quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Árvore da Mata Atlântica ameaçada de extinção abatida e esquecida na mata

CANELA-PRETA (Ocotea catharinensis), espécie de árvore da Mata Atlânica ameaçada de extinção, que foi abatida há mais de 30 anos e esquecida na mata, onde hoje foi criada a RPPN Corredeiras do Rio Itajai. Clique sobre a imagem para ampliar

Esta imagem é da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, localizada em Itaiópolis (SC), e mostra um exemplar de CANELA-PRETA (Ocotea catharinensis), espécie ameaçada de extinção, que foi abatida provavelmente no início dos anos 80 (há 30 anos) e esquecida no meio da mata, isto é, não foi aproveitada. A parte mole já apodreceu (só ficou o cerne, a parte mais dura e resistente da madeira). Uma canela-preta para atingir este tamanho leva pelo menos 300 anos.

O local fica ao lado da estrada que abriram com trator-de-esteira no meio da mata para extração da madeira mais valiosa. Já é o segundo exemplar de canela-preta abatida e não aproveitada que encontramos na RPPN

Para nossa sorte, foram esquecidos também vários exemplares vivos de canela-preta e canela-sassafrás em lugares fáceis de tirarem. Nos lugares de difícil acesso, a mata está ainda intacta.

Cepo e tronco da canela-preta  (Ocotea catharinensis) abatida há mais de 30 anos. As partes moles já apodreceram. Clique sobre a imagem para ampliar

A Canela-preta é uma espécie da flora brasileira ameaçada de extinção do ecossistema da Mata Atlântica, segundo a Portaria do IBAMA nº 37-N, de 3 de abril de 1992 (Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção)

De acordo com Reitz et al (1978), em Santa Catarina, a canela-preta chega a representar até um terço do volume em madeira em matas primárias na floresta pluvial atlântica. Devido à qualidade de sua madeira e ao amplo uso para que se presta, em Santa Catarina esta foi severamente explorada. A medida que ia ficando rara, seu valor comercial aumentava, viabilizando a extração em locais de difícil acesso.

Exemplar gigantesco de canela-preta (Ocotea catharinensis) que está a salvo na RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis (SC). Foto: 10/02/2013. Clique sobre a imagem para ampliar
Nos pisos das casas construídas na primeira metade do século XX, nas vertentes litorâneas do Estado de Santa Catarina, é comum encontrarmos a dobradinha canela-preta/peroba, dando aspecto listrado aos assoalhos com tons tendendo ao amarelo/negro para a peroba e canela respectivamente. De acordo com Klein (1978-1980), na bacia do Rio Itajaí-Açu, a canela-preta formaria, junto com a laranjeira-do-mato (Sloanea guianensis) e peroba-vermelha (Aspidosperma olivaceum), as espécies dominantes do estrato superior da floresta pluvial atlântica.

Referências

Klein, R.M. Ecologia da flora e vegetação do Vale do Itajaí. Sellowia, 30 e 31. 1979-1980.
Reitz,R.; Klein,R.M.; Reis, A. Projeto Madeira de Santa Catarina. 1978. 320 p.

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