sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Butiá do Brasil é a palmeira preferida para paisagismo na Coréia do Sul


Butiazeiro Butia capitata com um cacho de butiás maduros em frente do Museu do Chocolate em Seogwipo, na ilha de Jeju, Coréia do Sul
Quando fomos receber o Prêmio Luc Hoffmann da IUCN (Luc Hoffmann Award) na ilha subtropical de Jeju, Coréia do Sul, logo de cara notamos uma palmeira de porte baixo muito familiar para nós, que somos da região Sul do Brasil. Era o nosso butiá sendo usado em várias praças, parques, canteiros centrais das avenidas e nos jardins e quintais das casas. Vimos extensas alamedas de butiás em várias partes da cidade de Seogwipo.

Alameda de butiazeiros (Butia capitata) em frente do Museu do Chocolate em Seogwipo, na ilha de Jeju, Coréia do Sul
Por ser tão comum, achamos que se tratava de uma espécie nativa da ilha, que é clima subtropical, como a nossa região, Planalto Norte de Santa Catarina. Ao provar alguns, notei que o gosto era o mesmo do nosso butiá e comecei a suspeitar que todos aqueles butiás foram introduzidos na ilha, levados do nosso Brasil ou dos países vizinhos, Argentina, Uruguai ou Paraguai onde esta palmeira também ocorre.
Cacho de butia maduro Butia capitata na ilha de Jeju, Coréia do Sul
Minha desconfiança aumentou quando observei que alguns butiazeiros apresentavam cachos com tonalidade dos butiás vermelha entre a maioria que produz cachos de butiás com cor predominantemente amarela, tal como ocorre com os butiazeiros em Santa Catarina.
Butiás maduros de Butia capitata na ilha de Jeju, Coréia do Sul
Ao pesquisar na internet, minhas desconfianças se confirmaram. Os butiazeiros da ilha de Jeju, com 531.905 habitantes (censo 2010) e área de 1.849 km2, são procedentes da América do Sul, ou seja, da região sul do Brasil ou dos países vizinhos e se adaptou muito bem por lá, conforme mostram estas imagens que registramos.

A espécie que vimos em Jeju é Butia capitata, que é nativa da flora catarinense, mas das regiões do sul do Estado, sendo mais comum no Rio Grande do Sul. Já espécie que ocorre na região onde eu nasci, em Itaiópolis, Santa Catarina, Planalto Norte, nos campos naturais, é Butia eriospatha. Estas duas espécies são parecidas. Achamos muito interessante os coreanos gostarem tanto de usar nossos butiazeiros no paisagismo.

Butiazeiro do parque geológico Jungmun Daepo Columnar-Jointed Lava (colunas de basalto cristalizado no mar) na ilha de Jeju, Coréia do Sul
Nós, da região do Sul do Brasil, apreciamos muito o butiá. É suculento e muito saboroso. Dependendo do butiazeiro (genética) o butiá pode ser bastante ácido, deixando os dentes sensíveis e exige moderação no consumo. Mas alguns butiazeiros produzem frutos bastante doces (ligeiramente ácidos) e perfumados. É uma delícia! A fauna, obviamente, também aprecia muito a polpa dos butiás, sendo que o serelepe (Sciurus ingrami) gosta mais do coquinho. Quando era criança, eu gostava de quebrar os coquinhos com um martelo para comer polpa.

A beleza dos butiazeiros e seus frutos deliciosos não passaram despercebidos por aqui também. Quase todas as residências, tanto na área urbana como rural, dos municípios do Planalto Norte de Santa Catarina têm pelo menos um butiazeiro no quintal ou no jardim. Já nas áreas naturais a situação desta palmeira, assim como de toda a nossa biodiversidade da Mata Atlântica, é dramática.


Butiazeiros (Butia capitata) no paisagismo da entrada do parque geológico Jungmun Daepo Columnar-Jointed Lava (colunas de basalto cristalizado no mar) na ilha de Jeju, Coréia do Sul
Ave alimentado-se dos deliciosos frutos maduros do butiazeiro Butia capitata na ilha de Jeju, Coréia do Sul

Cacho de butiás verdes de um dos butiazeiros (Butia capitata ) do parque geológico Jungmun Daepo Columnar-Jointed Lava na ilha de Jeju, Coréia do Sul

Um comentário:

RUDIMAR.CIPRIANI disse...

Interessante saber que nossos butiás ornamentam praças e jardins na Coréia do Sul. O butiá é muito bonito mesmo e merece lugar de destaque. Pena que em sua área nativa tenha sido praticamente dizimado causando grandes perdas em termos biológicos.
A Arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus) que ocorria aqui no Sul do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina e que foi dada como extinta há 80 anos dependia diretamente do butiá para se alimentar. É apontada como principal causa da extinção da arara-azul-pequena justamente a retirada desta palmeira na paisagem natural.

Parabéns pelo post, Germano.