Atividades de interpretação de trilha com estudantes da Escola Estadual Marechal Rondon, de São José dos Campos (SP)
Bruna, 11 anos, estudante da 5a. Série de uma escola pública do interior de São Paulo sabe mais do que os políticos em Brasília sobre a importância do Código Florestal para o futuro do Brasil.
Os deputados federais que estão tentando derrubar o Código Florestal (veja a matéria no site O ECO), que desde 1965 protege o que resta de nossas matas, deveriam aprender com a Bruna sobre a necessidade de salvarmos a riqueza da biodiversidade para as gerações futuras.
Bruna participa do nosso projeto de Educação Ambiental “Mata Atlântica é qualidade de vida” patrocinado pela Johnson & Johnson e desenvolvido em parceria com as escolas públicas de São José dos Campos e Jacareí, no Estado de São Paulo.
O projeto consiste em desenvolver atividades ao ar livre de interpretação de trilhas em um fragmento de Mata Atlântica que fica no Campus Vila Branca da UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba. Veja que impressionante a visão da Bruna sobre meio ambiente clicando no link abaixo (arquivo PDF)
Relatório de atividades da estudante Bruna Stephany de Souza Assunção, Aluna da 5ª Serie da Escola Estadual Professora Hermínia Silva Mesquita - Jacareí (SP)
Incluindo a Bruna foram atendidos até agora neste projeto 3.411 estudantes e 90 professores. A meta é atender 4.000 estudantes.
Veja também nestes dois relatórios como é importante este projeto:
Rafaela G. Miranda – aluna da 7a. Série - Escola Estadual Dr. João Victor Lamanna - Jacareí (SP)
Micaela Motta dos Santos – aluna da 8a. Série - Escola Estadual Professor Adherbal de Castro - Jacareí (SP)
Veja os desenhos deste menino, que tem 11 ou 12 anos
Leonardo Y. Sato - aluno da 6a. Série - Escola Estadual Dr. João Victor Lamanna - Jacareí (SP)
terça-feira, 29 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Cobras indesejáveis: Matar ou entregar aos traficantes?
Caixa com as cobras resgatadas pelo corpo de bombeiros nas residências de Guaramirim (SC), que foram devolvidas à natureza. Clique sobre a imagem para ampliar.
A pior coisa que pode acontecer para uma serpente depois que perde o hábitat é ser encontrada e capturada viva pelos humanos. Algumas têm a sorte de receber a sentença de morte instantânea, independentemente de ser venenosa ou não. Outras, com menos sorte, são mantidas presas e, até que o alívio da morte chegue, são submetidas a intermináveis seções de tortura, passando por horrores que os mais monstruosos torturadores da história da humanidade sequer ousaram imaginar em aplicar ao pior inimigo ou criminoso.
Assim que o nosso trabalho nas escolas de Guaramirim (SC) de popularizar a biodiversidade da Mata Atlântica ficou bem conhecido, o corpo de bombeiros voluntários* pediu nossa ajuda sobre o que fazer com uma absurda quantidade de cobras que eles resgatavam nas residências, que não parava de aumentar. Segundo a opinião de muitos, a defesa que fazemos dos animais contribuiu para atormentar a vida do pessoal do corpo de bombeiros. As pessoas já estão percebendo que é errado matar.
Mas elas ainda não percebem o quanto as serpentes são importantes na natureza e mesmo nas áreas urbanizadas. As serpentes salvam vidas humanas ao controlarem a população de ratos, que podem transmitir a bactéria da leptospirose através da urina, doença que pode ser fatal. A leptospirose mata centenas de pessoas todos os anos e a incidência vem aumentado assustadoramente, sobretudo na periferia das grandes cidades.
Eu conheci quase toda a fauna de répteis (cobras e lagartixas) da região na sede do corpo de bombeiros de Guaramirim. Mas espere aí, Lagartixas? Sim, lagartixas! Infelizmente, as pessoas telefonavam para o corpo de bombeiros, aterrorizadas, pedindo ajuda para serem salvas do ataque “iminente e mortífero” de uma inofensiva lagartixa de 5 cm. Daí a importância do nosso trabalho de popularizar a biodiversidade.
A primeira providência que tomamos foi presentear a corporação com guias de identificação de serpentes. Eles conheciam bem as três espécies venenosas da região, mas tinham dúvidas sobre as demais. E quanto às lagartixas, explicamos que no Brasil não temos nenhuma espécie de lagarto venenoso e que no Planeta existe apenas duas espécies, que vivem em ilhas, bem longe daqui.
Então, eles aprenderam a reconhecer bem todas as espécies e adotar um procedimento simples: soltá-las na mata mais próxima da residência onde ocorreu a captura. Mas antes de se deslocar até a residência fazer uma tentativa de tranqüilizar a pessoa e, dependendo do local onde a cobra se encontra, sugerir que a deixe em paz que ela vai embora.
Teve uma história interessante de uma cobra que apareceu no pátio de uma escola na hora do recreio dos alunos. A zeladora não teve dúvida e pegou um cabo de vassoura para mata-la. Os alunos a impediram aos gritos: “A Elza disse que é só esperar um pouco que ela vai embora”. E a cobra foi salva e pode seguir sua jornada.
Por muito tempo, todas as cobras venenosas capturadas, jararacas e jararacuçus eram devolvidas para a natureza nas matas preservadas de Guaramirim.
O que me intrigava era aparecer tantas jaracuçus nas residências, pois é uma serpente que só ocorre em matas bem preservadas. Descobrimos algo supreendente: as jararacuçus estavam sendo resgatadas nas propriedades rurais. Agricultores estavam telefonando para o corpo de bombeiros solicitando o resgate de cobras até no meio das matas preservadas. Segundo eles, as jararacuçus só surgiam na região do município onde fica a RPPN Santuário Rã-bugio, a parte que fica encostada na Serra do Mar, justamente a que é mais preservada no município.
Jararacuçu, jararaca e uma inofensiva dormideira (que está embaixo da jararaca) resgatadas nas residências e propriedades rurais pelo corpo de bombeiro de Guaramirim (SC). Todas foram devolvidas à natureza.
Data da foto: 29/11/2002. Clique sobre a imagem para ampliar.
Teve um resgate de jararacuçu que foi engraçado. Ocorreu na propriedade de um agricultor que mora a 300 metros da RPPN. Ele telefonou para o corpo de bombeiros que se deslocou 15 km com a viatura para fazer o translado de 300 metros da jararacuçu, libertada imediatamente na RPPN. Acho que não passava pela cabeça desse agricultor que incluímos também as serpentes na defesa que fazemos da biodiversidade. O mais provável é que ele queria ver a jararacuçu bem longe dali, como se fosse a única que habitasse aquelas extensas matas preservadas.
O caso mais difícil de devolução para a natureza foi o da maior jararacuçu que alguém já encontrou na região. Também foi capturada nas proximidades da RPPN em uma mata preservada de um agricultor que chamou o corpo de bombeiro ao ver a cobra no meio da mata, enrolada, dormindo tranquilamente. Por uma feliz circunstância, a Elza ficou sabendo do “achado” surpreendente. Mas já foram logo avisando que aquela jararacuçu não seria devolvida à natureza, pois o comandante do corpo de bombeiros, ao qual o de Guaramirim está subordinado, queria esta cobra, custe o que custar.
A Elza ficou desesperada e na maior diplomacia lutou sem tréguas para convencer o comandante da unidade de Guaramirim a desobedecer a ordem superior e devolver a cobra à mamãe natureza. Chegou ao extremo de precisar envolver Deus nos apelos.
Então, comandante de Guaramirim se rendeu e acatou os argumentos da Elza. Atendendo minha sugestão (para que não fique dúvida sobre nossas boas intenções), a Elza pediu para o comandante acompanha-la até uma mata preservada na Serra do Mar e testemunhar a soltura desta criatura, um momento mágico para todos nós, seres humanos, que foi registrado neste vídeo
Acho que foi logo após este dia que recebemos uma notícia triste de que as serpentes venenosas não seriam mais libertadas e teriam que ser necessariamente encaminhadas para o corpo de bombeiros de Jaraguá do Sul, que estava concentrando todas as serpentes capturadas nos municípios da região do vale o rio Itapocu para enviá-las a algum lugar.
Nas mãos de traficantes de animais ou não, o destino destas serpentes será invariavelmente cruel, conforme escrevi no primeiro parágrafo. A quantidade de cobras jararaca e jararacuçu que eles recebem é tão grande que sequer se dão ao luxo de alimentá-las após fazer a extração de veneno, conforme a constatação da Polícia Federal na operação que prendeu um grande receptador dias atrás (veja a matéria Diário Catarinense, 10/06/2010) . O veneno é extraído com muita crueldade e a cobra jogada em uma caixa e se não morrer logo, vai para uma nova seção de tortura para extração do veneno, que vale uma fortuna.
Nesta matéria da Radio Jaraguá AM de 07/01/2010, sobre a captura de cobras nas residências, repare que o corpo de bombeiros de Guaramirim diz algo diferente dos demais. Está aí o resultado do nosso trabalho de educação ambiental. As pessoas precisam ser educadas para que tolerem mais a presença de animais silvestres que estão ficando sem áreas naturais para viverem.
* Em Santa Catarina o corpo de bombeiros é constituído por voluntários e não uma divisão da polícia militar como nos outros Estados.
terça-feira, 1 de junho de 2010
O Príncipe da Serra do Mar de Joinville
Campos de Altitude (Alto Quiriri), nas montanhas mais altas da Serra do Mar, um ecossistema muito especial, raríssimo e muito ameaçado que o nosso "principe" Sr. Carlos F. A. Schneider salvou para as gerações futuras.
Dizem que Joinville (SC) é a cidade dos Príncipes. Neste final de semana ficamos sabendo que é mesmo quando tivemos o privilégio de conhecer pessoalmente pelo menos um deles. Não sei se existem outros naquela cidade.
Ele não é estrangeiro, mas um brasileiro digno de merecer este título, que nos enche de orgulho e deverá ficar para a história da conservação da natureza do nosso País. Um benfeitor da humanidade que salvou da destruição uma área significativa da Serra do Mar na região norte de Santa Catarina, algo em torno de 10 mil hectares, até agora.
Estou me referindo ao Sr. Carlos F. A. Schneider, 86 anos, um dos mais bem sucedidos empresários brasileiros do ramo industrial que figura também como destaque na galeria de honra da história da industrialização do nosso País. Um de seus empreendimentos é a empresa CISER S.A. fundada por ele em 1959, em Joinville (SC), uma das maiores fabricantes de porcas e parafusos da América Latina, fornecedora para montadoras de automóveis etc.
Muitos devem ficar intrigados com o fato de uma porção significativa da Serra do Mar em Joinville estar ainda tão bem preservada, apesar da enorme pressão. Afinal, Joinville é uma metrópole, sendo a cidade mais populosa e a mais desenvolvida de Santa Catarina. Mas não é por acaso que ainda temos este patrimônio natural. É fruto do esforço do nosso príncipe de verdade.
São consideráveis os benefícios para a população de Joinville deste excelente estado de preservação da Serra do Mar, pois proporciona muita qualidade de vida para a população. Os habitantes de Joinville têm o privilégio de beber uma água de qualidade tão boa quanto àquela que só é servida para a população que vive em metrópoles do primeiro mundo, como Nova York e Tóquio. É a genuína “água da serra”.
São consideráveis os benefícios para a população de Joinville deste excelente estado de preservação da Serra do Mar, pois proporciona muita qualidade de vida para a população. Os habitantes de Joinville têm o privilégio de beber uma água de qualidade tão boa quanto àquela que só é servida para a população que vive em metrópoles do primeiro mundo, como Nova York e Tóquio. É a genuína “água da serra”.
Paisagem típica do Campos de Altitude na Serra do Mar de Joinville e Garuva (SC), região conhecida como Alto Quriri. As nascentes de muitos rios surgem nesta paisagem natural de campos com vegetação arbórea nos vales, onde nascem os riachos. Este riquíssimo patrimônio foi salvo pelo Sr. Carlos F. A. Schneider que há anos vem comprando e preservando estas áreas.
Nosso príncipe proporcionou para a geração atual de joinvilenses pode usufruir das belíssimas paisagens intactas da Serra do Mar e da água puríssima das centenas de rios e riachos que descem a serra protegidos pela Mata Atlântica que recobre as montanhas de granito porque teve a sorte de existir na comunidade uma pessoa com visão no futuro, o Sr. Carlos F. A. Schneider.
Há décadas nosso príncipe vem comprando aos poucos estas áreas preservadas de Mata Atlântica densa que recobrem as colossais montanhas de quase pura rocha de granito que formam a Serra do Mar e abrigam uma riquíssima biodiversidade. Ele reverte para a comunidade tudo o que tem conseguido ganhar com sua competência empresarial na forma de um benefício de importância tão extraordinária. É um exemplo raro de empresário brasileiro que faça uma destinação tão nobre dos lucros de um negócio.
Daqui a 100, 200 ou 3.000 mil anos as pessoas que nos substituirão certamente vão se orgulhar muito da atitude muito ousada para esta época do Sr. Carlos F. A. Schneider, de ter olhado para o passado e para o futuro próximo e distante, percebendo, assim, o quanto é crucial salvar um monumento natural desta magnitude para a perpetuação de milhares de formas de vida que compartilham o Planeta conosco.
Com tantos benefícios para a sociedade, você deve estar imaginando que nas datas comemorativas tais como o Dia do Meio Ambiente, a cidade inteira presta homenagens para o nosso príncipe e que as escolas orientam seus alunos para neste dia contemplem a Serra do Mar enquanto falam sobre a contribuição de pessoas como o Sr. Carlos Schneider para que toda aquela beleza exuberante não seja apenas uma miragem. Mas, eu já vou logo avisando: é bom não se iludir muito.
Quando você chega a Joinville, pela rodoviária ou aeroporto, o serviço de som já lhe prepara para que não tenha o dissabor de uma grande decepção no que se refere a importância que a geração atual dá para o patrimônio natural. Eles começam anunciando o seguinte: “Joinville: a cidade alemã que tem um toque da aristocracia francesa”. Mais uma vez, quero alertar que o locutor não se refere aos alemães e franceses de hoje e nem dos últimos 300 anos ou mais, no que diz respeito à percepção sobre a importância da conservação da natureza.
Daí podemos ter idéia do que significa existir nos tempos atuais um empresário com os valores do Sr. Carlos F. A. Schneider. Como a tendência da sociedade é sempre no sentido de melhorar a medida que o tempo passa, embora algumas mais rapidamente do que outras, não deverá demorar muito para que os visitantes de Joinville ao desembarcarem no aeroporto ou na rodoviária enquanto se deslumbram com a paisagem da Serra do Mar ouvirem o locutor dizer: “Joinville: uma cidade que preservou esta belíssima paisagem natural que você esta apreciando porque teve em sua comunidade um príncipe chamado Carlos F. A. Schneider”. E você finalmente entenderá que faz algum sentido Joinville ser rotulada de “a cidade dos príncipes”.
Foi interessante a forma como ocorreu este nosso agradável e inesquecível encontro com o Sr. Carlos F. A. Schneider. Ele leu uma matéria publicada no jornal A Noticia, sobre as matas preservadas que compramos aos poucos, pedacinho por pedacinho, na tentativa desesperada de tentar salvá-las. Então, pediu aos familiares que agendassem um encontro porque queria nos conhecer, mesmo sabendo que a nossa humilde escala para salvar a natureza não arranha sequer uma fração centesimal da escala empreendida por ele.
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