Vítimas da colisão com vidraças: em três meses 1.000 pássaros, de 89 espécies. Toronto, Canadá. Foto da National Geographic, Novembro 2010. Clique sobre a imagem para ampliar
A estudante de graduação, Liana Cézar Barros, da Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP, publicou um trabalho bem interessante sobre o problema de colisão de aves com vidraças intulado “Morte de pássaros por colisão com vidraças” na Revista Ciências do Ambiente On-Line Dezembro, 2010 Volume 6, Número 3, pag.58.
Na introdução deste trabalho, consta que a segunda maior causa antropológica da mortalidade de pássaros ao redor do mundo, atrás somente da destruição do habitat dos mesmos, é a colisão destes com painéis de vidro transparente e/ou reflexivo, em vidraças de residências e prédios comerciais, tanto em áreas urbanas como no meio rural.
Quem nos visita na sede da RPPN Santuário Rã-bugio em Guaramirim (SC) acha esquisito todas as vidraças das janelas da nossa casa estarem revestidas com plástico bolha (proveniente do descarte de embalagens) pelo lado de fora.
Logo que a casa foi construída e os vidros colocados, começou nossa aflição e desespero para resolver o problema de aves se chocando nas vidraças, até mesmo na minúsculas janelas dos banheiros.
A primeira vítima foi a Juriti-pupu (Leptotila verreauxi) que nós chamamos de rola em Santa Catarina. Logo que amanheceu o dia, esta ave se chocou com a vidraça da cozinha com tanta velocidade que quebrou a vidraça e, obviamente, teve morte instantânea. Outro caso marcante foi de um gavião que perseguia uma Rolinha (Columbina talpacoti), ambos estava alta velocidade quando a rolinha colidiu com a vidraça e numa manobra de grande perícia o gavião consegui evitar o choque e de apanhar sua presa já morta no chão.
Fizemos de tudo para resolver o problema. Seguimos as dicas de colar nas vidraças fitas adesivas vermelhas, amarelas, recorte de figuras de águias etc. Nada disso funcionava. Até hoje as vidraças estão lambuzadas de cola e resíduos destas fitas. Até o Arapaçu-rajado (Xiphorhynchus fuscus) foi vítima, mas sobreviveu como várias outras. Foto que está no link foi tirada após o acidente. Porém, não se sabe se sequelas da colisão não, como possíveis hemorragias cerebrais, não lhes tirou a vida nos dias seguintes.
Gaturamo-ferrugem (Euphonia pectoralis), macho. Passarinho que se chocou com a vidraça da nossa casa e nos fez mudar de atitude. Clique sobre a imagem para ampliar
Mas teve um caso que nos deixou arrasados, muito chocados e cheios de culpa. A Elza testemunhou a cena triste, que nos marcou até hoje. A fêmea do Gaturamo-ferrugem (Euphonia pectoralis) estava se alimentando dos frutos de uma planta epífita (planta aérea, que cresce suspensa nos troncos das árvores), Anthurium scandens, no tronco de um palmiteiro (palmeira jussara, Euterpe Edulis, de onde se extraí o palmito) ao lado da janela da sala. Enquanto a Elza observada a cena, o macho veio em alta velocidade se exibir para a fêmea e se espatifou na vidraça, entre os espaços das tiras de fitas adesivas amarelas fixadas, com cerca de 10 cm. Para quem não sabe, esta espécie formam casais inseparáveis.
Fruto da planta epífita (aérea) da Mata Atlântica Anthurium scandens, uma espécie de antúrio, conhecido como antúrio-aéreo. É muito apreciado pelos gaturamos. Clique sobre a imagem para ampliar
Foi neste dia que partimos para uma solução radical, mas muito eficaz, do plástico-bolha que são descartados de embalagens. Foram colocados em todas as janelas. Há anos que o local tornou-se totalmente seguro para as aves transitarem.
Ultimamente, estamos sendo procurados por vários moradores aflitos de Jaraguá do Sul (SC), onde fica a sede do Instituto Rã-bugio. Estão muito indignados com a moda do momento na cidade: muros de vidro nas residências. Relatam que está ocorrendo uma verdadeira carnificina de aves.
O bom senso das pessoas que estão optando por este muro da morte seria muito bem vindo neste momento em que a natureza está sendo tão massacrada de todas as formas, com este desmatamento que a cada dia encolhe o hábitat das aves. Uma sociedade moderna deveria ter valores onde não pode prevalecer a perversidade de não dar chances para a vida. Que tipo de beleza as pessoas estão apreciando neste muro de vidro?
Leia mais sobre o problema da colisão de aves com vidraças e muros de vidro
Pássaros morrem cada vez mais batendo em vidraças. Matéria da jornalista Sonia Pillon publicada no jornal O CORREIO DO POVO (Jaraguá do Sul-SC) de 27/12/2011
Perigo urbano: Vidraça espelhada mata passarinhos. Matéria da jornalista Daniela Pereira publicada no JORNAL DE SANTA CATARINA de 07/11/2009
Reflexo mortal é ignorado. Matéria do jornalista Aldem Bourscheit, site O ECO, Rio de Janeiro (RJ), 17/11/2009
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
sábado, 3 de dezembro de 2011
Estão sendo criadas mais RPPNs para salvar a riqueza da biodiversidade da Mata Atlântica em Santa Catarina
BEIJA-FLOR-DE-TOPETE (Stephanoxis lalandi) uma das riquezas da biodiversidade que está sendo protegida nas RPPNs criadas. Foto: 26/11/2011.- Clique sobre a imagem para ampliar
Foram protocoladas no ICMBio, órgão federal do Ministério do Meio Ambiente, a criação de mais três RPPNs (Reserva particular do Patrimônio Natural), em Itaiópolis (SC), nas cabeceiras do rio Itajaí, totalizando uma área de 345,71 ha, que fica adjacente às RPPNs já criadas, aumentado para 855,89 ha a área protegida pela criação de unidades de conservação da natureza (federais).
As RPPN protocoladas foram as seguintes:
RPPN Odir Zanelatto – 212,074 haRPPN Raso do Mandi – 54,31 haRPPN Corredeiras do Rio Itajaí II – 79,33 ha
A RPPN Odir Zanelatto pertence ao Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade e foi adquirida com recursos de doadores brasileiros (pessoas físicas) e de projeto submetido a um edital internacional da IUCN da Holanda. O nome é uma homenagem ao empresário Odir Zanelatto, falecido em 1978, aos 44 anos, que era o sócio majoritário e administrador da Indústria Madeireira Lucena Ltda, proprietária de toda a área onde ficam as RPPNs. O Sr. Odir Zanelatto juntamente com seus familiares (herdeiros) foram responsáveis por esta extensa mata preservada riquíssima em biodiversidade ter sido preservada até hoje.
As RPPNs Raso do Mandi e Corredeiras do Rio Itajaí II são áreas adquiridas com recursos próprios (pessoais). Mandi é o nome de um peixe que ocorre no rio Itajaí e neste trecho em frente da RPPN o rio é raso e muito apropriado para a pesca predatória deste peixe com tarrafa, uma pequena rede de pesca, circular, chumbada nas bordas e uma corda ao centro, pela qual o pescador a retira fechada da água, depois de havê-la arremessado aberta.
Vista parcial das RPPNs criadas em Itaiópolis (SC) no vale do rio do Couro, afluente do rio Itajaí. Clique sobre a imagem para ampliar
As RPPNs protegem as nascentes e dezenas de quilômetros de matas ciliares do rio Itajaí, beneficiando a população de Blumenau. Abrigam também uma riquíssima biodiversidade de animais, com muitas aves e mamíferos grandes muito raros e ameaçados de extinção. Está repleta também de gigantescas arvores centenárias ameaçadas de extinção, espécies como canela-sassafrás (Ocotea odorífera), araucária (Araucaria angustifolia) e canela-preta (Ocotea catharinensis).
A proprietária da RPPN, Elza Nishimura Woehl, abraçando um belíssimo exemplar de canela-sassafrás (Ocotea odorífera), especie ameaçada de extintção. Foto: 02/01/2011.- Clique sobre a imagem para ampliar
Para as despesas com a documentação, mapas georreferenciados e memoriais descritivos para o processo de criação das RPPNs recebemos ajuda financeira do Programa Desmatamento Evitado da ONG SPVS de Curitiba, que conta com os recursos doados pelo Banco HSBC, da campanha Seguro Verde Auto. A área já foi adota há 3 anos por este Programa da SPVS para nos ajudar a cuidar da área contra a ação de caçadores e traficante de animais.
Elza Nishimura Woehl observando uma bromélia da espécie Bilbergia alfonso-joannis muito comum na RPPN. Foto: 13/11/2011.- Clique sobre a imagem para ampliar.
Detalhe da beleza da bromélia Bilbergia alfonso-joannis - Foto: 13/11/2011.Clique sobre a imagem para ampliar
Foram protocoladas no ICMBio, órgão federal do Ministério do Meio Ambiente, a criação de mais três RPPNs (Reserva particular do Patrimônio Natural), em Itaiópolis (SC), nas cabeceiras do rio Itajaí, totalizando uma área de 345,71 ha, que fica adjacente às RPPNs já criadas, aumentado para 855,89 ha a área protegida pela criação de unidades de conservação da natureza (federais).
As RPPN protocoladas foram as seguintes:
RPPN Odir Zanelatto – 212,074 haRPPN Raso do Mandi – 54,31 haRPPN Corredeiras do Rio Itajaí II – 79,33 ha
A RPPN Odir Zanelatto pertence ao Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade e foi adquirida com recursos de doadores brasileiros (pessoas físicas) e de projeto submetido a um edital internacional da IUCN da Holanda. O nome é uma homenagem ao empresário Odir Zanelatto, falecido em 1978, aos 44 anos, que era o sócio majoritário e administrador da Indústria Madeireira Lucena Ltda, proprietária de toda a área onde ficam as RPPNs. O Sr. Odir Zanelatto juntamente com seus familiares (herdeiros) foram responsáveis por esta extensa mata preservada riquíssima em biodiversidade ter sido preservada até hoje.
As RPPNs Raso do Mandi e Corredeiras do Rio Itajaí II são áreas adquiridas com recursos próprios (pessoais). Mandi é o nome de um peixe que ocorre no rio Itajaí e neste trecho em frente da RPPN o rio é raso e muito apropriado para a pesca predatória deste peixe com tarrafa, uma pequena rede de pesca, circular, chumbada nas bordas e uma corda ao centro, pela qual o pescador a retira fechada da água, depois de havê-la arremessado aberta.
Vista parcial das RPPNs criadas em Itaiópolis (SC) no vale do rio do Couro, afluente do rio Itajaí. Clique sobre a imagem para ampliar
As RPPNs protegem as nascentes e dezenas de quilômetros de matas ciliares do rio Itajaí, beneficiando a população de Blumenau. Abrigam também uma riquíssima biodiversidade de animais, com muitas aves e mamíferos grandes muito raros e ameaçados de extinção. Está repleta também de gigantescas arvores centenárias ameaçadas de extinção, espécies como canela-sassafrás (Ocotea odorífera), araucária (Araucaria angustifolia) e canela-preta (Ocotea catharinensis).
A proprietária da RPPN, Elza Nishimura Woehl, abraçando um belíssimo exemplar de canela-sassafrás (Ocotea odorífera), especie ameaçada de extintção. Foto: 02/01/2011.- Clique sobre a imagem para ampliar
Para as despesas com a documentação, mapas georreferenciados e memoriais descritivos para o processo de criação das RPPNs recebemos ajuda financeira do Programa Desmatamento Evitado da ONG SPVS de Curitiba, que conta com os recursos doados pelo Banco HSBC, da campanha Seguro Verde Auto. A área já foi adota há 3 anos por este Programa da SPVS para nos ajudar a cuidar da área contra a ação de caçadores e traficante de animais.
Elza Nishimura Woehl observando uma bromélia da espécie Bilbergia alfonso-joannis muito comum na RPPN. Foto: 13/11/2011.- Clique sobre a imagem para ampliar.
Detalhe da beleza da bromélia Bilbergia alfonso-joannis - Foto: 13/11/2011.Clique sobre a imagem para ampliar
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