quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Árvores gigantes da Mata Atlântica: fragmentos intactos escondem preciosidades da biodiversidade brasileira

Cedro gigante da RPPN Corredeiras do Rio Itajai e a proprietária, Elza Nishimura Woehl. Clique para ampliar

Ainda não conseguimos conhecer toda a riqueza de biodiversidade dos quase 800 hectares de Mata Atlântica em Santa Catarina que compramos e transformamos em RPPN .

A quantidade de espécies de árvores é tão grande que nos deixa angustiados porque não conseguimos identificar todas as espécies e os especialistas também encontram dificuldades. Ali, é uma área de transição de dois ecossistemas, Floresta Atlântica Densa e Matas de Araucárias, e ocorre uma mistura de espécies de ambos, tornando a biodiversidade riquíssima. Você encontra uma pessoa que conhece bem as árvores de um ecossistema, mas não conhece do outro.

O porte das árvores também nos surpreende muito. Às vezes, a gente não consegue identificar uma árvore comum porque só conhecia exemplares de pequeno porte (relativamente jovens), devido ao corte seletivo para extração de madeira que ocorreu de forma intensa nas matas que ainda restam. Para atingirem aquele porte são necessários alguns séculos. Portanto, esses exemplares de grande porte de árvores comuns são raridades que estamos protegendo com a criação das RPPN.

A imagem acima é de um cedro (Cedrella fissilis) gigantesco que encontramos na RPPN Corredeiras do Rio Itajaí. Quem nos indicou a existência deste gigante das florestas tropicais foi um dos agricultores que mora no entorno, que nos levou até o local. Reparem no tamanho das raizes tabulares deste cedro, que são mais altas do que a Elza.

Uma semana depois, eu retornei ao local para conhecer melhor as maravilhas daquela parte da RPPN. Vejam só o que encontrei junto ás raízes tabulares deste cedro gigante: um ninho de Macuco, uma ave muito ameaçada da Mata Atlântica. O ninho foi feito exatamente no local onde a Elza ficou para eu tirar a foto acima. Este ovo azul, que tem o tamanho do ovo de galinha, foi o primeiro da ninhada. Foi a primeira vez que encontrei um ninho de macuco. Eu tomei o cuidado de não chegar perto para não deixar cheiro para os predadores localizarem o ninho.

Ovo de macuco do ninho que encontrei no dia 15/01/2011 na RPPN Corredeiras do Rio Itajai, em Itaiópolis-SC. Clique para ampliar

Um comentário:

Anônimo disse...

Não é só a idade que explica um exemplar de cedro deste porte. Provavelmente o solo neste local também é muito rico e profundo. Outra explicação é o material genético. Mas não resta dúvida de que mesmo a cobertura vegetal remanescente de mata Atlântica é uma pálida sombra do que a que foi encontrada e descrita por Martius...