terça-feira, 23 de julho de 2013

Neve e chuva congelada arrasaram a Mata Atlântica em Santa Catarina

O verde da mata ficou cinza na RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis, Santa Catarina, com as árvores centenárias da Mata Atlântica cobertas de gelo - Foto: Elcio Glovacki (agricultor e morador do entorno da RPPN). 23/07/2013. Clique sobre a imagem para ampliar











Centenas de árvores penderam e quebraram na RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis - Santa Catarina - Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013. Clique sobre a imagem para ampliar
Copa de uma araucárias centenárias, com mais de 50 metros de altura e 4,10 metros de circunferência, coberta de gelo. RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis - Santa Catarina - Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013

RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis, Santa Catarina, com as árvores centenárias da Mata Atlântica cobertas de gelo - Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013

Com o peso do gelo acumulado as árvores nativas que não quebraram ficaram arqueadas na borda da RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis - Santa Catarina - Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013

Detalhe da foto acima - RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis - Santa Catarina - Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013
Borda da RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis - Santa Catarina com todas as árvores arqueadas devido ao peso do gelo acumulado - Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013
A Mata Atlântica do Planalto Norte de Santa Catarina foi devastada pela neve. A exuberante floresta tropical não suportou. O verde da mata sumiu sob o gelo. A RPPN das Araucárias Gigantes, reserva federal, que protege gigantescas araucárias centenárias ameaçadas de extinção e as nascentes do rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), foi duramente atingida. Centenas de árvores de grande porte simplesmente tombaram ou tiveram quase todos seus galhos quebrados devido ao acúmulo de gelo e os ventos fortes.

Agricultores do entorno da reserva contam que durante a madrugada do dia 23/07 foram acordados com estrondosos ruídos das árvores quebrando e tombando em um efeito dominó. Era como se algo estivesse moendo as matas. Ficaram muito assustados e acharam que era o fim do mundo. A estrada que corta a reserva ficou bloqueada em quase toda sua extensão com galhos e árvores tombadas.


Élcio Glovacki, agricultor e autor das fotos, relatou em detalhes como ocorreu a nevasca na localidade Linha Cerqueira, onde fica a reserva. Por volta das 20 horas do dia 22/07, fazia muito frio e caiu uma chuva forte, um aguaceiro, durante alguns minutos. Quando parou de chover, observou que congelou tudo, as poças, extremidades da vegetação do jardim e o gramado, uma situação muito estranha para aquele horário (8 horas da noite) já que é normal a temperatura cair e congelar tudo mas durante a madrugada. Começou a nevar às 22 horas e só parou 1 hora da madrugada do dia 23/07 e o céu ficou limpo em seguida, uma linda noite de luar o que possibilitou observar a paisagem toda branca a longo de alguns quilômetros de distância. A neve caiu com maior intensidade por volta das 23 h.

Os impactos foram maiores nas bordas e nas partes com mata secundária. As árvores novas que não quebraram, ficaram arqueadas. Para agravar a situação, uma camada de gelo de alguns centímetros se acumulou no chão da floresta primária (bem preservada) da reserva que ficou repleta de galhos quebrados e troncos das árvores que não resistiram. Uma cutia (Dasyprocta azarae) foi encontrada atordoada, sem mostrar reação de fuga.

As consequências para fauna deverão ser graves, uma vez que houve perda total dos frutos verdes e maduros. O gelo acumulado no solo durante mais de 48 horas pode ter aniquilado com a população de anfíbios e outros pequenos animais, que estão na base da cadeia alimentar. Pode ocorrer uma tragédia, uma perda enorme de biodiversidade. A reserva fica na região de transição da Mata Atlântica densa para Matas de Araucárias, altitude entre 600 e 700 metros, onde não ocorrem geadas muito fortes. Por isso o impacto é muito grande.


A serrapilheira (chão da floresta) ficou coberta com uma camada de gelo durante 4 dias na RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis - Santa Catarina. Espécies de répteis e anfíbios que eram consideradas endêmicas da Serra do Mar foram encontradas ali e podem ter sido exterminadas nestas condições. Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013. Clique sobre a imagem para ampliar

O acúmulo de gelo fez com que muitos galhos das araucárias quebrassem. Entorno da RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis - Santa Catarina - Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013
A destruição dos eucaliptos também foi grande em muitos reflorestamentos do entorno da reserva e outras localidades de Itaiópolis. Plantações novas não resistiram, foram totalmente esmagadas como se um gigantesco trator de esteira passasse por cima. A zona rural de Santa Catarina virou um cenário de horror. Algumas localidades ainda não tiveram a rede elétrica restabelecida e poderão ficar sem energia por mais de uma semana.

Reflorestamentos de eucalipto foram devastados com a neve em Santa Catarina. Entorno da RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis - Santa Catarina - Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013
 
Imagem registrada antes da chuva que caiu  ao amanhecer dá a ideia da intensidade da nevasca sobre a RPPN. A árvore ao lado é um jacatirão (Tibouchina mutabilis) Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013. Clique sobre a imagem para ampliar

Detalhe da espessa camada de neve acumulada sobre um jacatirão (Tibouchina mutabilis) revela o motivo de tantas árvores quebradas e tombadas. Foto: Elcio Glovacki. 23/07/2013. Clique sobre a imagem para ampliar
Quintal da residência do autor das fotos Elcio Glovacki. 23/07/2013. Clique sobre a imagem para ampliar


35 comentários:

RUDIMAR.CIPRIANI disse...

Sem dúvidas isso afetará drasticamente o ambiente causando grandes perdas principalmente a biodiversidade.

Unknown disse...

Germano, favor publicar fotos das árvores caídas. É uma grande oportunidade para derrubar a farsa do "Aquecimento Global". Massao-Jundiaí/SP. Parabéns pelo trabalho voluntário ambiental. Obrigado.

Rodrigo E.C. disse...

Germano,

vamos torcer para que a floresta se se recupere, pois o frio faz parte da vida.

Dizem que o frio intenso reduz o número de pragas e de bactérias no solo e revigora as novas florações. Vamos aguardar.

Abs

Germano Woehl disse...

Rodrigo,
A reserva fica na região de transição da Mata Atlântica densa para Matas de Araucárias, altitude entre 600 e 700 metros, onde não ocorre geadas muito fortes. Por isso o impacto é muito grande. Ali, encontramos várias espécies de animais, répteis e anfíbios principalmente, e plantas consideradas endêmicas da Serra do Mar.

Luís Funez disse...

Estes eventos "catastróficos" fazem parte e são essenciais na dinâmica das florestas. Abatendo ou danificando severamente árvores velhas, senis, abrem-se as clareiras em meio à mata. Nestas clareiras há uma explosão de vida, as plântulas de espécies muitas vezes climácicas, que estiveram meandrando durantes dezenas de anos por meio das copas agora tem a chance de que precisavam para tornarem-se gigantes da floresta, rejuvenescendo-a. Além disto, as clareiras são importantíssimas na dinâmica de espécies herbáceo-arbustivas, que necessitam de iluminação mais intensa para desenvolverem-se (hoje muitas destas tornaram-se comuns devido ao desmatamento causado pelo homem), mas imaginem na época em que tudo por aqui era recoberto por floresta? Eram tempos de vacas magras para elas! Juntamente com estas plantas, existe uma fauna associada, uma vez que muitas produzem abundantes frutificações, a exemplo das taquaras nativas, que precisam desses ambientes para iniciarem a colonização, e sabemos que diversos roedores e aves sobrevivem através do consumo de suas explosivas frutificações. As aves como pixoxós e patativas migram atrás de frutificações de taquaras e roedores reagem à abundância de alimento reproduzindo-se, fenômeno conhecido por "ratada". Ainda aproveitando o gancho, a própria Araucária, símbolo do planalto serrano, necessita de áreas campestres ou clareiras para suas plântulas poderem vigorar, sua vinda para Santa Catarina esteve intimamente relacionada à regressão da floresta nos últimos dez mil anos devido à glaciação, que após sua passagem deixo os campos livres de floresta pluvial para a araucária poder expandir seus horizontes, e esta migrou conforme o clima aqueceu da região de MG até onde se encontra atualmente, sempre avançando como pioneira sobre as áreas de campo.
Para finalizar, a natureza lidou com mudanças e catástrofes desde sempre, e foram estas mudanças que levaram ao surgimento de toda a biodiversidade que hoje divide o planeta conosco, agora basta saber o quanto um evento como este afeta na distribuição de espécies, está aí uma tremenda oportunidade para estudos!

Lyli disse...

Lamentável......mas concordo que a Natureza terá que se adaptar.......

LUIZ ALVARO DE TOLEDO BARROS JUNIOR disse...

Germano, as fotos são impressionantes. Um fato novo que nossas florestas, e nem os brasileiros, sabem lidar. O meu consolo é de que se não houver intervenção humana a floresta vai se recuperar e ainda criar muita vida. Pode não ser na nossa geração, mas a vida se renovará.
abraços
luiz alvaro

Mariane Eggert disse...

Germano, também vejo com um olhar positivo: com a eliminação das árvores mais sensíveis e a consequente abertura de clareiras, as árvores novas brotarão vigorosas e darão mais vigor à floresta regenerada. Evidentemente não se poderá dizer o mesmo para a fauna, já debilitada pela ação do homem, com a perda consequente, de espécies... Mas aí, já é outra história...

suzy disse...

Germano,
Sofro com todas estas intemperies que danificam nossas matas,tambem aqui na Regiao Serrana do Rio,mas concordo com o comentario do Rodrigo E.C.alertando de que a natureza é sabia.este frio reduz o numero de pragas,de bacterias no solo e aquelas que ficaram na sombra destas vao se renovar.Abracos de outra defensora da natureza
suzana.AP

Tadêu Santos disse...

Olá Germano, vamos torcer para que a sábia natureza saiba administrar este impacto natural.
A ocorr~encia do furacão Catarina aqui na região também deixou marcas, mas os ecossistemas se adaptaram...
Qualquer coisa estamos à disposição para ajudar naquilo que estiver ao nosso alcance.
Coordenação ONG Sócios da Natureza

Lucia disse...

Germano
Entendo suas preocupações. Mas tenho que concordar com o Luis (Biodiversidade Catarinense) que estes impactos naturais causam perturbações, mas os ecossistemas têm mecanismos de superar os danos causados.
Nem sempre um episódio como este de rara nevasca será benéfico para todas os indivíduos das diferentes populações. Mas com certeza trazem pressões de seleção sobre todas as espécies que ocorrem no Sul do Brasil, eliminando aquelas para as quais as temperaturas atingiram valores limitante (fator limitante da teoria ecológica). Eis um raro momento de observar como a natureza reage a um evento como este.

Germano, seu olhar curioso e suas ações em prol da biodiversidade são louváveis. Obrigada pelo compartilhamento de tão belas e históricas imagens.
Em 54 anos nunca vi, ou ouvi falar nada semelhante depois da década de 60 do século XX, no vale do Itajaí.
Minha mãe falava de uma nevasca na Valada Mosquitinho (Agronômica) no fundo do vale, em 1961.
Lucia Sevegnani
Lucia Sevegnani

Lilian - Oitovidas disse...


Esvaziar para encher novamente.

Unknown disse...

Germano, a Natureza é sabia.
Você está fazendo sensacionalismo.

As geadas sempre ocorreram aqui na mata altlântica, e faz parte do nosso bioma. Aqui existem árvores resistentes a geada,e outras nem tanto. Isso é parte seletiva da natureza, algumas arvores precisam morrer para dar lugar as outras nativas.

Germano Woehl disse...

Mariana, Abriu clareira na Mata Atlântica, 3 espécies de bambus tomam conta, taquara, lambedor e carazeiro, e tchau floresta. Basta ver os locais onde houve extração de madeira. Nunca mais a floresta voltou. E isto há faz 100 anos.

Germano Woehl disse...

Alexandre,
Nesta região, vale do rio Itajai, não ocorrem geadas fortes, conforme eu expliquei no artigo. A "nevasca" ou congelamento de chuva (sleet) de 1957 não atingiu esta região (checamos isso hoje) e a de 1879, disseram que pegou todo Sul, mas os registros apontam áreas mais localizadas, como Vacaria RS.A RBS-TV gravou uma matéria hoje, dentro da mata primária. As autoridades estimam em 30% destruição da Mata Atlântica na região. Disseram que o vale do Itajaí foi devastado (não vimos ainda como ficou). Nosso funcionário acha que passa de 50% a destruição (número de árvores abatidas). Ou seja, em uma única noite, esta região SC pode ter perdido 50% da Mata Atlântica. Agora, o pessoal vai tocar fogo em toda esta vegetação seca

Unknown disse...

Assim como em outros biomas, precisa do Fogo para eclodir as sementes de algumas espécies de árvores, a Geada/neve tem papel fundamental para o nosso bioma.
A araucaria por exemplo se dá muito bem no frio.
Os ambientalistas não entendem que na natureza algumas espécies precisam morrer com a geada para renovar a vegetação. É assim com tudo. Quando morre uma espécie outra surge em seu lugar. Na Natureza nada se perde, tudo se Transforma. Aprendi isso na 4ª serie

Unknown disse...

Creo que este es -verdaderamente- un evento catrastófico sin comillas (sem aspas), ya que en este momento la naturaleza no depende de sí misma, es decir, tiene que lidiar con una amenaza que hace unos pocos milenios no existía: la acción predatoria del "hombre industrializado", que influye y condiciona con herramientas cada vez más poderosas y sofisticadas los eventos naturales.

En el caso de la mata atlántica, por ejemplo, ésta no está rodeada por "cinturones de seguridad" naturales, es decir, por otros tipos de vegetación natural, sino por zonas urbanas, industriales, agrícolas, etc. que tienen una enorme influencia y donde la diversidad natural es prácticamente inexistente por estar consciente o inconscientemente 'combatida'.

O sea, para resumir podemos decir que se ha producido un desequilibrio natural dentro de un desequilibrio provocado. Y esto no es bueno, no puede serlo...

Por otro lado, contestando a otro comentarista, el "aquecimento global" no significa que no pueda nevar o caer granizo en lugares insospechados.
Quizás sería más conveniente hablar de "desequilibrio o degradación global" de la naturaleza, provocado la acción antinatural de una especie ...

Un cordial saludo.
Edy

amarilis laurenti disse...

é deixar a natureza QUIETINHA que ela se recompõe como deve se recompor!

amarilis

Guilherme de Barros disse...

Em outros tempos seria de fato algo natural, mas hoje esse tipo de catástrofe pode ser sucedida por outras bem piores, principalmente pela presença de espécies invasoras que costumam ser bem mais rápidas na sucessão, causando grande desequilíbrio que de natural não tem nada. Parece que boa parte da população ainda não atentou para a gravidade da introdução de espécies invasoras, que hoje é a segunda maior causa de extinção de espécies nativas em qualquer parte do mundo. Vamos torcer que essa massa intensa não esteja relacionada com as mudanças climáticas e que não se torne algo comum todos os anos.

Kurt disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kurt disse...

Eventos estocásticos como esse fazem parte da evolução das espécies e dos ecossistemas. Cabe lembrar que as florestas não são compostas somente de árvores. Se outras formas de vida como as taquaras encontrarem um ambiente propício para seu desenvolvimento, podemos ter na região a fase das taquaras, sem problema algum, e todo o ecossistema se adaptará a esta nova condição. Pode ser necessário, no entanto, quebrar alguns paradigmas para aceitar essas novas condições, mas isso faz parte de nossa adaptação ao meio, como elementos do ecossistema.

Unknown disse...

Realmente lastimável.

Gostaria de ver se os turistas que tiveram a oportunidade de sair dos seus lares viajando centenas de km e gastando seu dinheiro para presenciar esse fato ocorrido nessas cidades que tiveram um frio imenso. Será que os mesmos gastariam o seu tempo seu dinheiro para ajudar a natureza? Será que eles tem essa noção? O fato é que temos ter uma visão mais além de ajudarmos a natureza e as pessoas que não tem um abrigo que muitos precisam. E pra isso parece que pra muitos não existe tempo e nem dinheiro.
Marbatti

Unknown disse...

Germano, recomendo que, contando com a ajuda de moradores do local e de fora, ajude a reerguer as plantas inclinadas e/ou tombadas. Árvores grandes tombadas que claramente não tem chances de continuarem vivas infelizmente terão que ser sacrificadas, portanto, uso de machados, foices, motoserras serão necessários. A madeira dessas árvores sacrificadas poderiam ser utilizadas para escorar as árvores reerguidas. Concordo com todos que dizem que a natureza é sábia e saberás recompor a vegetação perdida. Destaco a frase da Lilian, "esvaziar para encher novamente" claro, naturalmente, o homem bem que poderia dar uma forcinha!
Repito, vamos discutir a grande farsa do "aquecimento global" fazendo com que o Al Gore devolva o premio nobel ganho!

Unknown disse...

Prezado Germano:

Fenômenos extremos, tanto climáticos (friagens, nevascas, geadas), geológicos (deslizamentos, barramentos, vulcanismo) ou meteorológicos (enchentes, secas) são, se raros no tempo de vida de uma pessoa, recorrentes no tempo de vida de uma espécie (muitos milhares ou milhões de anos), podendo, portanto, ser considerados normais, previsíveis e reversíveis.
O que não é normal é a interferência do homem, que fragmenta as paisagens, impedindo a recolonização após esses fenômenos extremos.
Esse é um dos motivos pelos quais unidades de conservação devem ser enormes: possibilitar o fluxo de animais e plantas.
A conexão dessas unidades de conservação através de corredores de matas ciliares, vegetação conservada nas Reservas Legais e outras ligações de ambientes favoráveis é fundamental nesse processo.
A invasão por plantas e animais exóticos, lembrada pelo Germano, é outro fator de origem humana que complica severamente a recuperação de áreas degradadas. A "uva-japonesa", por exemplo, é exímia colonizadora de clareiras naturais e artificiais, impedindo a regeneração da mata nativa, como a "nespereira", o "cinamomo", os Pinus, o "capim-elefante", Tecoma stans e muitas outras espécies exóticas.

Celso do Lago Paiva

Instituto Pró-Endêmicas
http://br.groups.yahoo.com/group/proendemicas/

Germano Woehl disse...

Muito obrigado pelos comentários, Celso do Lago Paiva, Kurt, Guilherme de Barros, Amarilis e demais

Nos últimos anos temos investido muitos recursos para combater a uva-do-Japão (Hovenia dulcis) ou pé-de-galinha, como dizemos em Itaiópolis. Nos limites dos 860 hectares não temos nenhum exemplar adulto. Conseguimos os recursos para esta ação importante graças ao Programa Desmatamento Evitado da ONG SPVS de Curitiba. Com esta catástrofe, esta ação ganhou mais importância.

O problema é que no entorno (propriedade vizinhas) está infestado. Uma lei estadual (SC) recente obriga estes proprietários a erradicar as exóticas de sementes provenientes de suas propriedades, mas quero ver aplicar esta lei na prática. As sementes trazidas pelas aves devem germinar intensamente nestas clareiras. Será muito difícil combater esta praga.

Obtive uma informação de que boa parte das árvores grandes centenárias resistiu bem na mata primária, mas perderam quase todos os galhos. Teremos que esperar alguns meses para saber como vão reagir.

Unknown disse...

Não se preocupem. Essas nevascas são importantes para a floresta ombrófila mista. Na verdade, as araucárias dependem um pouco desse tipo de evento para poderem se manter em meio as espécies mais modernas, as angiospermas. Então relaxem!

Luiz Ramiro C Chemin disse...

Aos desavisados: essa neve é resultado do aquecimento global. Esse fenômeno gera verões cada vez mais longos e quentes e invernos cada vez mais frios e curtos. O resultado disso possivelmente será a esterilização do Planeta. Essa neve é um alerta de algo muito grave que está por vir.

Carlos Magno Barroso de Araujo Junior disse...

Não sei pq chamam de desastre. Isso é só a natureza se transformando, como sempre aconteceu e sempre acontecerá.

Unknown disse...

Germano, bom dia, você poderia postar novas fotos para mostrar como estão as vegetações após ~5dias?

Mariza disse...

Oi, Germano. realmente é muito triste de se ver, principalmente quando nossos olhos estão habituados a contemplar a beleza e a exuberância das florestas. No entanto, lendo o comentários aqui postados por quem entende do assunto, concordo com esses de que há esperanças para uma nova vida. A natureza é sábia e determinada, com certeza haverá um novo ciclo de beleza e abundância, mesmo para a fauna exterminada. Torço para que seja em breve espaço de tempo e que logo, logo nos envie as fotos da natureza renascida como uma Fênix. Um abraço.

Unknown disse...

Germano, obrigado por enviar sua mensagem. Apenas para alguns que chamaram de farsa o aquecimento global um recado. Acredito que pensam esses desinformados que só porque nevou na serra isso é prova de que a Terra não está em processo de aquecimento. Estudem o tema antes de emitirem uma opinião tão infantil.

Germano Woehl disse...

Sobre o pedido de postagem de fotos da vegetação após a “nevasca”, informo que deverei visitar a RPPN nos próximos dias e registrarei tudo. Na verdade, estou ainda sem muita coragem de ir lá. Élcio contou-me que as árvores pioneiras (moles, de vida curta) não tiveram a menor chance, foram quase todas aniquiladas. Disse que em algumas grotas, a vegetação foi moída, não sobrou nada.

A equipe da RBS-TV (afiliada da Rede Globo em Santa Catarina) fez filmagens no meio da matar primária, matéria exibida nos telejornais, onde é possível ver uma canela de grande porte escorada em outra árvores e prestes a tombar

Outra constatação importante: ao contrário do que se imaginava, a nevasca não teve a mesma intensidade por toda a região norte de Santa Catarina. No município vizinho, Santa Terezinha (SC), por exemplo, a 10 km em linha reta da RPPN, não aconteceu nada. As autoridades de Itaiópolis dizem que a nevasca no município foi mais intensa justamente na localidade onde fica a RPPN, Linha Cerqueira e entorno, nas localidades de Costa Carvalho, Vontroba e Lomba do Meio.

Para vocês terem uma idéia dos estragos, 80% do município ficou sem energia elétrica durante vários dias devido a grande quantidade de eucaliptos e árvores nativas que caíram sobre a rede elétrica. Na residência da família do Elcio, Linha Cerqueira, só voltou no último domingo, ou seja, 5 dias após a catástrofe. E parte da localidade, adiante da casa do Elcio, ainda continua sem energia elétrica.

Unknown disse...

Germano, obrigado pela atenção com relação as fotos. Com relação a aquecimento global, essa é a grande falha dos que defendem a mentira do IPCC/ONU, desqualificar os defendem o contrário, pior, chamá-los de "CÉTICOS", somente eles são os donos da verdade, ninguém pode contrariá-los. No meu caso não tem nada de "infantil" em meu questionamento, estou baseado, além de muitos fatos reais e referências, na posição do professor Molion que acaba de dar entrevista para TV Bandeirantes. Obrigado Germano pela opotunidade de me manifestar em seu Blog. Massao-Jundiaí/SP

Silvio Silva Junior disse...

Massao:

Você considera o aquecimento global uma farsa e uma mentira. Esta é uma questão polêmica, com defesas apaixonadas de ambos os lados. Se os cientistas que defendem esta ideia estiverem errados, e isso seria ótimo, não teríamos nada a perder ao reduzir as emissões de carbono. mas se você estiver errado, então isso sim seria uma catástrofe. Então é mais inteligente considerar o pior cenário, mesmo que a tese do aquecimento esteja errada.

Telma disse...

Estou vendo só agra essas fotos da destruição causada pela neve. Li muitos comentários e fiquei bem triste pela maioria das pessoas não entenderem a gravidade disso. Vejo como é importante o trabalho de educação ambiental, as pessoas precisão entender que não foram só as árvores que foram afetadas, isto pode afetar a nós ser humanos também pois tudo esta interligado, a percepção humana é limitada para entender esta interdependência, somos apenas um fio desta grande teia da vida.