Imagem da nova aquisição, que vai salvar para sempre a mata ciliar do rio Itajaí. Figueiras gigantescas repletas de orquideas, bromélias, cipós e outras plantas aéreas mostram a importância de salvar estas áreas para as gerações futuras. Clique sobre a imagem para ampliar
Com grande alegria informamos que no dia 13/07/2011 concretizamos a compra de mais uma área de Mata Atlântica com 54,5 hectares que é confrontante com a RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), possibilitando ampliar a área que ficará protegida para as gerações futuras. Além da riquíssima biodiversidade, neste terreno ficam as mais belas taipas (paredões rochosos) do trecho do rio Itajaí que corta o município de Itaiópolis.
Nestes paredões rochosos vive e se reproduz o GAVIÃO-POMBO-GIGANTE (Leucopternis polionotus) , ameaçado de extinção. Clique no link e veja as imagens desta ave magnífica que fizemos no local. É enorme e emite o som semelhante ao daquelas águias (ou falcões) que aparecem nos filmes norte-americanos.
As fotos destes gigantescos paredões, local de refúgio e nidificação para aves ameaçadas de extinção, foram tiradas da estrada, na margem oposta do rio Itajai, que pertence ao municipio de Santa Terezinha (o rio Itajai faz a divisa com Itaiópolis). Clique sobre a imagem para ampliar
Nestas taipas se reproduz também o URUBU-REI (Sarcoramphus papa), ameaçado de extinção. Moradores sempre avistam um casal frequentado o local. O rio Itajaí neste ponto é chamado de raso do mandi, porque dizem que é o local onde ocorre a desova do mandi (uma espécie de bagre). É muito visado pelos pescadores que praticam a pesca predatória com tarrafas na época de procriação. A partir de agora este local ficará protegido pela vigilância da RPPN e a presença freqüente da Polícia Ambiental.
Com esta área, já conseguimos salvar para as gerações futuras temos 830 hectares, sendo que 215 hectares foram adquiridos com recursos de doadores (veja esta matéria “Brasileiros fazem doações para salvar a Mata Atlântica” e pertencem ao Instituto Rã-bugio. Será protocolada a criação da RPPN como fizemos nas demais áreas nas próximas semanas.
Imagem da área preservada adquirida, às margens do rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), que será transformada em RPPN, para garantir sua preservação para as gerações futuras. Clique sobre a imagem para ampliar
sábado, 16 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
Criação de abelhas silvestres (meliponicultura) ameaça colmeias na natureza
Cepo de uma PEROBA (Aspidosperma olivaceum) centenária com 70 cm de diâmetro abatida criminosamente com motosserra para retirada de uma colméia de abelhas silvestres. O local fica em uma área de Mata Atlântica primária, em uma encosta às margens do rio Itajaí, onde foi criada a RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC).
A pior coisa que pode acontecer para uma espécie de planta ou animal é ser alvo da cobiça humana. O fato de uma área ser protegida e vigiada não é empecilho para alguém que deseja saquear algo que pode lhe render alguns trocados.
A bola da vez são as abelhas nativas da Mata Atlântica, ou sem ferrão, cujo comércio tem sido fortemente impulsionado ultimamente com a propaganda de que podem ser exploradas intensivamente para produção de mel, com promessas de ser uma atividade altamente lucrativa. Pelo menos para os saqueadores de colméias em áreas protegidas de matas nativas deve ser, pois já estão ganhando dinheiro sem investimento nenhum.
No meio da área mais preservada da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), observamos algo inacreditável. Uma árvore centenária, com 70 cm de diâmetro, foi abatida com uma motosserra apenas para saquear uma colmeia de abelhas silvestres. O tronco que estava oco foi seccionado para ser levado apenas a parte onde estava a colméia. Veja as imagens. Não conseguimos identificar a espécie de abelha silvestre, para saber se é ou não espécie ameaçada de extinção.
Detalhe do tronco da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) abatida onde foi saqueada uma colmeia de abelha silvestre na RPPN Corredeiras do Rio Itajai
O que restou da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) centenária abatida: troncos seccionados com motosserra para retirada da colmeia de abelhas silvestres
Secção do tronco da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) abatida onde estava parte da colmeia de abelhas silvestres saqueada
Na área onde fica o Centro Interpretativo da Mata Atlântica (CIMA), em Jaraguá do Sul (SC), na parte mais preservada, encontrei recentemente outra árvore abatida com o propósito de saquear uma colmeia de abelhas silvestres.
Isso mostra que o problema é preocupante porque já não temos tantas matas preservadas para proteger a biodiversidade e que podem estar sendo garimpadas as últimas colmeias de certas espécies. Descobri que estas colmeias saqueadas da natureza são vendidas para os criadores por R$ 70,00
Troncos com colméias de abelhas silvestres saqueadas da natureza na casa de morador do entorno da RPPN Corredeiras do Rio Itajai. Foto: Christopher Thomas Blum
Este tipo de apicultura utilizando as abelhas nativas ganhou até um nome especial, meio complicado, de meliponicultura, como uma estratégia de marketing para mostrar que está se explorando algo novo, diferente, mas não é bem assim.
Quando o assunto é domesticação de plantas e animais, o principal equívoco que se comete é ignorar a experiência do passado do ser humano em lidar com as leis da natureza. Esta experiência ainda não acabou. Nesta dura batalha que nossa espécie travou contra a natureza, para explorá-la de modo a aumentar indefinidamente nossa população, que deverá atingir 7 bilhões neste ano, nossos principais alimentos são provenientes de apenas algumas espécies plantas e animais que foram domesticados por volta de 10 mil anos e desde esta época não surgiram grandes novidades.
Mel não é um alimento básico dos humanos. É uma iguaria bastante antiga, mas chegou à mesa das classes menos abastadas somente as últimas décadas, em decorrência da produção comercial de mel em larga. Para esta finalidade, não foi por acaso a escolha da abelha européia Apis mellifera, espécie dócil, que foi miscigenada aqui no Brasil com outra subespécie Apis mellifera scutellata, de origem africana, que denominamos de africanizada, com os propósitos de aumentar a produção, mas tem causado todos estes problemas, com muitos acidentes graves, provocando a morte de centenas de pessoas todos os anos.
Há muitas evidências de que a opção de explorar abelhas nativas da Mata Atlântica para a produção comercial de mel em larga escala foi considerada, testada intensamente e descartada em vários momentos da nossa história nos últimos 300 anos, pelo menos.
A produção de mel com estas abelhas em pequena escala existe há décadas. Quem já não foi abordado nas ruas das grandes metrópoles desde a década de 70, ou antes disso, não sei, por um vendedor ofertando mel de abelha jataí (certamente falso) a um preço 10 ou 20 vezes maior do que o mel de abelha africanizada?
O argumento de que a produção em pequena escala ajudará na geração de renda de pequenos agricultores (agricultura familiar) é pouco provável que ocorra, considerando que já estão com dificuldade em vender ao consumidor final por R$ 5,00 o quilo do mel de abelha africanizada que é relativamente fácil de produzir. Inclusive produtores rurais no entorno de grandes metrópoles ricas do nosso País não estão conseguindo mercado para o mel que produzem de abelhas africanizadas com preços populares. O que dirá, então, vender um mel que custa 10 ou 20 vezes mais, produto de alto valor que é muito mais visado pelos falsificadores – e dificulta a aceitação.
Além de um mercado muito limitado, as dificuldades de manejo são imensas. Haja vista do que ocorre com a apicultura tradicional, que para sobrevivência da colmeia é necessário deixar certa quantidade de mel, mas nem sempre os apicultores, principalmente os inexperientes, respeitam este limite e perdem todas as colmeias nos invernos mais rigorosos. Imagine, então, como será difícil controlar a ganância para um produto que custa R$ 100,00 o quilo e de espécies de abelha que só toleram retirar uma quantidade muito pequena de mel. Portanto, as colmeias saqueadas na natureza vão morrer nas mãos dos criadores em pouco tempo.
As doenças desconhecidas ainda que advirão da criação intensiva de abelhas silvestres é outra grande ameaça às espécies nativas que habitam nossas matas preservadas. Mas pela situação vulnerável em que se encontram hoje, poderão desaparecer da natureza bem antes disso, pelo simples saque das colmeias, como estamos observando.
Na Mata Atlântica ocorre uma interação muito forte entre plantas e animais. A dispersão das sementes e polinização da maioria das plantas são serviços realizados por animais (aves, mamíferos e insetos). Algumas espécies de abelhas silvestres são polinizadores específicos de certas árvores e o declínio ou extinção destes insetos representa a fim para estas árvores e consequentemente pode causar um colapso em todo o ecossistema.
A pior coisa que pode acontecer para uma espécie de planta ou animal é ser alvo da cobiça humana. O fato de uma área ser protegida e vigiada não é empecilho para alguém que deseja saquear algo que pode lhe render alguns trocados.
A bola da vez são as abelhas nativas da Mata Atlântica, ou sem ferrão, cujo comércio tem sido fortemente impulsionado ultimamente com a propaganda de que podem ser exploradas intensivamente para produção de mel, com promessas de ser uma atividade altamente lucrativa. Pelo menos para os saqueadores de colméias em áreas protegidas de matas nativas deve ser, pois já estão ganhando dinheiro sem investimento nenhum.
No meio da área mais preservada da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), observamos algo inacreditável. Uma árvore centenária, com 70 cm de diâmetro, foi abatida com uma motosserra apenas para saquear uma colmeia de abelhas silvestres. O tronco que estava oco foi seccionado para ser levado apenas a parte onde estava a colméia. Veja as imagens. Não conseguimos identificar a espécie de abelha silvestre, para saber se é ou não espécie ameaçada de extinção.
Detalhe do tronco da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) abatida onde foi saqueada uma colmeia de abelha silvestre na RPPN Corredeiras do Rio Itajai
O que restou da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) centenária abatida: troncos seccionados com motosserra para retirada da colmeia de abelhas silvestres
Secção do tronco da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) abatida onde estava parte da colmeia de abelhas silvestres saqueada
Na área onde fica o Centro Interpretativo da Mata Atlântica (CIMA), em Jaraguá do Sul (SC), na parte mais preservada, encontrei recentemente outra árvore abatida com o propósito de saquear uma colmeia de abelhas silvestres.
Isso mostra que o problema é preocupante porque já não temos tantas matas preservadas para proteger a biodiversidade e que podem estar sendo garimpadas as últimas colmeias de certas espécies. Descobri que estas colmeias saqueadas da natureza são vendidas para os criadores por R$ 70,00
Troncos com colméias de abelhas silvestres saqueadas da natureza na casa de morador do entorno da RPPN Corredeiras do Rio Itajai. Foto: Christopher Thomas Blum
Este tipo de apicultura utilizando as abelhas nativas ganhou até um nome especial, meio complicado, de meliponicultura, como uma estratégia de marketing para mostrar que está se explorando algo novo, diferente, mas não é bem assim.
Quando o assunto é domesticação de plantas e animais, o principal equívoco que se comete é ignorar a experiência do passado do ser humano em lidar com as leis da natureza. Esta experiência ainda não acabou. Nesta dura batalha que nossa espécie travou contra a natureza, para explorá-la de modo a aumentar indefinidamente nossa população, que deverá atingir 7 bilhões neste ano, nossos principais alimentos são provenientes de apenas algumas espécies plantas e animais que foram domesticados por volta de 10 mil anos e desde esta época não surgiram grandes novidades.
Mel não é um alimento básico dos humanos. É uma iguaria bastante antiga, mas chegou à mesa das classes menos abastadas somente as últimas décadas, em decorrência da produção comercial de mel em larga. Para esta finalidade, não foi por acaso a escolha da abelha européia Apis mellifera, espécie dócil, que foi miscigenada aqui no Brasil com outra subespécie Apis mellifera scutellata, de origem africana, que denominamos de africanizada, com os propósitos de aumentar a produção, mas tem causado todos estes problemas, com muitos acidentes graves, provocando a morte de centenas de pessoas todos os anos.
Há muitas evidências de que a opção de explorar abelhas nativas da Mata Atlântica para a produção comercial de mel em larga escala foi considerada, testada intensamente e descartada em vários momentos da nossa história nos últimos 300 anos, pelo menos.
A produção de mel com estas abelhas em pequena escala existe há décadas. Quem já não foi abordado nas ruas das grandes metrópoles desde a década de 70, ou antes disso, não sei, por um vendedor ofertando mel de abelha jataí (certamente falso) a um preço 10 ou 20 vezes maior do que o mel de abelha africanizada?
O argumento de que a produção em pequena escala ajudará na geração de renda de pequenos agricultores (agricultura familiar) é pouco provável que ocorra, considerando que já estão com dificuldade em vender ao consumidor final por R$ 5,00 o quilo do mel de abelha africanizada que é relativamente fácil de produzir. Inclusive produtores rurais no entorno de grandes metrópoles ricas do nosso País não estão conseguindo mercado para o mel que produzem de abelhas africanizadas com preços populares. O que dirá, então, vender um mel que custa 10 ou 20 vezes mais, produto de alto valor que é muito mais visado pelos falsificadores – e dificulta a aceitação.
Além de um mercado muito limitado, as dificuldades de manejo são imensas. Haja vista do que ocorre com a apicultura tradicional, que para sobrevivência da colmeia é necessário deixar certa quantidade de mel, mas nem sempre os apicultores, principalmente os inexperientes, respeitam este limite e perdem todas as colmeias nos invernos mais rigorosos. Imagine, então, como será difícil controlar a ganância para um produto que custa R$ 100,00 o quilo e de espécies de abelha que só toleram retirar uma quantidade muito pequena de mel. Portanto, as colmeias saqueadas na natureza vão morrer nas mãos dos criadores em pouco tempo.
As doenças desconhecidas ainda que advirão da criação intensiva de abelhas silvestres é outra grande ameaça às espécies nativas que habitam nossas matas preservadas. Mas pela situação vulnerável em que se encontram hoje, poderão desaparecer da natureza bem antes disso, pelo simples saque das colmeias, como estamos observando.
Na Mata Atlântica ocorre uma interação muito forte entre plantas e animais. A dispersão das sementes e polinização da maioria das plantas são serviços realizados por animais (aves, mamíferos e insetos). Algumas espécies de abelhas silvestres são polinizadores específicos de certas árvores e o declínio ou extinção destes insetos representa a fim para estas árvores e consequentemente pode causar um colapso em todo o ecossistema.
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