Tronco de uma imbuia gigante abatida na década de 70, com mais de 3 metros de diâmetro: um "belo troféu" exibido no jardim de uma empresa do setor florestal, em Rio Negrinho (SC). Clique sobre a imagem para ampliá-la
A imbuia (Ocotea porosa), cujo tronco pode atingir mais de 3 metros de diâmetro, foi uma das árvores mais cobiçada do ecossistema Matas de Araucárias. Por fornecer uma madeira muito valiosa e apresentar um crescimento lento, a exploração intensa provocou um rápido esgotamento deste recurso natural e conduziu a espécie ao processo de extinção.
O risco de se tornar extinta aumenta a cada dia porque, apesar da proibição, a árvore continua sendo abatida e também seu habitat, as Matas de Araucárias, está sendo impiedosamente aniquilado. A imbuia, assim como as outras árvores do ecossistema, fornece seus frutos para alimentar várias espécies de aves e mamíferos.
Quem viaja pela BR-280 e passa pelo município de Rio Negrinho (SC), pode ver um tronco de uma imbuia exibido como “troféu” nos jardins da antiga sede da maior fábrica de móveis da América Latina da década de 30 até 70, que foi a Móveis Cimo. Este troco tem mais de 3 metros de diâmetro e deve ter levado cerca de 500 anos para atingir este tamanho.
Hoje, o local pertence a filial de uma grande empresa do setor florestal. O curioso é que só recentemente eles se tocaram da decoração de mau gosto, que não é muito “politicamente correto” para uma empresa do setor, e retiraram a enorme serra que aparece na foto acima, deixando apenas o tronco.
A empresa Móveis Cimo foi fundada pelos irmãos austríacos Jorge e Martim Zipperer e esteve estabelecida desde 1873 em Rio Negrinho SC. Posteriormente transferiu sua força de produção para Curitiba. Em 1980, com o esgotamento dos recursos naturais, da madeira no caso, a empresa perdeu fôlego e veio a fechar.
Hoje, ainda, muitos cinemas, universidade federais e escolas do país são mobiliados com móveis de imbuia fabricados pela Móveis Cimo. As cadeiras de imbuia do ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, por exemplo, estampadas com a logo da empresa, continuam perfeitas até hoje.
Alguém pode estar pensando: “Mas se a imbuia tivesse sido explorada de forma sustentável, a espécie teria chegado a esta situação tão dramática? A Matas de Araucárias não estariam a salvo”? A resposta está nos troncos das imbuias jovens (com até 100 anos) das imensas pilhas de lenha na boca dos fornos de carvão, oriundas do desmatamento que ocorre por todos os lados para o reflorestamento de pinus e eucalipto.
Se analisarmos bem, podemos chegar à conclusão que, de certa forma, a exploração da imbuia foi feita de forma não muito diferente dos modelos atuais de exploração sustentável que estão fazendo na Floresta Amazônica. Eles abatiam só as imbuias maiores e deixavam os “filhotes”.
O problema é que estes “filhotes” poupados levam mais de 300 anos para produzirem madeira de qualidade e, infelizmente, ninguém é doido de achar que poderá viver 300 anos para obter retorno financeiro com a madeira de árvores nativas. Logo, já podemos imaginar como será o futuro da Floresta Amazônica.
terça-feira, 16 de março de 2010
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3 comentários:
Uma pequena correção Germano: A Moveis Cimo derivou de um empresa fundada em 1913, por Jorge Zipperer e Willy Jung. Zipperer já era nascido no Brasil e Jung nasceu em Leipzig, Saxônia, tendo chegado ao Brasil criança com 2 anos de idade.
O motivo da derrocada da Cimo ñ foi o esgotamento da oferta de madeira de imbuia, foram problemas estruturais de gestão e sucessão administrativa. A unidade principalda fabrica em Rio Negrinho, que ficava no centro da cidade, operou até a data da falência, em 1982. Essa unidade em que estava o tronco da imbuia que vc se ocupa neste post era a fabrica nova que nunca, a rigor, operou pela Cimo.
História da Móveis Cimo (em 2 partes) aqui:
http://sites.google.com/site/hhenkels/história_sbs/mov_cimo1
adorei o blog de vcs! tbm tenho um sobre natureza, vou divulgar vcs depois lá!
beijooos
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