maria Horwardt.
Wilson Schneider, o filho mais novo, que tinha 6 anos quando Adele Heller Schneider morreu, em 08/04/1957 relatou a história daquele dia trágico para família. Adele participava das celebrações de bodas de ouro do casamento de João Penkal e Ana, os quais eram padrinhos de batismo de Wilson Schneider. Após a missa na igreja matriz de Rio Negrinho, ela seguia para o local da festa em cima da carroceria do caminhão de João Purim, que tinha improvisado bancos na carroceira para transportar os convidados. Neste trajeto ela sofre um infarto fulminante e morreu aos 50 anos, sentada no banco em cima da carroceria do caminhão.
Casamento de Adele Heller (29/09/1906 - 08/04/1957) e Eugênio Schneider em 26/02/1927. Adele tinha 20 anos e Eugenio, 22 anos. Eugenio nasceu em Itaiópolis (SC). |
Família de Adele Heller e Eugênio Schneider em 1956, um ano antes de Adelle Heller Schneider falecer. |
Edith Schneider e Maria de Lourdes Schneider, filhas de Adele Heller e Eugênio Schneider. Foto do acervo de Hella Heller. |
Walfrido Schneider com o irmãozinho Eurides Schneider no colo, Maria de Lourdes Schneider e Edith Schneider, filhos de Adele Heller e Eugênio Schneider. Foto do acervo de Hella Heller. |
GUILHERME HELLER (27/04/1912 - 08/06/1981). Guilherme usava o nome em alemão Wilhelm Heller e na família era conhecido como Willy, Vili e Vile. Casou-se aos 19 anos em 20/08/1931 com Wanda Wengrath (15/04/1910 Corupa SC - 15/03/1994 Jaraguá do Sul SC). Faleceu aos 69 anos no Hospital das Clinicas de Curitiba após uma cirurgia. Sofria de câncer no estômago. Foi sepultado no cemitério municipal de Jaraguá do Sul SC. Guilherme Heller foi empreendedor, tinha casa de comércio e uma transportadora em Corupá. Ele se relacionava bem com os primos do Avencal, Mafra (SC), sobrinhos da sua mãe Julia Woehl Heller.
Filhos:
Vitalicio Wiegang Heller (29-01-1932 Corupá SC – 25/10/1999 Jaraguá do Sul SC) se casou com Adelaide Scharf
Odilia Heller se casou com Rolf Weber (nome de casada: Odilia Weber)
Everaldo Edyger Heller (15/08/1936 – 25/03/1983) se casou com Nair Schwesty (08/04/1936 - 08/04/2014)
Guilherme Heller, provavelmente a foto dos 21 anos, tirada no aniversário, em 27/04/1933. Foto do acervo de Ivana Berthon Heller. |
Casamento de Guilherme Heller e Wanda Wengrath realizado em 20/08/1931 Corupá SC. Foto do acervo de Hella Heller. |
Casamento de Guilherme Heller e Wanda Wengrath realizado em 20/08/1931 Corupá SC. Foto do acervo de Hella Heller. |
Vitalicio Heller, filho de Guilherme Heller, com seu caminhão em frente da Prefeitura de Corupá SC. Foto do acervo de Ivana Berthon Heller. |
Vitalicio Heller com a esposa Adelaide Scharf e o filho Nelson Heller (31/05/1955 – 14/11/1994). Foto do acervo de Hella Heller. |
Casamento de Odilia Heller e Rolf Weber. Foto do acervo de Hella Heller. |
ELVIRA HELLER (13/11/1916 – 11/06/1918), batizada em São Bento do Sul em 09-09-1917, padrinhos: Gustavo Woehl e Clara Linzmeier. Morreu com 1 ano e 7 meses, vítima do vírus Influenza H1N1 (gripe espanhola), infectada em São Bento do Sul, fato que trouxe muito sofrimento para tia Julia pela forma como ocorreu o contágio. Na época acreditáva-se que era necessário a mãe amamentar a criança até completar dois anos. Tia Julia não produzia mais leite e ela queria que sua filha fosse amamentada por mais tempo. A solução encontrada foi levar sua filhinha para a casa de um parente de muita confiança em São Bento, onde sua filha acabou sendo infectada pelo vírus Influenza H1N1 (gripe espanhola) e morreu em consequência disso. Julia Woehl Heller passou o resto de sua vida inconformada, lamentando e se culpando de ter levado sua filhinha Elvira para São Bento, cidade que já tinha sido atingida pela pandemia, enquanto Corupá ainda não. Ela sofreu muito por isso. Quem contou esta história foi Norivaldo Packer (31/12/1940 – 04/10/2020), que soube através de sua mãe Emma Heller Packer, filha de Julia. O parente de São Bento, de muita confiança, com quem Julia deixou sua filhinha Elvira só pode ter sido sua cunhada Clara Linzmeier Woehl, casada com seu irmão Gustavo Woehl. Clara Linzmeier era madrinha de Elvira Heller e tinha um bebê recem nascido, Luiz Woehl (23/04/1918 – 09/12/2003). A data de nascimento de Luiz Woehl é um mês e dezoito dias antes da morte da criança Elvira Heller. A sepultura de Elvira Heller existe até hoje no Cemitério da Estrada Isabel em Corupá SC.
ANDRE ANTÔNIO WOEHL (Andreas Wöhl). Nascido em 09/07/1871 na vila de Wiesenthal 140, distrito de Gablonz, na Boêmia. Padrinhos de batizado: Josef Wöhl e Adelheid Posselt, o mesmo casal de padrinhos do meu avô Gregorio Woehl. Chegou ao Brasil com 5 anos. Casou-se em 14/10/1893 com Maria Sauer (08/06/1874 – 29/06/1955), filha de João Sauer Sobrinho e Genoveva Rauen. Viveram no Avencal, Mafra (SC). Ele morreu aos 41 anos em 27/03/1913 no Avencal. Foi assassinado a sangue frio pelo concunhado, João Vicente Beira (natural da Lapa PR, casado com Rosa Sauer) com um tiro no peito de tocaia feita às margens da estrada na primeira subida após o Cemitério Santa Cruz no Avencal, quando ele estava com a carroça transportando carne de sua produção para vender aos trabalhadores na construção da estrada de ferro na estação do Tinguí. Quando criança conseguiu a proeza de atravessar o oceano Atlântico a bordo de um navio a vapor aos 5 anos de idade, mas não conseguiu escapar da violência aos 41 anos.
Casa de Andre Antonio Woehl e Maria Sauer Woehl no Avencal, Mafra SC |
Filhos: EMILIA WOEHL 17/06/1896–1992 se casou com Antonio Simões de Almeida no dia 05/02/1916 em São Bento do Sul, ambos com 20 anos de idade, e tiveram quatro filhos: Jovita Maria de Almeida (1916–2000), Euclides Simões de Almeida (1918–1996), Waldemiro Simões de Almeida (1920–2013), Orlando Simões de Almeida (1923–2016).
ROBERTO WOEHL SOBRINHO (31/05/1898 - 13/02/1980), foi batizado em 15/07/1898 em São Bento do Sul, padrinhos João Sauer Junior (Jango Sauer, irmão de Maria Sauer) e Mathilde Schwedler Woehl. Conhecido por Robertinho, foi o primeiro neto (sexo masculino) de Gregório Woehl e Mathilde Schwedler, por este motivo foi levado para ser batizado em São Bento do Sul, a 50 km do Avencal, onde residiam. Casou-se com Maria Elisia Dias Bello (18/11/1902 - 10/10/1937), que teve complicações no parto da primeira e única filha Maria Celina Woehl(nascida em 02/11/1929)causando-lhe perda de memória, foi internada em um hospício de Joinville onde morreu 8 anos depois de pneumonia. Maria Celina Woehl se casou em 22/04/1950 com Leopoldo Grossl (nascido em 25/08/1928) e o casal teve sete filhos.
Roberto Woehl Sobrinho (31/05/1898 - 13/02/1980) |
ANNA WOEHL (05/12/1900 - 15/04/1985) se casou em 25/10/1919 com Arlindo Alves Nunes (1883 - 15/12/1946) e tiveram oito filhos: Altino Alves Nunes (01/03/1921 - 13/10/2001), Francisco Alves Nunes (02/04/1923 - 07/05/1998), Juvelina Maria Nunes (15/07/1925 - 08/01/2017), Nair Alves Nunes (16/10/1927 - 09/03/2009), Jayme Woehl Nunes (23/01/1930 - 28/11/1938) faleceu aos 8 anos, Anísio Woehl Nunes (12/04/1932 - 11/09/2019), Rogério Amálio Nunes (27/09/1934 – vivo), José Elso Nunes (22/03/1937 - 10/01/2017), Jaime Alves Nunes (morreu quando era criança)
CATHARINA WOEHL (24/09/1902 - 21/12/1988), se casou em 10/04/1923 com Amantino Xavier Paes (09/06/1897-13/02/1952) que morreu em decorrência da queda de uma árvore que estava cortando com o genro Leonardo Sauer Ruthes. O casal teve sete filhos: Amália Woehl Paes (16/03/1924 – 11/12/2021) que se casou em 29/10/1949 com Argemiro Braz Grein (03/02/1923 - 07/07/2000), Helena Xavier Paes (1926–Falecida), Severino Xavier Paes (23/05/1930 Avencal Mafra SC - 23/05/2020 Ivaiporã-PR), Celina Xavier Paes (falecida em 2008), Alzira Xavier Paes, Amélia Xavier Paes, Maria Francisca Paes.
Catharina Woehl (24/09/1902 –23/12/1988) e Amantino Xavier Paes (09/05/1897 - 13/02/1952). Eles casaram em 10/04/1923. |
MATHILDE WOEHL (24/01/1905 Mafra SC–14/02/1934 Curitiba PR) se casou em Curitiba em 12/09/1925 com José Casemiro Stenzowski (04/10/1893–23/07/1975), morreu jovem, aos 29 anos, de miocardite tífica (febre tifóide), internada no Hospital de Isolamento Osvaldo Cruz em Curitiba. José Casemiro conheceu Mathilde quando ia passear no Avencal na casa de comércio de uma tia dele. Mathilde morreu aos 29 anos de tifo (febre tifóide), miocardite tífica. O casal teve quatro filhos: Maria Izabel Stenzowski - Belinha (04/06/1926–02/07/2022), José Nelson Stenzowski (07/09/1927–2007), Ildeberto Stenzowski (06/1928–10/01/1933 e Domingos Geraldino Stenzowski (30/04/1933–18/07/2011).
AMALIA WOEHL (07/03/1907 Mafra SC – 14/05/1984 Caçador SC) se casou em 28/04/1929 com Augusto Xavier Paes (10/08/1903 Mafra SC - 10/03/1962 Caçador SC). Amalia tinha apenas 6 anos quando o pai André Antonio Woehl foi assassinado. Após o casamento viveram no Avencal. Por volta de 1935 foram embora para Caçador SC, onde tinham uma casa de comércio. Tiveram dez filhos: Lucia Xavier Paes (1930–viva), Alvino Xavier Paes (1931–1971), Therezinha Woehl Paes Angeli (1933–2013), Antonio Xavier Paes (1935–2019), Abel Xavier Paes (1937–1962), Lidia Xavier Paes (1939–1999), Lelia Paes Bender (1941–viva), Anita Paes Bellozupko (1944–viva), Maria Helena Paes de Oliveira (1947–viva), Jose Ari Xavier Paes (1949–vivo).
FRANCISCA WOEHL (02/04/1909 Mafra SC - 25/05/1979 Caçador SC) se casou em 09/06/1928 com Victor Krüger (08/03/1905 - 15/12/1974). No inicio do casamento viveram no Avencal, Mafra SC e depois se mudaram para Caçador SC. Tiveram oito filhos: Hilda Krüger (1929–Falecida), Ivone Krüger (1932–Falecida), Delci Antonio Krüger, Eleoni Krüger, Ivan Ulisses Krüger, Ivete Krüger, Maria Salete Krüger, Osni Valdir Krüger, Victor José Krüger.
FRANCISCA WOEHL (02/04/1909 - 25/05/1979) e Victor Krüger (08/03/1905 - 15/12/1974) |
JULINA WOEHL (20/04/1913 Mafra SC - 16/08/2000 Itaiópolis SC), casou-se em 03/09/1938 com Joaquim Davet (18/06/1916 - 25/10/1992) e tiveram cinco filhos: Ana Maria Davet, Enide Davet (falecida), José Marcio Davet, Lisandro Davet, Marli Davet.
Casamento de JULINA WOEHL (20/04/1913-16/08/2000) com Joaquim Davet (18/06/1916 - 25/10/1992) realizado em 03/09/1938. Eles viveram em Itaiópolis. Moravam em frente da Igreja Matriz. A jovem com o bebê no colo é a Jovita Maria de Almeida, filha do casal Antonio Simões de Almeida e Emília Woehl (filha mais velha de Maria Sauer x Andre Roberto Woehl, nascida em 1896). Antônio Simões era de Rio Negrinho e o casal viveu em São Bento e depois foi para São Paulo. Jovita se casou em São Bento do Sul dia 08/05/1937 com Walfrido Brunnquell, neto de Emilie Anna Margaretha Heyse (tia de João e Paulo Heyse). O bebê que está no colo dela é Edi Brunnquell, que deve ter nascido no início de 1938, já que o casamento de Julina e Joaquim Davet foi em 03-09-1938. Emilie Anna Margaretha Heyse (1865–1899) se casou com Ernst Julins Brunnquell (1864–1906) no dia 25/03/1888 em Joinville. Emilie é irmã de Paul Martin Christian Heyse (1860–1928) Jovita e Walfrido Brunnquell se separam logo após o casamento, mas o divórcio ocorreu 45 anos depois, em 25/10/1982, quando ele tinha 68 anos e ela, 66 anos. Walfrido se casou dois meses depois, em 22/12/1982, com Valdomira Felix em Porto União SC. Consta no registro que Walfrido era funcionário público em São Bento. Jovita e Walfrido já faleceram. Nesta foto Jovita já estava separada do marido. Os padrinhos de casamento foram Sebastião Sauer (nascido em 20/01/1895) e a esposa, professora Maria Conceição Ferreira Leal Sauer (28/01/1894 - 06/04/1960) e Antonio Simões de Almeida com a esposa Emilia Woehl. A menina sentada na cadeira é Nellizinha Leal Sauer (07/05/1931 - 12/01/2015), filha do casal Sebastião e Maria Leal. A mulher em pé ao lado de Marial Leal é Genoveva de Aviz (nascida em 15/03/1919), filha de Gregório Manuel de Aviz e Ana Sauer, os avós do Cardeal Dom João Braz de Aviz. Foto do acervo de Amália Woehl Paes Grein (in memoriam). Agradeço à Marlene Peschel (filha de Francisco Peschel Maria Antônia Woehl) pela identificação das pessoas nesta foto. |
Detalhes do assassinato de André Antônio Woehl em 1913 e a fuga da prisão do concunhado assassino julgado e condenado
Foi uma tragédia que abalou profundamente a família. Até hoje os netos ainda vivos sentem o impacto desta tragédia
A esposa Maria Sauer Woehl (Marica) estava grávida de 8 meses de Julina Woehl quando o marido André Antônio foi assassinado aos 41 anos em 27/03/1913. Nove crianças e adolescentes ficaram órfãs do pai. A filha mais velha, Emília Woehl, tinha apenas 16 anos. Uma foto de Marica com seus nove filhos, tirada no dia do julgamento do assassino, postada no final do texto, dá ideia da dimensão da tragédia sofrida pela família. Quem deu uma assistência muito grande à família logo após o assassinato de André Antonio foi o irmão de Maria, Theodoro Sauer, casado com Estephania Woehl, irmã de André Antonio. As netas relatam (o quê suas mães contaram) que Theodoro ia até matar porco para Maria, desempenhava o papel do homem da casa. O registro de nascimento de Julina, que nasceu um mês após a tragédia, confirmam isso. Foi Theodoro Sauer que compareceu ao cartório para providenciar o registro de nascimento de Julina. O avô, João Sauer Sobrinho, pai de Maria Sauer, ajudou a família financeiramente durante 8 anos, pelo menos, até sua morte em 1921. Não deixava faltar nada. Mais tarde, quem ajudou no sustento da família foi único homem da casa, Roberto Woehl Sobrinho, Robertinho. Ele fazia lavoura de milho e feijão e cuidava da criação de algumas cabeças de gado da Marica. Quando perdeu a esposa, Robertinho passou a morar junto com a mãe Marica, que criou sua filha Maria Celina Woehl.
O assassino foi o cunhado, João Vicente Beira, casado com Rosa Sauer (irmã de Maria Sauer). Era um tropeiro quando apareceu no Avencal. Mas, em 1910, logo após o casamento com Rosa Sauer, João Vicente Beira virou comerciante, montou um comércio em Itaiópolis SC, na localidade Rio Negrinho, hoje denominada de Santos Dumont. Certamente foi financiado pelo sogro João Sauer Sobrinho e provavelmente não deu certo porque menos de dois anos depois, no dia 12 de dezembro de 1912, João Vicente Beira mudou o comércio para o Avencal, Mafra SC (na época era Rio Negro PR). Esta informação foi publicada no jornal A REPÚBLICA, de Curitiba, na edição do dia 23 de dezembro de 1912 disponível nos arquivos da Biblioteca Nacional neste link . Ele assassinou seu concunhado, meu tio, André Antonio Woehl três meses após ter retornado para o Avencal.
Para cometer o crime João Vicente Beira fez uma tocaia para meu tio na estrada, logo após o cemitério Santa Cruz, no Avencal, e o matou com um tiro no peito, quando ele desceu na carroça para reduzir o peso na sumida forte do morro. Toda a quinta-feira ele transportava carne de porco e gado de sua produção para vender aos trabalhadores da construção da estrada de ferro, na estação do Tingui.
O motivo do crime foi inveja, cobiça, ganância porque o meu tio Andre André Antonio era o genro preferido do sogro João Sauer Sobrinho que tinha acabado de dar um terreno valioso para ele que era muito cobiçado por todos. A neta Marlene Peschel, filha de Maria Antônia, lembra que sua avó Maria Sauer Woehl costumava levar as filhas e os netos até o terreno para mostrar uma nascente, onde dizia inconformada: “Vejam, foi por causa desta nascente que meu marido foi assassinado, o terreno que o outro (assassino João Beira) ganhou não tinha nascente e este tinha”. Uma cruz de madeira foi mantida no local do assassinato por muitos anos, sendo substituída por uma nova quando começada a apodrecer, tradição que foi mantida pelas filhas. Marlene Peschel lembra que certa vez sua mãe pediu insistentemente para seu pai, Francisco Peschel, colocar uma cruz nova no local.
Há evidências de que tinha mais membros da numerosa família de João Sauer Sobrinho envolvidos no assassinato e João Vicente Beira foi indicado ou se ofereceu para executar o crime. Era uma fase de turbulência na família porque João Sauer Sobrinho entrou em depressão e tornou-se alcoólatra passando a maltratar a esposa e os filhos, perdendo o respeito e a autoridade na família, em decorrência de uma grande perda de patrimônio. Ele perdeu na justiça a posse de grande extensão de terras e teve que se desfazer da criação de gado para as custas do processo. Com o patrimônio minguando se acirraram as disputas entre os herdeiros (filhos e genros) pelo que sobrou.
O autor do assassinato, João Vicente Beira, foi julgado e condenado a pena de prisão. Porém, alguns dias após iniciar o cumprimento da pena ele fugiu da cadeia. A fuga do presídio foi facilitada pelo carcereiro. Maria Sauer contou para sua neta que duas pessoas da família pagaram propina para o carcereiro, seu irmão e seu cunhado João Xavier Paes casado com sua irmã Luisa Sauer, que foram padrinho e madrinha do primeiro filho de João Vicente Beira, nascido em 22/02/1911 e batizado com o mesmo nome do pai, João Beira, em 13/03/1911 na Igreja Santo Estanislau, no Paraguaçu, em Itaiópolis SC. João Sauer Junior era casado com Maria Xavier Paes, irmã de João Xavier Paes, que foram padrinho e madrinha da segunda filha do João Vicente Beira com Rosa Sauer, Lucilia Beira, nascida em 06/04/1912 e também batizada na Igreja Santo Estanislau, no Paraguaçu, em Itaiópolis SC. Não se sabe se teve um inquérito policial sobre isso e como ela obteve esta informação do envolvimento dos dois.
João Vicente Beira fugiu levando a família, a esposa Rosa Sauer Beira com os dois filhos, João Beira e Lucilia Beira. Ninguém naquela época e até recentemente, 02/07/2019, ficou sabendo para onde eles fugiram. Rosa Sauer Beira mandou um cartão postal com uma mensagem de despedida para a irmã Leopoldina Sauer casada com Nicolau Grein que morava em Itaiópolis SC. Neste cartão alguém removeu a parte onde estava o carimbo dos Correios para que ninguém identificasse a cidade de origem.
Em 29/01/1926, 13 anos após o assassinato, Rosa Sauer Beira escreveu uma carta para sua afilhada Mathilde Woehl Stenzowski, informando que estava em Rio Negro e que visitou a irmã Marica (Maria Sauer Woehl), viúva da vítima de João Vicente Beira, e que esta estava bem. Nesta carta disse ainda que ficou muito satisfeita ao saber que sua afilhada Mathilde se casou bem (com o comerciante José Casemiro Stenzowski) e estar morando em uma cidade tão bela (Curitiba). No final da carta deu a entender que já tinha retornado outras vezes para o Avencal. Provavelmente Rosa Sauer Beira veio para resolver as questões da herança. Sua mãe, Genoveva Rauen, viúva de João Sauer Sobrinho, tinha falecido em 13/09/1925. João Sauer Sobrinho faleceu antes, em 1921. Pela data da carta, 29/01/1926, era o periodo onde estavam discutindo os assuntos do inventário e sabe-se que alguns integrantes da família queriam excluí-la do inventário por estarem revoltados com a atitude dela.
Em 1928, 15 anos após o assassinato, a filha Lucilia Beira também enviou uma foto para a tia Leopoldina Sauer, com dedicatória no verso e a data, 12/01/1928. O envelope estava sem remetente e o carimbo dos Correios recortado. A foto com a marca d’água do fotógrafo também foi recortada para remover o nome da cidade. Porém deixaram uma pista no restante da marca d’água, o nome do fotógrafo B. D’AGNOLUZZO PHOT. e isso permitiu após 100 anos, com a internet, descobrir para onde eles fugiram: Passo Fundo RS.
Tudo leva a crer que Leopoldina Sauer sabia do paradeiro do assassino João Vicente Beira porque as correspondências de Rosa Sauer Beira foram remetidas para ela quando morava em Itaiópolis SC e nas mãos dela foram removidos os carimbos dos Correios. Certamente teve cartas também que foram destruídas. Somente o cartão postal e a foto foram preservados. Quando ficou idosa e viúva, Leopoldina Sauer foi morar com a nora Amália Woehl Paes Grein (in memoriam) que insistentemente tentou obter esta informação, mas Leopoldina alegava que não sabia.
Filhos de Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler nascidos no Brasil
ROBERTO WOEHL (14/11/1876 Joinville - 08/08/1952 Mafra). Foi batizado em São Bento do Sul em 11/02/1877. Padrinho: José Schwedler, irmão de Mathilde Schwedler Woehl, que emigraram juntos, vieram mesmo navio). Minha bisavó chegou ao Brasil, no Porto de São Francisco do Sul SC, grávida de 5 meses de Roberto. A viagem de carroça para subir a Serra do Mar (serra Dona Francisca) durava 4 dias e colocava em risco minha bisavó. Por este motivo, a família permaneceu em Joinville até Roberto nascer para então seguir viagem ao destino final, São Bento do Sul, onde Roberto foi batizado. Casou-se com Isabel Sauer (28/01/1885 - 27/02/1954), filha de Theodoro Sauer e irmã de Catharina Sauer que se casou com Gregório Woehl. Roberto tinha uma ferraria no Avencal, as margens da antiga estrada Dona Francisca (coordenadas 26°13'29.13"S 49°43'4.67"W). Fabricava artefatos e peças de ferro (era ferreiro). Aprendeu o ofício com um ferreiro do bairro Lençol de São Bento do Sul. Veja nas fotos a frigideira de ferro que ele fabricou há 109 anos, uma verdadeira obra de arte. Morreu aos 74 anos de câncer no fígado.
O casal teve 8 Filhos:
MARIA WÖHL nascida em 26/04/1904
ROSA WÖHL nascida em 26/04/1905
ALVINO WOEHL 19/06/1907 - 30/06/1964
HELENA WOEHL 21/07/1909 - 02/08/1984
IDA WOEHL 11/10/1913 – 21/11/1993
ALFRIDO SILVERINO WOEHL 20/06/1920 – 19/03/1995
MARIA EDITH WOEHL 06/07/1925 – 30/12/1960
PAULO EROTHIDES WOEHL 08/01/1928 – 07/08/1980
Roberto Woehl. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira, bisneta de Roberto Woehl, neta de Helena Woehl Ferreira. |
Roberto Woehl e Isabel Sauer Woehl. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira, bisneta do casal, neta de Helena Woehl Ferreira. |
Filhas de Roberto Woehl e Isabel Sauer Woehl (da esquerda para direita): Rosa Woehl, Helena Woehl e Ida Woehl. Foto de Maria Helena Ferreira, bisneta do casal, neta de Helena Woehl Ferreira. |
Isabel Sauer Woehl com a netinha Lindamir Zierhut (nascida em 1951), filha de Edith Woehl Zierht e Adelino Zierhut. Esta foto deve ser de 1952 e pertence ao acervo de Maria Helena Ferreira. |
MARIA WÖHL 26/04/1904.
Primeira filha do casal que morreu ao nascer
ROSA WÖHL nascida em 26/04/1905
Casou-se em 05/11/1924 Mafra SC, com José Preissler nascido em 26/05/1901, Rio Negrinho SC.
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Izolde Preisller e Orestes Preissler, filhos de Rosa Woehl e José Preissler. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
ALVINO WOEHL 19/06/1907 – 30/06/1964
Casou-se em 06/07/1941 com Noemia Debeterco (13/10/1921 – 30/12/2010).
Alvino Woehl. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
O casal Alvino Woehl e Noemia Debeterco teve cinco filhos:
Hildo Woehl (30/07/1942 - 23/07/2023)
José Mario Woehl (02/03/1943 - vivo)
Ari Woehl (15/O7/1945 - 18/10/2022)
Jovino Woehl (09/07/1949 - 20/03/2015)
Maria Doracilda Woehl (viva)
Filhos de Alvino Woehl e Noemia Debeterco (da esquerda para direita): Hildo Woehl, Ari Woehl e José Mario Woehl. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira |
HELENA WOEHL 21/07/1909 - 02/08/1984
Casou-se em 27/09/1930 com Alfredo Ferreira (06/05/1907 - 11/07/1938). O casal teve dois filhos:
Eraldo Ferreira nascido em 1931 se casou em 29/08/1959 com Elisia de Almeida (14/06/1930 - 21/04/2006).
Maria Eronildes Ferreira (11/06/1934 - 07/11/2017) se casou com Lauro Pereira (nascido no 10/05/1931 no Avencal), irmão de Anita Cassias Pereira Woehl (casada com Hypolito Woehl).
Helena Woehl Ferreira foi a embaixadora da família Woehl em Mafra. Recebia bem e se relacionava com todos os parentes (primos) cujos pais foram embora do Avencal e vinham passear em Mafra, como por exemplo suas primas Emma Heller Packer (Corupá SC) e Thereza Christina Maria Sauer de Avila Pires (Rio de Janeiro RJ).
Casamento de Helena Woehl e Alfredo Ferreira em 27/09/1930. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira, neta de Helena Woehl |
Helena Woehl Ferreira (21/07/1909 - 02/08/1984). Foto do acervo de Maria Helena Ferreira, neta de Helena Woehl |
Helena Woehl Ferreira (no meio) com os filhos Eraldo Ferreira e Maria Eronildes Ferreira. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira, neta de Helena Woehl |
Casamento de Maria Eronildes Ferreira com Lauro Cassias Pereira. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira, neta de Helena Woehl. |
Casamento de Eraldo Ferreira e Elisia de Almeida em 29 de agosto de 1959. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
IDA WOEHL 11/10/1913 – 21/11/1993
Casou-se em 02/02/1935 com Adolfo Anastácio Pereira (09/05/1913 – 08/10/1993). O casal teve duas filhas: Doracilda e Doralice.
Casamento de Ida Woehl e Adolfo Anastácio Pereira em 02/02/1935, Mafra SC |
Ida Woehl Pereira com a filha Doracilda Anastácio Pereira. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
Doralice (que está em pé) e Doracilda Anastácio Pereira, filhas de Ida Woehl. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
Ida Woehl com suas filhas Doralice e Doracilda Anastácio Pereira. Acervo de Jeanine Pereira dos Santos. |
Primeira comunhão de Doracilda Anastácio Pereira (filha de Ida Woehl). Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
Doracilda Anastácio Pereira (filha de Ida Woehl) aos 15 anos, tirada em 31/05/1954. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
ALFRIDO SILVERINO WOEHL 20/06/1920 – 19/03/1995
Era conhecido como IDO WOEHL. Casou-se em 14/05/1955 com Ida Schafaschek (19/05/1934 - 11/08/2018). Os padrinhos de batizado foram Nicolau Grein e Leopoldina Sauer.
Alfrido Silverino Woehl (20/06/1920 – 19/03/1995), conhecido como Ido Woehl, filho de Roberto Woehl e Isabel Sauer |
Casamento de Alfrido Silverino Woehl (Ido Woehl) e Ida Schafaschek realizado em 14 de maio de 1955, Mafra SC. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
O casal Alfrido Severino Woehl e Ida Schafaschek teve seis filhos
Dimas Roberto Woehl
Evelise Woehl
Helena Maria Woehl
Isabel Woehl
Jose Francisco Woehl
Martin Cesar Woehl
MARIA EDITH WOEHL 06/07/1925 – 30/11/1960
Casou-se em 03/02/1951 com Adelino Zierhut 23/01/1928 – 11/09/1995. Edith morreu aos 35 anos por complicações na gravidez, no final da gestação, no Hospital Santo Antônio de Itaiópolis SC. As filhas do casal, ainda crianças, foram adotadas pelas tias após a morte prematura da mãe. A filha Maria Isabel Zierhut, com 7 anos, foi criada pela tia Helena Woehl Ferreira (irmã de Edith). Lindamir, com 9 anos e Roseli, com 5 anos, ficaram inicialmente com outra irmã de Edith, Ida Woehl. Posteriormente, Roseli foi morar com a filha de Helena Woehl, Maria Eronildes Pereira, e Lindamir vou morar com uma tia em Rio Negrinho, irmã de Adelino. Maria Edith e Adelino moraram em Itaiópolis. Adelino era empregado serraria e laminação de meu pai, Germano Woehl, e morava com a família em uma das casas da firma destinada aos empregados, ao lado da capela do bairro Lucena (na época KM 34). Minha avó, Catharina Sauer Woehl sempre visitava a familia quando vinha para Itaiópolis.
O casal teve 3 filhas:
Lindamir Zierhut nascida em 1951
Maria Isabel Zierhut nascida em 1953
Roseli Zierhut nascida em 1954
Cinco anos após o falecimento de Maria Edith, Adelino Zierhut se casou novamente com Isabel Pillati, em Rio Negrinho SC, com quem teve mais 3 filhos. Com este segundo casamento, Adelino tentou juntar novamente a familia, mas somente a filha mais nova, Roseli ficou morando com a madastra por um certo tempo.
Casamento de Maria Edith Woehl (06/07/1925 – 30/11/1960) com Adelino Zierhut (23/01/1928 – 11/09/1995) em 03/02/1951. Maria Edith era filha de Roberto Woehl e Maria Sauer. |
PAULO EROTHIDES WOEHL 08/01/1928 – 07/08/1980
Era mais conhecido como Paulinho Woehl. Faleceu aos 52 anos de problemas cardíacos. Casou-se em 28/04/1951 com a professora Odette Bornemann nascida em 11/01/1934. Odette tinha 17 anos e Paulinho 23 anos quando se casaram. Uma das filhas do casal, Joceli Woehl, nascida em 1968, morreu atropelada aos 17 anos na BR-280, quando saiu da missa da Capela Santa Cruz no Avencal, na manhã do domingo do dia 04/08/1985. Ela foi atravessar a rodovia em frente da propriedade dos herdeiros de Oscar Meyer que pertencia ao casal Theodoro Sauer e Estephania Woehl (onde ficavam o salão de baile e a casa comercial deles).
Casamento de Paulo Erothides Woehl (Paulinho Woehl) e Odette Bornemann realizado em 28/04/1951 Mafra SC. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira |
GUSTAVO WOEHL, nascido em 16/01/1880 – batizado em 08/02/1880 (padrinhos: Henrique Keil e Catharina Denk). Casou-se em 08/07/1908 com Clara Linzmeyer (05/02/1886 – 05/09/1974), filha de Jorge Linzmeyer e Carolina Rückel. Gustavo tinha 27 anos e Clara, 22 anos, quando se casaram. Os padrinhos de casamento foram Jorge Zipperer, 29 anos, pela parte do noivo e Antonio Zipperer (tio de Jorge Zipperer), 53 anos, pela parte da noiva. Moraram em São Bento do Sul, na Estrada das Neves e, a partir do nascimento de filho Paulo Woehl em 15/05/1923, passaram a residir na vila São Pedro em Rio Negrinho (SC). Morreu nesta localidade em 20/02/1956.
Casamento de Gustavo Woehl e Clara Linzmeier realizado em São Bento do Sul em 08/07/1908 |
MARIA WOEHL nascida em 01/07/1909;
JOSÉ WOEHL 18/01/1912 – 25/12/1982;
GERMANO FREDERICO WOEHL 19/06/1914 – 29/06/1971 se casou em 15/12/1953 com Carolina Sluminski 23/05/1921 - 14/07/1994;
FREDERICO WOEHL nascido em 01/11/1916 ;
LUIZ WOEHL 17/04/1918 – 09/12/2003 se casou em 24/11/1942 com Frieda Fürst 19/06/1916 – 10/08/2004;
FRANCISCA WOEHL nascida em 22/01/1921;
PAULO WOEHL nascido em 15/05/1923;
CARLOS WOEHL 03/01/1926 – 30/03/2012 se casou em 22/10/1949 com Edita Fragoso da Cruz 12/07/1930 – 21/05/2008;
ROSA WOEHL 22/04/1928 - 27/01/2012 se casou em 11/05/1949 com Hellmuth Siedschlag nascido em 06/07/1927.
Germano Frederico Woehl (19/06/1914 – 29/06/1971) filho de Gustavo e Clara Woehl, casou-se em 15/12/1953 com Carolina Sluminski (23/05/1921 - 14/07/1994) |
O genro de Gustavo Woehl, Hellmuth Siedschlag, nascido em 06/07/1927 que casou com Rosa Woehl (22/04/1928 - 27/01/2012) no dia 11/05/1949, foi vítima de um crime de furto de bicicleta ocorrido em São Bento em 1963 que deu repercussão em todo o Planalto Norte e graças a atitude dele ajudou a combater este tipo de crime. O caso dele foi noticiado na época pelo jornal de Mafra, Tribuna da Fronteira, que publicou uma nota cobrando empenho das autoridades sobre o furto de bicicletas cujas vítimas eram operários que dependiam desse meio de transporte não conseguiam comprar outra. Resultado: um mês depois pegaram um sujeito em Mafra que tinha furtado 40 bicicletas e um receptador no interior de Itaiopolis que comprou dele 4 bicicletas furtadas. Segue abaixo a história de 1963 que foi reproduzida em 2015 pelo jornal Folha do Norte (edição de 28.04.2015).
Logo na manhãzinha do dia 3 de março de 1963, um domingo, Helmuth Siedschlag dirigiu-se de bicicleta até a Igreja Matriz de São Bento, onde pretendia assistir a missa das 7h30. Deixou a sua bicicleta – uma Monark Jubileu 61, azul cinza, aro 26, chassis 101/019 – do lado de fora da igreja e entrou para acompanhar a celebração. Uma hora depois, tendo terminado a missa, voltou e não encontrou mais a bicicleta. O dono registrou o caso na delegacia e o fato foi noticiado na semana seguinte pelo jornal a “Tribuna da Fronteira” de Mafra SC. Além de um registro na coluna policial e uma nota de Siedschlag prometendo gratificação a quem desse qualquer informação, o episódio mereceu um duro artigo criticando o corpo de investigadores da delegacia de São Bento. Outros casos de roubos de bicicleta vinham acontecendo em São Bento e Rio Negrinho, o que fazia supor a existência “de uma quadrilha de ladrões que gozam seus triunfos nas barbas do delegado”. Segundo o artigo, as bicicletas eram roubadas de operários que dificilmente conseguiriam comprar outra, “em vista do preço exorbitante pelo qual são vendidas”. Admitia-se a boa vontade do delegado, na época Ernesto Venera dos Santos, mas os seus ajudantes eram acusados de preferirem ir a bailes e cinema com entradas grátis em vez de tentarem resolver o caso.
As polícias de São Bento e Rio Negrinho expediram circulares solicitando aos ciclistas que chaveassem suas bicicletas quando estacionadas nas calçadas. Até que, no mês seguinte, a polícia de Mafra conseguiu prender Antônio Virmond, de 30 anos, acusado de roubar cerca de 40 bicicletas na região e as revender por preços baixíssimos. No interior de Itaiópolis, um certo João de tal, achando bom o negócio, havia comprado quatro bicicletas de uma vez, ao preço de 10 mil cruzeiros.
Família do casal Luiz Woehl e Frieda Fürst em 1958. Da direita para esquerda: Apolonia Woehl, Gustavo Woehl, Gertrudes Woehl, Joaquim Woehl e Matias Woehl. Acervo de Matias Woehl |
AMALIA WOEHL, nascida em 01/05/1882 e batizada em 18.06.1882 (madrinha Anna Schwedler). Casou-se em 10/01/1903 com o marceneiro Reinhold Endler (12/04/1882 - 10/08/1950), filho dos imigrantes Josef Endler e Ana Bartel, também procedentes de Gablonz, Boêmia, que teve o nome traduzido para Reinaldo Augusto Endler. Amália já vivia com Reinhold antes do casamento, havia 2 anos pelo menos. Ficou grávida aos 19 anos da filha Regina, nascida em 27/02/1902 e um ano depois, um mês após o casamento, teve o segundo filho, Gregório, nascido em 24/02/1903. No início da vida conjugal moraram no bairro Lençol e posteriormente na Estrada das Neves, em São Bento do Sul (SC), na propriedade de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler. Faleceu em 20/09/1945 de hidropisia. Amália teve uma vida muito conturbada, enfrentando muitas adversidades. Ela foi viver junto com Reinhold antes do casamento provavelmente porque não teve aprovação dos pais para se casar. Então, teve que esperar atingir a maioridade, aos 21 anos, para poder se casar. Separou-se do marido Reinhold Endler e foi morar por algum tempo sozinha na primeira casa do irmão (meu avô) Gregório Woehl, na Estrada Dona Francisca no Avencal, Mafra (SC). Há registro da presença dela lá entre os meses de dezembro de 1939 até março de 1940, no livro de conta corrente do moinho de meu pai, Germano Woehl. Naquela fase da vida, Amália recorreu ao seu irmão Gregório Woehl porque tinha um grande afeto por ele. Quando ela morou nessa antiga casa do meu avô Gregório, tinha um pé de ameixa muito saborosa que meu avô cultivava com extremo cuidado desde uma muda que ele conseguiu e estava ansioso para experimentar a fruta. Coincidiu de a Amália estar morando lá quando o pé de ameixa produziu pela primeira vez. Assim que as ameixas começaram a amadurecer, ela colheu todas e cuidadosamente as guardou em uma lata para meu avô. Quando ele passou por lá, ela entregou as ameixas e disse: “Aqui estão suas ameixas do pé que você plantou e tanto cuidou. Coma todas e não dê para ninguém, porque só você merece saboreá-las.”
Reinhold Endler morava com o filho mais velho, Rodolfo Endler, quando faleceu aos 69 anos, na localidade de Agudos, Major Vieira (SC). Foi sepultado no cemitério de Rio das Antas, em Major Vieira (SC). Os bens de Amália Woehl essencialmente eram as propriedades de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler. Sua filha, Elvira Endler, acabou ficando com a casa e objetos pessoais de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler, parte destes objetos pessoais foram doados por ela para o museu de São Bento do Sul.
Filhos:
REGINA ENDLER nascida 27/02/1902, batizada em 01/04/1902, padrinhos Theodoro Schwartz e Regina Endler (irmã de Reinhold), faleceu quando era bêbe.
GREGORIO RODOLPHO ENDLER (24/02/1903 São Bento do Sul SC– 06/04/1963 Monte Castelo SC) se casou em 10/06/1929 com Elizia Staidel (15/03/1912 – 05/06/1987) em Papanduva SC. Viveu em Monte Castelo SC. Nasceu 44 dias após o casamento de Amalia e Reinhold Endler, foi registrado com o nome de Gregorio e dois meses mais tarde, em 20/04/1903, foi batizado com o nome de Rudolpho e passou a usar o nome Gregorio Rodolpho Endler pelo resto da vida sem ter retificado no registro oficial do cartório. Os padrinhos de batismo foram José Grosskopf e Alvina Endler;
BERNARDO ENDLER (28/02/1905 – 16/10/1951), casou-se com Maria Max (10/04/1910 Rio da Lança Mafra SC - 10/10/1993 Curitiba PR), com quem teve 4 filhos. Depois se separou de Maria Max e se casou novamente em 21/08/1941 em Canoinhas SC com Maria Carvalho. Maria Max também se casou mais duas vezes depois da separação, com Carlos Liller (com quem teve a filha Maria Helena Fagundes) e Angelino Fagundes Neves (1913–1968). No registro de nascimento de um dos filhos, Genesio Arnaldo, consta que Bernardo Endler e Maria Max eram casados somente na igreja de São Bento do Sul, mas não foi encontrado este registro. Bernardo Endler era considerado um excelente carpinteiro e marceneiro. Os registros de nascimento dos filhos que teve com Maria Max revelam que Bernardo residiu pelo menos 5 anos em Itaiópolis, entre 1930 e 1935. Trabalhou também no Avencal (Rio da Areia de Baixo), Mafra SC, por volta de 1940, conforme os registros no livro de conta corrente do armazém e serraria de meu avô Gregório Woehl. Nos últimos anos de sua vida foi morar na localidade de Rio Mandioca, divisa entre São Bento e Corupá e construiu várias casas e fez serviços de marcenaria na localidade do Rio Novo, em Corupá SC. Há trabalhos dele de marcenaria muito elogiados que estão preservados até hoje.
Registro da passagem do carpinteiro e marceneiro Bernardo Endler pelo Avencal, Mafra SC, de 1938 a 1940, no livro de conta corrente (borrador) do armazém e serraria de seu tio Gregorio Woehl |
São estes os filhos de Bernardo Endler e Maria Max:
Genesio Arnaldo Endler (24/07/1930 Itaiópolis SC - 16/02/2004 São Bento do Sul SC) se casou com Elvira Endler (21/08/1932 – 16/04/2004)
Zeneida Iracy Endler (27/06/1932 Itaiópolis SC – 2007 Curitiba PR). Casou-se em 31/01/1953, São Bento do Sul, com Fernando Jung (nascido em 30/07/1930 Rio Negrinho SC). Padrinhos de casamento: Hipolito Endler (da parte da noiva) e Carlos Pedrotti (da parte de noivo). Nome de casada: Zeneida Iraci Endler
Nelli Ivanilde Endler (03/01/1935 Itaiópolis SC – 01/11/2020 Joinville SC). Casou-se com o advogado Kurt Samuel. Nome de casada: Nelli Ivanilde Endler Samuel.
Ari Nelson Endler (01/01/1938 – 20/07/2023 São José dos Pinhais) se casou com Ines Tozo (1939 – 18/12/2007) em São José dos Pinhais.
Nelli Ivanilde Endler faleceu aos 84 anos. Ela estava acamada havia mais de 10 anos e sofria de Alzheimer. Era conhecida como Ivanilde e foi protagonista de uma história ocorrida por volta de 1950 contada por Norivaldo Packer e Hyolando Packer. Bernardo Endler era carpinteiro e marceneiro, e transportava em uma carroça as ferramentas de marcenaria (tinha uma espécie de marcenaria móvel). Ele ficou um ano hospedado na casa da prima Emma Heller e Jacinto Packer, no Rio Novo (rota das Cachoeiras), em Corupá SC, casa construída por ele que residia no rio Mandioca, São Bento do Sul, que ficava perto. Quando estava trabalhando na construção de uma casa em Corupá, Nelli Ivanilde, com 14 anos na época, estava junto. Todo o pessoal estava no alto do morro colhendo bananas. A proprietária tocava um sino para chamá-los para as refeições (almoço e café). E tinha uma sequência de batida do sino que era o sinal de emergência. Então, este sinal de emergência tocou. As duas primeiras pessoas a chegarem foram as adolescentes, Nelli e outra cujo pai estava trabalhando junto com Bernardo na construção da casa. A dona, em estado de pânico e desesperada, olhando para as duas disse: “Seu pai se matou com um tiro de espingarda!”. A Neli achou que só poderia ser o pai dela e saiu correndo, desesperada, procurando alguém para avisar sua família em São Bento sobre a tragédia com o Bernardo. Vieram todos e ficaram na casa aguardando o corpo chegar de Jaraguá do Sul para onde tinha sido levado para autópsia. Porém, quem cometeu suicídio foi o outro carpinteiro, pai da outra adolescente que estava com Neli. Bernardo não estava lá porque foi comprar cachaça num boteco bem distante dali. Ele pegou um atalho pelo meio do mato, que saia bem em frente da casa, onde todos aguardam o defunto. Ao entardecer, já escurecendo, quando ele saiu do mato e veio em direção à casa, todos saíram correndo de medo.
Nelli Ivanilde Endler aos 24 anos, em 29/09/1959 |
ERNA ENDLER nasceu em 06/05/1907, se casou em 24/04/1925 com o ferreiro Gustavo Stratmann nascido em 1903 Corupá SC. Erna foi registrada com o nome de Rosa. Mas ela achava muito feio este nome. Na véspera de completar 18 anos, exigiu que o pai Reinhold Endler entrasse com uma ação judicial para mudar o nome para Erna. A família se mudou para Canoinhas SC e depois para Curitiba PR. Em Canoinhas se encontram com a família de Rudolf Heller e Iris tinha uma forte amizade com sua prima em segundo grau, Hella Heller, conhecida com Elli.
Filhos do casal Erna Endler e Gustavo Stratmann:
Adolar Stratmann nascido em 09/06/1927 em São Bento do Sul SC
Lucinda Stratmann (03/10/1928 São Bento do Sul SC - 21/02/1931 São Bento do Sul)
Iris Stratmann (26/11/1930 São Bento do Sul - 03/09/1972 Ponta Grossa PR). Não se casou. Iris morreu aos 42 anos. As circunstâncias da morte ocorrida em Ponta Grossa PR não são conhecidas. No registro de óbito consta que a causa da morte não estava determinada e aguardava exames completares. Documentos revelam que nos últimos cinco anos de vida, ou antes disso, Iris tinha problemas financeiros com vários títulos e duplicatas protestados em Curitiba, onde ela morava.
Iris Stratmann foto com dedicatória para prima em segundo grau, Hella Heller (Elli), em 22/07/1952, quando morava em Canoinhas SC. Foto de acervo de Hella Heller |
Hella Hella (Elli) e Iris Stratmann com as amigas em Marcílio Dias, Canoinhas SC. Foto de acervo de Hella Heller |
ERVINO ENDLER (16/12/1909 - 22/02/1943), foi assassinado no Avencal. Os padrinhos de batizado de Ervino Endler foram Gregório Woehl e Catharina Sauer Woehl. O batizado foi realizado em São Bento em 07/03/1910. Ervino foi morar e trabalhar no Rio da Areia, Mafra (SC), onde foi assassinado em fevereiro de 1943 com um tiro no abdômen pelo amante de sua mulher, cujo nome não foi citado no registro de óbito porque o declarante alegou desconhecer. Meu avô Gregório Woehl, que foi padrinho de batismo dele, chegou a socorrê-lo quando o trouxeram ferido em cima de uma carroça no Avencal. Mandou meu tio Hipólito Woehl levá-lo com urgência de camionete para o hospital de Rio Negro, mas ele não resistiu. Amália Woehl, que morreu 2 anos após esta tragédia ocorrida com o filho Ervino, não deixou os netos desamparados. Incluiu em seu testamento as três crianças de Ervino: Olívio, Olívia e Edimar.
ERNHARDT ENDLER 23/10/1911 – 24/05/1912, batizado em 07/01/1912, padrinhos: Henrique Kwitschal e Hedwig Woehl Kwitschal. Morreu aos 7 meses em consequência da dentição, conforme declaração da mãe Amalia, que fez o registro de óbito.
ELVIRA ENDLER (26/09/1912 – 30/05/1987), batizada em Itaiópolis SC em 01/04/1914, padrinhos João e Maria Semmer, casou-se aos 18 anos, em 29/11/1930, com o alfaiate e viúvo de 32 anos, Evilásio Borges de Aquino (18/03/1898 Barra Velha SC – 18/06/1982 São Bento do Sul SC). Nome de casada: Elvira Endler de Aquino. O registro de nascimento de Elvira foi feito no Cartório de Registro Civil de São Bento do Sul com mandato judicial 14 dias antes de seu casamento, em 14/11/1930, onde a data de nascimento foi declarada como sendo em 26/09/1911. Porém, no registro de batismo, feito em Itaiópolis, consta a data de nascimento de 26/09/1912. Provavelmente, Elvira declarou ter nascido um ano antes para ter idade para se casar sem precisar da autorização dos pais, que eram contra o casamento pelo que se sabe. Elvira já morava com o viúvo Evilásio antes de casar e tinha fugido de casa para ficar com ele. Passada esta fase da adolescência conturbada, Elvira foi uma pessoa maravilhosa para a comunidade, família e parentes, procurava manter uma boa relação com os primos, visitando-os com frequência e deixando fotos de sua família. Elvira era benzeira e cartomante (sortista). Ela fazia leitura da sorte usando um baralho de cartas que era da bisavó Mathilde Schwedler Woehl. Costumava dar conselhos e orientação para os jovens, comprovado pela história relatada por Norivaldo Packer, filho de Emma Helle (prima de Elvira) e neto de Julia Woehl Heller. Norivaldo estava em dúvida sobre qual carreira seguir, a de dentista para a qual se preparou ou se ficava tocando a propriedade rural da familia em Corupá, proposta feita pelo seu pai, Jacinto Packer. Então, Emma Heller sugeriu para que fosse à São Bento para pedir orientação da prima Elvira que lhe aconselhou a seguir a carreira de dentista. Elvira doou para o Museu Histórico Municipal Dr. Felippe Maria Wolff os pertences de Gregorio Woehl, emigrante pioneiro em São Bento do Sul. Empenhou-se também para homenagear seu avô Gregorio Woehl com o nome da rua onde residia. Era uma neta muito querida pelos avós (meus bisavós) Gregório Woehl e Mathilde Schwedler. Quando ela retornou para casa após ter fugido com seu futuro marido Evilasio Borges de Aquino, foi acolhida pelos avós Gregório e Mathilde.
Casa de Elvira Endler de Aquino na Rua das Neves, 27 no local onde ficava a casa de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler. Acervo de Thereza Christina Sauer de Ávila-Pires |
Verso da foto Casa de Elvira Endler de Aquino com anotações dela e de observações de Thereza Christina Sauer de Avila Pires que ganhou esta foto de Elvira. |
O casal teve cinco filhos:
Amalia Lia de Aquino (20/02/1931 São Bento do Sul SC - 13/12/1998 São Bento do Sul SC) se casou em 19/05/1951 com Esilio Kuno Kaesemodel (02/03/1927 - 05/02/2019) e mais tarde se separou. Nome de casada: Amalia Lia Kaesemodel. Atividades: Trabalhou nas Indústrias Augusto Kimmerk. Foi homenageada com um nome de rua no bairro Boehmerwald em São Bento do Sul (Lei Municipal nº 603 de 28 de junho de 2000).
Mario Bráulio de Aquino (08/02/1932 São Bento do Sul SC – 01/04/1932 São Bento do Sul SC). Morreu ainda bebê, com 1 mês e 21 dias.
Nelson Osni de Aquino (1933 São Bento do Sul SC – 05/06/1990 São José dos Pinhais PR), conhecido como Tuti, casou-se com Laudelina de Souza, conhecida como Jorda. Era marceneiro.
Mario Gervásio de Aquino (16/01/1935 São Bento do Sul SC – 11/05/2003 São Bento do Sul SC). Casou-se com Lucila Peng, que passou a usar o nome Lucila Peng de Aquino, falecida em 25/07/2019. Atividades: Em 09/04/1979, aos 44 anos, abriu um bar situado à rua Jorge Diener, 129 - Bairro Oxford, São Bento do Sul SC. Teve também um ponto de táxi situado à Rua Marechal Deodoro, 238 em São Bento do Sul SC, que foi transferido para outro taxista em 21/01/1985, conforme Decreto Municipal Nº 223.
Anete Myrta de Aquino (21/10/1939 São Bento do Sul SC - 06/12/2021 São Bento do Sul SC), conhecida como Neca. Casou-se com Noberto Weihermann. Nome de casada: Anete Myrta Weihermann.
Casamento de Elvira Endler com o alfaiate Evilasio Borges de Aquino em 29/11/1930. Ela com 21 anos e ele, viúvo, com 32 anos. Foto de acervo de Maria de Lourdes Reusing |
Familia de Elvira Endler de Aquino e Evilasio Borges de Aquino. Foto do acervo de Christina Thereza Maria Sauer de Avila Pires |
EWALDO ENDLER (07/10/1914 - 27/09/1979), batizado em 01/11/1914, padrinhos: Theodoro Sauer e Mathilde Schwedler Woehl. Casou-se em 10/09/1938 Campo Alegre SC com Bertha Ziebarth (16/06/1917 Campos Alegre SC – 29/10/1956 Curitiba PR). Berta Endler faleceu aos 39 anos, de tuberculose. Bertha ficou internada em Curitiba para tratamento da tuberculose durante 4 anos. Os seis filhos do casal, ainda crianças, Valdemiro (nascido em 1938), Wally (nascida em 1941), Erica (nascida em 1943), Aderbal (nascido em 1946), Bernardo (1948-2015) e Elvira (nascida em 1951), foram adotadas pelos tios e tias.
EDMUNDO ENDLER (01/03/1921 - 25/08/1968), casou-se em 11/05/1948, São Bento do Sul SC, com Erica Kraus (28/01/1927 Corupá SC - 13/09/2000 São Bento do Sul SC)
Registro da rresença de Edmundo Endler no Avencal, Mafra SC, em agosto de 1940, no livro de conta corrente (borrador) do armazém e serraria de seu tio Gregorio Woehl |
HYPÓLITO ENDLER (02/04/1924 São Bento do Sul - 20/04/1986 Curitiba). Casou-se em 27/05/1950, São Bento do Sul, com Otília Wille nascida em 05/08/1932, Jaraguá do Sul SC. Hypólito Endler faleceu aos 62 anos em Curitiba PR, onde residia, de câncer no pulmão (Adenocarcinona).
Registro da presença de Hypolito Endler no Avencal, Mafra SC, em 11/04/1940, no livro de conta corrente (borrador) do armazém e serraria de seu tio Gregorio Woehl. Ele comprou fumo e pagou 500 Réis. |
EMILIA WOEHL, nascida em 21/03/1884 – batizada em 27/04/1884 (padrinhos: Caetano Zimmermann e Mathildes Hübner). Morreu com dez meses em 20/02/1885, de tosse convulsiva.
ESTEPHANIA WOEHL, nascida em 21/09/1886 – batizada em 19/12/1886 (padrinhos Antonio Woehl e Carolina Koliska - Anton Wöhl e esposa Karolina Koliska, vindos de Wiesenthal, Gablonz) chegaram ao Brasil, ao porto de São Francisco do Sul SC, em 15/11/1886, 44 dias antes do batizado. Estephania se casou em 08/08/1908 com Theodoro Sauer (23/02/1881 - 30/03/1966), irmão de Maria Sauer (que se casou com André Antonio Woehl). Morreu aos 59 anos em 16/06/1945, em Guarapuava (PR). A causa primária da morte foi insuficiência hepato-renal que lhe causou muito sofrimento durante 6 meses quando teve um colapso cardíaco e veio a falecer no Hospital São Vicente de Paula, em Guarapuava (PR). Theodoro Sauer também morreu em Guarapuava PR, aos 85 anos. Morava com a filha Lydia Sauer Bastos e foi ela que fez o registro de óbito.
Estephania Woehl Sauer (21/09/1886 -16/06/1945) |
Casamento de Estephania Woehl (21/09/1886 -16/06/1945) com Theodoro Sauer (23/02/1881 - 30/03/1966) realizado em 08/08/1908 |
Theodoro Sauer (23/02/1881 - 30/03/1966) |
Theodoro Sauer em Guarapuava, quando morava na casa da filha Lidia Sauer Bastos |
Filhos: Sueli Sauer Boquai (1942–2019), Silvanira Sauer Walter (1945–2014) e Sidnei Sauer (1946–Vivo) e adotaram mais um, Ivan Sauer
Hercílio Sauer (26/06/1909 São Bento do Sul SC - 12/08/1980 Campo Mourão PR), filho de Estephania Woehl Sauer e Theodoro Sauer |
Lydia Sauer Bastos (18/12/1910 Avencal Mafra SC - 10/06/1990 Guarapuava PR), foto enviada para a prima Narcisa Woehl com dedicatória no verso |
Lydia Sauer Bastos (18/12/1910 Avencal Mafra SC - 10/06/1990 Guarapuava PR). Foto enviada ao namorado com dedicatória no verso. |
Lidia Sauer Bastos (18/12/1910 Avencal Mafra SC - 10/06/1990 Guarapuava PR), usando Wöhl na assinatura, Lydia Wöhl Sauer, na dedicatória de uma foto. Acervo de Maria Helena Ferreira. |
ELVIRA SAUER (23/01/1914 Avencal Mafra SC - 10/02/1975 Santos SP), casou-se com Francisco Alves em 23/10/1943 em Santos SP e tiveram apenas um filho, Ciro Alves (24/09/1946 - 28/07/2017).
Elvira Sauer (23/01/1914 Avencal Mafra SC - 10/02/1975 Santos SP) filha de Estephania Woehl Sauer. Acervo de Marilia Lago Bortoletto |
Ana e Elvira, filhas de Estephania Woehl Sauer e Theodoro Sauer. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Ana e Elvira, filhas de Estephania Woehl Sauer e Theodoro Sauer. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Casamento de Elvira Sauer com Francisco Alves em 23/10/1943 em Santos SP. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Elvira Sauer e Francisco Alves na praia de Santos SP. Acervo de Marilia Lago Bortoletto |
ANA SAUER (26/07/1915 São Bento do Sul SC – 04/01/1966 Santos SP), o parto foi realizado na casa de Amália Woehl Endler x Reinaldo (Reinhold) Endler, em São Bento do Sul, casou-se com Hermelino Cesar Lago (02/06/1912 – 08/03/1999) e viveu em São Paulo capital, faleceu de pancreatite aguda após passar o ano novo da casa da irmã Elvira Sauer Aves, em Santos SP.
Ana Sauer Lago. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Ana Sauer Lago com a filha Marilia Sauer Lago Bortoletto passeando na capital paulista em 30/07/1957. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Ana Sauer Lago com a filha Marilia Sauer Lago Bortoletto na praia de Santos SP em julho de 1957. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Marilia Sauer Lago Bortoletto que o casal Hermelino e Ana Sauer Lago enviou para Estephania Sauer Woehl e Theodoro Sauer e Thereza Christina em 12/02/1943. |
Theodoro Sauer passeando em São Paulo quando visitou as filhas |
Marilia Lago com Thereza Christina Sauer de Ávila Pires e suas filhas TC e Malu no apartamento de Thereza Christina no Leblon, Rio de Janeiro RJ. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Marilia Lago com Thereza Christina Sauer de Ávila Pires e suas filhas TC e Malu em 1958 ou 1959. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
OSWALDO SAUER (03/05/1917 Avencal Mafra SC - 24/05/1976 Curitiba). Viveu em Foz do Iguaçu PR, onde foi servir ao Exército e ao dar baixa foi trabalhar com artefatos de couro, selaria de cavalo, ofício que aprendeu no Exército, e mais tarde abriu uma sapataria em sociedade com o irmão Afonso Sauer, casou-se em 22/08/1942 com Emilia Risden (nascida em 26/01/1925), com quem teve dois filhos: Noemi Sauer e Waldir Sauer. Ficou viúvo e se casou novamente com Anna Maria Urnau (31/07/1930 - 24/02/1978) com teve os filhos: Celso Rogério Sauer (01/06/1963 - 01/03/2021), vítima da COVID-19, Ana Maria Sauer, Geraldo Santa Cruz Sauer e Luiz Alberto Sauer.
Oswaldo Sauer (03/05/1917 - 24/05/1976). Foto do acervo de Luiz Alberto Sauer |
Casamento de Oswaldo Sauer com sua primeira esposa Emilia_Risden no dia 22/08/1942 em Foz do Iguaçu PR . Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Oswaldo Sauer (03/05/1917 - 24/05/1976) e a segunda esposa Anna Maria Urnau (31/07/1930 - 24/02/1978). Foto do acervo de Luiz Alberto Sauer |
Sapataria em Foz do Iguaçu PR de Oswaldo Sauer em sociedade com o irmão Afonso Sauer Foto do acervo de Luiz Alberto Sauer. |
Oswaldo Sauer com a filha Noemi Sauer ao seu lado e o irmão Afonso Sauer com seu filho Carlos Afonso Sauer ao seu lado e a esposa Gentilina Pasa. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto. |
JOAQUIM SAUER nasceu morto em 22/01/1920.
BRÁULIO SAUER (26/03/1921 Avencal Mafra SC - 27/05/1992 Chopinzinho PR), foi batizado em 15/05/1921, tendo como padrinho o prefeito de Mafra SC na época, Ayres de Oliveira Rauen e a esposa Alma Rauen, casou-se em 11/04/1942 com Herminia Bordinhão (Bordignon) (21/09/1923 – 28/10/1996) e se separou em 05/02/1980, o casal teve dez filhos: Antonio Nereu Sauer, Edison Sauer, Helio Sauer, Izete Aparecida Sauer, José Carlos Sauer, João Vilmar Sauer, Maria Carmen Sauer, Noeli Salete Sauer, Terezinha Marli Sauer, Valmor Sauer. Braulio Sauer foi professor do ensino básico em Chopinzinho (PR) onde foi homenageado com o nome de rua e da Casa da Cultura da cidade “Casa da Cultura Professor Braulio Sauer”.
HILDA SAUER (07/07/1922 Avencal Mafra SC - 15/05/1923 Avencal Mafra SC), faleceu aos 8 meses vitima de coqueluche.
AFONSO SAUER (22/10/1923 Avencal Mafra SC - 14/09/2008 Foz do Iguaçu PR), casou-se em 14/05/1948 com Gentilina Pasa (18/03/1929 – 21/06/2019) em Foz do Iguaçu PR, onde trabalhava em sociedade com o irmão Osvaldo Sauer na sapataria, e tiveram dois filhos: Carlos Afonso Sauer (vivo) e Carmen Luzia Sauer (21/08/1953 – 22/05/2021).
Afonso Sauer (22/10/1923 Avencal Mafra SC - 14/09/2008 Foz do Iguaçu PR), filho de Estephania Woehl Sauer x Theodoro Sauer |
Afonso Sauer (22/10/1923 Avencal Mafra SC - 14/09/2008 Foz do Iguaçu PR) em visita à irmã Ana Sauer em São Paulo |
Afonso Sauer (22/10/1923 Avencal Mafra SC - 14/09/2008 Foz do Iguaçu PR) |
Mais tarde, conseguiu emprego para ele e esposa na mansão da família Maluf (provavelmente dos pais do ex-governador Paulo Maluf). Tinha 23 empregados na mansão. A função da Gentilinia era costurar e ser dama de companhia e a de Afonso era de chofer.
Certo dia, ele ganhou na loteria estadual paulista e todo o dinheiro do prêmio foi investido em uma fábrica e loja de calçados em Foz do Iguaçu,aberta em sociedade com o irmão Osvaldo Sauer, para onde retornou com a esposa em 1951. Afonso não entendia nada de couro, mas Osvaldo entendia bem. Tinham muitos empregados na loja e na fábrica, onde produziam um modelo de bota e mais dois modelos de sapatos. O empreendimento funcionou bem por 9 anos, até 1960, quando houve um desentendimento entre os dois irmãos e eles desfizeram a sociedade - e fecharam a loja e a fábrica.
Em 1960 Afonso Sauer foi para São Paulo e comprou um carro para trabalhar com táxi em Foz do Iguaçu. Em pouco tempo ele tinha uma frota de 5 taxis operando no aeroporto de Foz, onde era grande fluxo de turistas para visitar as Cataratas do Iguaçu. Ganhou muito dinheiro e investia tudo na compra de imóveis, de lotes, onde construía casas para alugar. Na época da construção da Itaipu ele lucrou bastante alugando essas casas. Foi quando ele desistiu dos taxis, mas comprou camionetes para alugar para a Itaipu. Ele teve linha de ônibus urbano também. Foi ainda administrador de fazenda no Paraguai e delegado de polícia em Foz, por um curto período e trabalhou também no DNER.
Afonso Sauer quando trabalha em São Paulo de chofer do empresário do ramo farmacêutico Cândido Fontoura, criador do biotônico Fontoura. |
Afonso Sauer com a esposa Gentilina Pasa Sauer. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto. |
Afonso Sauer com seu filho Carlos Afonso Sauer |
Afonso Sauer no dia comemorativo dos 60 anos de casamento, em 14/05/2008. |
THEREZA CHRISTINA MARIA SAUER 09/04/1927 Avencal Mafra SC - 15/11/2002 Rio de Janeiro RJ), era a filha mais nova, casou-se em 04/04/1952 com Américo Dias de Ávila Pires e viveu em Ipanema, Rio de Janeiro RJ, onde tinha uma loja de móveis e decorações, a Domus, em Ipanema, que mais tarde se tornou também em galeria de arte que promovia eventos culturais com lançamento de livros ou de uma nova exposição. Nesse período Thereza Christina escreveu um conto que foi premiado, isso lhe deu entusiasmo para escrever um livro, "Cão dos Infernos", publicado em 1965 pela Editora Civilização Brasileira. Após o fechamento da loja, foi contratada como secretária-executiva do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), onde trabalhou até se aposentar.
Thereza Christina Maria Sauer de Avila Pires (09/04/1927 Avencal Mafra SC - 15/11/2002 Rio de Janeiro RJ) em 1950, filha Estephania Woehl Sauer e Theodoro Sauer |
Thereza Christina Maria Sauer de Avila Pires (09/04/1927 Avencal Mafra SC - 15/11/2002 Rio de Janeiro RJ), filha Estephania Woehl Sauer e Theodoro Sauer. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Casamento de Thereza Christina Maria Sauer e Américo Dias de Ávila Pires em 04/04/1952 no Rio de Janeiro RJ. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Thereza Christina Maria Sauer de Avila Pires com as filhas Tereza Cristina (TC) e Malu. Acervo de Marilia Sauer Lago Bortoletto |
Foto da família de Thereza Christina Maria Sauer de Avila Pires que ela deu para minha tia Narcisa Woehl durante uma visita em 1971. |
Theodoro Sauer era filho de João Sauer Sobrinho, um próspero comerciante, e Genoveva Rauen. Logo após terem casado, Estephania e o marido tinham uma casa de comércio e um salão de baile no Avencal, Mafra - SC, às margens da antiga Estrada Dona Francisca, atualmente no km 123 da BR-280, entre a ponte sobre o rio da Areia e a Capela Santa Cruz. Viveram no Avencal até junho de 1927, quando, três meses após nascer a filha mais nova do casal, Thereza Christina Maria Sauer, em 09.04.1927, decidiram se mudar para Cruz Machado PR. Theodoro Sauer fez uma permuta com o imigrante alemão Oscar Meyer de sua casa de comércio e salão de baile no Avencal por outra casa de comércio e um sítio (chácara) na zona rural de Cruz Machado PR. Porém algo deu errado em Cruz Machado-PR, onde acabaram na miséria.
Meu avô, Gregório Woehl, quando soube da situação da irmã, foi visitá-la e levou dinheiro para ajudar casal, mas não revelou para ninguém a quantia. Minha tia, Narcisa Woehl Kosteski, o acompanhou porque Estephania Woehl Sauer era sua madrinha de batizado. Contava que viagem foi uma aventura, por isso jamais se esqueceu dos detalhes. Eles pegaram enchente e transbordamento do rio Iguaçu e muita chuva. Tiveram que contratar os serviços de transporte de uma canoa e dormiram em um paiol sobre palha de centeio com a roupa ensopada. Meu avô tinha um caderno de anotações onde registrava tudo e esta viagem para Cruz Machado consta em seus registros da seguinte forma:
24/08/1933
1º dia: Porto Vitória
Dia 25 Fomos até Cruz Machado
Dia 26 Falhamos
Dia 27 Folgamos
Dia 28 Folgamos
Dia 29 Porto Altamira – Porto União
Dia 30 Mafra
Verso da página
24/08/1933 Despesas
Pouso: 6.900 Réis
Porto: 65.800 Réis
Hotel: 12,80 Réis
Café: 8 Réis
1 Cerveja: (não marcou o custo)
Carroça: 150 Réis
O vô Gregório anotou em seguida o nome das estações do trem entre Mafra e Porto Vitória:
Mafra -Turvo – Canivete – Barracas – Três Barras – Felipe Schmidt – Valões – Poço Preto – Lança – Porto P
Obsevações:
Felipe Schmidt (antiga Jararaca) Esta estação ficava no município de Canoinhas, a 40 km do centro atual. Foi nesta estação que ocorreu o assalto aos filhos de Theodoro Sauer e Estephania Woehl quando eles foram embora para Cruz Machado, em 1927 e mandaram os filhos na frente. O episódio foi registrado no diário de Lydia Sauer Bastos e noticiado pela imprensa nacional (ver matéria baixo). Esta estação foi invadida durante as escaramuças do Coronel Fabrício Vieira e seus 40 bandoleiros, que queriam a criação do Estado do Iguaçu, compreendendo a zona do antigo Contestado, em 1927 e 1928.
Valões é uma estação que ficava no município de Irineópolis SC
Poço Preto foi inaugurada em 1921 e fica no município de Porto União SC
Lança foi inaugurada em 1917 e também fica no município de Porto União SC.
Porto P Meu avô talvez tenha ficado em dúvida e só escreveu a letra P, mas deve ser a última estação a viagem, Porto Vitória.
Matéria do Jornal O Estado de São Paulo, Edição de 06/09/1927
SANTA CATHARINA
TREM DE PASSAGEIROS ATACADO POR UM GRUPO DE BANDOLEIROS – Florianópolis – Notícias chegadas a esta capital informam que, na madrugada de hoje, um trem da estrada de ferro S. Paulo-Rio Grande, ramal de S. Francisco, que seguia para Porto União, foi atacado na estação de Jararaca, por um grupo de cerca de 40 bandoleiros, chefiados por Fabricio Vieira.
Segundo taes notícias os assaltantes, após o saque, atearam fogo em dois carros e arrancaram os trilhos e dormentes, retrocedendo então para a estação de Canoinhas, onde chegaram de madrugada, ali saqueando casas de colonos, e levando os aparelhos telegraphicos.
Alguns passageiros, que haviam sido aprisionados, conseguiram fugir, achando-se na vila de Ouro Verde.
As autoridades policiaes do Estado, logo que tiveram comunicação do ocorrido, tomaram todas as providencias necessarias para prender os bandoleiros.
De acordo com estas anotações, a visita deve ter ocorrido nos das 27 e 28 de agosto de 1933. Este registro possibilita saber que a família de Theodoro Sauer e Estephania Woehl morou pelo menos seis anos em Cruz Machado PR. A filha do casal, Lydia Sauer Bastos, que tinha 16 anos quando eles foram embora do Avencal, casou-se em Guarapuava, no Distrito de Palmeirinha, em 05/06/1935, aos 25 anos. Portanto, a mudança para Guarapuava pode ter ocorrida logo após a visita do meu Gregório Woehl.
Mudança para Cruz Machado PR no Diário da Lydia Sauer Bastos
Episódio da mudança do Avencal, Mafra SC, para Cruz Machado, no Paraná, 06/09/1927, extraído do diário da filha de Estephania, Lydia Sauer Bastos, com 16 anos na época. Esta história foi contada pela filha mais nova de Estephania, Thereza Christina Maria Sauer de Ávila Pires, que faz parte de um belo texto escrito em 22/06/1997 sobre a história da família Woehl e Sauer, escrita a pedido de sua prima Maria Helena Ferreira, neta de Roberto Woehl x Isabel Sauer, que mora em Mafra SC. Segue a transcrição do texto. O que está entre chaves [ ] são minhas observações.
Autora: Thereza Christina Maria Sauer de Ávila Pires, aos 70 anos. Rio de Janeiro (RJ), 22/06/1997
Quando em 1971 pude ir a Santa Catarina conhecer um pouco de nossos parentes (e quantas alegrias eles me deram!) fiquei fascinada com as histórias da prima ELVIRA ENDLER DE AQUINO [filha de Amalia Woehl Endler], de São Bento. Ela era um repositório vivo da crônica de nossos avós imigrantes. Então me prometi que, tão logo pudesse, voltaria com um gravador para recolher a saga. Mas a vida continuou a rolar. Só quando em 1989 me aposentei, resolvi que tinha chegado a hora de pegar um gravador e sair atrás da prima Elvira. Mas nem cheguei a ir. Ela havia falecido há 4 anos. Espero sinceramente que alguma de suas filhas tenha registrado as histórias.
Também a mana Lidia tinha histórias para contar, da 2a geração. A aventura que fazia-nos rir muito era aquela de “A VIAGEM”. Aconteceu em 1927 quando papai [Theodoro Sauer] e mamãe [Estephania Woehl Sauer] resolveram deixar SC para viver no Paraná, tendo comprado uma casa na cidade além de uma chácara, em Cruz Machado. O casal ficou encerrando os assuntos em SC, mas despachou na frente toda a tribo (éramos oito: Hercílio com dezoito, Lydia com dezesseis, mais uma escadinha de cinco, e finalmente eu, um bebê de cinco meses no colo da Lydia. Pois no meio do caminho, o trem parou. Bandidos assaltando o trem! Eles apearam dos cavalos, um se postou numa ponta do vagão, outro na outra ponta, carabina na mão. Os outros cinco depenavam os passageiros. Sem tirar nem por, uma cena de puro filme far-west. Mulheres gritando, garotada berrando, bebês se esgoelando. Pois nessa confusão medonha, Hercílio, chefe da tribo, teve a presença de espírito: rapidamente pegou o dinheiro das despesas de viagem e escondeu... nos meus cueiros [fraudas].
A esperteza deu certo, apesar do pavor em que estavam todos. Quando a horda se foi, apareceu o chefe do trem para avisar aos passageiros: Teriam de ficar parados, pois os bandidos haviam arrancados os trilhos. Hercílio saiu pelas redondezas à procura de leite para o nenê [que era a autora deste texto, Theresa], que não parava de berrar. Depois a mudança de alimentação diz que me provocou uma diarréia medonha, que não havia meio de medicar naqueles ermos (coitada da Lydia). Nesse transe ficaram por três dias – até que o trem teve ordem de... REGRESSAR AO PONTO DE PARTIDA.
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Outro trecho do belo texto de Theresa Christina Maria Sauer de Ávila Pires
Parece-me importante distribuir estas cópias [deste texto] porque (um espanto!) já numa mesma geração se pode “perder a pista” de membros da família, como é o caso do mano mais velho, Hercílio Sauer, que se isolou muito agora [morava em Campo Mourão PR], quando procurei saber de sua família, ninguém sabe seus endereços – e até mesmo seus nomes completos.
Assim também vão se perdendo as histórias dos pioneiros nossos ancestrais – uma saga de aventuras, de lutas, alegrias e tristezas, e sobretudo de trabalho pesado, auto proteção e muita astúcia para enfrentar a convivência com onças e bugres (no começo, as casas eram erguidas sobre altas estacas, sendo a escada erguida durante a noite...) E em casa, a fera era nosso patriarca WÖHL, o senhor absoluto. [nesta parte final a autora Thereza Christina se refere ao meu bisavô Gregor Wöhl, pai de Gregório Woehl, Gustavo, Roberto, Estephania etc.]
Minha prima Edith Heyse Bessa contou que conheceu Estephania e suas duas irmãs mais velhas, Amália Woehl Endler e Julia Woehl Heller. Eram mulheres altas que impunham presença, chamavam atenção. Estephania particularmente era uma mulher linda. Estephania era muito querida e generosa na comunidade do Avencal. Era muito simpática e feliz. Ela atendia a mulherada na casa de comercio do casal e costumava não cobrar pelos tecidos e acessórios quando se tratava de mulheres pobres. O casal não tinha problemas financeiros porque o pai de Theodoro, João Sauer Sobrinho, alem do financiamento inicial, lhe deu toda a receita de sucesso para ganhar dinheiro com comércio. Ou seja, João Sauer Sobrinho montou uma máquina de fazer dinheiro para o filho Theodoro que era só tocar. Caso cometesse algum erro de gestão, o pai estava sempre por perto para consertar e injetar mais dinheiro se fosse preciso para cobrir o prejuízo ou pagar fornecedores. A casa de comércio de Estephania e Theodoro ficava às margens da antiga Estrada Dona Francisca, atualmente no km 123 da BR-280, entre a ponte sobre o rio da Areia e a Capela Santa Cruz, do lado esquerdo no sentido Mafra – São Bento do Sul, onde eles tinham também um salão de baile que funcionava nos finais de semana. A residência fica no mesmo local. Eles ganhavam muito dinheiro, tinham um alto padrão de vida. O salão de baile anexo era até um hobby para o casal, a fonte de renda vinha da casa de comercio. Era bem movimenta em 1927 quando Theodoro Sauer fez uma permuta com o imigrante alemão Oscar Meyer por outra casa de comércio e uma chácara em Cruz Machado PR. Na mudança para Cruz Machado mandaram de trem as crianças sozinhas na frente, inclusive a filha caçula (Thereza Christina), que era um bebê de apenas três meses que foi carregada no colo da filha adolescente Lydia Sauer com 15 anos. Estephania foi embora contrariada e não queria sair do Avencal de jeito nenhum, afinal ela viveu ali momentos de felicidade intensa com a família até seus 41 anos de idade, um período de quase 20 anos. Vivia muito feliz ali com o marido, as crianças e os parentes por perto. O comerciante Oscar Meyer, com quem Theodoro Sauer fez a permuta, continuou tocando o mesmo negócio, vendendo exatamente os mesmos produtos e ganhou muito dinheiro após a saída deles, por muitos anos. A decadência do Avencal ocorreu bem mais tarde, entre 1940 e 1950.
Não se sabe o que motivou Theodoro Sauer ir embora do Avencal, se ele enxergou uma boa oportunidade nesta permuta com Oscar Meyer para se aventurar em Cruz Machado, que naquela época era uma cidade próspera, por causa do extrativismo de erva-mate e de madeira. É possível que Theodoro Sauer tenha avaliado que poderia se dar bem lá, melhor do que no Avencal. Mas a crise de 1930 e a queda acentuada dos preços da erva-mate provocaram um colapso na economia de Cruz Machado, afetando duramente a atividade comercial de Theodoro logo após ele ter se instalado na cidade.
Theodoro Sauer pode ter sido ameaçado também e escondeu isso da esposa Estephania, dos filhos e do resto da família, porque senão saberíamos. Este cargo político que ele aceitou de Inspetor de Quarteirão, o equivalente ao delegado de polícia de hoje, mas não era cargo remunerado, era bem arriscado. Mas Theodoro Sauer não se importava em exercer esta atividade policial voluntária mesmo que fosse muito perigosa porque queria tentar a carreira política e este cargo era um trampolim. Estephania se queixava para os parentes da atividade política do marido. Com forte sotaque alemão, ela dizia para minha avó, Catharina Sauer: “Eu queria tanto que o Dets (nome carinhoso que ela usava para Theodoro) largasse a política” (ela pronunciava po-li-ti-ca - sem acento). Com certeza, Estephania, o desaconselhou, encheu as paciências dele para não pegar esta responsabilidade, que era encrenca na certa e colocava a família em risco de vida. Ele deve ter contrariado a esposa Estephania, não atendeu seus apelos desesperados e aceitou o cargo. O Avencal estava cheio de bandidos, muito perigosos. Devido a esta atividade policial de inspetor de quarteirão, na repressão de um infrator perigoso, talvez até em alguma briga no salão de baile do casal, deve ter recebido alguma ameaça séria contra ele e a família, de vingança contra as filhas adolescentes, por exemplo. Lydia tinha 16 anos, Elvira, 10 anos e Ana, 9 anos.
Ele não revelou o motivo para ninguém possivelmente para não dar o braço a torcer, de confirmar a previsão óbvia da esposa Estephania desta atividade policial voluntária, que deve causado muita discórdia entre o casal quando ele aceitou. Guardou este segredo com ele a vida inteira. A cada ano que passava ficava cada vez mais forte a justificativa para manter este segredo bem guardado, porque ele sabia que foi isso que destruiu a felicidade da família, causara um sofrimento muito grande para todos e a morte prematura da esposa Estephania.
Quando se mudaram para Guarapuava, Distrito de Palmeirinha, eles foram morar na casa de empregados de um pequeno fazendeiro que fabricava cachaça e tinha algumas vacas de leite. Era a única casa da propriedade, sem privacidade nenhuma, porque o patrão usava a casa também quando vinha da cidade. O pagamento dos salários não era em dinheiro, mas em mercadorias que o patrão revendia aos empregados por preços abusivos. Nesta fase, a família de oito filhos ficou reduzida a apenas dois, Afonso e Thereza Christina, os mais novos. Estephania fazia almoço caprichado para a família, o patrão chegava, almoçava primeiro e comia a galinha inteira, deixava só as costas e o pescoço para eles dividirem depois. Pior: tiveram que hospedar na casa um empregado do fazendeiro, forasteiro perigoso, grande e muito forte, que tentou violentar Thereza Christina, com 12 na época. Ele dormia no sótão da casa. Thereza Christina gostava de tomar banho sozinha no rio que cortava a propriedade, onde tinha um poço raso na curva do rio, num lugar bem reservado e gostoso. Na inocência, ela ficava nua, deixava a roupa no gramado e ficava horas nadando sozinha, relaxando. Um dia, ela viu este cara a observando deitado na grama ao lado da roupa dela. Ela saiu da água rapidamente, escondeu o corpo atrás de arbustos e gritou com o cara. Ele não se intimidou, pegou a roupa dela e estava levando embora Então, Thereza ameaçou de contar para seu pai. Ele dando risada, jogou para perto dela suas roupas, mas ficou com a calcinha e não quis devolver, prometeu devolver mais tarde, em casa. Thereza Christina ficou preocupada porque sua mãe, Estephania, iria limpar o quarto do rapaz na manhã seguinte e poderia encontrar sua calcinha lá. Não iria aceitar as explicações dela e levaria uma surra daquelas. Naquele mesmo dia, à noite, ela esperou a mãe dormir e notou que o cara estava com a luz acesa (lampião) no quarto e foi até lá silenciosamente, na ponta dos pés, implorar, falando bem baixinho, que ele devolvesse sua calcinha. Ele pediu que ela entrasse no quarto. Quando ela abriu a porta e entrou, ele estava deitado nu sobre a cama, apagou o lampião e rapidamente a agarrou pelo braço para impedir que ela fugisse. Thereza reagiu dizendo que sua mãe estava atenta, lhe aguardando voltar, porque tinha dito para ela que foi lá fora para usar a privada. Então, ele a soltou. Ao sair do quarto, Thereza disse para ele que quando seu pai, Theodoro Sauer, chegasse no dia seguinte iria contar tudo para ele. O rapaz debochou dela, que não tinha medo daquele velho. “Se este velho vier me encher o saco eu destripo ele na hora”, disse mais ou menos isso e continuou com as ameaças. “Guria, se não quiser ver aquele velho estrebuchando, cale o bico, viu!” E completou dizendo que só devolveria a calcinha dela no dia seguinte. Thereza Christina conta que teve que ficar calada e não tinha para quem pedir proteção. Mas Deus não lhe abandonou e ouviu suas preces durante a noite. No dia seguinte quando seu pai, Theodoro Sauer, chegou cedo dando uma boa notícia naquele momento de angústia, que patrão tinha acabado de lhe dar as contas depois de um desentendimento que tiveram e ele mandou o patrão para aquele lugar. Eles tinham que sair da casa imediatamente, que era para eles (Thereza e Afonso) ajudarem a mãe, tia Estephania, a juntar a tralha para a mudança para uma casa na cidade de Guarapuava. Theodoro disse para a família que lá no centro seria mais fácil conseguir trabalho.
No centro de Guarapuava eles conseguiram uma casa grande de madeira pagando um aluguel simbólico, apenas para cuidar da casa, para o proprietário Alexandre Cleve, que era muito rico, dono do Tabelionato Alexandre Cleve da Comarca de Guarapuava e proprietário de muitos imóveis na cidade. A relação do casal ficou conflituosa desde a saída deles do Avencal, onde eles eram muito felizes. Eles se separaram quando estavam morando nesta casa no centro de Guarapuava. Estephania ficou morando com a filha adolescente, Thereza Christina Maria Sauer e Theodoro Sauer foi acolhido pela filha mais velha do casal, Lydia Sauer Bastos, que morava no distrito de Palmeirinha, onde foi trabalhar como meeiro do genro Julio Martins de Bastos, que tinha um terreno lá. O filho Afonso Sauer foi servir o exército em Foz do Iguaçu e lá permaneceu trabalhando com o irmão Osvaldo Sauer.
Durante a primeira metade do período de seu casamento, Estephania tinha uma vida de felicidade plena, vivia no paraíso, tinha uma vida de rainha. Na outra metade, após a saída do Avencal, viveu na desgraça, em situação de miséria extrema. Quando a família achava que já tinham chegado ao fundo do poço, ainda tinha espaço para despencaram ainda mais, para as coisas piorarem. Nos últimos anos de sua vida, Estephania teve que trabalhar de faxineira até aos domingos, limpando os escritórios grandes e agências bancárias do centro da cidade. A filha caçula, Thereza Christina Sauer, conta que quando era adolescente ajudava a mãe nesta atividade e puxava os baldes de água para lavar os vidros e calçadas e esta parte externa da limpeza dos escritórios lhe causava muito constrangimento porque suas colegas da escola saiam da missa do domingo de manhã e passavam ali. Então, toda a vez que via alguém passar, ela virava o rosto para não ser identificada ou corria para se esconder e não passar vergonha de ser vista e todo mundo saber ela era filha de uma faxineira. Mas Estephania se preocupava com o futuro da filha, trabalhando duro como faxineira para pagar escola particular e se empenhou em mandá-la para Curitiba aos 12 anos para morar com a viúva de um banqueiro, dona do Banco onde ela fazia a limpeza em Guarapuava, com o objetivo de ela estudar, mas não deu certo porque a viúva não cumpriu o que prometeu, a explorava como empregada doméstica da mansão.
Thereza Christina era uma adolescente muito esperta. Aos 15 anos já trabalhava para o cartório de um advogado e aos 16 tornou-se escrevente juramentada, podendo assinar pelo advogado. Aprendia rapidamente as coisas e era muito profissional no que fazia. Tanto o juiz como o promotor de Guarapuava a elogiavam muito e ficavam impressionados com sua destreza. Mas esta precocidade e presença de destaque no meio jurídico e dos cartórios, além da beleza estonteante (alta, olhos azuis...), lhe causou um problema na época. A esposa do tabelião Alexandre Cleve, Luiza Ferreira Guimaraes Cleve, faleceu em 29/03/1943 aos 60 anos, quando ele tinha 65 anos. Alexandre Cleve era muito rico e dono da casa onde Estephania morava com a filha adolescente, onde pagavam um aluguel simbólico. A mansão onde ele residia era vizinha. Após o falecimento da esposa, não se sabe exatamente quando, Alexandre Cleve fez uma proposta para casar com Thereza Christina, nascida em 09/04/1927, que deveria ter 16 ou 17 anos. Não fez a proposta diretamente para ela, mas para a mãe Estephania, sua inquilina, que conversou com Theodoro depois, já que estavam separados. Os dois, que estavam com quase 60 anos, concordaram e aconselharam que a filha caçula Thereza Christina aceitasse se casar com o viúvo rico. Mas ela soube contornar a situação e conseguiu escapar dessa. Alexandre Cleve é filho do famoso dinamarquês Luis Daniel Cleve, sertanista, jornalista e político brasileiro, que foi parar em Guarapuava após participar de vários acontecimentos marcantes da história brasileira. É homenageado em várias cidades paranaenses, com nome de praças, ruas e até um município, Clevelância.
Estephania ficou abalada, emocionalmente devastada, por estar nessa situação de pobreza extrema. Estava doente, muito depressiva e precisando de tratamento médico e psicológico. Lamentava muito não ter dinheiro para visitar os parentes em Santa Catarina e que ainda tinha uma irmã viva morando lá na Hansa Humboldt (Corupá-SC, referindo-se à Julia Woehl Heller), mas não podia visitá-la. A prima Thereza Christina Sauer relata que o inconformismo da mãe vinha do fato do pai jogar fora todo o patrimônio que eles tinham. Estephania dizia que ele era “cabeçudo teimoso”. Certa vez, Theodoro Sauer estava lendo na mesa da cozinha, num dos raros momentos de paz na família, Estephania, sentou-se em frente dele (do Dêts, como ela o chamava) e não demorou muito para ela disparar esta crítica: “Adianta você ficar lendo estes livros? Pelo jeito não lhe ajudaram muito, pinchou (jogou) fora tudo o que tinha, assim mesmo.” Theodoro Sauer se defendia dessas críticas alegando que o motivo do fracasso foi a crise econômica. Cruz Machado PR, para onde eles foram quando saíra do Avencal, era um lugar que já estava em decadência porque o ciclo da erva-mate tinha acabado e as serrarias eram a atividade econômica que ainda restava, mas com os dias contados pelo eminente esgotamento da matéria prima proveniente dos recursos naturais da região. Theodoro fez uma permuta com o imigrante alemão Oscar Meyer de sua casa de comércio no Avencal pela casa de comércio de Oscar Meyer em Cruz Machado. Em 1930, três anos após a chegada deles, veio uma crise econômica mundial e Theodoro Sauer acabou perdendo todo seu patrimônio nesta aposta que fez em Cruz Machado, deixando a família na miséria.
Theodoro Sauer, o Dets como Estephania carinhosamente o chamava quando moravam no Avencal, estava ficando impaciente e violento com ela, não compreendendo seu quadro depressivo, que exigia tratamento médico. Certa vez bateu nas costas dela com o ferro de mexer brasa. Ela não conseguiu fugir para fora de casa e apenas protegeu a cabeça enquanto ele batia com violência repetidas vezes nas costas dela com esta barra de ferro. Após a surra que levou do marido, Estephania ficou de costas, com o rosto escondido no braço, chorando contra a parede. As crianças, que apavoradas tinham corrido para fora de casa, pensaram que o pai ia matar a mãe e quando entraram na cozinha viram ela chorando encontrada na parede com o vestido atrás todo marcado dos riscos da barra de ferro suja de carvão.
Estephania morreu aos 59 anos em 16.06.1945. A filha caçula Thereza Christina que estava com 18 anos na época foi quem fez o registro de óbito da mãe. Ela sofreu durante seis meses por insuficiência hepato-renal, mas só foi internada dois dias antes da morte no Hospital São Vicente de Paula, em Guarapuava (PR). Theodoro Sauer viveu bem mais, morreu aos 85 anos. Morava com a filha Lydia Sauer Bastos e foi ela que fez o registro de óbito. Ele trabalhava em limpeza e serviços gerais deste mesmo hospital onde Estephania morreu.
O primo de Theodoro Sauer, Narciso Sauer casado com Quintilhana Clemente (Clemens) Sauer que viveram no Avencal, Mafra (SC), próximo da Igreja Santa Cruz, até pelo menos dezembro de 1940, foram embora com a família para o mesmo local onde Theodoro Sauer morava na casa de sua filha Lydia, Distrito de Palmeirinha. Eles compraram terreno lá.
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EMILIO HENRIQUE WOEHL nascido 11/12/1888 – batizado em 24/02/1889 (Padrinhos: Henrique Keil e Theresia Kolonka). Morreu aos 17 anos, no domingo do dia 18/02/1906, vítima de uma tragédia ocorrida na noite anterior, em 17/02/1906, na festa de casamento da afilhada de Gregor Wöhl, Hermina Zimmermann, nascida em 18/12/1882 e batizada em 08/04/1883, com Emilio Gärtner (Emil Gärtner), filha do melhor amigo dele, Caetano Zimmermann (Kajetan Zimmermann) também imigrante de Gablonz, Boêmia, que viajou no mesmo navio com destino à São Bento. Provavelmente os dois já se conheciam em Gablonz. Gregor foi também padrinho de batizado de outra filha de Caetano, Justina Zimmermann, em 23/02/1878. Caetano Zimmermann, por sua vez, foi padrinho de batizado da filha de Gregor Wöhl, Emilia Woehl, nascida em 21/03/1884 que faleceu aos 10 meses. A tragédia ocorrida com Emilio Henrique foi noticiada nos jornais da época, como Gazeta de Joinville de 03/03/1906. A festa de casamento foi realizada na noite do sábado de 17/02/1906 no salão de festas de José Weiss. Um dos convidados, Oswaldo Binner, foi ao casamento armado com uma pistola de dois canos levada no bolso do paletó. Durante a festa a pistola caiu do bolso do paletó e ao bater no chão disparou. Emilio Henrique estava próximo e as duas balas disparadas o atingiram na barriga. Ele morreu no dia seguinte. O registro do óbito foi feito pelo próprio pai, Gregor Wöhl, declarando que seu filho foi morto em consequência de dois tiros na parte ventral.
Transcrição da matéria de jornal sobre a fatalidade publicada no jornal Gazeta de Joinville em 03/03/1906
S. Bento
(correspondencia)
Sinto ter de notar nesta missiva somente factos tristes e lamentaveis que o extincto [instinto] humano de vez em quanto põe em pratica para escandalisar a sociedade.
(...)
Ainda na noite de 17, em uma festa de casamento, na estrada dos Bugres, em casa de José Weiss, deu-se casoalmente um facto que entristeceu a todos os presentes.
Foi que Oswaldo Binner que tinha levado no bolso do paletot uma pequena pistola de dois cannos e por acaso cahiu-lhe do bolso e com a queda detonou a arma nos dois cannos, indo os projetis penetrar no baixo ventre de Emilio Wöhl, que no dia seguinte veio a fallecer.
Este facto vem mais uma vez demonstrar quanto é inconveniente carregar-se armas em divertimentos
25-2-1906
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Minha bisavó, Mathilde Schwedler (filha de Joseph Schwedler, tecelão), era 1 ano e 2 meses mais velha do que meu bisavô Gregor. Eles não eram casados quando tiveram meu avô Gregório e meu tio André Antonio. Por isso, o nome do pai Gregor Wohl não consta no registro de nascimento (batismo) do avô Gregório e nem do tio André Antonio (a igreja católica sempre foi rigorosa com esta questão do casamento). Casaram somente em 25/11/1872, três meses antes da tia Julia nascer. Lembrando que até o século 19 não existia cartório, era a igreja católica que fazia o registro civil de nascimento, casamento e óbito. No Brasil foi assim até o ano de 1890.
Quando conceberam meu avô Gregório, ele tinha 22 anos e ela 23 anos. Gregor Wohl nasceu em 09/05/1847 e Mathilde Schwedler em 09/07/1846. O primeiro filho que tiveram recebeu o nome do pai, GREGOR, o segundo, o nome do avô, ANDREAS.
Nos registros de batizado constam o nome da parteira e o endereço delas. Informa que são parteiras profissionais, formadas e credenciadas para a atividade (Geprüfte Hebamme). As parteiras foram diferentes para as 3 crianças. Do meu avô Gregório a parteira foi Johanna Soiblaus que residia na mesma vila de Wiesenthal. Já as parteiras de Julia e André são de Maxdorf, uma vila adjacente. Foi o mesmo padre que fez os três registros: Ignaz Knobloch
Nas imagens tem os detalhes do mapa de Wiesenthal mostrando o lote n.140 que pertencia ao meu tetravô Franz Wöhl e posteriormente ao meu bisavô Gregor Wöhl, que veio para o Brasil. Observe o nome de Franz riscado e escrito o nome de Gregor em vermelho. O mapa em alta definição está neste link. O lote 140 está no setor K
https://archivnimapy.cuzk.cz/uazk/skici/skici/BOL/BOL541018430/BOL541018430_index.html
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TRISAVÓS (tataravós): Andreas Wöhl e Theresia Hübner
Meu trisavô Andreas Wohl nasceu em 29/12/1811 na vila de Wiesenthal, 140. Profissão: Marceneiro (Tischler). Casou-se em 25/08/1835 com Theresia Hübner (28/08/1816 - 21/10/1884). Ele com 23 anos e ela com 20 anos, que se casou grávida, uma vez que a primeira filha do casal nasceu menos de 3 semanas após o casamento, em 13/09/1835. O casal teve 13 filhos, sendo que 6 morreram ainda bebês.
Foram morar na vila de Hennersdorf, casa n. 19, que fica bem próximo de Wiesenthal, em Gablonz. Este endereço Hennersdorf, n.19 também foi dos Woehl por décadas após esta data de casamento.
No registro de batismo de minha trisavó Theresia Hübner não consta o nome do pai, significa que ela é filha de mãe solteira. Por isso ela recebeu o sobrenome da mãe, Anna Hübner, que era viúva e filha de Joseph Hübner (tecelão) e Katharina Seibt, residentes na vila de Johannesberg, n. 100.
Andreas morreu aos 57 anos em 06/02/1868 de tuberculose. Meu avô Gregório Woehl não chegou a conhecer seu avô, porque nasceu em 15/12/1869.
Filhos de meus trisavós Andreas Wöhl e Theresia Hübner, por ordem de nascimento.
Repare que eles repetiam o nome no bebê seguinte quando o anterior morria. A primeira criança, que morreu logo após o nascimento, tinha o nome da mãe da Theresia.
Maria Ana Wöhl - Nasceu em 13/09/1835 e morreu com 14 dias em 26/09/1835.
Joseph Wöhl - Nasceu em 18/01/1837 e morreu com 3 dias em 21/01/1837.
Joseph Wöhl - Nasceu em 09/06/1838 e morreu com 18 meses em 30/11/1839
Maria Ana Wöhl - Nasceu em 23/05/1840 e morreu com 1 ano em 06/06/1941
Andreas Wöhl - Nasceu em 04/02/1843, casou-se com Mathilde Scholze em 26/06/1865 e faleceu em Hennersdorf aos 64 anos em 24/11/1907 de pleurisia (pleurite).
Josef Wöhl - Nasceu em 24/03/1845 e faleceu aos 87 anos em 22/07/1932 Rio Negrinho SC. Casou-se em 14/08/1871 com Adelheid Posselt (26/08/1849 - 08/12/1891) que morreu aos 42 anos de pneumonia (Lungenentzündung) com quem teve uma filha, Hedwig Wöhl (17/10/1882 - 05/04/1954). Casou-se novamente em 24/11/1894, aos 49 anos, com a austríaca Leopoldine Pittner de 22 anos, nascida em 12/11/1872 em Trumau, distrito de Baden, Estado da Baixa Áustria (Niederösterreich) e falecida aos 80 anos em 16/04/1953, Rio Negrinho SC. Emigrou para o Brasil, São Bento do Sul SC, em 22/11/1895 (data de embarque no Porto de Hamburgo, Alemanha). No Brasil, usou o nome José Woehl.
Gregor Wöhl (meu bisavô) - Nasceu em 09/05/1847, casou-se com Mathilde Schwedler em 25/11/1872 e morreu aos 78 anos em 01/10/1924. No Brasil, usou o nome Gregório Woehl
Anton Wöhl – Nasceu em 27/06/1849 e morreu com 9 meses em 01/03/1850
Helena Wöhl – Nasceu em 12/06/1851, casou-se em 29/10/1877 com Kajetan Seibt nascido em 10/1850 em Gablonz
Franz Wöhl - Nasceu 12/11/1853 e morreu com 39 dias em 21/12/1953 de convulsão (Fraisen)
Johann Wöhl - Nasceu em 24/06/1855 e morreu com 2 meses em 16/08/1855
Anton Wöhl - Nasceu em 23/03/1860 se casou com Karolina Koliska e emigrou para o Brasil, chegando em São Francisco do Sul SC em 15/11/1886
As fotos dos parentes que ficaram na Boêmia foram conservadas pelo meu avô Gregorio Woehl. Logo após morte do pai dele (meu bisavô), que tem o mesmo nome Gregorio Woehl, ocorrida em 01/10/1924, meu avô foi até São Bento do Sul, e pegou essas fotos e mais alguns objetos da família. Após a morte dos meus avós, minha prima Maria de Lourdes Reusing, que foi criada por eles, ficou com estas fotos. É muito raro alguém ter fotos dos parentes que ficaram das famílias de imigrantes do século 19.
JOSEF WÖHL
Josef Wöhl, nascido em 1845 na vila de Wisenthal 140, Gablonz, Boêmia, era artesão que produzia objetos em vidro (Glasdrücker), artigos de decoração, dando formas a vidros que saem amolecidos de fornos por meio de sopro e manuseio de pinças. Casou-se em 14/08/1871 com Adelheid Posselt, e foi morar na casa dos meus trisavós, na vila de Hannersdorf n.19 (veja no link abaixo as imagens dos mapas onde ficava esta propriedade). No registro de Josef (escrito também na forma Joseph) o padre usou o sobrenome Wöhl na forma Woehl. Foi padrinho de casamento de meus bisavós, Gregorio Woehl e Mathilde Schwedler, e padrinho de batismo de meu avô Gregorio Woehl e do meu tio avô André Antônio Woehl.
Josef Wöhl e Adelheid Posselt. Eles casaram em 14/08/1871, a data desta foto. Photographie von Karl Karasek, Reichenberg, Christianstadt 67 Gablonz |
Josef Wöhl tinha 49 anos quando se casou novamente em 24/11/1894 com Leopoldine Pittner, 22 anos, nascida em 12/11/1872 em Trumau, distrito de Baden, Estado da Baixa Áustria (Niederösterreich). O casal passou a residir na vila de Wiesenthal 464, em Gablonz, Boêmia e não tiveram filhos. Leopoldine Pittner era filha de mãe solteira, Magdalena Pittner, que provavelmente era viuva ou separada porque tem o sobrenome Schneidler. O registro de casamento de Leopoldine informa que ela é filha de pai desconhecido. Era uma moça pobre porque o registro de casamento informa que era diarista.
Josef Wöhl veio ao Brasil seis anos antes de ter emigrado para visitar seu irmão Gregório Woehl, meu bisavô, já que eram muito ligados. Josef foi padrinho de casamento dos bisas Gregório Woehl e Mathilde Schwedler e foi padrinho de batismo dos dois primeiros filhos do casal, meu avô Gregório Woehl e meu tio avô André Antonio Woehl. Visita de parentes que ficaram no país de origem é muito rara na história da emigração. Mas Josef tinha dinheiro para a passagem porque era bem de vida, tinha uma profissão muito valorizada em Gablonz, artesão de vidro (Glasdrücker), profissionais habilidosos que usam sopradores para moldar vidro quente amolecido transformando-os em utensílios (jarras, vasos, potes etc) e objetos de decoração em geral. Josef Wohl, nascido em 24/03/1845, tinha 44 anos quando fez esta viagem para visitar seu irmão no Brasil. Ele era viúvo e tinha uma filha Hedwig Woehl de apenas 7 anos.
O nome Josef Wöhl com 44 anos procedente de Österreich (Áustria em alemão) consta na lista de passageiros do vapor Valparaiso que desembarcaram no porto de São Francisco do Sul no dia 17/11/1889 procedente do porto de Hamburgo na Alemanha (BR RJANRIO OL.0.RPV, PRJ.3928, atracou no porto do Rio de Janeiro em 12/11/1889). Não consta como imigrante vindo com subsídio, mas como um passageiro normal. Era comum o erro dos funcionários do porto usarem Austria como sinônimo do Império Austro-Hungaro, que acabou em 1918, com o fim da Primeira Guerra. Assim, passageiros procedentes da Boêmia eram declarados como vindos da Áustria. O nome de Josef Wöhl consta também na lista de passageiros que embarcaram em Hamburgo no dia 18/10/1889 no Vapor Valparaiso (viagem durou 30 dias). A idade 44 anos é compatível porque Josef nasceu em 24/03/1845. Portanto, só pode ser Josef Wöhl irmão de Gregor este visitante.
Josef Wöhl veio com a familia morar no Brasil, em Rio Negrinho SC, quando Hedwig tinha 13 anos. Na lista de passageiros do porto de Hamburgo, Alemanha, consta que Josef Wöhl, Leopoldine Wöhl (Leopoldine Pittner) e Hedwig Wöhl embarcaram em 22/11/1895. Embarcaram no porto de Hamburgo no dia em 22/11/1895. Não se sabe quando chegaram em São Francisco e São Bento, porque desapareceram as listas de chegada de passageiros do porto de São Francisco do Sul entre os anos de 1892 e 1896. Se não ocorreu nenhum imprevisto, seriam 35 dias até São Bento. Então chegaram entre o Natal e Ano Novo.
Josef Wöhl (nome traduzido para José Woehl) faleceu aos 87 anos, em 22/07/1932, em Rio Negrinho SC e Leopoldine Pittner (Leopoldina Woehl) faleceu aos 80 anos em 16/04/1953, também em Rio Negrinho SC.
Hedwig Wöhl se casou na igreja em 13/10/1900 com Henrique Kwitschal, quando tinha apenas 17 anos, faltando um mês para completar 18 anos. O padrinho de casamento foi José Endler casado com Maria Kwitschal, irmã de Henrique (José Endler é irmão de Reinhold Endler que se casou com Amália Woehl Endler). Hedwig se casou no civil cinco anos mais tarde, quando já tinha dois de seus três filhos:
Emilia Kwitschal, nascida em 04/04/1901, padrinhos de batizado foram: Reinhold Endler e Amália Woehl Endler. Casou-se em 07/10/1922 com Aloysio Henrique Paul e faleceu em 03/07/1989 em Rio Negrinho SC
Bernardo Kwitschal, nascido em 04/04/1903, casou-se em 17/10/1925 com Hermina Hantschel e faleceu em 01/06/1961 em Campo Mourão PR.
Henrique Kwitschal Filho, nascido em 28/06/1912, casou-se em 25/09/1934 com Paula Zipperer e faleceu em 25/06/1973 em Rio Negrinho SC.
Uma das netas de Hedwig Wöhl, Geralda Hantschel Kwitschal (07/09/1930 – 21/03/1993), filha de Bernado Kwitschal, casou-se com Anísio Woehl Nunes (12/04/1932 – 11/09/2019), neto de André Antonio Woehl, filho de Ana Woehl e Arlindo Alves Nunes. O casamento foi em 13/11/1954, em Rio Negrinho SC.
Hedwig Wöhl faleceu aos 72 anos, em 05/04/1954 em Rio Negrinho SC, onde residia. A causa da morte foi Arteriosclerose com hipertensão e miocardite. O marido dela, Henrique Kwitschal, faleceu 3 anos depois em 29/08/1957, aos 78 anos, e morava com o filho mais novo, Henrique Kwitschal Junior, em Rio Negrinho. Henrique Kwitschal não seguiu a profissão de marceneiro que tinha quando se casou com Hedwig e se tornou açougueiro em Rio Negrinho.
ANDREAS WÖHL
Andreas nasceu em 04/02/1843 na vila de Hennersdorf, n. 19. Casou-se em 26/06/1865 com Mathilde Scholze, nascida em 1845 na vila de Wiesenthal. Faleceu em Hennersdorf aos 64 anos em 24/11/1907 de pleurisia (pleurite). O casal teve um filho, Roberto Wöhl, nascido em 10/09/1866, que tinha uma profissão supervalorizada na época, artesão soprador de vidro (Glasdrücker) e se casou em 19/08/1889 com Eleonora Hoffmann, nascida em 08/04/1871, na vila de Wiesenthal, n.10.
Andreas Wöhl era tecelão, tinha um bom padrão de vida. Conseguiu pagar a formação profissional do único filho, Robert Wöhl, que era artesão soprador de vidro (Glasdrücker). É possível que Robert tenha se formado na faculdade de tecnologia da indústria de vidros que foi criada em Gablonz em 1882, a segunda nesta modalidade de formar profissínais existente em todo o Império Austro-húngaro. A outra ficava em Praga. A duração do curso era de 4 anos, com estágio obrigatório em uma indústria e carga horária semanal dos cursos era de 40 horas.
Provavelmente Andreas trabalhava para a tecelagem Ignaz Ginzkey, que ficava na vila de Maffersdorf (atual Vratislavice nad Nisou), Reichenberg, não muito distante de onde morava, vila de Hennersdorf 58, e nota-se que Andreas usou estúdios de Reichenberg para tirar fotos. A tecelagem Ignaz Ginzkey fabricava tapetes e cobertores e era mundialmente conhecida, sendo uma das empresas exportadora mais importante Império Austro-húngaro.
A tecelagem Ignaz Ginzkey chegou a ter 250 teares mecânicos para produção em série e 70 teares manuais alguns com até 15 metros de largura para fabricação de tapetes grandes sob encomenda. Produziu um tapete feito à mão medindo 16,20 m × 25,45 m, encomendado pelo Waldorf-Astoria Hotel em Nova York em 1928. O químico-chefe do laboratório de tingimento da lã de ovelha foi orientado pelo premio nobel de química Wilhelm Ostwald de 1909.
A tecelagem Ignaz Ginzkey concedia muitos benefícios sociais para seus funcionários, tais como um fundo de seguro de saúde empresarial, um fundo de aposentadoria e uma associação de consumidores para compras econômicas. Martha Ginzkey mandou construir cantinas para funcionários e uma casa de repouso para doentes e idosos, que foi entregue à Maffersdorf em 1904.
Ignaz Ginzkey (25/06/1819–03/05/1876) começou do zero a tecelagem. A família dele era pobre e sempre foi de Maffersdorf, desde 1611 pelos registros. O pai tinha como fonte de renda uma pequena área de agricultura e montou um tear em casa no final dos anos de 1830, onde fabricava artigos do vestuário em lã que Ignaz, adolescente ainda, levava numa pesada cesta para vender no centro de Reichenberg. Ignaz estudou durante 6 anos na escola paroquial de Maffersdorf e após a conclusão do ensino fundamental seus pais o enviaram para uma região da Boêmia onde só tinha tchecos para ele aprender a falar em tcheco, onde ficou um ano (percebe-se a visão que seus pais tinham dos negócios). Devido a crise econômica, os pais tiveram que vender a propriedade, junto com a fabriqueta com um tear, mas puderam ficar morando na propriedade. Aos 24 anos, Ignaz Ginzkey, perdeu seu pai e o irmão mais velho alguns meses antes e ficou como chefe da familia para sustentar sua mãe e 4 irmãos mais novos. Sua meta era comprar de volta a propriedade da família e ele conseguiu. Decidiu continuar com a tecelagem, mas percebeu que continuar fabricando artigos do vestuário em lã não dava futuro. E decidiu partir para fabricação de tapetes e cobertores e assim veio a prosperidade.
A visita do Imperador Franz Joseph I à Gablonz e Reichenberg em 1906 teve um incidente protagonizada pela tecelagem Ignaz Ginzkey, uma das empresas prestigiadas com a visita do Imperador. Na entrada foi colocado um enorme tapete vermelho com um bordado do retrato do Imperador. O imperador não gostou e pediu para retirarem o tapete dizendo que não queria ver ninguém pisoteando seu rosto. Segue abaixo como imprensa noticiou o incidente :
O imperador Francisco José I veio a Reichenberg para vistar a Exposição dos Alemães da Boêmia (Deutsch-Böhmische Ausstelung). Mas a sua visita à fábrica de I. Ginzkey em Maffersdorf não correu bem. O imperador recusou o tapete com seu retrato tecido, dizendo que não deixaria ninguém pisotear seu rosto. Com isso, a elevação de Ginzkey à nobreza também caiu. Ao final da visita, no dia 24.6., o imperador visitou também Gablonz, onde foi recebido pelos representantes da cidade na praça principal, chamada Praça do Mercado Velho (Alter Markt). Visitou a Igreja de Santa Ana(*), o Campo de Tiro, o Turnhalle, a Escola de Artes e Ofícios e outras instituições e a sede das empresas proeminentes, como Irmãos Jäger e Irmãos Mahla. De Gablonz. ele foi para Reichenau, onde encerrou sua visita.
Entretanto, outro jornal deu detalhes da visita do Imperador Franz Joseph I à tecelagem Ignaz Ginzkey no dia 24.06.1906 e não citou nenhum incidente. O imperador teceu elogios aos empresários e agradeceu pela "Extraodinária recepção". Segue o que foi publicado:
O imperador Franz Joseph I havia prometido aos Srs. Willy e Alfred Ginzkey que também visitaria Maffersdorf após sua visita à "Exposição dos Alemães da Boêmia" (Deutsch-Böhmische Ausstelung) em Reichenberg. Todo o local estava decorado com bandeiras, tiros de canhão e o toque dos sinos anunciavam a chegada do trem especial à estação Maffersdorf-Fabrik. Bem mais de 1.000 crianças em idade escolar, muitos trabalhadores da empresa Ginzkey e muitos residentes das cidades vizinhas fizeram fila. O monarca foi saudado com aplausos tempestuosos. Entrou então na grande tenda e agradeceu aos proprietários da empresa Ginzkey pela “extraordinária recepção” e manifestou a sua surpresa com a expansão das fábricas. Ele se dirigiu a Julie Ginzkey, mãe dos proprietários da empresa, com as palavras: “Vocês fizeram muito por Maffersdorf”. Quando ela lhe agradeceu novamente pela alta ordem que ele lhe havia concedido, o imperador respondeu: “Foi um prazer poder homenageá-la”. Ele então se voltou para a Sra. Martha Ginzkey. Ela expressou sua alegria pelo fato de o Imperador ter visitado novamente a pequena vila (primeira visita em 1891, nota do autor), ao que o Imperador respondeu com um sorriso: "A vila não é tão pequena, Maffersdorf é grande." A lista de nomes apresentados ao imperador é muito longa. Entre eles estavam o jovem catequista Karl Sommer, o Dr. Molitor e o velho veterano Skolaude, que participou nas campanhas de 1848, 1849 e 1859. O imperador ficou muito interessado e perguntou detalhadamente sobre escolas, igrejas, clubes, saúde, etc. Despediu-se com as palavras: “Este dia será inesquecível para mim”.
É mais provável que o incidente do tapete com o rosto do governador tenha sido observado pelo cerimonial antes da visita e sugeriram que tapete fosse retirado, porque não ficavam bem as pessoas pisando no rosto do Imperador. Então, alguém extrapolou o acontecimento dizendo que foi o imperador que pediu para retirar o tapete
Andreas, ou tio André, como Gregório Woehl o chamava, é citado carta de Rosl Bär enviada em 02/01/1948 para meu avô Gregório Woehl (ver final do texto, na seção "Cartas de Rosl Bär para meu avô Gregorio Woehl". Rosl informou na carta que era neta de Andreas, o irmão de Josef e Gregor Wöhl (meu bisavô) e enviou uma foto de Eleonora Wöhl escrevendo no verso da foto que Eleonora era a tia do meu avô Gregório. Na foto estava também Ida Günter nascida Wöhl. No entanto, os registros mostraram que Rosl Bär era bisneta de Andreas Wöhl.
Maria de Lourdes Reusing se lembra que o avô Gregório tinha uma foto grande na parede com a família de Andreas e Theresia e que seu tio Antonio Woehl ficou com esta foto. O mais velho, Andreas (André), que tinha o mesmo nome do pai, chamava atenção porque era bem loiro e tinha os cabelos enrolados, diferente de todos os Woehl (foi observação do avô Gregório). Nas fotos abaixo dá para ver a forma do cabelo do Andreas.
ANTON WÖHL
Anton (Antônio) Wöhl nasceu em 23/03/1860 na vila de Hennersdorf n. 19 em Gablonz Boêmia. É irmão caçula do meu bisavô Gregor Wöhl e tinha apenas 16 anos quando o bisa emigrou para o Brasil. Anton veio para São Bento do Sul em 1886, dez anos após a chegada do bisa. Consta nos documentos que ele veio a bordo do navio a vapor Valparaiso (BR RJANRIO OL.0.RPV.PRJ.3089) e chegou ao porto de São Francisco do Sul no dia 15/11/1886. Está na lista dos passageiros que receberem subsídio “haben subvention erhalten” (passagem paga pelo programa do Governo Brasileiro de incentivo à imigração de europeus). Consta que era solteiro, tinha 26 anos e veio da vila de Wiesenthal, Boêmia. Porém ele estava acompanhado, porque logo abaixo do nome dele na lista de passageiros está o nome de Karolina Koliska, 29 anos, solteira. O casal Anton Wöhl e Carolina Koliska foram os padrinhos de batizado de Estephania Woehl no 19/12/1886, filha de Gregor Wöhl e Theresia Schwedler nascida no dia 21/09/1886. O Padre Carlos Boegershausen que lavrou o registro escrevendo o nome dos padrinhos seguinte forma: “Foram padrinhos Antonio Woehl e sua mulher Carolina”.
O jovem casal permaneceu em São Bento do Sul pelo menos por 35 dias, até esta data do batizado, porque não se sabe para onde foram depois, já que não há registros da permanência de deles em São Bento ou municípios vizinhos. Na família sabe-se de uma história que o casal estava só de passagem (a passeio) que o objetivo era emigrar para Argentina. Porém, há dúvidas sobre este destino porque o casal veio com passagem paga pelo Governo Brasileiro e não poderia ir para outro país depois, a não ser que reembolsasse o valor da passagem. A Argentina também tinha um programa de incentivo para trazer imigrantes da Europa mais atraente, que oferecia mais benefícios e facilidades do que o programa do Brasil.
No registro de nascimento de Anton Wöhl há uma anotação curiosa de um acontecimento histórico feita no dia 24/02/1885, um ano antes da viagem para o Brasil, quando ele tinha 24 anos, faltando um mês para completar 25 anos: Anton Wehl, residente na vila de Hennersdorf n. 19, declarou , em 13 de fevereiro 1885, ter se transferido para a Associação religiosa dos católicos veteranos (altkatholisch), de acordo com o ofício enviado à cirscunscrição de Gablonz, de 24 fevereiro 1885, p. 1618. A anotação em alemão é a seguinte: Anton Wehl in Hennersdorf nr. 19 hat am 13 Februar 1885 seinen Übertrits zur altkatholischen Religionsgesellschaft angemeldet laut zuschrift der h.h. Bezirkshauptmannschaft Gablonz des 24 Februar 1885 p. 1618. Este movimento dos católicos veteranos ou veterocatólicos que Anton Wöhl aderiu foi uma revolta contra as reformas da Igreja Católica na época que rejeitaram as decisões do Concílio Vaticano I (1869-1871), que definiu o dogma da Infalibilidade Papal e o dogma da Imaculada Conceição promulgado pelo Papa Pio IX em 1854, a despeito das Sagradas Escrituras e em contradição com a Tradição dos primeiros séculos. Na época o Papa ordenou a excomunhão de todos aqueles que aderissem ao movimento.
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Nos registros da igreja católica os padres escreviam Woehl de formas variadas: Vel, Wehl, Wehle, Wöhle, Wöhl e até a forma estrangeira Woehl (ö = oe). Estas variações criaram problema para meu avô Gregório aqui no Brasil. Então, por meio de um processo judicial na Comarca de Mafra (SC), ele fez opção de usar somente a forma Woehl, declarando que passaria a usar a seguinte nome: Gregório Woehl. Ele já tinha usado Wöhl no nome dos filhos e com esta decisão judicial seriam atualizados para Woehl.
Link do mapa em alta definição da vila de Hennersdorf com lote n. 19 de meu trisavô Andreas Wöhl. Local onde nasceu meu bisavô Gregor Wöhl que emigrou com a família para São Bento do Sul em 1876.
https://archivnimapy.cuzk.cz/uazk/skici/skici/BOL/BOL144018430/BOL144018430_index.html
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TETRAVÓS: Franz Wöhl e Maria Anna Feix
O meu tetravô, Franz Wöhl nasceu em 07/01/1777 na vila de Tschernhausen, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual Černousy, República Tcheca), que fica a 50 km da vila de Wiesenthal, distrito de Gablonz de onde veio para o Brasil a família de meu avô, Gregório Woehl, e ocupava o lote n. 4 desta vila. Posteriormente ele se mudou para o distrito de Gablonz, onde se casou com Maria Anna Feix em 14/07/1800, passando a residir inicialmente na vila de Hennersdorf n. 12 e, nove anos depois, na vila de Wiesenthal n. 140, do qual ficou proprietário em 03/01/1809, da em que foi lavrada a escritura do terreno. Este lote n. 140 foi ocupado pela família Woehl por pelo menos 139 anos, de 1809 a 1943. Foi o penúltimo endereço da família de meu bisavô, Gregório Woehl e Mathilde Schwedler, onde nasceram meu avô Gregório Woehl, meus tios avós, André Antonio Woehl e Julia Woehl Heller. Profissão do meu tetravô, Franz Wöhl: diarista (Taglöhner), ou seja, trabalhava por dia. Porém, no registro de óbito de Wiesenthal foi usado o termo Mühlscher ou Mülscher para a profissão dele, que significa produtor de feno usado para alimentação de cavalos. Ele morreu em 31/07/1856, aos 80 anos. Ele sofria de epilepsia, consta em seu registro de óbito, e foi encontrado morto em uma barroca. Em 19/09/2019 eu vistei este local onde ficava o lote n. 140 e pude identificar no terreno vestígios da existencia de uma casa e encontrei esta barroca ao lado da casa, que fica no início da descida de uma serra. Maria Anna Feix nasceu em 1776 e faleceu em 09/02/1853 aos 77 anos. Maria Anna Feix é filha de Elias Feix e Theresia Vogt, nascida em 26/03/1753 na vila de Grünwald, Gablonz, casamento em 20/11/1755 Wiesenthal, Gablonz. Theresia Vogt é filha de Joseph Vogt (Fogt) e Gertrudis Seidl, que casaram em 01/11/1751 Grünwald, Gablonz
Filhos de meus tetravós Franz Wöhl e Maria Anna Feix:
Joannes Franciscus Wöhl (Franz Wöhl) – Nasceu em 08/07/1801 em Hennersdorf, n. 12, casou-se em 17/07/1837 com Theresia Hoffmann nascida em 1808. Profissão: Tecelão (Weber). Faleceu aos 60 anos em 08/03/1862 de pneumonia (Lungenentzündung).
Anton Wöhl – Nasceu em 30/09/1802 em Hennersdorf, n. 12, casou em 08/02/1831 com Theresia Scholze (27/08/1805 - 28/04/1866). Profissão: Alfaiate (Schneider). Faleceu aos 63 anos em 21/07/1865 de pneumonia (Lungenentzündung).
Joseph Wöhl – Nasceu em 12/09/1804 em Hennersdorf, n. 12 e faleceu aos 7 anos em 03/05/1812 de asma (Steckfluss).
Augustin Wöhl – Nasceu em 05/03/1808 em Hennersdorf, n. 12. Profissão: diarista (Tagarbeiter). Faleceu aos 58 anos em 04/03/1866 de Pneumonia (Lungenentzündung).
Andreas Wöhl – meu trisavô - Nasceu em 29/12/1811 em Wiesenthal, n. 140, casou em com Theresia Hübner em 25/08/1835. Profissão: Marceneiro (Tischler). Faleceu aos 57 anos em 06/02/1868 de tuberculose.
Josef Wöhl – Nasceu em 01/08/1814 em Wiesenthal, n. 140, casou com Bertha Staffen. Profissão: Tecelão (Weber). Faleceu aos 46 anos em 05/04/1860 de Pneumonia (Lungenentzündung).
Maria Anna Wöhl – Nasceu em 25/08/1817 em Wiesenthal, n. 140, faleceu aos 9 meses em 02/06/1818
Rosalina Wöhl – Nasceu em 01/06/1819 em Wiesenthal, n. 140, casou em 14/06/1841 com Josef Haupt nascido em 29/10/1817 na vila de Wiesenthal 220. Josef Haupt ficou viúvo ao 48 anos e se casou novamente em 29/01/1866 com a sobrinha de Rosalina, Maria Anna Wöhl 26 anos, filha de Anton Wöhl e Theresia Scholze.
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PENTAVÓS: Joannes Christophorus Wöhl e Maria Apolonia König
Os Wöhl se misturam com os König em 1770.
Meu pentavô Christoph Wöhl, batizado com o nome em latim Joannes Christophorus Wöhl, nasceu na vila de Tschernhausen, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual Černousy, República Tcheca), em 9 de fevereiro de 1739. Christoph era lavrador, praticava agricultura de subsistência. Nos registros da igreja católica foi usado o termo “rusticus” para a profissão dele, que significa lavrador (pequeno agricultor). Posteriormente, o termo utilizado para ocupação foi Bauer, que também significa agricultor. Christoph Wöhl morreu aos 65 anos em 09/12/1804. A causa da morte no registro de óbito foi hidropsia (Wassersucht).
Christoph se casou três vezes ao ficar viúvo nos dois primeiros casamentos. O primeiro casamento, em 23/11/1761, ele tinha 22 anos quando casou com a jovem Anna Rosina Bergmann, de apenas 16 anos ou 17 anos, com quem teve 6 filhos, mas todos morreram quando eram bebês. O casal foi padrinho e madrinha de batizado de muitas crianças de Tschernhausen e vilas vizinhas, revelando que eram muito sociáveis, principalmente Anna Rosina, porque em alguns registros de batizado ela configura como 1ª. madrinha (Levans), que é a mais importante, porque leva a criança para batizar. Anna Rosina faleceu aos 24 anos em 23/11/1769. Ela era filha de Franciscus Bergmann.
Em 17/07/1770, oito meses após a morte de Anna Rosina, Christoph Wöhl, aos 31 anos, se casou novamente com Maria Apolonia König, 22 anos, da vila de Mildenau, que pertencia ao mesmo distrito de Reichenberg, na região de Friedland, à qual pertence Tschernhausen. A jovem Maria Apolonia era filha de Anton König e Anna Elizabeth, agricultores em Mildenau. O casal teve 11 filhos, dentre eles meu tetra avô Franz Wöhl, que foi embora para Gablonz quando era jovem. Desses 11 filhos sabe-se com certeza que apenas 3 sobreviveram (se tornaram adultos e casaram).
Em 09/11/1790, aos 50 anos, Christoph Wöhl se casou pela 3ª. vez, com a jovem Apolonia Lammel, 22 anos, da vila de Niederullersdorf (também denominada de Ullersdorf), nascida por volta de 1768. Ela é filha de Wenzel Lammel e Anna Rosina Engmann. A ocupação de Wenzel Lammel na vila de Bullendorf consta como Häusler, termo alemão que significa um trabalhador rural que tem moradia com quintal, mas precisa trabalhar para outro proprietário de terra para obter o sustento (sistema feudal que predominava na Europa naquela época). O casal Christoph Wöhl e Apolônia Lammel tiveram 3 filhas, uma morreu quando era bebê e outras duas, Veronika Wöhl, nascida em 09/06/1791 e Maria Anna Wöhl (08/05/1799 - 04/01/1863), que tinha apenas 5 anos quando o pai morreu, chegaram a fase adulta e se casaram. Veronika Wöhl aos 21 anos casou em 09/02/1813 com Franz Funk 23 anos de Tschernhausen, lote 9, e Maria Anna Wöhl casou aos 23 anos em 09/01/1833 com Anton Neumann 22 anos, de Tschernhausen, lote 18, filho do padrasto dela, Christopher Neumann, com a primeira esposa Magdalena Möller (1763 - 03/07/1807). O casal passou a viver neste endereço, o que significa que herdaram a propriedade. Três anos após a morte de Christoph Wöhl, a então viúva Apollonia Lammel casou novamente, em 15/02/1808, aos 40 anos, com Christoph Neumann 44 anos, que era Häusler, residente na vila de Tschernhausen 18 e ficara viúvo havia 6 meses. Apolonia Lammel faleceu aos 64 anos, em 06/05/1832. A causa da morte no registro de óbito está com o termo em alemão Aneumem Brüche que pode ser traduzido como trauma de fratura.
Meu pentavô Christoph Wöhl teve 20 filhos nos três casamentos, mas com certeza apenas 5 chegaram a fase a adulta e se casaram.
Filhos do meu pentavô Christoph Wöhl com sua primeira esposa Anna Rosina Bergmann (1745 - 23/11/1769), casamento em 23/11/1761. O tempo de vida está indicado após as datas de nascimento e falecimento.
Joes Josephus Cajetanus Wöhl (19/03/1763 - 03/04/1763) 15 dias
Joes Christophorus Antonius Wöhl (20/09/1764 - 21/10/1764) 31 dias
Anna Maria Juliana Wöhl (10/11/1765 - 18/12/1765) 38 dias
Franciscus Vincentius Martians Wöhl (09/11/1766 - ?)
Maria Eva Theresia Wöhl (22/01/1768 – 03/02/1768) 14 dias
Anna Rosina Ludmila Wöhl (16/02/1769 – 09/03/1769) 21 dias
Filhos do meu pentavô Christoph Wöhl e Maria Apolonia König (05/12/1747 - ?), casamento em 17/07/1770.
Joannes Christoph Josephy Wöhl (28/03/1771 - ?)
Joannes Chrisphorus Wöhl (26/03/1772 – 18/06/1772) 3 meses
Ana Maria Johoanna Wöhl (26/05/1774 – 12/06/1774) 17 dias
Franz Wöhl – meu tetravô – (07/01/1777 – 31/08/1856) 79 anos. Casou em 14/07/1800 com Maria Anna Feix (07/10/1778 – 06/02/1853) da vila de Hennersdorf, Gablonz
Joes Christopher Wöhl (31/03/1778 - ?)
Joes Antonius Wöhl (23/03/1780 – 14/06/1786) 6 anos
Joannes Godefridus Wöhl (17/07/1781 – 07/11/1781) 4 meses
Godefried Wöhl (21/01/1782 – 02/04/1868) (nome de batismoJohan Godefride Wöhl) se casou em 12/11/1805 com Maria Anna Löfler (02/12/1786–18/04/1859) da vila de Bullendorf. Profissão: Agricultor (bauer)
Ana Maria Helena Wöhl (23/04/1784 – 02/12/1787) 3 anos
Anna Maria Magdalena Wöhl (24/11/1785 - ?)
Anna Maria Apolonia Wöhl (03/07/1787 - ?) casou em 14/11/1808 com Philipp Herrmann (1787 - ?) de Friedland.
Filhos do meu pentavô Christoph Wöhl com a terceira esposa Apollonia Lammel (1768 - ?), casamento em 09/11/1790.
Veronika Wöhl (09/06/1791 – ?) casou aos 21 anos em 09/02/1813 com Franz Funk 23 anos e teve 3 filhos, pelo menos.
Maria Anna Wöhl (01/08/1793 – 11/08/1793) 10 dias
Maria Anna Wöhl (08/05/1799 - ?) casou aos 23 anos com Anton Neuman 22 anos em 09/01/1833 e tive 6 filhos
Observação: Era tradição na Boêmia, no século 18, usar Johann (João) na frente do nome. Johann é em alemão. Hans é o nome João em hebraico, ou seja, uma variante de Johann. Nos registros de batismo os padres escreviam "João" em latim de diferentes formas: Joes, Joannes, Joanis, Johan etc. Quando adultas, as pessoas substituíam todos estes nomes por Johann ou Hans.
Relato da visita às vilas de Tschernhausen e Wiese, distrito de Reichenberg (região de Friedland), da extinta Boêmia, no dia 22/09/2023.
Realizada por Germano Woehl Jr e Elza Nishimura Woehl
Atualmente a vila Tscherhausen tem o nome tcheco de Černousy e a vila de Wiese, de Ves. Os Woehl da minha linhagem viveram neste lugar onde ocupavam o lote n.4 até 1800 por pelo menos 200 anos antes de partirem para Gablonz, nas montanhas Isergebirge (Jizera ou Jizerské hory). Este lote n.4 era constituído por vários lotes contíguos e um separado nas áreas de várzea do rio Wittig (atual Smědá) totalizando uma área relativamente grande, de 23 hectares, que era utilizado para agricultura Eles frequentavam a igreja da vila de Wiese (atual Ves), que ficava a menos de 500 m da residência. Historiadores dizem que Tschernhausen existe desde o ano de 1200 e sempre foi uma vila muito pequena, que nunca teve igreja e nem cemitério. Tudo ficava na vila de Wiese, que em 1616 já tinha escola que atendia também os moradores da vila de Tschernhausen. Para os Woehl, a vila era bem pertinho (menos de 500 m), mas para quem vivia no centro de Tschernhausen, dá uns 2 km. Os historiadores dizem que Tschernhausen sempre ficou na sombra de Wiese.
Uma Tcheca bem simpática nos abordou na estrada para a igreja quando seus cachorros (pequenos) avançaram na gente e ela veio ver o que era. Perguntou se eu era polonês. Eu disse que éramos do Brasil. Estão, ela ficou muito exaltada e não parava mais de falar do Brasil. Eu tentava interrompê-la inutilmente para explicar que não estava entendendo, que não entendo tcheco. Só entendia a palavra Brasil e derivações. Fiquei sentido de não poder me comunicar com ela. A divisa com a Polônia fica a 200 metros dali. Alemanha também fica próxima, a menos de 1 km.
Indo lá eu entendi o motivo de uma área de floresta de 4 hectares estar representada no mapa de 1846 no lote n.4 dos Woehl e até hoje está lá preservada, com o se fosse uma reserva legal. É uma área apropriada para agricultura e por que a floresta foi mantida? Eu entrei nesta floresta e a percorri de ponta-a-ponta Trata-se de um remanescente de floresta com gigantescos carvalhos, centenários! É a única que restou, conforme já mostrava o mapa de 1846. Pena que a Elza não estava junto para tirar fotos mostrando a escala dar noção de como são grandes. Ela ficou com medo de ir junto porque não tinha ninguém para pedir autorização, mas como não tinha cerca, não pude resistir em dar uma olhada de perto. Eu sei que estas áreas remanescentes de carvalho são protegidas há 200 anos na Europa. Talvez meus ancestrais a tenham poupada com o propósito de manejá-la. Quando termina a floresta, no alto do morro, é possível ver as montanhas Jizera, onde fica Gablonz, a 40 km de distância.
As fotos mostram a estradinha asfaltada que liga a residência dos Woehl em Tschernahausen até a vila de Wiese, onde fica a igreja que eles frequentavam, a 500 metros da casa deles. É tudo bem plano, muito gostoso de andar. Não encontramos nenhum carro. Esta passagem sobre os trilhos de ferrovia é padrão no mundo inteiro. Não sei por que no Brasil é aquele horror, com risco de o carro ficar preso entre os trilhos.
Relação de parentesco com Anton Wöhl dono de moinho em Wiese. Anton Wöhl (28/12/1821 Mildenau – 21/09/1883 Wiese) da sepultura que se destaca no cemitério de Wiese é filho de Emanuel Wöhl e Theresia Tschiedel (20/11/1788 Niederullersdorf – 26/10/1829 Wiese). Emanuel Wöhl nasceu na vila de Mildenau (atual Luh) em 03/01/1782 e era o dono anterior do moinho em Wiese (Anton provavelmente herdou este moinho do pai). A origem de Emanuel Wöhl, vila de Mildenau (aos pés das montanhas Isergebirge), Friedland, é a mesma dos Wöhl de nossa linhagem que vieram para Tschernhausen por volta de 1650. Portanto, certamente somos parentes. A irmã de Anton, Maria Anna Wöhl (nascida em 17/10/1817), casou em 14/07/1840 com o neto de Godfried Wöhl, Anton Wöhl (20/08/1810 – 15/04/1861).
Último Woehl a ocupar o lote n.4 da vila de Tschernhausen
O último Woehl a ocupar o lote 4 da vila de Tschernhausen (que tinha sido propriedade dos Woehl por 200 anos) foi Anton Wöhl (neto do Godfried), filho de Anton Wöhl e Maria Anna Wöhl (filha de Emanuel Wöhl e Theresia Tschiedel), morreu aos 26 anos de pneumoria. A jovem viúva, Helena Bergmann, casou 10 meses depois, aos 26 anos, com Eduard Pohl de 39 anos, que era trabalhador braçal (Taglöhner), e trouxe ele para morar com ela neste lote 4. No entanto, Helena Bergmann morreu 4 anos depois, aos 30 anos, em 1875, também de pneumonia. Helena teve 3 filhos do primeiro casamento com Anton Wöhl e mais dois do casamento com Eduard Pohl. Ele era viúvo também e tinha filhos desta relação. Em 1879 ou antes disso, o lote n. 4 não pertencia mais aos Woehl. Neste ano, nasceu ali, o primeiro filho do casal Eduard Hübner e Theresia Möller que não relação de parentesco com os Woehl.
Germano Woehl Jr ao lado da placa indicando o limite da vila de Tscherhausen (atual Černousy). Foto: Germano Woehl Jr em 22/06/2023 |
Germano Woehl Jr ao lado da placa indicando o limite entre a vila de Tscherhausen (atual Černousy) e vila de Wiese (atual Ves). Foto: Germano Woehl Jr em 22/06/2023 |
Igreja St. Laurentius (São Lourenço) da vila de Wiese. Em 1346 já existia referencia a uma igreja com este nome no local. Foto: Germano Woehl Jr em 22/06/2023 |
Igreja St. Laurentius (São Lourenço) da vila de Wiese (Ves) com o cemitério ao redor. Foto: Germano Woehl Jr em 22/06/2023 |
Sepultura de Anton Wöhl (28/12/1821– 21/09/1883) no cemitério de Wiese (Ves). Germano Woehl Jr em 22/06/2023 |
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Germano Woehl Jr ao lado da sepultura de Anton Wöhl (28/12/1821– 21/09/1883) no cemitério de Wiese (Ves). Foto: Elza Nishimura Woehl em 22/06/2023 |
Sepultura de Anton Wöhl (28/12/1821– 21/09/1883) no cemitério de Wiese (Ves). Foto: Germano Woehl Jr em 22/06/2023 |
Sepultura de Oskar Wöhl (04/04/1890–18/10/1940) no cemitério de Wiese (Ves). Foto: Germano Woehl Jr em 22/06/2023 |
HEXAVÓS (6º. Avós): Joannes Christophorus Wohl e Anna Catharina Posselt
Meu Hexavô tem exatamente mesmo nome do pentavô, Joannes Christophorus Wöhl e nasceu em 07/01/1704. Era agricultor. Minha hexavó Anna Catharina Posselt nasceu em 1709. Casaram-se em 02/02/1733, ele com 28 anos ela com 24 anos. Ambos eram da vila de Tschernhausen (atual Černousy), distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). Os Wöhl se misturam com Posselt em 1733.
Filhos de meus hexavos Joannes Christophorus Wohl e Anna Catharina Posselt:
Antonius Wöhl – Nasceu em 30/10/1734
Anna Maria Wöhl – Nasceu em 22/11/1736
Joannes Christophorus Wöhl – meu pentavô - Nasceu em 09/02/1739
Antonius Wöhl – Nasceu em 29/07/1741
Maria Apolonia Wöhl – Nasceu em 03/08/1743
Catharina Wöhl - Nascida morta em 16/01/1746 (mas foi batizada)
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HEPTAVÔ ou SÉTIMO AVÔ: George Wöhl (1676 – 19/01/1739) e Maria Peukert (12/02/1681 – 23/06/1741)
Meu sétimo avô George Wöhl nasceu na vila de Tschernhausen(atual Černousy), distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). Ele era agricultor (Gärtner). Em alemão o nome dele é Georg Wöhl. Em latim, Georgius Wöhl. Maria Peukert era da vila de Ringenhain, distrito de Reichenberg, Boêmia. Eles se casaram na vila de Ringenhain em 19/10/1700. Maria Peukert morreu aos 60 anos e Georg Wöhl aos 62 anos.
George Wöhl e Maria Peukert tiveram 14 filhos:
Johan Georg Wöhl (25/06/1701 - 26/06/1701) viveu 1 dia
Anna Maria Wöhl (13/07/1702 - ?)
Johan Christoph Wöhl (07/01/1704 – 27/03/1759) 55 anos - meu hexavô
Ana Veronica Wöhl (12/07/1707 – 29/01/1713) 5 anos
Hans Michael Wöhl (30/11/1708 - ?)
Hans George Wöhl (02/03/1710 – 20/08/1710) 5 meses
Maria Magdalena Wöhl (22/07/1711 - ?)
Anna Dorothea Wöhl (03/02/1714 - 28/01/1737) 23 anos
Anna Veronica Wöhl (18 /10/ 1716 - ?)
Anna Rosina Wöhl (23 /09/ 1718 - 03/10/1733) 15 anos
Johannes George Wöhl (06/01/1721 – 31/01/1721) 25 dias
Hans Friederich Wöhl (03/02/1722 - ?)
Maria Apolonia Wöhl (08/06/1724 - 06/07/1724) 28 dias
Apolonia Wöhl (16/12/1726 - ?)
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OITAVOS AVÓS: Hans Wöhl e Maria Preibisch
Hans Wöhl e Maria Preibisch casaram em 14/11/1668 na vila de Mildenau, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). Fica perto da vila de Tschernhausen (ou Taschenhausen), atual Černousy. Maria é filha de Michel Preibisch, meu 9º. avô, e nasceu em Mildenau. Hans Wöhl nasceu por volta de 1640 em Tschernhausen.
Filhos do casal Hans Wöhl e Maria Preibisch, todos nascidos na vila de Tschernhausen, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual Černousy, República Tcheca):
Christoph Wöhl (29/11/1669 - 30/05/1720) morreu aos 50 anos
Rosina Wöhl - Nasceu em 19/07/1671
Maria Wöhl - Nasceu em 28/12/1672
Johannes Wöhl – Nasceu em 29/12/1674
George Wöhl – meu sétimo avô – (1676 – 19/01/1739) morreu aos 62 anos.
Registro de casamento de Hans Wöhl e Maria Preibisch em 14/11/1668 na vila de Mildenau, distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). |
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Na Boêmia, os Woehl se misturaram com Preibisch, Peukert, Posselt, König, Feix, Hübner e Schwedler.
Os woehl viveram durante 300 anos em dois lugares na Boêmia:
Vila Tschernhausen, lote n. 4, no distrito de Reichenberg até o ano de 1800 e vila de Wiesenthal, lote n. 140 e vila de Hennersdorf, n. 12 e n. 19, no distrito de Gablonz. Os distritos de Gablonz e Reichenberg ficam a 50 km de distância. Ou seja, os woehl não se deslocaram muito na Boêmia.
Veja o mapa da vila de Tschernhausen feito na época com a identificação do lote n.4 de propriedade e residência dos Wöhl (Tschernhausen, n. 4) no distrito de Reichenberg, Boêmia (atual República Tcheca). Neste local nasceu meu tetravô Franz Wohl em 07/01/1777. Observe outra familia Wöhl residente no lote número 16 desta vila. Agora nós sabemos o local exato de onde viveram os Woehl nos anos de 1700, antes de irem para as fabricas de cristais em Gablonz (onde surgiram as taças de cristal), que fica a 50 km de Tschernhausen. As imagens seguintes são do mapa da vila de Hennersdorf onde está identificado o lote n. 19 com o nome de meu trisavô Andreas Wöhl. Ali nasceu meu bisavô Gregor Woehl que veio com a família para São Bento do Sul em 1876.
Link do mapa em alta definição da vila de Tschernhausen, onde pode ser visto o lote n.4, onde viveram meus pentavós e nasceu meu tetravô Franz Wohl em 1777.
https://archivnimapy.cuzk.cz/uazk/skici/skici/BOL/BOL513018430/BOL513018430_index.html
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Família SAUER
A familia Sauer se uniu fortemente com a família Woehl da primeira geração. Quatro filhos de Gregório Woehl e Mathilde Schwedler casaram com Sauer: Meu avô Gregório Woehl (que tinha o mesmo nome do pai) se casou com minha avó Catharina Sauer, André Antonio Woehl se casou com Maria Sauer, Roberto Woehl se casou com Isabel Sauer, irmã de Catharina e a caçula Estephania Woehl se casou com Theodoro Sauer, irmão de Maria.
Catharina Sauer e Isabel Sauer eram filhas de Theodoro Sauer (1844 – 01/09/1889) e Christina Hack (24/05/1854 – 24/06/1933). Maria Sauer e Theodoro Sauer eram filhos de João Sauer Sobrinho (01-08-1842 - 01-02-1921) e Genoveva Rauen (28/06/1849 - 13/09/1925). Theodoro Sauer e João Sauer sobrinho eram irmãos, filhos de Pedro Sauer (22/10/1813 - 17/02/1900) e Magdalena Peters (22/11/1818 - 26/06/1891).
A primeira neta do casal de imigrantes Gregório Woehl e Mathilde Schwedler veio desse casamento com os Sauer. Foi Matilde Woehl Bauer (20/10/1895 – 12/09/1938), do casamento dos meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer e a primeira bisneta foi Jovita Maria de Almeida (21/12/1916 – 2000), filha da segunda neta Emilia Woehl (17/06/1896–1992), do casamento de André Antonio Woehl e Maria Sauer. Os dois primeiros bisnetos são também filhos de Emilia Woehl, Euclides Simões de Almeida (20/05/1918 – 03/07/1996), que foi comandante da Policia Miliar de Santa Catarina e Waldemiro Simões de Almeida (23/03/1920 – 11/03/2013), que foi Juiz de Direito em várias Comarcas de Santa Catarina.
PEDRO SAUER (22/10/1813 - 17/02/1900) e MAGDALENA PETERS (22/11/1818 - 26/06/1891). Pedro Sauer nasceu em Trassen, Saarburg, Rheinpreußen (Prússia Renana), Reino da Prussia. Atualmente Trassen é um município pertencente ao distrito de Trier-Saarburg, estado da Renânia-Palatinado, Alemanha. Magdalena Peters nasceu em Bitburg, Rheinpreußen (Prússia Renana), Reino da Prússia. Nesta região se falava o dialeto Luxembourgish, o mesmo falado em Luxemburgo, que fica perto. Atualmente a cidade de Bitburg é capital do distrito de Bitburg-Prüm, no estado da Renânia-Palatinado da Alemanha. Chegaram ao Brasil com suas famílias em 14/10/1928, Pedro Sauer com 15 anos e Magadalena Peters com 10 anos. Se estabaleceram em Rio Negro PR. Casaram em 02/11/1837 na Lapa PR. Viveram no Avencal, Mafra SC. Foram sepultados no cemitério Santa Cruz, mas seus túmulos não existem mais. O casal teve 13 filhos:
Jacob Sauer (nascido em 1838) se casou em 13/02/1877 com Helena Nizer (nascida em 1849).
João Sauer Sobrinho (1842–1921) se casou em 28/10/1867 com Genoveva Rauen (1849–1925).
THEODORO SAUER (1844–1889) se casou em 02/02/1869 com Christina Hack (1854–1933).
Izabel Luiza Sauer (1846–1918) se casou em 27/01/1872 com João Rauen (falecido em 1919).
Christina Sauer (1847–1888) casou em 25/09/1866 com Nicolau Ruthes Sobrinho (1837–1886).
Eva Sauer (1851–1910) se casou em 25/09/1866 com Damasio Xavier Paes (1843–1906).
Nicolau Sauer (1852–1935) se casou em 12/02/1876 com Maria Hack (1852–1935).
Susana Sauer (1856–1897) se casou em 06/02/1876 com Domingos Custodio Xavier Paes (nascido em 1851).
Maria Sauer (1857–1863) morreu aos 6 anos.
Mathias Sauer (1859–1935) se casou em 08/01/1881 com Belmira Maria Lourenço (1864–1902).
Anna Sauer (1861–1894) se casou em 28/12/1880 com Francisco Rauen (1859–1931).
Maria Sauer (1863–1889) se casou em 05/02/1876 com João Hack.
José Sauer (nascido em 1865).
Pedro Sauer que chegou ao Brasil em 1828, com 15 anos |
Dos filhos dos imigrantes Pedro Sauer e Magdalena (meus trisavós), pelo menos três deles eram realmente muitos ricos: THEODORO SAUER (meu bisavô, pai da avó Catharina Sauer Woehl), JOÃO SAUER SOBRINHO e NICOLAU SAUER. Christina Hack Sauer (minha bisavó), viuva de Theodoro Sauer, deu 600 alqueires de terra para cada um dos sete filhos e filhas.
Sebastião Sauer, um dos filhos de Nicolau Sauer e Maria Hack, foi muito íntimo da família no passado. Sebastião Sauer nasceu em 20/01/1895 e se casou em 03/09/1921 com a famosa professora da escola do Avencal Maria da Conceição Ferreira Leal (28/01/1894 – 06/04/1960). Foi a Professora Maria Leal que montou e dirigiu a peça de teatro com os jovens do Avencal, com a participação de meu pai Germano Woehl contracenando com a prima dele da mesma idade Catharina Woehl (filha André Antonio Woehl e Maria Sauer. Ela era de Joinville e ficava hospedada na casa dos meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer.
Sebastião Sauer era sócio de Roberto Woehl na serraria que venderam para o vô Gregório Woehl de forma parcelada.
O casal Sebastião Sauer e Professora Maria Leal Sauer foram padrinhos de casamento de Julina Woehl (filha mais nova de Maria Sauer e André Antonio Woehl) com Joaquim Davet. O casal Sebastião Sauer e Maria Leal está na foto de casamento de Julina.
Meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer foram padrinhos de batizado da filha deSebastião Sauer e Maria Leal, Nellizinha Leal Sauer, nascida em 07/05/1931, a única que o casal acrescentou o nome de família de Maria Leal.
Nellizinha se casou com o itaiopolense Julio Graboski (Grabowski) em 14/01/1948 e meus avós Gregório Woehl e Catharina Sauer foram padrinhos de casamento. Gregório Woehl tinha 78 anos (um ano e meio antes de morrer). Minha prima Maria de Lourdes Reusing, lembra que inicialmente, meu avô Gregório Woehl hesitou em aceitar o convite porque já não gostava muito de ir em eventos como festas de casamento. Então o genro Paulo Heyse ajudou a convencê-lo a aceitar o convite, mas ele não tinha ideia do que poderia dar de presente. O genro Paulo Heyse sugeriu que desse dinheiro, assim o casal poderia comprar o que precisasse. O filho de Paulo e Elfrida (Woehl) Heyse, Evaldo Frederico Heyse, foi quem levou meus avós, minha tia Narcisa Woehl e a prima Maria de Lourdes Reusing para a festa. No registro de casamento meu avô Gregório Woehl assinou como testemunha.
Alguns dias depois, Lourdes lembra que Sebastião Sauer e a professora Maria Leal vieram fazer uma visita para meus avós e Sebastião Sauer disse: " Compadre Gregório, com o dinheiro que você deu de presente de casamento para minha filha, o casal comprou tudo o que era necessário para montar a casa deles".
Nellizinha Sauer Graboski faleceu aos 83 anos em 12 janeiro 2015, em Curitiba, onde morava.
Capela Santa Cruz
O casal Pedro Sauer e Magdalena Peters construíram em 1860 a capela Santa Cruz de madeira como pagamento de promessa que Magdalena Peters fez pela conquista do titulo das terras do Governo do Paraná. O local ficava ao lado de onde mais tarde foi feito o Cemitério Santa Cruz. A cruz original está preservada até hoje.
Em 1943 moradores do Avencal do Meio decidiram construir uma nova capela, também de madeira, num terreno doado por Narciso Sauer (filho de João Sauer Sobrinho), no local onde hoje existe uma de alvenaria. No livro de conta corrente da serraria de Gregório Woehl consta a relação de moradores e a quantidade de madeira doada por cada um para construir uma nova Capela Santa Cruz. O custo total da madeira doada foi de 765.000 Reis. Gregório Woehl fez a maior doação, 200.000 Réis na forma de um desconto do preço total. Jordão Ruthes (1896–1959), casado com Leopoldina Sauer (1891–1965), filha de Nicolau Sauer e Maria Hack, deve ter sido a pessoa que tomou a iniciativa de conseguir os doadores para construção da nova capela.
Lista dos doadores de madeira para construção da Capela Santa Cruz em 1943/1944:
Nicolau Sauer
José Hack Rauen
Francisco Hack
Julio Strack
Maximiano Alves
José Hack de Abreu
Francisco Juswiack
Ildefonso (Dide) Pereira
José Schifler
Gregorio Woehl
Jordão Ruthes
Lista dos doadores de madeira para construção a nova Capela Santa Cruz, no Avencal do Meio, BR-280, Mafra SC, em 1943 ou 1944, que está no livro de conta corrente da serraria de Gregorio Woehl. |
A foto da capela construída com ajuda destes doadores foi tirada em 1960 por ocasião dos festejos do centenário da Capela de Santa Cruz 1860 – 1960. Posteriormente esta capela foi substituída por uma de alvenaria.
Capa do encarte da foto acima da Capela Santa Cruz, no Avencal do Meio, BR-280, Mafra SC, em 1960, tirada por ocasião do centenário 1860-1960. |
A construção da capela Santa Cruz era simples, mas tinha em seu interior uma valiosa obra de arte, uma imagem esculpida de Nossa Senhora da Glória, que foi furtada em 1987 ou 1988. Quem doou a escultura de Nossa Senhora da Glória para a capela Santa Cruz foi Balduina Machado Pereira, que mandou esculpir a imagem em Portugal. Balduina faleceu aos 84 anos, em 13/03/1958, em Mafra, conforme o registro de óbito declarado pelo filho mais novo, Ildefonso Cassias Pereira (nascido no Avencal em 08/10/1910). Portanto, a imagem foi doada antes de 1958. Balduina nasceu em Joinville, em 1874, e se casou aos 17 anos em 29/10/1891, em Campo Alegre SC, com Thobias Attos de Cassias (21/05/1868 São José dos Pinhais PR – 20/09/1938 Mafra SC). Balduina e Tobias são avós de minha tia Anita de Cassias Pereira Woehl, que se casou com meu tio Hypolito Woehl (irmão mais novo de meu pai Germano Woehl).
THEODORO SAUER (1844 – 01/09/1889) e CHRISTINA HACK (24/05/1854 – 24/06/1933)
Pais de Christina Hack: Nicolao Hack e Catharina Clemens
Catharina Clemens nasceu em 22/09/1832, em Rio Negro (PR). Filha de Joannes Clemens (João Clemente) nasceu em 1811, Gerolstein, Rhineland-Palatinate, Alemanha e Christina Sauer (irmã de Pedro Sauer), nasceu em 1812 na Prússia Renana (Rheinpreußen) e morreu em 22/08/1894. Joannes Clemens é filho de Petri Clemens e Margarethae Jarding
Christina Hack Sauer foi uma mulher muito poderosa. Viveu 80 anos. Nos últimos anos de vida foi seu genro, meu avô, Gregório Woehl que dava toda a assistência para ela. Era proprietária de 4.500 alqueires de terra no Avencal e Bituva. Um pouco antes de morrer, dividiu em partes iguais para seus 9 filhos, dando 500 alqueires para cada um. Ela tinha também certa quantidade de moedas de ouro, que dividiu com os filhos, dando um punhado para cada um. Ela construiu sozinha boa parte deste patrimônio. O marido Theodoro Sauer, nosso bisavô, morreu novo, aos 45 anos, em 01/09/1889. Christina Hack deu continuidade ao negócio do marido de conduzir tropas de mulas para levar erva-mate e outras mercadorias do Avencal para o porto de Antonina, no Paraná. No retorno, trazia ferragens e outros manufaturados para vender na casa de comercio de secos e molhados dos Sauer. Neste período ocorriam muitos assaltos nestas rotas e mesmo sendo mulher, ela não tinha medo do perigo.
Quando já era viúva, Christina Hack teve que proteger suas filhas jovens e adolescentes dos integrantes da Revolução Federalista, que passaram pela Estrada Dona Francisca e invadiram sua residência, por volta de 1894. Ela fugiu às pressas com as filhas e as escondeu em um lugar seguro durante vários dias, até os baderneiros saírem da casa dela, que a deixaram imunda, inabitável e consumiram toda a comida estocada.
Christina Hack foi quem pagou o jantar em um restaurante famoso e caro de São Bento do Sul para os convidados do casamento do meu avô Gregório Woehl com minha avó Catharina Sauer, em 12/01/1895, quando já fazia cinco anos que seu marido Theodoro Sauer tinha falecido.
Theodoro Sauer e Christina Hack tiverem 9 filhos:
Magdalena Sauer (nascida em 1873) se casou em 24/07/1890 com José Pickcius Sobrinho (nascido em 1865)
CATHARINA SAUER (25/06/1875 – 01/06/1964) se casou em 12/01/1895 com Gregor Woehl (15/12/1869 - 24/07/1949)
Nicolao Sauer Sobrinho (14/11/1877 - 15/06/1967) se casou em 22/10/1904 com Maria Dionisia Clemente (nascida em 10/06/1886)
Maria Sauer (1880 - 29/06/1927) se casou em 08/05/1899 com José Julio Grein (03/04/1876 - 20/09/1956) e faleceu aos 47 anos de pneumonia
João Nepomuceno Sauer (28/05/1883 - 15/08/1951) se casou em Itaiópolis no dia 25/08/1906 com Angelina Carolina dos Santos (nascida em 26/07/1886)
Isabel Sauer (28/01/1885 - 27/02/1954) se casou em 14/02/1903 com Roberto Woehl (14/11/1876 – 08/08/1952).
José Francisco Sauer (10-10-1886 – 02-12-1906) morreu aos 20 anos. Cometeu suicidio com um tiro de espingarda no peito. Especula-se que foi por causa da mãe desaprovar uma namorada.
Suzana Sauer (06/05/1889 - 29/08/1941) casou em 16/01/1909 com Carlos Frederico Luis Steffen (1884 - 16/11/1948)
Magdalena Sauer
Magdalena Sauer (17/01/1873 – 29/03/1935) era a filha mais velha de Theodoro Sauer e Christina Hack. Casou-se em 24/07/1890 em Rio Negro PR com José Pickcius Sobrinho (02/08/1865 – 02/01/1946), conhecido como Juca Pickcius, que foi inspetor do Quarteirão Avencal de dono de serraria. Após vender a serraria a família se mudou para uma casa ao lado do salão de baile (Salão Catarinense) no Avencal de Cima, que foi construído pelo filho Leopoldo Pickcius que depois vendeu para seu irmão casula Walfrido Pickcius. O sobrenome Pickcius é também grafado na forma Pixius. O casal teve 9 filhos:
Francisca Pickcius (17/11/1892 - 17/08/1984) se casou aos 16 anos em 30/10/1908 com o viúvo Eduardo Wegrzynowski, imigrante polonês, nascido em 1882, 10 anos mais velho do que ela portanto. Eduardo Wegrzynowski tinha casado com Margarida Zerger em 04/06/1906 e tiveram apenas um filho, Adalberto Wegrzynowski, nascido em 07/08/1907. Margarida faleceu após o nascimento deste filho (pode ser que teve problemas no parto). Eduardo se casou com Francisca Pickcius 1 ano e 2 meses depois do nascimento de Adalberto. Francisca faleceu aos 97 anos. Ela foi vítima de violência sexual quando tinha 12 anos, em 1904. Estava sozinha em casa e foi estuprada por um desconhecido que invadiu a residência da família. Houve pressão dos pais para que Francisca, adolescente ainda, com 16 anos, se casasse com Eduardo, para superar logo o trauma da violência sexual que tinha sofrido. Filhos conhecidos:
Rosalia Wegrzynowski (1912–1994) se casou com Leopoldo Grein (1910–1999) que teve como padrinhos de batismo meus avós Gregorio Woehl e Catharina Sauer.
Ludovico Wegrzinowski (03/04/1916 - 26/07/1926) faleceu aos 10 anos de hidropsia Jovino Wegrzynowski nascido em 1924.
Zulmira Wegrzynowski nascida em 1932 se casou com Argemiro Veiga nascido em 1929.
Verônica Wegrzynowski se casou com João Nogueira.
Evaldo Wegrzynowski
Helena Wegrzynowski (13/03/1926 - 23/09/2012) se casou com Henrique Hack (24/06/1923 - 30/06/2010).
Azemiro Wegrzynowsk (04/06/1918 – 02/09/1995) Foi sepultado no Cemitério da localidade de Uvaraneira - Itaiópolis SC
Alfredo Bernardo Pickcius (23/08/1895 - 01/11/1969) se casou em 27/11/1920 em Mafra SC com Francisca Milchalsky (06/02/1895 - 27/02/1966). Moravam no Avencal de Cima, Mafra SC. Filhos conhecidos:
Maria de Lourdes Pickcius (1921–1971) casada com Leonardo Sauer (1917–1985), filho de Rosa Ruthes e Felipe Sauer, primo de Magdalena Sauer (filho de Nicolau Sauer e Maria Hack). Moraram no Campo da Lança, Mafra SC. Maria de Lourdes morreu aos 50 anos por afogamento decorrente de um surto psicótico. Ela sofria de psicose aguda.
Maria da Gloria Pickcius nascida em 15/08/1897, casou-se em 24/01/1931 Mafra SC com Ildefonso Narciso Soares (12/02/1896 -24/08/1953). Ildefonso é irmão de Izolina Narciso Soares, a segunda esposa de José Julio Grein que ficou viúvo de Maria Sauer, irmã de Magdalena, e se casou com Izolina em 12/04/1930 com em Itaiópolis. Ildefonso e Izolina nasceram em Campo Alegre, mas moravam em Itaiópolis.
Luiz Pickcius nascido em 07/02/1900, casou-se em 30/01/1926 em Mafra SC com Virgilia Michalski nascida em 1897.
Leopoldo Pickcius nascido em 15/05/1902 casou-se em 06/04/1929 Mafra SC com Maria Ruthes nascida em 1903, com quem teve dois filhos. Ficou viúvo e se casou novamente com Frida Lisboa.
Antonio Pickcius (21/07/1903– 16/05/1990) se casou em 28/01/1933 em Mafra SC com Etelvina Xavier Paes nascida em 30/09/1912.
Getulio Pickcius (10/06/1906 - 08/10/1973), casou-se em 30/01/1931 em Mafra SC com Francisca Ruthes (17/01/1907 – 18/09/1979).
Rosa Pickcius (05/10/1910 – 11/08/1965) era conhecida como Rosinha Pickcius, casou-se em 30/07/1938 em Mafra SC com Luiz Hack (01/03/1914 – 04/08/1992). Filhos conhecidos:
Jandira Hack nascida em 1939.
Aristides Hack nascido em 1940.
Jovelina Hack nascida em 1943.
Maria Salete Hack nascida em 1954.
Walfrido Pickcius (28/05/1915 – 09/08/1998) se casou em 01/02/1940 em Mafra SC com Frida Simette (14/07/1920 - 19/03/1994). Uma das filhas do casal, Maria Nilse Pickcius (1941 Mafra SC – 28/07/2022 Campos Novos SC), se casou com Cyrillo Schoeffel (20/06/1930 Mafra SC – 06/05/2017 Mafra SC) e adotou o nome de casada como Maria Nilse Picksius Schoeffel. O casal teve 4 filhos. A família viveu no Bituva, localidade do Distrito de Rio Preto, Mafra SC, que fica próxima à divisa com o município de Rio Negrinho SC. Em 1968, Cyrillo Schoeffel abriu uma empresa, Madeireira Schoeffel Ltda, que está ativa até hoje, administrada pelo filho mais velho do casal e fica próxima a ponte da BR-280 sobre o rio Preto. Cyrillo Schoeffel foi homenageado com o nome de uma rua na localidade.
Outros filhos conhecidos do casal foram:
Edgard Pickcius (05/10/1947 – 04/06/2020) casado com Delavir Hack;
Loemir Pickcius
O que se sabe sobre Magdalena Sauer é que era uma moça muito bonita e generosa, costumava tratar bem as visitas, sempre oferecia comida e não deixava irem embora se não comessem alguma coisa.
CATHARINA SAUER
Catharina Sauer (25/06/1875 – 01/06/1964) nasceu em Rio Negro PR e se casou com Gregório Woehl (15/12/1869 - 24/07/1949). Seu padrinho e batizado foi Pedro Sauer (avô paterno) e a madrinha foi Catharina Clemente (avó materna). Faleceu aos 89 anos. O casal teve 8 filhos que estão relacionados na parte de Gregório Woehl.
Catharina Sauer é minha avó (chamada de vó Kéth). Ela era muito extrovertida e festeira também. Todo o aniversário era comemorado com muita festa, mandava matar até um boi para fazer uma churrascada. A história a seguir resume seu jeito de ser. Ela estava usando uma foice para cortar uma planta, uma touceira de capim talvez, e acabou acertando a perna, sofrendo um grave acidente, com um corte profundo, muito sério. As pessoas que estavam com ela entraram em desespero quando viram a gravidade do ferimento. Foi uma correria para levá-la urgente para o hospital. Enquanto minha tia Narcisa Woehl tentava estancar o sangue, amarrando um pano sobre o ferimento, tio Hipólito Woehl foi correndo pegar a camionete. Aí, segurando-a pelos braços, disseram: "Rápido, rápido... vamos, vamos para o hospital...". Vó Kéth parou e respondeu: "Ah, não! Espere aí! Antes eu quero comer, porque estou morrendo de fome." Livrou-se das pessoas que a seguravam, sentou-se à mesa e comeu tranquilamente um reforçado café das três. Só depois concordou ir para o hospital.
Quando conheceu com meu avô Gregorio Woehl, Catharina Sauer falava somente alemão, apesar de ter nascida no Brasil. O que não era problema para se comunicar com nosso avô. Com o passar dos anos, ela aprendeu a falar português.
Catharina Sauer Woehl (25/06/1875 – 01/06/1964) morreu aos 89 anos. |
Catharina Sauer Woehl (25/06/1875 – 01/06/1964). |
Maria Sauer
Maria Sauer Nasceu em 1880 e faleceu em 29/06/1927, aos 47 anos, de pneumonia. Casou-se em 08/05/1899 com José Julio Grein nascido em 03/04/1876 em Rio Negro PR faleceu aos 80 anos em 20/09/1956 no Rio da Areia de Cima, Mafra SC, onde residia. O casal teve 6 filhos:
Luiz Grein nascido em 03/11/1901, casou-se com Mathilde Becker (03/01/1906 - 25/02/1942) em Itaiópolis SC, que faleceu nova, aos 36 anos, devido à complicações no parto (sofreu hemorragia). Luiz Grein se casou novamente 15 anos após a morte de Mathilde, em 24/06/1957, com Natalia Miranda.
Roza Grein nascida 28/10/1906.
Leopoldo Julio Grein nascido em 08/03/1909, casou-se em 30/04/1932 com Maria Magdalena Becker (nascida em 1912).
Narciso Grein (20/08/1912 - 06/03/1975), casou-se em 28/09/1935 com Julia Kuss (1916–1966).
Anna Grein nascida em 07/01/1915.
Helena Julia Grein (01/10/1918 - 28/09/1990), casou-se em 18/12/1937 com Jorge Kuss (1914–1991).
Após ficar viúvo de Maria Sauer, José Julio Grein se casou novamente em 12/04/1930 com Izolina Narciso Soares em Itaiópolis. Izolina tinha 36 anos e José Julio Grein 54 quando casaram. Izolina nasceu em Campo Alegre SC, mas morava com a familia em Itaiópolis.
Uma história engraçada sobre o tio Grein, como era conhecido pela família, foi contada pela minha prima Maria de Lourdes Reusing (que soube através de sua mãe, tia Narcisa Woehl, da vó Catharina Sauer Woehl). Tio Grein era muito pão-duro e não dava presentes para o afilhado, meu pai Germano Woehl. Todos ganhavam presentes dos padrinhos, menos o meu pai, e outras crianças tiravam saro dele por isso. Mas um dia, finalmente, tio Grein deu um presente para meu pai: Um lindo cofrinho para guardar moedas.
Nicolau Sauer Sobrinho
Antonio Sauer (29/07/1905 – 30/12/1981) se casou em 14/09/1929 com Rosa Bibow (nascida em 30/08/1910). O casal teve 14 filhos:
Leonides Sauer (08/09/1930 - 31/03/1994) se casou com Maria Roberto e tiveram 3 filhos, Renato Sauer, Edgar Sauer e Álvaro Sauer;
João Sauer (1932 – 2009) não se casou;
Carmelina Sauer (05/02/1934 – 07/02/2014) se casou em 21/07/1956 com José Raulino Hack (14/10/1934 – 07/08/2023), afilhado de meu pai Germano Woehl e Oraide de Almeida, e tiveram 9 filhos: Maria Elair Hack 1957, Cacilda Maria Hack 1959, Elizabete Hack 1961, Aparecida Hack 1964, Elenir Hack 1968, Enedir Hack 1971, Margarida Hack 1973, Beatriz Hack 1975 e Cirineu Hack nascido morto em 1971;
Maria Julita Sauer (1936 – 08/03/1974) se casou com Ireno Clemente. Maria Julita Sauer cometeu suicídio aos 38 anos deixando 8 filhos, crianças e adolescentes: Maria Irene Clemente com 16 anos, Ivone Clemente com 15 anos, Zeneida Clemente com 12 anos, Clementina Anita Clemente 11 anos, Alvino Clemente com 9 anos, Renate Clemente com 7 anos, Jose Eraldo Clemente com 4 anos e Rosa Maria Clemente com 2 anos.
Marino Sauer (14/02/1938 – 10/05/2008) se casou com Maria Inês Machado (1943 - 2013) e tiveram 6 filhos;
José Antônio Sauer (Nico) nascido em 1940, casou-se com a prima Julia Sauer nascida em 1949, filha de Amando Sauer (irmão de Antonio);
Isaíra Sauer (04/06/1943 Avencal Mafra SC - 26/07/2021 Mafra SC) não se casou;
Adelino Sauer (1945 – 2012) não se casou;
Orlando Sauer (1948 – 01/01/2014) se casou com Dazinha Sauer e tiveram 4 filhos;
Irineu Sauer (1950 - 2007) se casou com Isabel Pereira e tiveram 3 filhos;
Germano Sauer (1954 – 2011);
Hilário Sauer se casou com Estela Piaz e tiveram 4 filhos.
Jorge Sauer ( nascido em 02/05/1907) se casou com Maria Eliza Hack, conhecida como Neca Hack, com quem teve 4 filhos, dentre eles: Jovino Sauer, Margarida Sauer e Pedro Sauer. Quando era solteiro Jorge Sauer engravidou a filha de Felipe Grein, mas não se casou com ela por impedimento dos pais.
Casamento de Jorge Sauer com Maria Eliza Hack (Neca Hack). Agradeço ao Davi Hack Custódio que gentilmente me enviou esta foto do acervo de seus avós José Raulino Hack e Carmelina Sauer Hack |
Francisca Sauer (04/04/1909 Avencal Mafra SC - 10/07/1972 Mafra SC) se casou em 18/07/1931 com Pedro Bueno Veiga (13/01/1907 Itaiópolis SC - 15/10/1988 Curitiba PR). O casal teve 6 Filhos: Maria Zelita Bueno (nome de casada: Maria Zelita de Carvalho), Victor Bueno, Maria Ignes Bueno (nome de casada: Maria Ignes Rodrigues), Maria Jacy Veiga (conhecida por Gecilda, nome de casada: Maria Jacy Coraiola), Jandira Bueno, Auli Francisca Bueno (nome de casada: Auli Francisca Nogueira).
Amando Sauer (18/06/1911 Avencal Mafra SC – 10/03/1976 Avencal Mafra SC) se casou em 23/12/1944 em Itaiópolis com Nartilia Veiga (27/02/1923 Itaiópolis – 04/08/1949 Itaiópolis) ficou viúvo e se casou novamente em 23/04/1955 Avencal Mafra SC com Dolaria Hack (nascida em 29/11/1932).
Heleodoro Sauer nascido em 26/06/1913 Avencal Mafra SC, casou-se em 27/07/1940 em Mafra com Margarida Weiss nascida em 04/10/1920 São Bento do Sul SC. Era conhecido como Dório.
Zulinda Sauer nascida em 02/07/1915 Avencal Mafra SC, casou-se em 28/06/1941 Mafra com Servino Albino Hack (20/03/1914 Avencal Mafra SC – 10/07/1995 Mafra SC).
Salvador, Manuel e Miguel Sauer (trigêmeos) Nasceram e faleceram em 14/04/1920.
Maria Francisca Sauer nascida em 04/02/1924 Avencal Mafra SC, casou-se em 21/10/1944 Avencal Mafra SC com Carlos Richter nascido em 28/12/1923
Muitos parentes por parte dos Sauer foram para Itaiópolis e casaram com itaiopolenses. Alguns foram por volta de 1910, outros mais tarde. Um caso interessante é de Amando Sauer (sobrinho da minha avó Catharina Sauer Woehl), filho de Nicolau Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente.
Amando Sauer (18/06/1911 – 10/03/1976) se casou perto do Natal em 23/12/1944, com a itaiopolense do Rio Vermelho, 12 anos mais nova do que ele, Nartilia Veiga, nascida em 27/02/1923. Nartilia é filha de Ermelindo Miguel da Veiga e Guilhermina Martins, moradores do Rio Vermelho, em Itaiópolis SC.
Nartilia Veiga Sauer morreu jovem, aos 26 anos, em 04/08/1949, em decorrência de uma anemia profunda ou leucemia, não se sabe, deixando uma filhinha de apenas 3 meses, Julia Sauer, a única filha do casal.
Julia Sauer foi criada pelos avós Nicolau Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente. Amando Sauer se casou em Itaiópolis com Nartilia Veiga, mas veio morar no Avencal, onde comprou a casa antiga do vô Gregório Woehl e morava nessa casa. Nartilia adoeceu gravemente após o nascimento da filha Julia Sauer e não tinha condições de cuidar de seu bebê. Então, o bebê já estava sob os cuidados dos avós antes da mãe Nartilia falecer.
Amando Sauer se casou novamente, cinco anos mais tarde, em 23/04/1955 com Dolaria Hack, de 23 anos, nascida em 29/11/1932, 22 anos mais nova do que ele, filha de João Hack.
Julia Sauer se casou com seu primo em primeiro grau, José Antônio Sauer, filho de Antônio Sauer e Rosa Bibow. Antônio era o irmão mais velho de Amando Sauer (filhos de Nicolau Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente). Na foto da família, Antônio é o menino que está com o cachorro. Antônio Sauer e Rosa Bibow tiveram 14 filhos.
Quem me deu as informações acima foi a prima Maria de Lourdes Reusing, que morou no Avencal e conviveu com estas famílias.
Jessica Schifler conseguiu mais informações com o avô do marido dela (familia Schifler), que são estas.
Julia Sauer ainda é viva. Mora em Rio da Areia de Baixo em Mafra. O marido de Julia José Antonio Sauer é conhecido como Nico Sauer.
Agradeço à prima Maria de Lourdes Reusing e a Jessica Schifler pelas e informações e fotos que tornaram possível resgatar a história do destino do bebê sobrevivente Julia Sauer.
João Nepomuceno Sauer
João Nepomuceno Sauer (28/05/1883 - 15/08/1951) se casou na igreja Santo Estanislau do Alto Paraguaçu, em Itaiópolis SC, no dia 25/08/1906 com Angelina Carolina dos Santos (26/07/1886 - 18/03/1970) que também aparece nos registros com o nome Angelina Lourenço e Angelina Carolinda dos Santos.
São estes os 3 filhos conhecidos do casal:
Rosalina Sauer (06/09/1908 Avencal - 27/07/1985 Curitiba) casada com Augusto Streit (15/04/1919 - 29/10/2001). Rosalina era professora e conheceu seu futuro marido Augusto Streit quando foi dar aulas na localidade do Bituva, em Mafra SC.
Filhos do Casal:
Arino Streit
Nadir Streit
Helena Streit gêmea de Nadir)
José Eloi Streit
Rosalina Sauer. Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
Francisco Nepomuceno Sauer (03/12/1911 Avencal - 18/08/1984 Mafra) se casou em 25/09/1935 com Francisca Hack Rauen (05/03/1911 - 28/08/2004). Francisco conhecido como Francisquinho foi empregado de meu pai Germano Woehl na atividade de apicultura. Era especializado em soldar as tampas das latas de mel. Também trabalhou no moinho de meu pai.
Filhos do casal:
Dinacir Sauer (14/12/1943 Mafra SC – 28/02/1946 Mafra SC) morreu com 2 anos e 3 meses, vitima de um tiro acidental de espingarda disparado pelo irmão Florisvando, de 11 anos, que estava brincando com a arma após tê-la alcançado da parede do quarto onde estava pendurada. Florair Sauer (21/12/1941 Mafra SC–26/02/2014 São Bento do Sul SC) casada com Jovino Wegrzynowski (08/03/1924 Itaiópolis SC–14/05/2010 Mafra SC).
Florisval Sauer
Florisvando Sauer (03/02/1938 – 19/06/2015)
Emma Maria Sauer nascida no Avencal em 03/07/1916. Usava o nome Noêmia. Casou-se com Adolfo Pscheidt e viveu em Itaiópolis SC.
O casal teve 4 filhos:
Acir Pscheidt (03/02/1944 Mafra SC – 07/05/1970 Itaiopolis SC).
Alir Pscheidt
Romilda Pscheidt
Waldir Erotides Pscheidt
Suzana Sauer
Suzana Sauer (06/05/1889 - 29/08/1941), a filha mais nova de Theodoro Sauer e Christina Hack, casou-se aos 19 anos com Carlos Frederico Luis Steffen (06/01/1884 - 16/11/1948), batizado na Igreja Luterana de Joinville com o nome Karl Fritz Louis Steffen. O casamento foi realizado em 16/01/1909 na igreja de Rio Negro PR. O casal foi morar com a mãe de Suzana, minha bisavó Christina Hack Sauer, que sustentou o casal e seus 11 filhos, lhe consumindo até a última cabeça de gado de sua fazenda. Os 11 filhos do casal foram praticamente criados pela minha bisavó Christina Hack. O casal teve uma vida bastante conturbada, com brigas constantes, separações temporárias, mas acabarem bem. Suzana Sauer chegou a ser noiva de seu primo Theodoro Sauer (filho de João Sauer Sobrinho), mas romperam o noivado e Theodoro se casou com minha tia Estephania Woehl. Suzana Sauer era chamada de Zana pela família.
Casamento de Suzana Sauer (06/05/1889 - 29/08/1941) e Carlos Steffen (06/01/1884 - 16/11/1948) realizado em 16/01/1909, em Rio Negro PR. Foto do acervo de Patricia Steffen. |
Carlos Steffen era latoeiro, um excelente profissional, que fazia formas de pão e outros utensílios de latas, reaproveitando as embalagens descartadas de produtos alimentícios. Foi ele que ensinou Francisco Nepomuceno Sauer (03/12/1911 – 18/08/1984), conhecido como Francisquinho, o ofício de soldar latas, aprendizado que foi necessário para a função que exercia na soldagem das tampas de latas de mel quando trabalhou por muitos anos para meu pai, Germano Woehl, na atividade de apicultura.
São estes os 11 filhos de Suzana Sauer e Carlos Steffen:
Paulo Steffen (26/10/1909 Avencal Mafra SC - 20/09/1969 Avencal Mafra SC)
Cristina Steffen (21/10/1911 Avencal Mafra SC – 12/10/1977 Curitiba). Casou-se aos 39 anos no dia 04/11/1950 em Mafra SC com José Alves Hack (11/10/ 1910 - 22/08/1983). Eles viviam juntos antes do casamento. Tiveram 10 filhos: Antenor Steffen (1931–1994, filho de solteira que Cristina Steffen teve aos 19 anos), casou-se com Gineis Ochinski e viveram em Itaiópolis. Margarida Hack (1933–), Ernesto Hack (1935-), Emilia Hack (1937–1995) se casou com Otto Wünsche e viveram em Itaiópolis, Maria Rosa Hack (1939–), Tereza Hack (1940–), Juvita Hack (1945–), Ines Hack (1947–), Zília Hack (1949–), Dirlene Hack e Miguel José Hack (1952–1952). Antenor Steffen era relojeiro em Itaiópolis e antes trabalhou na ferrovia, na extinta RFFSA, onde sofreu um acidente e perdeu a perna.
Cristina Steffen (21/10/1911 Avencal Mafra SC – 12/10/1977 Curitiba). Foto do acervo de Maria Helena Ferreira. |
Elsa Steffen (1914 – 01/10/1937). Morreu aos 23 anos. Tinha deficiência que lhes causada quedas com frequência, deixando seus joelhos permanentemente machucados. Parentes lembram que ela tinha uma aparência que chocava as pessoas: Cabelos longos que cobriam e escondiam seu rosto e ela olhava através dos fios de cabelo.
Mathilde Steffen (01/05/1917 - 2014) nasceu no Avencal, Mafra SC, e se casou em 20/07/1943 com Erotides Pacheco de Lima (27/04/1920 - 28/02/1986), filho de Joaquim Pacheco de Lima, dono do Cartorio de Registro Civil do distrito do Rio Preto do Sul. Mathilde foi professora da rede pública do ensino fundamental em Mafra SC. Erotides foi homenagedado com nome de rua em Mafra SC: Rua Pioneiro Erotides Pacheco de Lima, Vila Formosa, Mafra - SC - CEP 89304-066
Luiz Steffen (15/11/1919 Avencal Mafra SC – 11/06/1967 Cascavel PR). Foi batizado em 24/11/1919 na Capela Santa Cruz, Avencal, Mafra SC e os padrinhos de batizado foram: Nicolau Sauer Sobrinho e Maria Dionisia Clemente. Casou-se no Avencal, em Mafra SC, no dia 04/01/1947, com Rosa de Aviz (14/02/1921 – 20/01/1954), filha de Gregorio Manoel de Aviz e Ana Sauer. O casal teve apenas uma filha, Aida Steffen. Após ficar viúvo se casou novamente em Cascavel PR com Maria da Gloria Rodrigues, com quem teve 5 filhos. Luiz Steffen trabalhava para o marido de minha tia Narcisa Woehl, Alexandre Kosteski (20/01/1916 - 27/02/1939), e estava junto com ele no dia que foi golpeado com uma foice na cabeça e morreu 15 dias depois no hospital, aos 23 anos.
Adolfo Steffen nascido em 09/01/1922 Avencal, Mafra SC. Casou-se no Avencal, Mafra SC, no dia 26/08/1948 com Maria Joana Lisboa (09/04/1931 - 06/02/1980).
José Steffen nascido em 30/07/1924 Avencal, Mafra SC. Casou com Hilda Fragoso
Otto Steffen (10/06/1927 Avencal, Mafra SC - 30/10/1990 Mafra SC). Casou-se no Avencal, Mafra SC, em 30/12/1953 com Tereza de Andrade, nascida em 15/11/1929.
Jovino Steffen nascido em 11/12/1928 Avencal, Mafra SC.
Irene Steffen nascida em 1934 Avencal, Mafra SC.
Os pais de Carlos Steffen são Christoph Heinrich Steffen (Cristovão Henrique Steffen) e Friderica Charlotte Wilhelmine Voss (Frederica Charlota Guilhermina Voss). Eles eram protestantes (Evangélicos Luteranos) e casaram na igreja Luterana de Joinville em 20/06/1872. A noiva Guilhermina tinha 23 anos e o noivo Cristóvão, 33 anos.
Christoph Heinrich Steffen n(28/07/1839–19/08/1911) nasceu na vila de Tockendorf, Schleswig-Holstein que hoje é um estado da Alemanha, mas a partir de 1864 até 1915 pertencia ao Império Austro-Hungaro. Christoph Heinrich Steffen emigrou para o Brasil neste período, ou seja, com o passaporte do Império Austro-Hungaro, quando tinha 24 anos. Viajou no navio Najade que saiu do porto de Hamburgo em 10/06/1864 e chegou ao porto de São Francisco do Sul em 02/09/1864. Faleceu em Joinville em 19/08/1911 aos 72 anos. Foi sepultado no Cemitério Evangélio Luterano de Joinville.
Friderica Charlotte Wilhelmine Voss (16/03/1849 – 08/10/1888) nasceu em Brimerburg, Mecklenburg-Vorpommern, Alemanha. (na época da imigração era Reino da Pomerânia)
Os filhos do casal, todos nascidos em Joinville, são foram estes:
Ida Anna Christine Steffen (16/05/1873 08/08/1878)
Joachim Heinrich Julius Steffen nascido em 06/01/1876
Anna Auguste Charlotte Steffen nascida 02/02/1878
Helene Steffen (1880– 13/09/1881)
Augusto Frederico Joaquim Steffen 28/02/1882–07/08/1956
Carlos Frederico Luis Steffen (06/01/1884–16/11/1948)
Emma Anna Francisca Steffen nascida em 25/10/1886
JOÃO SAUER SOBRINHO e GENOVEVA RAUEN
João Sauer Sobrinho (01-08-1842 - 01-02-1921) se casou com Genoveva Rauen (28/06/1849 - 13/09/1925) em 28/10/1867 e tiveram 12 Filhos. João Sauer Sobrinho era o mais rico de todos os Sauer. Sua principal atividade econômica foi a casa de comércio no Avencal, às margens da antiga Estrada Dona Francisca, próximo à ponte sobre o rio da Areia. Era um grande centro comercial, completo, que oferecia aos clientes uma vasta gama de produtos, deste jóias de ouro, bebidas finas, como vinho do Porto, máquinas de costura, tecidos, seda, rendas finas até máquinas agrícolas. Era também um ponto de parada de tropeiros. Além deste centro comercial muito forte, João Sauer Sobrinho tinha outras atividades comerciais bastante rendosas como era compra e venda de erva-mate e criação de gado. Sua imponente sepultura no Cemitério Santa Cruz revela que se tratava de uma pessoa muito rica. Mas nos últimos anos de sua vida os negócios já não iam tão bem e somados aos problemas com os filhos, que o decepcionaram, o fizeram a entrar em depressão e a se entregar ao alcoolismo. Então, os conflitos familiares se intensificaram e seu patrimônio foi derretendo até acabar.
João Sauer Sobrinho (01/08/1842 - 01/02/1921). Esta foto pertence ao acervo de Amália Woehl Paes Grein. |
Genoveva Rauen (28/06/1849 - 13/09/1925). Esta foto pertence ao acervo de Amália Woehl Paes Grein. |
João Sauer Sobrinho (01/08/1842 - 01/02/1921) e Genoveva Rauen (28/06/1849 - 13/09/1925).Esta foto pertence ao acervo de Amália Woehl Paes Grein. |
A imponente sepultura do próspero comerciante João Sauer Sobrinho (01/08/1842 - 01/02/1921) no Cemitério Santa Cruz, Avencal do Meio, Mafra SC. |
Filhos do casal João Sauer Sobrinho e Genoveva Rauen:
Nicolau Sauer (14/12/1868 Mafra SC – 1955)
Pedro Sauer Neto (20/01/1871 Mafra SC - 24/05/1902 Mafra SC) Sofria de epilepsia e teve um ataque próximo a um local de captação de água onde morreu afogado.
Christina Sauer (21/09/1872 Mafra SC - 21/10/1886 Mafra SC)
Maria Sauer (08/06/1874 Mafra SC - 29/06/1955 Mafra SC) se casou com André Antonio Woehl
João Sauer Junior (12/06/1876 Mafra SC - 31/01/1945 Campos Novos SC) se casou com Maria Xavier Paes (25/03/1886 Mafra SC - 01/07/1954 Itaiópolis SC), irmã de João Xavier Paes. Era conhecido como Jango Sauer. Foi para Campos Novos SC.
José Thomaz Sauer (1879 Mafra SC - 22/05/1905 Mafra SC) morreu afogado na ao maltratar um cavalo. Obrigava o cavalo já cansado a nadar com ele montado em cima, atravessando o rio da Areia durante uma enchente de uma margem para outra, várias vezes. Num determinado momento o cavalo emergiu do outro lado do rio sem ele.
José Thomaz Sauer (1879 - 22/05/1905) morreu afogado ao atravessar o rio da Areia nas cheias montado em um cavalo.Esta foto pertence ao acervo de Amália Woehl Paes Grein. |
Luisa Sauer (nascida em 1883) se casou com João Xavier Paes (acusado de participação no assassinato de André Antonio Woehl). Filha do casal Maria Eugenia Xavier Paes cometeu suicídio aos 18 anos com arma de fogo por ter engravidado de um tropeiro quando parava em Itaiópolis SC para aprender costura e o rapaz desapareceu quando soube da gravidez da namorada. Ela usou o revolver que o tropeiro tinha deixado como garantia que voltaria do Rio Grande do Sul, mas nunca mais voltou.
Rosa Sauer (04/09/1885 Mafra SC - ?) se casou com o tropeiro João Vicente Beira (25/09/1882 Balsa Nova, Lapa, PR - ?) que assassinou André Antonio Woehl
Leopoldina Sauer (26/04/1888 Mafra SC - 09/09/1961 Itaiópolis SC) se casou com Nicolau Grein e morava em Itaiópolis SC
Anna Sauer (21/01/1891 Mafra SC - 17/06/1969 Mafra SC) se casou em 05-12-1914 com Gregorio Manoel de Aviz (24/01/1881 Biguaçú SC - 23/11/1951). Gregorio Manoel de Aviz era conhecido como Gregorinho e veio para o avencal para trabalhar na construção da ferrovia. São avós do Cardeal Dom João Braz de Aviz (filho de João Avelino de Aviz e Juliana Hack de Aviz).
Narciso Sauer (31/05/1893 Mafra SC – 05/12/1970 Guarapuava PR) se casou em 30/10/1914 com Quintilhana Clemens (ou Clemente) (1894 Mafra SC - 02-04-1960 Guarapuava PR). No final dos anos 40 foi para Guarapuava PR, distrito de Palmeirinha, onde o irmão Theodoro Sauer estava morando com a filha Lydia Sauer Bastos.
Anna Sauer
Ana Sauer também teve eclampsia (como a Maria Elisia Bello Woehl esposa do Roberto Woehl Sobrinho, que foi internada no hospício em Joinville após o parto, onde morreu 8 anos depois). Foi na gravidez do primeiro filho, João Avelino de Aviz, pai do Cardeal Dom João Braz de Aviz. Ana tinha distúrbios mentais freqüentes. Certa vez, Amália Woehl Paes Grein (in memoriam), lembra que acompanhou sua avó Maria Sauer Woehl na visita à Ana Sauer, que é irmã de Maria. Naquele dia ela estava bem fora de si. Ana as conduziu para a sala e começou a rezar em frente de cada quadro que tinha na parede da sala.
A vida de Ana Sauer não foi fácil. Na juventude era uma mulher muito bonita e atraente. Existe uma história que ela ficou grávida quando era solteira de Felipe Grein, irmão de Nicolau Grein que se casou com Leopoldina Sauer (irmã de Ana). O filho desta gravidez seria João Avelino de Aviz (pai do Cardeal Dom João Braz de Aviz).
Quando soube da gravidez da filha, o pai João Sauer Sobrinho a trancou dentro de casa e arranjou um marido para a filha. Fez uma proposta para o ferroviário Gregório Manoel de Aviz para ele casar com sua filha Ana e assumir a paternidade da criança, oferecendo-lhe dinheiro e um terreno. Gregorinho, como era conhecido, tinha acabado de chegar ao Avencal (Tingui) para trabalhar na construção da estrada de ferro aceitou casar com Ana.
Verificando-se os registros de casamento de Ana e Gregorinho, realizado em 05/12/1914, e o registro de nascimento do primeiro filho, João Avelino de Aviz, que foi em 10/11/1915, a história é inconsistente. Os registros estão em ordem de data e eram feitos no cartório de Rio Negro PR nessa época, porque o Avencal pertencia ao Paraná. Porém, o parto era feito em casa por parteiras da comunidade e o registro baseado apenas na declaração do pai. Muitas crianças sequer eram registradas, ou demoravam-se meses para os pais registrarem, muitas vezes pela dificuldade de deslocamento até os cartórios. Portanto, era possível Gregorinho ter ido até o cartório dez meses após o casamento e fazer o registro de nascimento da criança como se fosse dele e declarando uma data conveniente para o nascimento.
Ana Sauer (21/01/1891 - 17/06/1969). Esta foto é do acervo de Amália Woehl Paes Grein (in memoriam). |
Esta história foi revelada para o Cardeal Dom João Braz de Aviz quando ele era padre e vinha todos os anos no dia de finados junto com seu irmão mais velho e também padre José Amauri de Aviz (falecido em 13/05/2018) rezar missa no Cemitério Santa Cruz, no Avencal, Mafra (SC), onde seus pais estão sepultados. As pessoas que testemunharam a revelação contam que o Padre Amauri interveio na conversa por achar inconveniente e tentou interromper o locutor, mas D. João Braz quis ouvir a história até o final.
Ana Sauer e Gregorinho de Aviz passaram por muitas dificuldades financeiras ao longo da vida, não conseguiam sustentar a família. Ficaram na mais completa miséria quando acabou o grande patrimônio de João Sauer Sobrinho.
Meus tios Hipólito Woehl e Anita de Cassias Pereira Woehl ajudaram a cuidar de Ana Sauer quando ela era idosa e muito doente. A casa deles ficava próxima de onde Ana morava com o filho José de Aviz casado com Maria Hortência Hack. Minha tia Anita levava sopa todos os dias e dava banho nela. Ana dormia num quarto escuro, com janelas de madeira. Quando a encontraram em situação deplorável, se cobrindo com apenas uma capa sobretudo velha e toda rasgada, meu tio Hipólito foi imediatamente até Mafra e um cobertor para ela.
Nas férias eles vinham buscar os filhos e aproveitavam para visitar os parentes. Na época de frutas, faziam doce de peras para levar. Izabel de Aviz se ordenou freira. Mas quando sua mãe Juliana Hack de Aviz ficou doente ela saiu da congregação para cuidar dela, deixou a ordem religiosa e formou-se psicóloga. Ela tem uma clínica em Brasília.
Juliana Hack é filha de Luiz Albino Hack (1892–1980) e Josefa Grein (1892–1932) e neta de João Albino Hack (1865–1931) e Leopoldina Pickius (1872–1943). Juliana é descedente do casal de imigrantes alemães Pedro Hack (1804–1881) e Elisabetha Peters (1808–1850) que se estabeleceram em Rio Negro, PR. Josefa Grein é irmã de Felipe Grein. Leopoldina Pickcius é irmã de José Pickcius Sobrinho (Juca Pickcius) que se casou com minha tia avó Magdalena Sauer (irmã mais velha de Catharina Sauer Woehl)
João Sauer Junior
João Sauer Junior (12/06/1876 Mafra SC - 31/01/1945 Campos Novos SC) se casou em 18/01/1902 com Maria Xavier Paes (25/03/1886 Mafra SC - 01/07/1954 Itaiópolis SC), irmã de João Xavier Paes. Era conhecido como Jango Sauer. Após ter casado morou com a família no Rio da Areia de Cima (Avencal de Cima), Mafra SC, durante muitos anos, até 1925 pelo menos, porque sua filha mais nova Maria da Luz Sauer nasceu neste ano nesta localidade. Depois foi embora para Campos Novos SC. Ele vendeu suas propriedades às pressas por um preço muito baixo. Uma das áreas vendidas era repleta de madeira de lei, imbuia e araucárias (pinheiro), O comprador foi Theodoro Kozak, que deu uma pequena entrada e pagou o restante com a madeira que extraiu do próprio terreno. Chegou a instalar uma serraria dentro desse terreno de tanta madeira que tinha lá.
Jango Sauer e Maria Xavier Paes tiveram 12 filhos:
Getulio Sauer (31/01/1905 Avencal - 07/07/1978 Salgado Filho PR) se casou em 09/06/1926 com Maria Izabel Grein (05/11/1904 Avencal – 16/11/1948 Campos Novos SC).
Ernesto Sauer nascido em 26/05/1908 nascido em 26/05/1908, se casou com Julianna Roberto (19/09/1910 Itaiópolis – 25/04/2007 Itaiópolis) o dia 06/05/1931 no Paraguaçu em Itaiópolis SC. Filho conhecido: Ayres José Sauer casado com Maria Dolores
João Sauer Neto nascido em 1917.
Juvino Sauer (07/10/1918 Avencal – 14/11/1918 Avencal). Vitima da gripe espanhola (virus influenza H1N1).
Lucilia Sauer (07/10/1918 Avencal - 18/11/1918 Avencal). Vitima da gripe espanhola (virus influenza H1N1).
Victor Sauer nascido em 17/10/1919.
Damasio Sauer (19/10/1921 Avencal - 28/10/1921 Avencal).
Waldemiro Sauer nascido em 19/10/1921.
Hypolito Sauer (22/05/1923 Avencal – 22/12/1931 Avencal).
Ernestina Sauer (08/1924 Avencal – 28/11/1924 Avencal).
Maria da Luz Sauer (08/10/1925 Avencal - 12/06/2007 Coronel Vivida PR) se casou em 27/01/1942 com Sypriano Ramos (nascido em 08/05/1924, Campos Novos SC). Foi assassinado a tiros (executado) por motivo de vingança dentro de casa na frente da esposa e das crianças. Anos mais tarde Maria da Luz se casou novamente com Aedyr José Gehlen (1927 Guaporé RS - 1997) e foi viver no Rio Grande do Sul
José Sauer
Família de João Sauer Junior (Jango Sauer) e Maria Xavier Paes. A criança no colo é João Sauer Neto, nascido em 1917. O filho mais velho é Getulio Sauer (31/01/1905 Mafra SC - 07/07/1978 Salgado Filho PR), o menino à direita é Ernesto Sauer (nascido em 26/08/1908) e o menino da esquerda deve o terceiro filho do casal, José Sauer, que morreu adolescente ainda, vítima de um disparo acidental de arma de fogo. Pela idade do nenê, estimada entre 2 e 3 anos, a foto é de 1920. Esta foto pertence ao acervo de Amália Woehl Paes Grein (in memoriam). |
Leopoldina Sauer
Leopoldina Sauer (26/04/1888 Mafra SC - 09/09/1961 Itaiópolis SC) se casou no Natal, em 25/12/1909 com Nicolau Grein (17/01/1887 - 13/07/1937). Morou na localidade de Uvaraneira, em Itaiópolis SC. Quando ficou idosa, Leopoldina Sauer Grein foi morar como o filho Argemiro Braz Grein casado com Amália Woehl Paes Grein, que cuidou dela durante muitos anos. Nicolau era negociante de erva-mate (compra e venda) em Itaiópolis.
Filhos de Leopoldina Sauer e Nicolau Grein:
Julita Grein (06/03/1914 Itaiópolis SC – 05/08/1983 Mafra SC) se casou em 16/05/1936 com Miguel Hirt (18/04/1910 Itaiopolis SC – 25/02/1989 Rio Negro PR)
João Hercilio Grein (08/02/1917 – 01/11/1999) se casou com Otilia Hirth (14/03/1918 – 23/09/2002).
Maria Grein (24/04/1919 Itaiópolis SC – 21/05/2004 Itaiópolis SC) se casou em 19/07/1941 com Alfredo Kuss (18/08/1917 – 09/01/2002)
Argemiro Braz Grein (03/02/1923 Itaiópolis SC– 07/07/2000 Mafra SC) se casou em 29/10/1949 com Amalia Woehl Paes Grein.
Orestes Francisco Grein (02/04/1931 Itaiopolis SC – 27/10/2010 Curitiba PR). Tornou-se padre e após alguns anos abandonou o sacerdócio e se casou com Cecília Grein.
Casamento de Leopoldina Sauer (26/04/1888 - 09/09/1961) e Nicolau Grein (17/01/1887 - 13/07/1937). Eles casaram no Natal de 25/12/1909. Foto do acervo de Amália Woehl Paes Grein (in memoriam). |
Leopoldina Sauer (26/04/1888 - 09/09/1961) e Nicolau Grein (17/01/1887 - 13/07/1937). Foto do acervo de Amália Woehl Paes Grein (in memoriam). |
Documento usado para controle de compra de erva-mate de Nicolau Grein. |
Narciso Sauer
Narciso Sauer (31/05/1893 Avencal Mafra SC – 05/12/1970 Guarapuava PR) e Quintiliana Clemente (sobrenome traduzido Clemens) (1894 Avencal – 02/04/1960 Guarapuava PR) venderam a propriedade no Avencal do Meio, em Mafra SC e foram embora para Guarapuava PR, distrito de Palmeirinha, no mesmo distrito onde Theodoro Sauer estava morando com a filha Lydia Woehl Sauer Bastos. No final de sua vida, Narciso Sauer foi morar com a família de sua filha Martinha Sauer Hiert, em Guarapuava PR.
O casal teve seis filhos:
Julieta Sauer (27/10/1915 no Avencal, Mafra SC - 04/07/2006 Guarapuava PR) se casou em 01/10/1938 Mafra SC com Eduardo Rückel (28/02/1914 Itaiópolis SC - 24/12/1973 Guarapuava PR)
Erminia Sauer (28/10/1917 Avencal, Mafra SC – 28/02/1995 Guarapuava PR) Casou em 18/05/1946 Guarapuava PR com Luiz Ultz (27/04/1917 Mafra SC – 04/01/1983 Guarapuava PR)
Martinha Sauer (08/01/1920 Avencal, Mafra SC – 30/12/2010 Guarapuava PR) casou em 16/09/1944 Mafra SC com Alfredo Hiert (06/06/1920 Avencal, Mafra SC - 23/12/2008 Guarapuava PR)
Jorge Nicanor Sauer (10/01/1925 Avencal, Mafra SC – 13/03/1977 Guarapuava PR)
Evaldo Sauer (28/08/1927 Avencal, Mafra SC – 09/05/1976 Guarapuava PR
Helena Sauer (1930 Avencal, Mafra SC –? Casou em 29/07/1967 Palmeira PR com Antonio Cardoso Monteiro
Raul Sauer (1933 Avencal, Mafra – 10/02/1969 Guarapuava PR)
Narciso Sauer foi quem doou o terreno onde fica atual Capela Santa Cruz, na BR-280, Avencal do Meio. Sua casa de madeira, onde nasceram todos os filhos, ainda existia em 2023. Fica na estrada oposta àquela que vai para o cemitério Santa Cruz, 50 metros da BR-280.
Parentes que ficaram em Gablonz - Boêmia
As informações sobre os parentes que não emigraram, ou seja, que permaceram em Gablonz, na extinta Boêmia, foram obtidas pelas fotos que meus bisavós trouxeram na bagagem, cartas e o registro civil digitalizado disponíveis na internet pelo site FamilySearch. As fotos e cartas preservadas pela família estão publicadas neste texto. Uma foto importante dos pais e irmãos do meu bisavô Gregorio Woehl (Gregor Wöhl) ficava em um quadro na sala da casa meus avôs Gregório Woehl e Catharina Sauer no Avencal. Após o falecimento de meu avô, meu tio Antônio Woehl pediu para minha avó esta foto, porque um dos irmãos do bisavô, Andreas Wöhl, era loiro e muito parecido com seu filho José Antonio Woehl e esta foto não foi mais encontrada.
Sabe-se que foram trocadas muitas cartas com os parentes que ficaram em Gablonz. Estas cartas acabaram desaparencendo. Restaram apenas as cartas mais recentes de Rosl Bär enviadas para meu avô Gregório em 1948 com pedido de ajuda. São as cartas que estão publicadas neste texto. As filhas de Julia Woehl Heller que foi morar em Corupá, Emma Heller e Adele Heller, enviaram cartas pedindo sementes do pinheiro de Natal (Tannenbaun) e foram atendidas. As sementes minusculas foram remetidas no meio de uma carta. Uma das sementes germinou e a muda de pinheiro foi plantada no quintal da casa deles, às margens do rio Novo, em Corupá SC, onde se desenvolveu um imponente pinheiro que se encontra lá até hoje.
Encontrar descententes da família em Gablonz, onde atualmente é Jablonec nad Nisou, República Tcheca, é muito dificil porque houve expulsão dos alemães daquela região após o fim da Segunda Gerra Mundial, em 1945. No entanto, aqueles que tinham profissões relacionadas com a atividade das indústrias de artigos de vidro e aqueles que casaram com tchecos e seus descendentes puderam permanecer e, portanto, pode haver descententes ainda vivendo na região atual de Liberec, a qual inclui Jablonec nad Nisou e cidades vizinhas.
Os parentes que ficaram em Gablonz se deram muito, pelo menos até 1945. Tiveram profissões muito valorizadas na famosa indústria de artigos de vidros de Gablonz. A maior ascenção social que se tem registro foi obtida pela filha do primo do bisa Bertha Julie Wöhl, descendente do tio mais velho do bisa, Franz Wöhl (mesmo nome do pai, meu 4º. avô), que passaram a ocupar o lote 140 da vila de Wiesenthal. Bertha Julie Wöhl se casou aos 22 anos em 08/07/1916 com um ricaço de Gablonz, Rudolf Jäger (se pronuncia iéguer) 23 anos, filho de empresários da milionária indústria de artigos de vidro de Gablonz, tanto pela parte paterna como materna (Hoffmann). Observem a tradução das atividades dos pais do noivo que estão no registro de casamento: "Glasperlen Erzeuger" (Glasperlenerzeuger cf. registro) = fabricante de pérolas de vidro. "Glaswareerzeuger" = fabricante de artigos de vidro. O registro de casamento informa também que o pai da sogra de Bertha Julie Wöhl, Wilhelm Hoffmann, era judeu.
A família Jäger deveria ser muito rica mesmo. Chamou minha atenção os jazigos monumentais dessa família que eu observei no cemitério de Wiesenthal, quando visitei o local em 20 de Setembro de 2019. Mas naquele dia não imaginava que os Jäger se misturaram com meus parentes Woehl.
Nos cemitérios, conseguimos achar pelo menos uma sepultura de parentes que ficaram em Gablonz. Foi no cemitério abandonado da vila de Hennersdorf (atual Jindrichov), que fica no vale, pertinho do local onde os Woehl moravam, vila Wiesenthal 140. A sorte foi grande, porque só restaram algumas sepulturas com identificação e uma delas é de nossos parentes.
Trata-se de Gustav Klamt, nascido em 15/05/1879 que se casou com Maria Wöhl em 25/10/1902 na vila de Wiesenthal 140. Ele faleceu em 23/05/1952 aos 73 anos. Maria Wöhl, nascida em 04/04/ 1881, é filha Heinrich Wohl e Franziska Svatek (tcheca), esposa do primeiro casamento. Heinrich é filho do primo do meu bisavô Gregório Woehl, que foi morar no mesmo endereço, Wiesenthal 140. Maria é meia irmã de Bertha Julie Wöhl que se casou com Rudolf Jäger, filho de empresários da indústria de vidros de Gablonz. A profissão de Gustav Klamt era coureiro (Gürtler), que fabrica artefatos em couro, como cintos, selaria para cavalos etc. Pelo padrão do jazigo era de família bem de vida.
Repare Gustav Klamt foi sepultado ali em 1952. Significa que ele não foi expulso (em 1945), porque ele podia ficar por 2 critérios: 1) Casado com descendente de tcheco (a sogra Franziska Svatek era tcheca); 2) tinha profissão (a mesma do pai, Gürtler, artesão que fabrica artigos em couro).
Provavelmente os conjuges (Maria Woehl e outros) estão neste jazigo e seus nomes estavam na placa à direira, que foi depredada. As fotos deste cemitério abandonado da vila de Hennersdorf (atual Jindrichov) estão publicadas neste album do Facebook. Este cemitério foi criado em 1899. Os parentes que morreram anteriormente foram sepultados no cemitério da vila de Wiesenthal.
Parentes que lutaram na Primeira Guerra Mundial
Além de Maria Wöhl casada com Gustav Klamt, Heinrich Wöhl, primo de Gregor Wöhl, teve depois dela outros três filhos com a primeira esposa, Franziska Svatek: Heinrich Wöhl (27.01.1883 – 21.06.1915), que casou em 30.08.1908 com Antonia Nowotny, nascida em 02.02.1887 na vila de Weißbach, 246 Friedland; Augusta Wöhl, nascida em 24.01.1885 que casou em 26.01.1907 com Augustin Gustav Schwedler, nascido em 01.08.1876 na vila de Hennersdorf, 71; Gustav Wöhl (06.06.1889 – 07.06.1892).
O filho com o mesmo nome do pai, Heinrich Wöhl (27.01.1883 – 21.06.1915), foi uma das vítimas da Primeira Guerra Mundial. Seu nome está no memorial dos 873 combatentes de Gablonz mortos e desaparecidos na Primeira Guerra Mundial, entre 1914-1918, que foi inaugurado no dia 11.10.1936 no Parque Tyršovy Sady (antigo Stadtpark). Eles lutaram em defesa dos territórios do Império Austro-húngaro.
Memorial dos combatentes de Gablonz mortos na Primeira Guerra Mundial onde consta o nome de Heinrich Wöhl (27.01.1883 – 21.06.1915), filho do primo de Gregor Wöhl. Foto: 21.09.2024. |
Heinrich morreu aos 32 anos, no dia 21.6.1915, em Krasnoiarsk, capital da Sibéria, como prisioneiro de guerra da Russia. Heinrich Wöhl era da Infanterie Regiment Nr. 94 Os russos informaram que ele morreu de infecção generalizada devido a uma Peritonite, que é uma infecção causada por perfuração do intestino. Devem ter deixaram agonizando, sem atendimento médico dos ferimentos, com frio e fome. Ele foi capturado pelos russos logo no início da guerra e, muito ferido provavelmente, foi enviado para este campo de concentração na Sibéria, local que fica a 5.644 km de Gablonz.
Estes combates ocorreram bem longe de Gablonz, como nos Balcãs e no Tirol (Monte Pasubio em Vêneto, por exemplo) para defender os territórios do Império Austro-húngaro das invasões das tropas russas e de seus aliados. O registro de óbito foi feito pela Igreja Evangélica Luterana de Gablonz porque consta em seu registro de nascimento que em 06.05.1900, aos 17 anos, Heinrich decidiu mudar de religião. Ele deixou a esposa Antonia Nowotny viúva aos 28 anos e certamente o casal tinha filhos porque casaram em 30.08.1908.
Cartas de Rosl Bär para meu avô Gregorio Woehl
Rosl Bär era bisneta do irmão de meu bisavô Gregório Woehl, Andreas Wöhl (04/02/1843–24/11/1907) e Mathilde Scholze (1845–?), neta de Robert Wöhl (10/09/1866–?) e Eleonora Hoffmann (06/04/1871–19/04/1943) e filha de Ida Wöhl (1890-?) e Emil Günter (1885-?), que casaram em Gablonz em 23 de setembro de 1912.
Rosl Bär escreveu conta história de horror após termino da Segunda Gerra Mundial e pede ajuda para Gregório Woehl. Ela conta que todas as pessoas de etnia alemã (incluindo a família Wöhl) foram expulsas da Boêmia (atual República Tcheca), antiga Tchecoslováquia.
TRADUÇÃO DA CARTA (Agradeço à Brigitte Brandenburg pela tradução)
Oybin (Alemanha Oriental), 02/01/1948
Queridos parentes,
Ao iniciar esta carta, quero esclarecer quem eu sou. Eu sou a neta de Andreas Wöhl, pai de Josef e Gregor Wöhl. Minha mãe Ida Günter nasc. Wöhl forneceu-me seu endereço. Ela tinha seu endereço em uma carta escrita em 1923. Por isso, gostaria de receber um retorno, se vocês receberam a minha carta. Os alemães da Tchecoslováquia foram, a grande maioria, expulsos. Meus pais e minha irmã mais nova ainda se encontram lá e trabalham; a outra irmã também é casada e tem 2 filhos na idade de 4 e 9 anos e também foi expulsa e reside no Harz. Eu sou a filha mais velha, casei em 1939 na Alemanha, tenho uma menina de 7 anos e meu marido trabalhava em uma serraria. Sobre a grande indigência que se abateu sobre nós certamente vocês já tomaram conhecimento. Por isso me dirijo a vocês com um grande pedido, de que nos enviem algo. Há tantos alemães que receberam pacotes da America. Por isso, assim, eu resolvi também escrever a vocês. Eu ficaria muito agradecida por qualquer pequena doação. Minha avó [Eleonora Hoffmann Wöhl, esposa de Robert Wöhl (filho de Andreas Wöhl, irmão de Gregor)], pelo lado de vocês, eu penso, de Josef Wöhl, infelizmente faleceu de ataque cardíaco na Páscoa de 1943 [faleceu em 19/04/1943], em Harrachsdorf, em Riesengebirge, junto de sua filha Lore [Eleonora Wöhl (24/11/1889–?)]. Talvez tenha sido melhor assim, que ela não tenha vivido a miséria. Os endereços são, infelizmente, muito incompletos, quem sabe se a carta chegará, mas quando se está em dificuldades procura-se por tudo. Caso seja possível a vocês me enviarem algo eu ficaria muito agradecida. De Rosl Bär, 10 Kurort Oybin, bei Zittau in As. Thomasweg, 132. Zona Russa." (Alemanha Oriental)
Segunda carta de Rosl Bär, enviada em 30/06/1948.
Carta de Rosl Bär (nascida Günter) enviada para meu avô Gregorio Woehl em 30/06/1948. |
TRADUÇÃO DA CARTA
Kurort Oybin, 30 de junho de 1948
Rosl Bär
Kurort Oybin, Thomasweg, 132.
bei Zittau in Sa.
Zona Russa.(Alemanha Oriental)
Queridos parentes,
Eu recebi sua carta. Ficamos muito felizes por você ter nos respondido, porque pode ter sido o caso de você ter desaparecido, e agora que tantos alemães (milhões) estão sendo expulsos do exterior (Linha Neiße-Oder da fronteira leste)(*)[alemães dos Sudetos (Tchecolosvaquia), Silesia, Pomerânia etc.] e estão vindo até nós, onde o espaço ficou ainda menor, no entanto, é bom saber que você está indo bem no Brasil. Como o endereço não era exato, não esperávamos ter notícias suas novamente. Não se pode mais esperar boas notícias. De qualquer forma, ficaríamos muito felizes se você nos escrevesse algo sobre sua vida no Brasil, para que possamos pelo menos mentalmente participar dela aqui em nossa velha pátria. A necessidade aqui na Alemanha é muito grande.
Talvez você mal possa imaginar nossa vida atual após o fim da guerra. Nossa cota mensal de alimentos é: 9 Kg de pão; 500 gramas de açúcar, 500 gramas de nutrientes; 300 gramas de banha, e isso muito raramente; em compensação há queijo e açúcar (grama por grama); Igualmente 25 gramas por dia para consumidores normais, mais 2 quilos de batatas para o ano inteiro e você deve viver com isso. A carne também nem sempre está disponível, mas depois (troque grama por grama) peixe fresco: sem leite; nem mesmo para crianças com mais de 6 anos de idade. Você pode imaginar que essas rações não são suficientes para saciar a fome. É assim que você leva tudo para o fazendeiro, roupas, sapatos e lavanderia para conseguir trocar por algumas batatas. Agora você não tem mais coisas para trocar e não ganha nada por dinheiro.
A reforma monetária foi realizada há alguns dias. Agora temos 2 moedas na Alemanha: Uma nas áreas ocupadas ocidentais (americanos, ingleses e franceses) e outra na área oriental (russos). Recebemos dinheiro novo por 70 RM em dinheiro. O restante foi então convertido, dependendo se era poupança ou dinheiro - poupança até RM 1000. -- 20% e o dinheiro restante 10%, ou seja, por RM 10. -- um marco.
Meu marido também contraiu uma doença durante a guerra, mas graças a Deus ele ainda pode fazer seu trabalho porque é balconista comercial. Ele também trabalha em uma impregnação e serraria (200 funcionários). Tenho 35 anos e sou saudável. Temos uma filha de 7 anos e meio. Enviarei uma foto nossa para que você saiba como somos. A minha menina também está muito debilitada, porque a maioria das crianças está abaixo do peso (desnutridas) e a partir dos 5 anos não tem mais leite. Faz semanas que não comemos batatas, que na verdade são nossa alimentação principal.
Talvez você nem tenha uma ideia do que é a Alemanha hoje. A maioria das grandes cidades foi parcialmente destruída (Dresden completamente). Naquela época, cerca de 200.000 pessoas morreram em Dresden. Dos 3,5 milhões de alemães que viviam na Tchecoslováquia, cerca de 300.000 ainda estão lá. Os outros foram reassentados na Alemanha, assim como a maioria dos alemães que vivem à direita da Linha Neiße-Oder, porque Silésia, Prússia Ocidental e Prússia Oriental não são alemães. No outono passado, muitos húngaros-alemães vieram de Ebenfuhsdorf e se estabeleceram conosco
Agora vou parar de importuná-lo sobre nossa miséria e escrever de maneira mais agradável da próxima vez. De qualquer forma, ficamos muito satisfeitos por você também ter concordado em enviar pacotes de amor (**), se possível, já que você só teve notícias nossas no momento.
Até a próxima, permanecemos com os melhores cumprimentos e votos de sucesso para o seu futuro
Prima Rosl, meu marido e filha (Erich e Ursula)
Na próxima carta quero contar mais sobre nossa família, mais uma vez saudações, Rosl
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(*) A Linha Oder-Neisse (Oder-Neiße-Linie) foi uma das fronteiras terrestres entre a Polónia e a Alemanha propostas pelas Potências Aliadas quando ficou claro que a Alemanha Nazista iria perder a Segunda Guerra Mundial. Esta fronteira foi finalmente escolhida e é a atual fronteira entre Alemanha e Polónia. O limite significou a perda de grandes territórios historicamente alemães, já que ao mesmo tempo a União Soviética deveria compensar a Polónia. A aplicação da linha Oder-Neisse implicou para a Alemanha a perda de quase toda a Silésia, metade da Pomerânia, o leste de Brandeburgo e uma pequena porção da Saxónia. Ao mesmo tempo, a Alemanha perdia Danzigue, a Masúria, a Vármia e dois terços da Prússia Oriental para a Polónia, e o terço restante de Prússia Oriental foi anexado à União Soviética. Estas trocas significaram a expulsão massiva de centenas de milhares de alemães dos seus lares para o território da Alemanha atual. A maioria destes novos territórios da Polônia foram ocupados por poloneses expulsos das suas terras no leste pelos soviéticos.
(**) Tradução do termo usados na campanha da Caritas para os donativos (pacotes de alimentos):Liebespakete für Bedürftige = pacotes de amor para os necessitados
TRANSCRIÇÃO DA CARTA de 30/06/1948
Euren Brief habe ich arhalten. Wir haben uns schrecklich daruber gefreut, dass Ihr uns geantwortet habt, denn es hätte ja auch der Fall sein Können, dass Ihr verschollen wäret, und jetzt, wo so viele Deutsche (Millionen) aus dem Auslande ausgewiesen werden und zu uns kommen, wo der Raum noch kleiner geworden is (Neiße - Oder bilden die Ostgrenze) ist es immerhin angenehmn zu hören, dass es Euch in Brasilien noch dazu gut geht. Weil die Adresse nicht genau war, haben wir garnicht angenomen, von Euch noch etwas zu hören. Auf gute Nachrichten ist ja man schon garnicht mehr gefasst. Jedenfalls würde es uns sehr freuen, wenn Ihr uns einmal von Eurem Leben in Brasilien etwas schreiben würdet, damit wir hier in der alten Heimat wenigstens im Geiste daran teilnehmen können. Die Not hier in Deutschlandist sehr groß.
Ihr könnt Euch user jetzieges Leben nach Beendigung des Krieges vielleicht kaum vorstellen. Unsere Zuteilung an Lebensmittelm im Monat beträgt: 9000 Gramm Brot; 500 Gramm Zucker, 500 Gramm Nährmittel; 300 Gramm Fett und dies auch selten; dafür giebt es dann Käse und Zucker (Gramm gegen Gramm) als Austausch; Gleisch für Normalverbraucher 25 Gramm pro Tag, ausserdem 2 Zentner Kartofeln für das ganze Jahr und davon soll man leben. Fleisch gibt es auch nicht immer und dafür dann (Gramm gegen Gramm im Austausch) Frischfisch: Milch keine; auch nicht für Kinder über 6 Jahren. Dass diese Rationen nicht einmall zum sattwerden reichen, könnte Ihr Euch vorstellen. So schafft mann denn alles zum Bauer, Kleider, Schuhe und Wäsche um ein paar Kartoffeln zu bekommen. Jetzt hat man keine Sachen mehr zum vertauschen und für Geld bekommt man nichts.
Vor einigen Tagen is die Währungsreform durchgeführt worden. Wir haben nun in Deutschland 2 Währungen, einmal in den westlich besetzten Gebieten (Amerikaner, Engländer u.Franzosen) und dem Ostgebiet (Russen). Für RM 70. -- Bargeld bekamen wir neues Geld, Der Rest wurde dann, je nachdem ob es Spargeld war oder Bargeld -Spargeld bis zu RM 1000. --20% und übriges Bargeld 10%, also für RM 10. -- eine Mark umgetauscht.
Mein Mann hat sich im Kriege auch ein Leiden zugezogen, kann ober Gott sei Dank, weil er kaufmännischer Angestellter ist, noch seinen Beruf ausführen. Er ist auch auf einem Imprägnier- u. Sägewerk beschäft (200 Beschäftigte). Ich bin 35 Jahre ald ad gesund. Wir haben eine Tochter von 7 1/2 Jahren. Ich schicke Euch einmal ein Bild von uns, damit Ihr Wißt wie wir aussehen. Mein Mädel ist ja auch sehr schwach, denn die meisten Kinder haben Untergewicht (unterernährt) und von 5 Jahren ab gibt es keine Milch mehr. Wochenlang haben wir nun schon keine Kartoffeln mehr, was doch eigentlich unser Hauptnahrung ist.
Vom jetzigen Deutschlan Könnt Ihr Euch vielleicht gar keinen Begriff machen. Die meisten Großstädt sind zum Teil (Dresden sogar ganz) zerstört. In Dresden sind damals achgätzungswiese an die 200.000 Menschen ungekommen. Von den 3 1/2 Millionen Deutschen, die in der Tschechoslowakei wohnten, sind noch ungefärh 300.000 drinn.
Die anderen sind nach Deutschland ausgesiedelt worden, ebenso auch der größte Teil der Deutschen, die rechts der Neiße-Oder linie wohnen, weil Schlesien, WestPreußen, u. Ostpreußen nicht deutsch ist.
[frase manuscrita]Vorigen Herbst Kamen viele Ungarndutsche, die ebenfuhsdorf aus und bei uns angestedelt wurden
Ich will nun aufhören, Euch mit Klagen über unser Elend in den Ohren zu liegen und das nächste Mal angenehmeres Schreiben. Jedenfalls hat es uns riesg gefrent, dass Ihr Euch auch, machdem Ihr erst und gerade zur jetzigen Zeit etwas von uns zu hören bekommt, bereit erklärt habt, wenn es möglich ist, Liebespakte zu schicken.
Bis zum nächsten Male verbleiben wir mit vielen Grüßen und den besten Wünschen für Eure weitere Zukunft
Kousine Rosl nbest Mann u.Kind (Erich u.Ursula)
[frase manuscrita] Im mächten Brief will ich Euch dann mehr von unserer Familie inhreiben Nochmals Herrchiche Grüsse von Rosl
RESPOSTA de Rosl Bär após receber a caixa com alimentos do meu avô, Gregorio Woehl.
Ela agradece a caixa de donativos que meu avô Gregório Woehl enviou (veja abaixo os itens). Teve azar de se refugiar na Alemanha Oriental (na parte que ficou com a União Soviética). Coitada, quando ela escreveu esta carta não fazia ideia do que aconteceria na Alemanha Oriental nas mãos da União Soviética. Sua irmã, nossa outra prima, teve mais sorte. Foi para França porque o marido era prisioneiro de guerra lá e foi libertado com a opção de poder ficar vivendo na França. Portanto, temos parentes franceses.
Conta que os Woehl que puderam ficar na Tchecoslováquia, porque tinham profissão (qualificação), estavam em situação bem melhor do que a deles na Alemanha Oriental, mas que estes woehl que ficaram lá já não falavam mais alemão, porque tudo era em Tcheco. Relatou o racionamento de comida e da atividade de garimpar as batatas nas áreas de cultivo que ficam após ser feita a colheita. Mencionou até a gente (netos de Gregório Woehl) que provavelmente não conheciam neve. Ela explica também que a parte da Alemanha onde ficou refugiada é controlada pela União Soviética, ou seja, é antiga Alemanha Oriental.
Carta com a resposta de Rosl Bär em 24/09/1948 após ter recebido a caixa com alimentos enviada pelo meu avô, Gregório Woehl. |
Kurort Oybin (Alemanha Oriental), 24 de Setembro de 1948
Querido primo Gregor!
(Grosscousin= primo em segundo grau)
Acabamos de receber, através Missão Caritas Holandesa, o seu precioso pacote de donativos contendo dentre outras coisas 10 kg da mais pura farinha de trigo canadense, pelo qual muito, muito lhe agradecemos. Uma libra (cerca de 450 gramas) desta farinha de trigo custa no mercado negro 20 Marcos, e isto é inacessível para nós. Então, agora, nós temos a alegria de uma pequena estrela para celebrar o natal fazendo um cuque, porque no Natal tudo se renova.
Nesta noite tivemos a primeira nevasca. Quem ainda não havia colhido seu tabaco ou tomate no tempo certo, teve que proteger a plantação para não perder tudo. Cada um planta seu tabaco e a fumaça que exala às vezes cheira a pano-de-chão queimado. Ele é bem claro, pois não há qualquer tabaco oriental ou estrangeiro e, além disso, ninguém entende do processo de secagem, mas nada disso é adquirido.
Nós lhe enviamos um postal com uma paisagem do inverno. Seus netos provavelmente não conheçam neve, talvez nem seus filhos a tenham conhecido. Um instalador de máquinas de uma indústria têxtil em Zittau, que esteve antes da guerra no Brasil para fazer uma instalação, também tinha uma foto com uma paisagem do inverno. Ele a mostrou a foto aos brasileiros, que exclamaram: "Oh, Nossa! Quanto algodão!
Nós respondemos à sua primeira carta. Espero que a tenha recebido. Neste ano tivemos uma ótima colheita, mas recebemos apenas 50 gramas de pão e 100 gramas de batatas por pessoa, por dia, um pouco de banha, manteiga, carne, açúcar e alimento processado, coisas do antigo racionamento até os dias atuais.
Minha irmã está agora, com seus dois filhos, na França. O marido estava em um campo de prisioneiros francês, sendo que após sua libertação solicitou maior tempo de permanência. Lá tudo está disponível, mas muito caro. Meus pais e uma irmã ainda permanecem lá na Tchecoslováquia como trabalhadores especializados. Eles vivem muito melhor do que nós, mas não devem mais falar alemão. Cinema, jornal, etc, tudo em tcheco.
Berlin está ocupada por quatro nações: americanos, franceses, russos e ingleses. Então temos dois câmbios com duas administrações. Ali, vocês não podem ter ideia do que é esta confusão. Pois Berlin e no entorno está na nossa zona, ou seja, a russa. As divisas não estão totalmente bloqueadas, mas sim as importações por trem e por rodovias. Assim ocorre que cada transporte para fora ou para dentro destes setores de Berlin são feitos através do ar. Agora, vocês podem imaginar quantos aviões são necessários? Eu acabei de ler, em um jornal de Berlin, que em um dia foram providenciados 972 vôos com este objetivo. Não é pura loucura, quando se pensa, que nós, por outro lado, ficamos tão pobres, que para nós as coisas são divididas apenas a conta gotas; a comida como também todas as outras necessidades. Faz dois anos e meio do final da guerra, e não há qualquer acordo de paz e também não sabemos claramente qual é a nossa situação.
Agora se inicia o rescaldo da colheita de batatas, ou seja, quando um campo acaba de ser colhido, as pessoas procuram com enxadas os restos de batatas que eventualmente o agricultor deixou de colher. Às vezes há centenas de pessoas, mulheres e crianças, sobre as áreas de cultivo. Meu marido e eu também pretendemos sair por dois dias (com este propósito), pois o inverno é longo. Espero que tenhamos sorte. Você mora em uma vila ou os estabelecimentos são distantes um do outro? Já lemos muitas coisas sobre o Brasil, mas certamente é difícil formar uma ideia da realidade. Eu penso apenas que, devido à guerra, a industrialização deve ter tido um impulso crescente, já que a Alemanha deixou de ocupar espaço no mercado mundial. Eu concluirei agora e desejo a você e sua família tudo de bom. Novamente, muito, muito agradecida por sua doação. Assim, estamos em condições de fazer um cuque no Natal. Muitas lembranças (saudações), Rosl Bär, Erich Bär e Ursl Bär (Ursl é o apelido de Ursula)
Veja abaixo os itens de comida que meu avô Gregório Woehl mandou. Tem até cação e gordura de côco, O Brasil já produzia gordura de côco em 1948. Mandou até favos de mel. A inscrição “Wabe enthält” “Contem FAVO DE MEL”. [Wabe=favo de mel; enthält = contém]. A palavra “açúcar” que ele escreveu com dois S (ss), não estava errado na época. Tinha acabado de mudar a regra para o uso do ç em vez de SS.
Frente e verso da relação dos alimentos enviados para Rosl Bär após a Segunda Guerra, pelo programa "Socorro para Europa" de Miguel Rodamer |
No verso da foto acima Rosl Bär escreveu: “Esta é uma foto minha na estação de trem de Wiesenthal. Esta foto foi tirada durante a Guerra, mas agora já não podemos mais tirar fotos lá.” |
Estação de trem de Wiesenthal (atual Lučany nad Nisou) onde Rosl Bär tirou a foto. A estação está desativada. |
O mais surpreendente é que os donativos enviados por Gregório Woehl chegaram ao destino. Hoje, esta cidade Kurort Oybin, próxima à Zittau, Estado da Saxônia (antiga Alemanha Oriental), é um lugar turístico com as ruínas do famoso castelo medieval de Carlos IV, cujo inicio da construção foi entre os anos de 1311 e 1316. Fica na divisa da Alemanha com a República Tcheca, a 45 km de Gablonz.
Com as informações dessa carta de Rosl Bär enviada para meu avô em 1948, minha esposa e eu fomos até Oybin no dia 21/09/2019 a procura de seus descendentes e também das cartas que ela mencionou que meu avô e bisavô enviaram para a mãe dela, Ida Wöhl. Há uma linha de trem ligando Zittau e Liberec (antiga Reinchenberg) que fica a 11 km de Jablonec nad Nisou (antiga Gablonz).
Algumas semanas antes eu enviei um e-mail para o prefeito de Oybin, Tobias Steiner, pedindo informações sobre algum descendente de Rosl Bär e seu marido Erich Bär. O prefeito atendeu meu pedido solicitando que o cartório de registro civil me respondesse. Segue a tradução e a mensagem original.
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Caro Sr. Woehl,
infelizmente, ninguém mais da família Bär vive em Oybin. O último descendente de um Sr. Rolf Erich Bär viveu em Oybin no início dos anos 80. No entanto, o endereço era Thomasweg 1. Ele partiu para a antiga FRG [Alemanha Ocidental].
Até 1999, uma sepultura era cuidada no cemitério da montanha, mas foi abandonada depois. O último endereço conhecido do Sr. Rolf Bär: Kirchenäcker 1, 63773 Goldbach [Baviera – Bayern].
Talvez você possa contatá-lo através deste endereço ou descobrir o paradeiro do Sr. Bär no Cartório de registro local.
Atenciosamente,
Andrea Seib
Cartório
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De: Seib Andrea
Enviada em: sexta-feira, 13 de setembro de 2019 06:47
Para: Germano Woehl Junior
Cc: Steiner Tobias
Assunto: Ihre Anfrage zu Familie Bär
Sehr geehrter Herr Woehl,
von der Familie Bär wohnt leider keiner mehr in Oybin. Der letzte Nachfahre ein Herr Rolf Erich Bär wohnte Anfang der 80ziger Jahre noch in Oybin. Die Anschrift war allerdings Thomasweg 1. Er ist in die damalige BRD ausgereist.
Bis 1999 wurde noch eine Grabstelle auf dem Bergfriedhof betreut, sie wurde allerdings seinerzeit aufgegeben. Die letzte mir bekannte Anschrift von Herrn Rolf Bär: Kirchenäcker 1, 63773 Goldbach.
Vielleicht können Sie ihn über diese Anschrift erreichen oder bei dem zuständigen Einwohnermeldeamt den Verbleib von Herrn Bär erfahren.
Mit freundlichen Grüßen
Andrea Seib
Standesamt
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Em Oybin visitamos cemitério da montanha, que achamos por acaso, porque fica dentro do castelo e é uma das atrações do local. Tivemos a sorte de encontrar um casal de idosos voluntários que estavam fazendo a manutenção do cemitério. Mostramos as cartas de Rosl Bär para o casal, que ficou muito interessado e leram tudo. Eles disseram que conheceram a Rosl, mas não sabiam para onde foi. Sugeriram que as cartas fossem doadas para o museu de Zittau. Então, nos ajudaram a encontrar a sepultura que Rolf Erich Bär cuidava, conforme a mensagem enviada pelo cartório de Oybin. Achamos que poderia ser de Rosl. Mas era a sepultura de Paul Georg Bär (1880 – 17/09/1939), provavelmente o sogro de Rosl Bär.
Ruínas do castelo medieval de Carlos IV, construído entre os anos de 1311 e 1316, principal atrativo turístico de Kurort Oybin |
Ruínas da catedral do castelo medieval de Carlos IV, construído entre os anos de 1311 e 1316, principal atrativo turístico de Kurort Oybin |
Cemitério dentro do castelo medieval de Carlos IV, onde está sepultado Paul Georg Bär (1880 – 17/09/1939), provavelmente o sogro de Rosl |
Vista geral do cemitério dentro do castelo medieval de Carlos IV, onde está sepultado Paul Georg Bär (1880 – 17/09/1939), provavelmente o sogro de Rosl Bär. |
Casal de voluntários que cuidam do cemitério e nos deram informações sobre Rosl Bär |
Endereço dos Woehl em Gablonz - Boêmia
Franz Wöhl. avô de Gregor, se mudou da vila de Tschernhausen (atual Černousy, distrito de Reichenberg (atual Liberec) para o distrito de Gablonz (atual Jablonec nad Nisou) por volta do ano de 1800. Inicialmente, quando se casou com Maria Feix em 14/07/1800, passou a residir na vila de Hennersdorf n. 12 (atual Jindřichov), onde nasceram os primeiros filhos.
No mapa de 1844 consta que endereço Hennersdorf 12 pertencia a Andreas Riekziegel. Neste lote n. 12, nas coordenadas 50°45'19.29"N 15°11'23.40"L, ficava a capela Mater Dolorosa (Kaple Panny Marie Sedmibolestné, em tcheco) que no Brasil é conhecida como Nossa Senhora das Dores. Esta capela onde foram batizados os filhos de Gregor Wöhl e Mathilde Schwedler, Gregório Woehl, André Antonio Woehl e Julia Woehl Heller. é muito antiga, está indicada no mapa de 1944, e atualmente, restam só escombros desta capela.
Nove anos mais tarde, em 03/01/1809, Franz Wöhl comprou o terreno na vila de Wiesenthal n. 140 conforme a escritura abaixo. A área do lote é de 2 hectares e um dos confrontantes era uma floresta nacional já naquela época, unidade de conservação do Governo, que permanece como área protegida até hoje.
Tradução da Escritura feita por Brigitte Brandenburg, de Joinville SC.
Hoje, no dia e local abaixo colocados, Karl Heidrich, vendeu para Franz Wöhl, acima citado, com efeito hereditário, a sua propriedade agrícola e quintal correspondente, de forma integral, que até hoje possuiu, sob A – Consc.(inscrito) sob nr. 140, o qual de um lado faz divisa com o vendedor, e de outro lado faz divisa com o espólio de Anton Wolf, conforme se supõem que o possua, e divisa até a Floresta Nacional (floresta protegida do governo), com todos os impostos imperiais incidentes e as taxas governamentais correspondentes, ao valor (Tolotzgeld?-referência monetária) de 5 dias = 7 $, o que perfaz 35 $; pelo valor, à vista, de Oitocentos e vinte e cinco Gulden, ou seja, 825$, cujo valor de venda tem a receber o vendedor.
Este documento oficial não foi apenas assinado pelas partes interessadas, mas também na presença das testemunhas na elaboração e correção que são exigidos nesta transferência pública.
E assim se fez na corte de Wiesenthal, em 3 de Janeiro de 1809.
Franz Wöhl, Käufer
Karl Heidrich, Verkäufer.
Augustin Hüttmann, Tischler.
Franz Fischer, ????
Andreas Posselt.Gemeinälteste. (mais velho da comunidade)
Confirmado (ou atestado) pela Secretaria de Economia (ou Administração) de Morchenstern, em 1 de agosto de 1809.
Obs.: Gulden (ou florin), moeda em vigor entre 1754 e 1892, no Império Austro-húngaro, nas terras da Casa dos Habsburgs (Império Austríaco), subdividido em 60 “Kreuzer”. Em 1892 foi substituído pelo “Krone” (ou corona)- ver mais em Wikipedia sob “Austro hungarian Gulden”.
Transcrição da escritura
Franz Wöhl, sub nr. Cens:140
Heut zu Ende gesetzten Tag und Lage verkauftet Karl Heidrich den zu seiner Bauernwirtschaft einmal zugelauften und bis her zugehörig gewordenen Garten sub A = Consc..: 140, welcher einerseits an Verkäufers, andererseits an des Anton Wolfs Erben gründen wie gehörig vermeint anliegt, und bis an obrigkeits Wald angränzet, mit aller hierauf ausfallenden k:Königl. Abgaben und obrigkeits Lasten, als alljähr. (alljährich) an Tolotzgeld? (referência monetária) für 5 Tage a 7 $; macht 35 $; dem obersagten Franz Wöhl zur erb. (erblich).: Schall und Wallung (*) für eine baare Kaufsumma zu: Acht Hunder Zwanzig Fünf Gulder; sage: 825$ volige baare Kaufsumma den Verkäufer zugehörig ist.
Urkund dessen haben sich beiderseitige Theile nicht nur allein eigenhändig unterschrieben, sondern nachstehende Zeugen zur ofen auftheiligen Mitfertigung allen Fleisses erbeten.
So geschehen beim Gericht Wiesenthal am 3 Jäner 1809.
Franz Wöhl, Käufer
Karl Heidrich, Verkäufer.
Augustin Hüttmann, Tischler.
Franz Fischer, ????
Andreas Posselt.
Gemeinälteste.
Confirmirt Wirtschaftsamt Morchenstern,
Am 1 sten August 1809.
(*) Não há certeza sobre a interpretação da expressão "Schall und Wallung" após Erblich=hereditário. Pode ser por força de herança. É um termo arcaico, como vários colocados no texto.
Capela Mater Dolorosa (Nossa Senhora das Dores) foto de 1945. Arquivo Histórico da Prefeitura de Lučany nad Nisou. |
Interior da Capela Mater Dolorosa (Nossa Senhora das Dores) foto da década de 1930. Arquivo Histórico da Prefeitura de Lučany nad Nisou. |
Vale da vila de Hennersdorf (atual Jindřichov) na década de 1930 onde nos fundos aparece a Capela Mater Dolorosa (Nossa Senhora das Dores) Arquivo Histórico da Prefeitura de Lučany nad Nisou. |
Esta área desmatada e uma parte dos fundos com floresta fazia parte do lote 140 de Wiesenthal onde ficava a casa de Gregor Wöhl. Foto em 24.09.2024 |
Nascente do lote 140 da vila de Wiesenthal com uma pedra na borda do reservatório onde os Woehl pegavam água com balde. Foto em 24.09.2024. |