sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Brasileiros fazem doações para salvar a Mata Atlântica
Um acontecimento extraordinário que poderá ficar na história da luta para salvar a natureza do Brasil: pela primeira vez conseguimos sensibilizar as pessoas para nos ajudar a salvar a Mata Atlântica com doações para comprarmos as matas bem preservadas que ainda restam.
São doadores brasileiros que acreditaram no nosso esforço e perceberam a urgência para salvar a Mata Atlântica que está sendo aniquilada
Com esta ajuda financeira de doadores brasileiros foi possível adquirir nas cabeceiras do rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), mais 300 hectares de Mata Atlântica preservadíssima aumentando para 800 hectares a área protegida, parte da qual já foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) . Começamos um naco de 2 hectares, nossa primeira singela aquisição, mas riquíssima em formas de vida.
A área adquirida abriga dezenas de espécies de aves e mamíferos ameaçados de extinção. Árvores centenárias raras e também ameaçadas de extinção. Muitos quilômetros de matas ciliares foram salvas. Clique aqui para ver as imagens deste paraíso que estamos salvando
A maior parte dos recursos foi doada pela IUCN da Holanda, através de projeto submetido. A segunda maior contribuição foi nossa (particular), com recursos de nossas economias.
A dificuldade para comprar esta área foi muito grande. Conseguir o dinheiro foi apenas uma das etapas a serem vencidas. Se não fosse a gente ter conseguido mobilizar tantas pessoas esta área não estaria mais verde na próxima atualização do Google Earth. Por pouco não perdemos para os investidores em reflorestamento de eucalipto e pinus.
O impressionante empenho da Elza em conseguir mobilizar todas estas pessoas foi decisivo. Um parceiro importante nesta aquisição foi o representante legal da indústria madeireira proprietária do terreno, que deu preferência de compra para nós e manteve o preço combinado por mais de um ano, tempo que levou para acertar a papelada.
O pai dele, um bem sucedido empresário que morreu em 1978 aos 44 anos, foi de alguma forma responsável por aquela mata preservada estar ainda ali, ter escapada da devastação. Por isso, de forma justa, vamos homenageá-lo com o nome da reserva, que vai se chamar RPPN “Odir Zanelatto”.
A indústria que o Sr. Odir Zanelatto criou agregava valor à principal matéria prima de itaiópolis: a madeira. Produzia portas para apartamentos (era fornecedor de grandes construtoras do Rio e São Paulo) e gerava muitos empregos em Itaiópolis, contribuindo significativamente para o desenvolvimento do Município. Sempre foi uma pessoa muito respeitada e admirada por todos da comunidade.
O apoio da ONG SPVS de Curitiba foi também fundamental na aquisição desta importante mata preservada. A SPVS atuou em sinergia conosco bancando, por exemplo, o aluguel de um carro para o translado do diretor da IUCN/Holanda de Curitiba até a área a ser comprada na fase final de aprovação da doação dos recursos.
Só a sociedade brasileira pode salvar a Mata Atlântica. Este é um projeto piloto que pretendemos dar escala aumentando cada vez mais o tamanho da reserva para dar alguma chance da vida seguir sua jornada. Queremos também que nosso exemplo seja reproduzido em todos os lugares.
Com seriedade e total transparência para dar segurança aos doadores, vamos conseguir cada vez mais adesões e comprar mais áreas de matas preservadas para salvar da extinção muitas espécies de plantas e animais.
Se quiser saber como funciona, CLIQUE AQUI para acessar as informações no site do Instituto Rã-bugio.
Primeira área adquirida em 2004. Fica às margens do rio Itajaí (que causa enchentes em Blumenau, SC)
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Fungos luminescentes da Mata Atlântica: um espetáculo da natureza
Camada de folhas em decomposição (serrapilheira) no chão da floresta que na escuridão da noite exibem o espetáculo inesquecível dos fungos luminescentes, que acendem toda a área revolvida.
No dia 30/10/2010 tivemos uma grande surpresa ao encontrar na RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis (SC), fungos luminescentes. Foi um momento muito mágico para nós saber que na floresta Atlântica de transição (entre Mata Atlântica densa e Mata de Araucárias), a 750 metros de altitude, no alto vale do rio Itajaí ocorre este fascinante ser vivo, que já tivemos a oportunidade de ver no meio da espessa camada de folhas em decomposição (serrapilheira) na floresta da restinga.
A descoberta ocorreu por causa dos anfíbios. Na RPPN das Araucárias Gigantes existem várias lagoas temporárias no meio da floresta que é primária, intacta ainda (nunca houve exploração de madeira). Ambientes íntegros com esses são lugares ideais para se encontrar espécies de anfíbios raras, sensíveis a qualquer tipo de intervenção humana, que não ocorrem em matas secundárias (que já foram desmatadas e regeneraram, mas com grande perda de biodiversidade).
Após uma chuva muito forte do dia anterior, fomos até uma lagoa temporária ao entardecer e ficamos sentados no chão da floresta nas proximidades esperando anoitecer até que os anfíbios começassem a coaxar intensamente. Enquanto aguardávamos na escuridão todas as espécies coaxarem, começamos a mexer na camada de folhas em decomposição e todo o chão em nossa volta começou a acender (emitir luz). Parecia um fenômeno sobrenatural. Ficamos impressionados! Onde a gente revirava a serrapilheira, acendia tudo, ou seja, milhares de pontos minúsculos emitiam luz (branca, meio azulada).
Ficamos devendo uma foto dos fungos luminescentes. Não foi esquecimento, mas a necessidade de aprimorar a técnica de fotografar este fenômeno. Com uma câmera digital equipada com um bom sensor (tipo CMOS) ajustado para o máximo de sensibilidade e fixada em um tripé para longa exposição não será difícil.
Observações como esta nos faz refletir sobre quantas formas de vida fascinantes e desconhecidas existem em nossas matas e poucos se dão conta de que tudo isso está sendo destruído no desmatamento e que esta perda é para sempre.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
A alegria de encontrar o pavó, o pavão-do-mato, uma imponente ave da Mata Atlântica.
Pavó (Pyroderus scutatus), uma imponente ave que ocorre na RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC).
Gostaríamos de compartilhar um momento de muita felicidade que tivemos no dia 29/10/2010 ao encontrarmos pela primeira vez na RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), uma ave magnífica que tanto desejávamos conhecer na natureza: o PAVÓ (Pyroderus scutatus), que mede quase meio metro (46 cm), sendo conhecido também como “pavão-do-mato”.
Em Santa Catarina, esta ave é bastante rara. Conhecíamos somente através de fotos. Foi uma satisfação muito grande encontrá-la justamente na área que compramos para proteger, transformando em RPPN. Isso nos estimula a lutar ainda mais para salvar o que resta da Mata Atlântica.
No local, observamos dois indivíduos vocalizando. Consta na literatura que na época de procriação os machos se congregam, formando grupos com até 10 indivíduos, para emitirem um som bem baixo, parecido com aquele produzido por alguém soprando na boca de uma garrafa vazia. Além de fotografá-lo, nós gravamos o som e também um vídeo. Clique aqui para ouvir e assistir ao vídeo
É bastante arisco, não permite aproximação. No entanto, freqüenta o mesmo lugar durante vários dias nesta época (de procriação).
O pavó alimenta-se essencialmente de frutos ofertados pelas árvores das nossas matas nativas preservadas. Como a nossa RPPN é bem preservada, fome os exemplares que habitam o lugar não passam.
Vamos nos esforçar ainda mais para protegê-los, ampliando a área da RPPN e, assim, proporcionar para as gerações futuras a alegria de poderem também contemplar esta ave e tantas outras raras e ameaçadas devido a toda esta destruição que ocorre da Mata Atlântica.
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