Imagem de uma parte da mata preservada da RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis (SC), mostrando a imponência das gigantescas araucárias. Clique sobre a imagem para ampliá-la.
A RPPN das Araucárias Gigantes foi protocolada no início de janeiro e na semana passada já teve a vistoria da equipe de funcionários do ICMBio, órgão do Ministério do Meio Ambiente responsável pelas unidades de conservação da natureza. Isto significa que nas próximas semanas já teremos a boa noticia de sua criação.
A imagem acima mostra alguns exemplares das araucárias gigantes que ocorrem na RPPN. Observe a imponência desta magnífica árvore, como ela se destaca na floresta ao atingir uma altura de até 50 metros.
* está registrado, pela contagem dos anéis de crescimento, araucárias com até 386 anos de idade. Certa vez, eu vi uma tora gigantesca de uma araucária no pátio de uma serraria em Itaiópolis e, com muita paciência, sob um sol de rachar, contei os anéis. Lembro-me que eram mais de 300.
Repare na imagem uma araucária morta que permaneceu em pé. Muitos acham que não há nenhum problema em “aproveitar” as árvores que morrem, como esta araucária. Engana-se terrivelmente quem pensa assim. Estas árvores que morrem são a fonte de vida de uma floresta, são cruciais e tão importantes para a perpetuação da biodiversidade quanto às árvores vivas. A vida começa nestas árvores que morrem.
Quando uma árvore morre e começa a apodrecer permanecendo em pé ou caindo, milhares de insetos depositam seus ovos nesse tronco em decaimento. As larvas que se desenvolvem tornam-se uma fonte preciosa de alimento para os pica-paus e várias outras espécies de aves e mamíferos.
Muitas espécies de aves usam estes troncos em processo de apodrecimento para construir cavidades para seus ninhos ou abrigos. Confira na imagem abaixo como fica o tronco de uma araucária morta.Araucária que morreu naturalmente na RPPN das Araucárias Gigantes: A vida começa nesta araucária que morre. Clique sobre a imagem para ampliá-la.
E quando o tronco se decompõe totalmente serve de adubo para as árvores que estão vivas. Ou seja, estas árvores que morrem são cruciais para manter o ciclo de vida de uma floresta.
A ganância de extrair da floresta a madeira das árvores que morrem naturalmente provoca também muita destruição. São abatidas dezenas de outras árvores e feita abertura de estradas, ou seja, são abertas grandes feridas na floresta.
Canela-preta (Ocotea catharinensis) espécie ameaçada de extinção que ocorre na RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis (SC). Para atingir este porte leva mais de 300 anos. Clique sobre a imagem para ampliar |
*Sanquetta, C. R.; Tetto, A. F.; Fernandes, L. A. V., Corte, A. P. D.; Souza, R. K. 2007. Pinheiro do Paraná: Lendas e Realidades. 2ª.Edição. Curitiba: Optagraf Editora e Gráfica.120p.
Nome científico da ARAUCÁRIA que é conhecida também como PINHEIRO-DO-PARANÁ: Araucaria angustifolia
5 comentários:
Parabéns Germano e Elza por mais esta conquista em defesa de toda a biodiversidade da Mata Atlântica e também pelo aprendizado que nos é oferecido em cada visita a este blog! Abraços,
Parabéns pela conquista, é muito importante que nós seres humanos tenha a consciência da importância da preservação da natureza, é muito bom seguir esse caminho e acompanhar a jornada de vocês, parabéns novamente, Um grande abraço.
André Gemmer
Excelente Notícia! Parabéns!! Gostaria de replicar esta experiência de criação de RPPNs por aqui na minha região.
Parabéns a vsc pela iniciativa de continuar com a preservação desses pinheiros seculares. Gostaria porém de colocar uma observação ao seu comentario a respeito do aproveitamento das árvores mortas naturalmente. Não concordo que isso seja um problema tão terrível, afinal, é justo que alguém que preservou sua árvore em vida possa ser recompensada economicamente findo o ciclo vital desta. Claro que o que vc falou está certo, mas podemos deixar para os insetos e pássaros árvores menos nobres, como vassourões e outros, e as espécies mais nobres, como pinheiros, imbuias e cedros, deveriam ter sua ótima madeira aproveitada, afinal as pessoas vão continuar precisando de madeira em suas casas, e acho muito triste que isso seja suprido somente pelas exóticas pinus e eucalipto, de propriedades muito inferiores que as das nativas.Árvores são recursos infinitos quando usadas com inteligência, cabe a nós encontrar as maneiras certas de chegar a isso.
Juliano - Eng. Florestal, Castro-PR
Concordo com o Juliano do comentário acima e vou além ainda: acho que deveriam ser instituídas políticas e leis para incentivo do uso sustentável das espécies nativas, afinal, o que está acontecendo no país é o uso indiscriminado do eucalipto e do pinus devido à proibição de corte das nativas e burocracia para seu uso econômico. E devido ao uso em larga escala, aquelas espécies exóticas formam verdadeiros desertos que, apesar de verdes, são isentos de vida. Além disso, tornam-se invasoras dos poucos fragmentos nativos que restaram. Com as nativas, teríamos matrizes sementeiras para colonizar APPs e reservas legais e ficariamos um pouco mais livres das invasoras. Mas tudo isso, usando o máximo de inteligência, consciência e respeito à natureza, e não do modo do típico jeitinho brasileiro.
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