sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Morte aos macacos nos reflorestamentos de pinus

Macaco-prego (Cebus apella) fotografado na RPPN Corredeiras do Rio Itajai em 17/01/2010. Clique sobre a imagem para ampliar.

Os macacos que se cuidem! Os investidores em reflorestamentos de pinus não estão para brincadeira. Metem bala naqueles que se atrevem a buscar comida nos reflorestamentos de pinus que substituíram as matas nativas onde era o hábitat dos macacos e de milhares de outras formas de vida.

Para azar dos investidores em reflorestamentos de pinus, os macacos-prego (Cebus apella) adquiriram o hábito de se alimentarem da casca na ponta dos pinus onde fica a parte mais tenra. Ao fazerem isso são acusados de secarem os pinus e, assim, tornaram-se mais uma "praga florestal" a ser combatida.

Repare na imagem abaixo o reflorestamento de pinus encostado no que restou da mata nativa (Mata Atlântica), nas cabeceiras do rio Itajaí, em Itaiópolis (SC). Clique sobre a imagem para ampliá-la e observar a grande quantidade de pinus que secaram.

Reflorestamento de pinus no entorno de uma mata preservada nas cabeceiras do rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), com uma grande quantidade de pinus secando devido ao descascamento pelos macacos-prego. Foto tirada em 01/11/2010. Clique sobre a imagem para ampliar

Os moradores da região garantem que os macacos são os culpados pelo estrago e me informaram que atacam com mais intensidade no inverno, quando a fome aperta e eles não conseguem encontrar comida suficiente nos reduzidos fragmentos de floresta que ainda estão em pé aguardando as próximas investidas das motosserras.

Para acabar com o problema, donos de reflorestamentos resolveram simplesmente acabar com os macacos. Alguns contratam caçadores e pagam por cada macaco-prego abatido. Em 2005, ouvi comentários que uma empresa pagava R$ 10,00 por cabeça.

O problema dos macacos se alimentarem da casca de pinus é bem conhecido há muito tempo conforme mostra este trabalho publicado em 1994:
Alexandre Koehler e Carlos Firkowski. Descascamento de pinus por macaco-prego, FLORESTA, Vol. 24, No 12 (1994)

Tem até tese de mestrado sobre o assunto:
Denilson Roberto Jungles de Carvalho. Predação em Pinus spp. por Cebus nigritus (Goldfuss, 1809) (Primates; Cebidae) na Região Nordeste do Paraná; UFPr – Setor de Ciências Biológicas – Pós-graduação em Ecologia e Conservação - Curitiba (2007)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Educação Ambiental: concluído centro de interpretação da natureza para valorização da Mata Atlântica

Prédio com área total de 372 m2, onde fica o auditório, biblioteca, sala de informática, alojamentos confortáveis para pesquisadores e estagiários do Brasil e exterior. Foto tirada em 06/12/2010. Clique sobre a imagem para ampliar.

Com o apoio da sociedade, através de doações de pessoas físicas, Fundação AVINA, PETROBRAS (seleção pública de projetos do Programa Petrobras Ambiental 2006), Ministério Público do Estado de Santa Catarina, pequenas empresas e Prefeitura de Jaraguá do Sul concluímos as obras do Centro Interpretativo da Mata Atlântica (CIMA).

O acabamento da parte interna (auditório, quartos, banheiro etc.) também já está concluído, mas só divulgaremos as imagens após a inauguração, prevista para o início de 2011.

HISTÓRIA
Quando a Elza e eu aceitamos este desafio durante a elaboração do planejamento estratégico do Instituto Rã-bugio quase não acreditávamos que seria possível obter apoio para uma obra que exigia tantos recursos financeiros. Afinal, a ONG tinha acabado de nascer e tinha apenas uma sede virtual, na nossa residência, onde hoje fica a RPPN Santuário Rã-bugio

Mas a vontade de defender a natureza sempre falou mais alto. “Tudo ou nada” não é uma simples força de expressão quando se trata de defender a diversidade de formas de vida deste Planeta.

O planejamento estratégico foi feito quando ainda atendíamos os estudantes em nossa casa, onde até os banheiros nossos eram cedidos aos estudantes. Lembro-me da fila de crianças que se formava na sala de casa. Os banheiros externos à nossa residência foram construídos bem depois.

Os conselheiros, bem como os representantes da Fundação AVINA, perceberam a necessidade de separarmos um pouco a nossa residência das atividades de educação ambiental e também da ampliação da escala de atendimento. Então, foram logo colocando este desafio de construir o CIMA na primeira reunião, alguns dias após a constituição da ONG.


FINALIDADE
Estimular o interesse dos estudantes pela conservação da Mata Atlântica. Além disso, o CIMA irá promover o ensino de ciências através da interação dos estudantes com a natureza. Estudos comprovam que estas atividades interativas com a natureza melhoram o desempenho dos estudantes em todas as áreas do conhecimento.

Serão atendidos estudantes de escolas de toda a região norte de Santa Catarina e também professores nos cursos de capacitação. Juntamente com o aprendizado sobre os serviços ambientais das matas preservadas (como a proteção dos rios e nascentes, das encostas, biodiversidade etc.), vamos incentivar os professores a desenvolverem atividades práticas do ensino de ciências sem a necessidade de recursos financeiros dispendiosos.

Sacada dos quartos de hóspedes no piso superior

ÁREA E LOCALIZAÇÃO
A área da mata preservada onde está sendo implantado o CIMA tem 40,6 hectares e pertence à Prefeitura de Jaraguá do Sul (SC). Fica na área urbana, bem próxima à região central da cidade de Jaraguá do Sul (SC), no bairro Barra do Rio Cerro. Foi cedida para o Instituto Rã-bugio, para fins educativos, por 10 anos, prorrogáveis por mais 10, aprovado através da Lei Municipal no 3.830/2005, de 03/06/2005. O plano diretor do município, aprovado na Lei Complementar nº 65/2007, de 01/06/2007, no art. 15, prevê a transformação da área em unidade de conservação de proteção integral (Parque Natural). Uma fração já foi averbada em cartório como área de preservação permanente. Uma das trilhas tem 1.150 metros.

Uma boa parte da mata é bem preservada e está inserida em um extenso fragmento de milhares de hectares. Além de ser um ponto geográfico marcante do Brasil: fica extremo sul da Serra do Mar, ou seja, é o ponto mais meridional da extenção da Serra do Mar.